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TECNICAS CIRURGICAS

Técnica I

Todo instrumental tem um cinemática específica. Os movimentos envolvidos no


uso do fórceps são:

Cunha: é a apreensão do dente, propriamente dita, permitindo que a parte ativa


adentre o espaço periodontal, auxiliando na desinserção das fibras e na expansão
óssea.

Intrusão: é um dos movimentos mais importantes, sendo mantido


constantemente até a avulsão dentária. A intrusão tem o objetivo de transferir o
fulcro de rotação o mais apical possível, permitindo que eixo de rotação evite a
fratura das porções apicais da raiz.

Lateralidade: consiste na luxação propriamente dita, fazendo movimentos de


lateralidade vestíbulo-lingual. Tal movimento permite que haja expansão óssea
das corticais, facilitando a avulsão dentária. A lateralidade mésio-distal não é
possível pela impossibilidade de expansão das corticais proximais e pela presença
dos dentes adjacentes, impedindo a colocação do fórceps. Lembrar sempre de
proteger a cavidade com a mão oposta, impedindo que haja desvio do
instrumental.

Rotação: utilizado apenas para os dentes unirradiculares.

Tração: refere-se ao movimento de avulsão, removendo o dente luxado do


alvéolo.

* Ressalta-se que a empunhadura do fórceps é dígito-palmar.


Tipos e caracterização dos fórceps

* para dentes ântero-superiores o cabo e os mordentes encontram-se no mesmo


alinhamento reto, diferentemente dos fórceps para póstero-superiores, que
possuem duas curvaturas

* para dentes inferiores, os fórceps apresentam apenas uma curvatura


(monoangulados), estando os mordentes e o cabo em relação perpendicular

 151: utilizada para ICI, ILI, CI, 1º PMI e 2ºPMI


 16: molares inferiores (mordente em forma de chifre de boi)
 17: molares inferiores (mordente em forma de 2 flores de Liz)
 1: sem angulação (reto), com mordentes lisos, para dentes ântero-
superiores
 150: para PM’s superiores, monoangulado
 18L: para MS’s esquerdos (um mordente liso e outro com flor de Liz)
 18 R: para MS’s direitos (um mordente liso e outro com flor de Liz)
 65 (baioneta): para raízes residuais superiores (mordentes lisos)
 68 (argola): para raízes residuais inferiores (mordentes lisos)

Deve-se lembrar que na maxila, o osso vestibular é mais fino. Por isso, em
extrações maxilares, as avulsões ficam facilitadas por maior pressão vestibular
que palatina. O mesmo princípio se vale para região de prés, caninos e incisivos
mandibulares. Já na região de molares inferiores, onde o osso vestibular é mais
espesso que o lingual, a extração fica otimizada por maior pressão lingual.
Técnica II

Nesta técnica são utilizadas as alavancas.

As indicações específicas são:

 uso simultâneo com a odontosecção, nos casos de dentes


multirradiculares
 dentes retidos ou ectópicos
 dentes muito cariados (dificultam apreensão do fórceps)
 dentes com inclinação acentuada
 raízes fraturadas

As alavancas são contra-indicadas em casos em que o dente está preso à


cavidade apenas por tecido mole, uma vez que a alavanca não terá apoio para
trabalhar (alavanca se apóia em osso).

Sua cinemática compreende:

Cunha: inserção do material no interior do espaço periodontal

Rotação: movimentos horários e anti-horários, curtos, mas firmes

Alavanca: este movimento, sinérgico aos outros dois, é realizado sendo que o
ponto de apoio é a crista óssea, e nunca os dentes vizinhos.

A apreensão da alavanca pelo instrumental também é dígito-palmar.


Sequência operatória padrão

1. Anamnese, planejamento, orientações pré-operatórias


2. Paramentação e montagem da mesa cirúrgica
3. Condicionamento do paciente (antissepsia extra e intra-bucal)
4. Anestesia Local
5. Sindesmotomia: permite a desinserção das fibras gengivais da crista
óssea, facilitando na expansão óssea e na cunhagem. Além disso,
permite testar a anestesia.
6. Exérese
7. Avulsão do dente
8. Tratamento da cavidade: debridamento (deve ser leve para impedir a
injúria dos tecidos gengivais e das fibras do LP, uma vez que da
integridade destas depende a cicatrização), curetagem, irrigação e
aspiração, regularização de bordas ósseas pelo alveolótomo, manobra de
Champret* e manobra de Valsalva**
9. Síntese
10. Prescrição Medicamentosa e orientações pós-operatórias
11. Proservação

Manobra de Champret: consiste na redução da expansão óssea vestíbulo-


lingual, pela apreensão digital das duas corticais por tempo determinado.

Manobra de Valsalva: utilizada nas extrações de molares superiores, é uma


técnica para verificação se não houve comunicação bucosinusal. O paciente feche
o nariz e faz força para assoar. Caso haja comunicação, deve-se colabar os
tecidos e suturá-los, favorecendo uma cicatrização por primeira intenção.
Antes de se realizar uma exodontia, deve verificar se há realmente indicação ou
alguma contraindicação, para que se obtenha sucesso no tratamento cirúrgico,
sempre tendo como princípio a saúde e o bem-estar do nosso paciente.

