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empreendedores
Introdução
linhas de pesquisa em empreendedorismo, tendo em vista que parece existir uma tendência
conclusões sobre o assunto, bem como fornecer explicações mais precisas sobre questões de
(CARLAND & CARLAND, 1988). Uma dessas questões está ligada a possíveis diferenças
Ainda que alguns estudos tenham abordado a questão do gênero e empreendedorismo (ROSA
et al, 1994; SOLOMON & FERNALD, 1988; JOHNSON & STOREY in ALLEN &
TRUMAN, 1993; MACHADO et al, 2002; MUKHTAR, 1998; NEIDER, 1987 e SEXTON e
comportamento. Deste modo, não há ainda um consenso sobre possíveis variações de gênero
no comportamento de empreendedores.
Sendo assim, o objetivo deste estudo é o de investigar características do comportamento
de diferenças.
A literatura apresenta uma vasta descrição de características pessoais que foram observadas
no modo de agir por parte de empreendedores, tal como McClelland (1987), que encontrou
como indivíduos criativos e, sendo assim, os traços de seu comportamento correspondem aos
BIRLEY e MUZYKA, 2001). Desta forma, para Filion (1999, p.19), os empreendedores são
Para Solomon & Fernald (1988) a necessidade de realização e a propensão a assumir riscos
de realização é uma motivação social para se superar. Para McClelland (in SEXTON E
2001). Por outro lado, esse aspecto é o que contribui para que os empreendedores tenham em
geral, um otimismo contagiante, ao mesmo tempo em que não gostam de trabalhos repetitivos
e rotineiros.
persistência e a persuasão.
No que diz respeito ao aspecto cognitivo, Baron (1998) afirma que o engajamento dos
passadas, concentrando seus esforços mentais em eventos futuros. Ainda segundo Baron
empreendedores.
No que se refere ao controle, Kets de Vries ( In BIRLEY, 2001) salienta que a necessidade de
controle por parte de empreendedores contribui para a forma como eles lidam com o poder.
controlados por outros" (p.4). Essa característica pode também ser associada ao desejo de
independência, pois os empreendedores tendem a fazer as coisas do seu jeito e no tempo que
c) resistem a conformidade;
segundo Sexton e Bowman (1985), há uma predisposição deles ao stress e à solidão. Essa
respeito ao elevado lócus de controle interno (SEXTON & BOWMAN, 1985; HISRICH,
1989; SOLOMON E FERNALD,1988), o que significa que eles geralmente acreditam que as
situações são muito mais o resultado de suas ações, do que devidas ao acaso. Esse traço
Apesar da literatura apontar outros traços, como por exemplo ambição, agressão, alto senso de
responsabilidade (SOLOMON & FERNALD, 1988), para fins deste estudo, elegeu-se apenas
algumas características, a partir do rol das que são encontradas na maioria dos estudos. Deste
modo, um conjunto de nove características foi considerado como as principais características
• Necessidade de reconhecimento;
• Necessidade de segurança;
• Capacidade de persuasão;
• Auto-confiança;
• Disposição ao risco;
• Perseverança.
Não obstante a intensidade com que essas características são encontradas em empreendedores,
de agir por homens ou mulheres empreendedores. Por essa razão, a seguir aborda-se
um delineamento claro sobre a questão. Em geral, algumas diferenças têm sido constatadas,
entretanto, estas não são suficientes para uma abordagem comportamental mais ampla.
Apesar disso, algumas tendências podem ser percebidas em estudos realizados anteriormente,
tal como o de Sexton e Bowman-Upton (1990), que apontam que há mais semelhanças do que
uma diferença a maior no tocante a autonomia e desejo de mudança por parte das mulheres.
como por exemplo, enquanto que os homens apresentaram um elevado nível de auto
preferência por inovação. Eles não encontraram diferenças significativas, embora as medidas
para as mulheres foram levemente inferiores que a dos homens. Apesar do resultado, os
MACHADO et al., 2002; ROSA et al., 1994). Assim, Mukthar (1998), procurando responder
idade e ao tamanho das empresas. Nesse estudo e nos demais citados, encontraram-se algumas
diferenças, por exemplo, ligadas ao estilo estratégico ou ao tamanho das empresas, que
determinam formas gerenciais diversificadas por homens e mulheres. Tendo em vista que
estas diferenças de estilo e de estrutura dos negócios podem estar associadas a características
das decisões, há necessidade de explorar ainda mais essa questão das diferenças de
características comportamentais, uma vez que estas podem representar a causa de estilos
gerenciais diferenciados.
Assim, tomando como referência o grupo de nove características do comportamento
Metodologia
Este estudo exploratório foi conduzido junto a empreendedores no sul do Brasil, a partir de
feminino.
