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design

uma reflexão sobre o design nos dias de hoje


Georg Hans Max Bonsiepe, também conhecido por Gui Bonsiepe, nasceu a 23 de março
de 1934 e é um designer alemão formado pela Hochschule für Gestaltung, de Ulm, onde
lecionou até 1968, quando a escola fechou. Nos passados dias 20 e 21 de março tivemos a
oportunidade de conhecer e ouvir pessoalmente este grande pensador da área do design.
Primeiramente na cerimónia Doutoramento Honoris Causa, na Reitoria da universidade de
Lisboa, e mais tarde, na nossa faculdade a uma palestra mais informal.

Após ouvir ambas conversas e ler Democracy and design e Design e Crise, realizei um pens-
amento mais profundo sobre esta área, que me interessa bastante.

Design e Democracia

Nesta conversa com Justin McGuirk, Gui Bonsiepe começa por afirmar que não concorda
com generalismos. Posteriormente vem como tema de conversa o branding, e como hoje
em dia quase tudo é considerado uma marca, até mesmo figuras públicas hoje em dia são
marcas. Marcas estas que, em parte, são sustentadas pelo design. Pessoalmente acho brand-
ing muito interessante, e é algo que gostaria de fazer no futuro. Como jovem adulta, e utiliza-
dora de redes sociais, é algo que veio ao meu interesse, e é algo que também vejo todos os
dias. Um pequeno exemplo, são estes jovens ‘‘youtubers’’ que teem já a sua própria marca,
criada não só pelo conteúdo que produzem, mas por uma toda imagem visual. Noto que
cada vez mais esta imagem visual é mais importante, a nível de logotipos, banners, intro-
duções, merchandise, etc. Deste modo, e vai ao encontro da ideia que Gui Bonsiepe trans-
mite, o design é cada vez mais simbólico do que material.

«I look at the new generation of industrial designers and they no longer


know how to classify joints, or how to put pieces together – instead we
have to talk about branding and symbolic values.»

Achei bastante interessante esta citação. Não só pela frase em si, mas especialmente no
que ela reflete. É algo que tenho pensado bastante após a minha entrada neste curso. Não
me sai da cabeça, desde então, o discurso que o professor Vitor nos deu à porta do MAAT,
que nós somos sobretudo humanos, e temos capacidades que um template não tem. Dado
isto, a frase anteriormente apresentada e após uma reflexão, acho que um bom designer
deve ter em conta ambos os aspetos. Ter o lado humano, que lhe faz sentir, cheirar, absor-
ver o mundo existente à sua volta, e o lado simbólico, complementado por outros estudos
fora do âmbito do design, também. Com a finalidade de nos tornar-mos mais cultos, por
consequente, expandir os nossos horizontes e criatividade. Este equilíbrio que sinto que os
professores, neste curso, nos tentam transmitir, agrada-me imenso, pois acho que também
é algo que nos faz crescer não só como estudantes de design, mas também como pessoas,
cidadãos, etc. Para além disso, faz nos ser ambiciosos, querer ir mais além, e por vezes, fugir
ao mundo do consumismo e do marketing com que o design muitas vezes é submerso e
associado. Isto leva-me a refletir sobre outro aspeto, presente nesta conversa, que é o de-
sign e a democracia.

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‘‘As a designer, I should perhaps be content that design is getting this
attention, but I might not completely agree with these new clever manage-
ment people’s interpretation of what design is.’’

Gui Bonsiepe afirma que nos últimos anos o design tem feito grande papel no mundo da
democracia, questiona-se também como é que companhias não mencionavam o design ou
sequer sabiam que existiam, de um momento para o outro tornou-se uma ‘‘nova solução’’.

Na minha opinião, acho bastante interessante, e correta, a abordagem de Gui Bonsiepe


sobre o design, o design é projetual, é isto, também que o distingue da ciência. Porque na
verdade, o que é desgin? O que podemos considerar design? O que é bom design? É algo,
que como estudante de design ainda ‘‘fresca’’, ou ‘‘muito fresca’’, não consigo responder
de maneira fixa, pois ainda estou à procura de respostas. Contudo, ao ouvir grandes pen-
sadores, e ler artigos e conversas começo a refletir imenso sobre isto, e ultimamente, uma
das conclusões à qual cheguei, é que a base do design é projeto, design é projetual. Sem
projeto não existe design, muito menos bom design.

Em suma, acho muito importante, e interessante que tenhamos acesso a palestras tão in-
teressantes como esta, que nos façam refletir, porque afinal de contas nós somos, também
o futuro do design, esta nova geração, muito ligada à tecnologia, mas que contudo temos
que ter noção que não podemos depender só dela. Devemos manter o nosso lado hu-
mano, e enriquecê-lo, pois isso também nos irá ajudar no ambito do design. É, também
isso que nos distingue de uma máquina. Como designers, que maior parte das vezes esta-
mos a produzir para o outro, tenha este outro uma finalidade ligada ao comércio, pessoal
ou artistíca, devemos dar o nosso melhor, e aproveitar cada oportunidade para crescer e
aprender algo sobre um campo que não é o nosso. Por exemplo, este último projeto 3018,
está a implicar que pesquisemos muito mais para além da nossa área de trabalho, acho isto
extremamente interessante, pois é algo que pode-me vir a dar jeito no futuro, pessoal ou
profissional, no final de contas é tudo conhecimento, e nunca é demais ter conhecimentos,
ou querer conhecer.

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