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Tanatologia forense

É a parte da Medicina Legal que estuda a morte e o morto e as suas repercussões na esfera
jurídico-social. É sempre importante diferenciar a morte natural, morte violenta e a morte
suspeita, considerando as suas implicações médico-legais em questões ligadas ao interesse
criminal e cível.

CRITÉRIOS PARA DIAGNÓSTICO DE MORTE

A definição mais simples de morte é aquela que a considera como a cessação total e
permanente das funções vitais. No entanto, atualmente surgiram novos conceitos devido o
aparecimento de modernos processos de transplantação de órgãos e tecidos. Por isso, surgiu
nos dias atuais o conceito de morte encefálica. A morte encefálica deve ser diagnosticada de
acordo com o que foi descrito na resolução CFM n° 1.480/1997.

DESTINOS DO CADÁVER

Após a morte o corpo inanimado do homem pode ter os mais variados destinos, tais como os
descritos a seguir. INUMAÇÃO SIMPLES: este é o destino mais comum que é o enterro em
cemitérios públicos. Recomenda-se que o sepultamento não deva ocorrer antes de 24 horas e
nem depois de 36 horas, a não ser por motivos especiais. INUMAÇÃO COM NECRÓPSIA: a
obrigatoriedade das necropsias nas mortes violentas está disciplinada pela lei processual
penal. No entanto, para mortes naturais, não há nenhuma regulamentação que possa dar ao
médico um amparo legal no que diz respeito a essa prática. Além disso, somente com a
permissão dos representantes legais pode o médico realizar uma necropsia em um paciente
que faleceu de morte natural. Respeitando as regras de realização de necropsia, após a sua
prática, a inumação do cadáver segue o rito comum. IMERSÃO: antigamente, quando não
existia um melhor aperfeiçoamento dos transportes marítimos, os corpos dos que faleciam em
alto-mar, após as formalidades legais, eram submersos na água. Sua finalidade era evitar a
putrefação e o mal-estar reinante entre passageiros e tripulantes. DESTRUIÇÃO: era uma
prática feia por seguidores da seita Zaratustra em Bombaim. Eles tinham como costume
colocar os cadáveres à destruição dos abutres por considerarem a terra, a água e o fogo como
coisas sagradas. Assim, construíram eles um edifício de cinco torres para onde eram levados os
corpos sem vida e lá eram deixados para serem destruídos por aqueles animais. CREMAÇÃO:
muitos são os países que adotam o sistema de cremação dos cadáveres, entre eles, Índia,
Suíça, Alemanha, Canadá, EUA e Inglaterra. Alguns estados brasileiros já contam em sua
constituição com dispositivos que permitem tal prática, embora elas ocorram de forma rara.
Nesse processo, o cadáver é transformado em cinzas, em fornos elétricos especiais que
suportam uma temperatura de 800° a 1000° Celsius, operação que demora entre 1 a 2 horas.
Este é, na verdade, o processo mais higiênico, mais econômico, mais prático e mais humano,
no entanto, surgem algumas objeções de ordens técnico-legal, afetiva e religiosa. O
sentimentalismo tem feito com que as pessoas, em sua maioria, resistam à ideia da cremação
devida, principalmente, ao impacto violento que encerra tal processo. Do ponto de vista
médico legal, a cremação apresenta o inconveniente de não poder ser realizada em uma
morte violenta, o que acarretaria especulações e dúvidas sobre a morte e as suas
circunstâncias, não restando os subsídios de uma possível exumação. No entanto, existe uma
lei que aprova a cremação de mortes violentas se seguidas algumas regras.
ATESTADO DE ÓBITO

Esses documentos têm como finalidade confirmar a morte, definir a causa mortis e satisfazer o
interesse médico-sanitário, político e social. O atestado de óbito é um documento público e
preenchido por alguém devidamente habilitado, que o faz por obrigação, não por opção. É por
dele que se estabelece o fim da existência humana e da personalidade civil. É importante
ressaltar que em localidades ondem não existem médicos, o óbito é declarado por duas
testemunhas idôneas e qualificadas que tiveram presenciado ou verificado o falecimento.
Pessoas qualificadas seriam a aquelas que mesmo não sendo médicas tenham algum
conhecimento ou experiência com questões ligadas à saúde ou à doença e que sejam capazes
de estarem convencidas de que alguém está morto. O decreto federal n° 20.931/32 veda o
médico o direito de atestar o óbito de pessoa a quem não tenha dado assistência, ficando os
SVO (serviços de verificação de óbito) encarregados de atestar a morte dos falecidos sem
assistência médica ou mesmo com atestado de óbito quando acharem convenientes ao
interesse da saúde pública. O fornecimento de atestado de óbito nos municípios que não
dispõe de SVO deve ser feito pelos médicos da Secretaria de Saúde e, na sua falta, por outro
médico da localidade.

CAUSAS JURÍDICAS DA MORTE

Um dos objetivos primordiais do estudo da tanatologia Médico Legal é estabelecer o


diagnóstico da causa jurídica da morte na busca de determinar as hipóteses de homicídio,
suicídio ou acidente. Deve deter-se não apenas ao exame do corpo, mas ainda ao resultado de
inspeção do local de morte, realizada pela perícia criminal. SEDE DOS FERIMENTOS: no
cadáver é alvo de várias interpretações. O agente agressor, ao ferir a vítima, procura golpeá-la
nas partes mortais, na intenção de obter um resultado mais imediato, por exemplo, no
precórdio, cabeça e pescoço. O suicida, por sua vez, opta por zonas fatais na expectativa de
minorar seus sofrimentos. Já no acidente, como é óbvio, as lesões são as mais diversificadas.
DIREÇÃO DA FERIDA: não pode deixar de merecer uma atenção devida. Tanto no suicídio
quanto no homicídio a angulação e a direção da ferida podem falar a respeito do agente.
DIREÇÃO DO PROJÉTIL: em suicídios, em geral, penetra no meato acústico externo direito
(quando destro), dirigindo-se ligeiramente para trás e para cima. Já nos homicídios, esse
trajeto processa-se em qualquer rumo. DISTÂNCIA DO TIRO: pode ser avaliada a partir dos
vestígios encontrados em torno das lesões produzidas pelo disparo. Em tese, esses tiros
podem ser encostados, a curta distância e a distância. NÚMERO DE FERIMENTOS: a
multiciplicidade das lesões fala sempre em favor de homicídio. É claro que essa regra é geral,
haja vista duas ou mais lesões em suicídio e homicídio em que um só ferimento é encontrado.
Em alguns casos por exemplo, uma pessoa que tem um ferimento mortal na cabeça e outro no
coração é difícil se pensar em suicídio.

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