Santa Catarina (ENE) e o SEBRAE, com o objetivo de identificar fatores de êxito e fracasso
de pequenas empresas junto a 600 empreendedores. A partir desse banco de dados, definiu-se
uma amostragem para este estudo, constituída pelos 300 empreendedores de sucesso, sendo
que 204 eram homens e 96 mulheres. Desse grupo selecionado, a representação era de 50% do
setor moveleiro e 50% do setor de confecções, sendo que todos tinham mais de cinco anos de
atividade, gerenciavam suas empresas, as quais representavam a principal fonte de renda para
as suas famílias.
O estudo foi realizado para responder a seguinte pergunta: existem diferenças nas
empreendedores?
O instrumento que foi utilizado na coleta de dados da pesquisa inicial, realizada pela ENE e
SEBRAE, foi um questionário, composto por 130 questões. Dessas, utilizou-se 22 questões,
persuasão; g) auto confiança; h) disposição ao risco e i) perseverança. Para cada uma das nove
assinaladas em uma escala do tipo Likert, com opções que representavam uma escala
crescente de menor concordância com a assertiva para maior grau de concordância, iniciando
de 1 a 5.
tendências de posicionamentos para cada um dos grupos. Posteriormente, foi realizada uma
análise discriminante, a fim de perceber, entre os dois grupos (masculino e feminino), quais as
características que distinguem os membros de um grupo dos de outro. Para essa análise, os
aplicativo STATISTICA. Em seguida, nesses novos dados originados da Análise Fatorial, foi
A tabela 1 apresenta o resumo dos dados para cada uma das variáveis do comportamento, de
N e ce s s idade de autonomia
A principal razão para abrir a empresa foi a oportunidade de administrar meu próprio tempo e executar as minhas decisões 12.25 0.98 14.71 15.20 56.86 1.06 0.00 17.02 21.28 60.64
É mais fácil submeter-se a modelos e procedimentos rígidos, do que a situações pouco estruturadas, onde não existam regras
previamente estabelecidas 14.21 9.64 24.87 21.32 29.95 12.22 6.67 27.68 23.33 30.00
N a decisão de integrar um grupo, é mais importante considerar a convivência com pessoas importantes do que pensar em lazer 44.61 17.65 22.55 3.92 11.27 50.00 21.88 17.71 4.17 4.17
Ficaria satisfeito em ocupar um cargo elevado em uma empresa, pois teria a oportunidade de ter uma série de pessoas sob meu
comando 44.00 10.00 17.00 6.50 22.50 38.95 17.89 27.37 1.05 14.74
É mais importante para um chefe reservar informações estratégicas para manter o controle de seus subordinados 21.50 10.00 18.00 15.00 35.50 3.16 7.37 34.74 21.05 33.68
N e ce s s idade de s e gurança
N ão gosto de enfrentar situações novas e mudanças repentinas em minha vida 43.28 11.44 10.95 14.93 19.40 19.79 10.42 31.25 21.88 16.67
U ma caderneta de poupança é mais importante para realizar investimentos futuros do que para servir de garantia para eventuais
imprevistos 32.50 18.50 19.00 17.50 12.50 50.00 2.08 33.33 9.38 5.21
Pe rs uas ão
Tenho facilidade em convencer os outros através de minhas opiniões 8.04 8.54 37.19 22.61 23.62 9.68 11.83 39.78 20.43 18.28
Sou capaz de defender idéias nas quais eu não acredito 58.29 10.55 11.06 0.00 20.10 71.88 5.21 9.38 7.29 6.25
A uto confiança
Q uando me deparo com um desafio, penso sempre que sou capaz de superá-lo 1.97 5.91 15.76 31.03 45.32 1.05 7.37 13.68 29.47 48.42
P ara resolver alguns problemas que enfrento, nem sempre confio em minhas capacidades 32.99 17.01 20.62 21.13 8.25 35.87 18.48 20.65 16.30 8.70
D is po s içã o ao ris co
P refiro enfrentar situações nas quais as possibilidades de sucesso sejam moderadas, embora o ganho seja também moderado, do que
situações de maior risco, porém, com maiores ganhos 11.68 9.64 25.38 20.30 32.99 5.43 8.78 30.43 15.22 39.13
Se você fosse um jogador talentoso e tivesse a oportunidade de jogar com um profissional campeão, preferiria apostar uma semana
de salário na sua própria vitória, do que apostar mais para ganhar uma boa quantia 11.17 2.54 16.24 22.34 47.72 10.53 6.32 20.00 25.26 37.89
Pe rs e ve rança
Sou constante em meus projetos e acabo sempre o que comecei 9.90 3.47 23.27 24.75 38.61 6.45 5.38 22.58 19.35 46.24
P ersigo com determinação os objetivos por mim traçados 1.99 4.48 12.94 20.40 60.20 12.13 12.13 19.15 18.09 58.51
Necessidade de Reconhecimento
Ambos os grupos valorizam a utilidade de um bem e não o fato de estar em moda, o que
Necessidade de Autonomia
A abertura da empresa foi, na maioria das vezes, relacionada ao motivo de autonomia, sendo
levemente mais intensa para as mulheres do que para os homens. Esse resultado coincide com
o encontrado por Sexton e Bowman-Upton (1990), que constatou maior desejo de autonomia
de sucesso. Eles também não priorizam o convívio com pessoas importantes quando precisam
decidir integrar-se a um grupo. Do mesmo modo, os grupos atribuíram baixa preferência por
cargos importantes na empresa. Esse resultado difere dos encontrados em outros estudos, pois
não foi constatada elevada necessidade de poder e status por parte desses empreendedores.