Então, as indicações para uma exodontia são

 Lesões cariosas
 Comprometimento endodôntico
 Comprometimento periodontal
 Indicações ortodônticas

Contraindicações

Comprometimento sistêmico

 Diabetes
 Leucemia (hemorragias)
 Hipertensão
 Gravidez
 Hemofilia

Comprometimento local

 História prévia de radioterapia


 Dentes em áreas de lesões tumorais
 Pericoronarite
 Processos infecciosos agudos
 Idade
Técnica I (utilização de fórceps)

Indicações:

 Dentes com coroas hígidas ou remanescentes de coroa ou raiz


suficientes para apreensão com o fórceps;
 Dentes com porção radicular e estrutura óssea alveolar dentro dos
padrões de normalidade anatômicos;
 Pacientes com doença periodontal

Contraindicações:

 Dentes anquilosados
 Dentes com hipercementose
 Dilaceração radicular
 Sem estrutura coronariana ou radicular adequados
 Dentes hígidos e isolados há muito tempo
Tipos de fórceps:

150

Incisivos centrais,
incisivos laterais, caninos e pré-molares superiores

151

Incisivos centrais,
incisivos laterais, caninos e pré-molares inferiores
18R

Molares superiores DIREITO


18L

Molares superiores ESQUERDO

17

Molares inferiores
16

“cifre de boi” molares inferiores


65

Raiz residual
Princípios de ação dos fórceps: Anatomia e localização

Forças aplicadas: força de manutenção e força de deslocamento

Movimentos exodônticos:

1. Intrusão: rompe as fibras do ligamento periodontal e muda o centro da


gravidade (para todos os dentes);
2. Lateralidade: movimentos pendulares – primeiro para a cortical mais
espessa, para um rompimento das fibras do ligamento;
3. Rotação: apenas para os dentes unirradiculares – auxilia na dilatação e
rompe o restante das fibras;
4. Tração: dente luxado – associado a lateralidade ou rotação (exérese).
Nas cirurgias de exodontias, você pode optar por realizar Técnica I (apenas
fórceps), Técnica II (utilização de alavancas + fórceps opcional) e Técnica III
(associação de odontosecção e/ou osteotomia).

Técnica II (utilização de alavancas)

Indicações:

 Raízes e ápices radiculares residuais ou recém-fraturados


 Dentes com porção coronária parcialmente destruída ou frágil

Princípio de ação das alavancas:

Potência: é a força desenvolvida pelo cirurgião dentista no cabo da alavanca

Ponto de apoio: representado pelos septos ósseos alveolares interdentários ou


inter-radiculares.
Resistência: representada pela raiz ou dente a ser extraído

A lâmina da parte ativa deve ser aplicada entre o tecido ósseo do alvéolo e o
dente a ser removido

Tipos de alavancas

Apical n° 301
Apical n° 302

Apical n° 303
Apical n° 304
Seldin n° 1L

Seldin n° 1R
Seldin n° 2

 Não utilizar o dente adjacente como apoio


 Não utilizar as corticais palatinas ou linguais como ponto de apoio
 Aplicar força na região Mesial ou Distal da raiz a ser removida

Ações:

Ação de cunha: entra obliquamente (a medida que se introduz ocorre a luxação)

Ação interfixa: direção obliqua ao longo eixo do dente – para trás

Ação inter-resistente: sentido vertical – para frente

Ação de sarilho: entra perpendicular, apoiada pelo septo ósseo.


Existem vários outros tipos de alavancas para cirurgias. Essas são as mais
utilizadas para quem está começando na pratica cirúrgica.

Técnica III (osteotomia e/ou odontosecção)

Objetivo:

 Diminuir resistência óssea


 Facilitar a luxação
 Dificuldade de apoio para USP do fórceps ou alavanca
 Corticais rígidas
 Melhor visibilidade e acesso

Indicações:

 Dentes com anquilose, hipercementose, dilaceração radicular e raízes


divergentes;
 Ápices fraturados (quando ocorre de fratura no ápice, avaliar a indicação
de remoção do mesmo);
 Após exodontias que requeiram curetagem de lesões apicais extensas;
 Exodontia múltipla, para regularização;
 Dentes frágeis e sem apoio.
Osteotomia: desgaste ósseo

Ostectomia: remoção de fragmento ósseo

 Brocas, trefinas, serras, cinzéis, limas;


 Rotatórios: refrigeração: torque elevado | não introduzir ar no campo
cirúrgico.
 Pinça goiva, alveolótomo.