Isso nos remete à suposição que esse traço do comportamento pode sofrer variações, de
Por outro lado, tanto os homens quanto as mulheres julgam importante para um chefe a
atitude de armazenar informações estratégicas para obter controle. Nesse resultado os homens
apresentaram tendência levemente superior na concordância total. Entretanto, enquanto
10,53% das mulheres discordam dessa importância e, portanto, de uma ênfase no controle,
31,5% dos homens o fazem. Assim, entre os homens parece haver menor valorização do
Necessidade de Segurança
O grupo dos homens demonstrou-se mais disposto a enfrentar situações novas, do que as
Esse resultado nos leva a supor que, entre as mulheres a necessidade de segurança era mais
Para ambos os grupos, a acumulação de riquezas não traduz a auto realização, embora os
Quanto à inovação, nenhum dos grupos atribuiu grande importância a constantes mudanças,
mas, mesmo assim, há uma tendência a maior ênfase por parte do grupo masculino. Contudo,
diferentemente dos outros e, sob esse aspecto, pode ser que algum viés relacionado ao setor de
Enquanto os dois grupos afirmam que têm facilidade em convencer os outros de suas idéias,
são os homens que mais são capazes de defender idéias, nas quais não acreditam. Apesar
disso, é importante salientar que os grupos estudados não atribuíram importância a essa
atitude, conduzindo a suposição que os empreendedores defendem mais as idéias nas quais
acreditam.
Auto confiança
Homens e mulheres demonstraram auto confiança, sendo que eles acreditam na sua
capacidade de resolver problemas. Embora sem distinção de gênero, esse resultado coincide
Disposição ao risco
Embora o resultado esperado fosse uma eleva pré disposição ao risco, tal como apontaram
Predominou, em ambos os grupos, uma a mesma tendência em perseverar diante das situações
impostas a eles. Essa característica é apontada por McClelland (1987) como presente nos
contribuem para que estilos gerenciais diferenciados sejam adotados por homens e mulheres.
outros estudos, uma vez que, no presente estudo, em ambos os grupos foi encontrada baixa
Finalmente, a partir das características do comportamento abordadas neste estudo, foi possível
mas, ao mesmo tempo, há evidências de que alguns traços não seguem exatamente o mesmo
p= ,68000 p=,32000
Fem 45,8333 52 44
Através dos resultados, apresentados na tabela 2, pode-se observar que os dados se separam
em dois grupos, onde a função discriminante distingue o grupo masculino do grupo feminino
em um percentual mais definido, ou seja, 94% dos respondentes masculinos têm respostas
características que os colocam no grupo pré definindo de masculino e somente 45% das
mulheres podem ser enquadradas dentro das características próprias do grupo feminino.
masculinas, enquanto que as mulheres possuem outras características que as definem como
tempo das mulheres na atividade empreendedora, uma vez que os homens, em geral, estão há
mais tempo atuando como empresários, do que as mulheres. Por outro lado, esse resultado
empreendedoras.
Considerações finais:
grupos apresentaram baixa necessidade de status e poder, assim como baixa disposição ao
risco.
Algumas diferenças foram constatadas, as quais podem exercer influência nos estilos
para as mulheres, bem como maior valorização do controle. Por outro lado, o grupo dos
homens demonstrou uma ênfase maior da objetividade e valorização de riqueza por parte do
grupo masculino.
Esses resultados são bem próximos aos encontrados por Carland e Carland (1991), apesar
por inovação. Eles também não encontraram diferenças significativas, embora as medidas
para as mulheres foram levemente inferiores que a dos homens. Apesar do resultado, os
Nesse estudo essa necessidade torna-se ainda mais premente, principalmente com os
mulheres empreendedoras parecem não seguir os mesmos padrões de agrupamento, tal como
para o grupo de empreendedores do sexo masculino. Isso pode significar que as características
Além disso, acredita-se que alguns fatores contribuíram para diferenças encontradas e, entre
estaria relacionado a maior ou menor segurança na atividade, enquanto que o segundo com a
profundidade as variáveis do estudo, pois as questões formuladas não eram muitas vezes
Nesse sentido, aponta-se como sugestões para outros estudos, a adoção de escalas para
adaptados às necessidades desse grupo e não baseados em parâmetros gerais, que muitas
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