Técnica

 Confecção do retalho;
 Osteotomia: peça de mão reta (brocas esféricas 2,3,6,8 | brocas
tronco-cônicas 701, 702, 703 – começar com a broca de menor
tamanho) ; anta rotação; cinzéis e martelo; cinzéis
 Técnica: **canaleta > profundidade: ponta ativa da broca |
diâmetro: ponta da broca.
 Sulco entre a coroa e o osso alveolar vestibular, mesial e distal
 Exposição da junção cemento-esmalte

Odontosecção

 Diminuir a resistência óssea a exodontia


 Exemplo: separar raiz vestibular da palatina no sentido mesio-distal –
exemplo de um 1 pré-molar superior
 Tratamento da cavidade:
 Irrigação com soro fisiológico;
 Curetagem das paredes alveolares;
 Limas
 Remoção de fragmentos ósseos – septo;
 Manobra de Chompret
 Curetagem
 Avulsão (via alveolar e via não alveolar).
Hemostasia

 Evitar perda excessiva


 Visibilidade do campo operatório
 Minimizar hematomas > maior pressão sobre os tecidos; mais sujeito a
infecção

Medidas para controle e tratamento de hemorragias

 Profiláticos = anamnese e exame clinico


 Pressão com gaze ou pinça hemostática
 Eletrocoagulação
 Ligadura = pinçamento e amarrias dos vasos
 Sutura em massa
 Curetagem = tecido de granulação
 Esmagamento ósseo = Gelfoam
 Vasoconstritores

Sintese: sutura da cavidade


Disposição da mesa cirurgica exemplos:

SUTURAS

O termo sutura é usado para designar todo material utilizado para ligar
(amarrar) vasos sanguíneos ou aproximar tecidos. Na Odontologia, o objetivo
principal da sutura é posicionar e manter firme o retalho cirúrgico a fim de
promover cura. Se os retalhos não forem aproximados, consequentemente, uma
hemostasia inadequada ocorrerá.

Para realizar uma sutura, alguns materiais são essenciais, como a agulha, o fio e
o porta-agulhas.

Agulha e Fio
A agulha tem como finalidade levar o material de síntese através dos tecidos,
causando mínima lesão tecidual. A seleção da agulha é determinada
pela acessibilidade do tecido a ser suturado; pelo diâmetro do fio de sutura e pelo
tipo de tecido. As agulhas podem ter diferentes dimensões, calibre e forma.

É importante levar em consideração quando na escolha do fio, suas


características de comportamento físico e biológico em relação ao processo de
cicatrização do tecido a ser suturado.

Deve ser lembrado que dentro da classificação dos fios de sutura, o número de
zeros que vem escrito na embalagem informa o calibre do fio e também sua força
tênsil. Assim, quanto maior o número de zeros na classificação dos fios, menos
calibroso ele será e terá menor força tênsil, porém será mais delicado. O
contrário também é verdadeiro.

Os fios podem ser classificados em não-absorvíveis e absorvíveis:


1. Não-absorvíveis

Seda: Filamento proteico obtido do bicho-de-seda.


Vantagens: Não irritante, barato, fácil de manusear, nó firme.
Desvantagem: Acumula placa (indicado para pacientes com boa higiene)

Nylon: Não absorvível, porém biodegradável


Vantagens: Maior resistência, flexível, não irritante, menor reação tecidual
Desvantagens: Difícil de manusear, perde resistência, não produz nó firme.

Poliéster: Sintético, multifilamentado, resistente e com uma durabilidade


grande. Os fios de poliéster requerem um mínimo de cinco nós para uma fixação
estável e segura..

Algodão: Multifilamentar, fio maleável e agradável ao tato, o que propicia um nó


forte. Os fios de algodão requerem um mínimo de três nós para uma fixação
segura.

2. Absorvíveis

Categute: Biológico. Do intestino delgado de ovelhas ou serosa de bovinos. Pode


ser:

Simples: absorção mais rápida – 5 a 10 dias


Cromado: absorção mais lenta – 20 dias

Ácido Poligalático (Vicryl): Sintético. Absorvido em 60 dias. Indicado para pontos


intra-dérmicos e cirurgias maiores.

Tipos de Suturas
 Ponto simples: melhor coaptação da papila interdental. Indicada para
suturas interdentais, enxertos, biópsias, exodontias a retalho, cunhas
distal.
 Ponto em X externo: Bastante indicada para espaços edêntulos.
 Ponto em X interno
 Ponto em U horizontal
 Ponto em U vertical
 Ponto contínuo simples
 Ponto contínuo festonado

Nó de Sutura

 O nó completado deve ser firme


 Deve ser o menor possível
 Tensão excessiva deve ser evitada
 Evitar o afrouxamento após o primeiro nó.

Nó Cirúrgico X Ponto Cirúrgico x Sutura Cirúrgica

Nó cirúrgico: o entrelaçamento ordenado feito com as extremidades livres do fio


cirúrgico. É composto por três semi-nós:

1. Contenção
2. Fixação
3. Segurança

Ponto cirúrgico: segmento de fio cirúrgico compreendido entre uma ou duas


passagens deste no tecido. É a unidade da síntese.

Sutura cirúrgica: é o conjunto de pontos aplicados nos tecidos com o objetivo


de união, fixação e sustentação.
Referências

Resumo baseado na aula da Professora Melissa Rodrigues de Araújo


– Universidade Positivo.

Lee H.S. Princípios de Sutura em Odontologia – Guia completo para fechamento


cirúrgico. Livraria Santos Editora Ltda., 2003.

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