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REGINA GRAVINA
FLORIANÓPOLIS/SC
ABRIL, 2017.
REGINA GRAVINA
Florianópolis, SC.
ABRIL, 2017.
REGINA GRAVINA
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JOÃO SINOTT (avaliador)
Florianópolis, SC.
ABRIL, 2017.
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
2 METODOLOGIA
A pesquisa que derivou este artigo teve uma natureza qualitativa, com o método
de pesquisa bibliográfico.
Segundo Martins e Theóphilo (2009) em uma pesquisa de natureza qualitativa
existem proposições analíticas que são apresentadas com base em um referencial
teórico explicitado previamente. Mas, mais do que isso, durante uma análise
qualitativa, há um “uso extensivo de comentários, observações e especulações ao
longo da coleta” (MARTINS; THEÓPHILO, 2009, p. 140).
A etimologia da palavra método diz respeito ao caminho ou percurso realizados.
Do ponto de vista de uma pesquisa, quando mencionado o método, significa qual o
caminho dado a ela. Para Martins e Theóphilo (2009), o termo estratégia, quando se
trata de pesquisa científica, tem o mesmo significado.
A estratégia desta pesquisa é bibliográfica, pois trata-se de um trabalho que
“procura explicar e discutir um assunto, tema ou problema com base em referências
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3 REFERENCIAL TEÓRICO
1
Significado retirado de dicionário on line, Editora Porto. Disponível em:
<https://www.infopedia.pt/$comunicacao>. Acesso em 10 abr. 2017.
7
uma disciplina de estudo e também é gente, pois são pessoas que administram não
‘forças’ nem ‘fatos’”, de acordo com Drucker (1997, p. 102, grifo do autor).
Portanto, é viável dizer que comunicação é feita por pessoas, são elas que a
gerenciam e é através delas que o sucesso ou o fracasso de uma empresa ocorrerá,
já que o processo de comunicação é força motriz de qualquer norma de gestão, seja
no âmbito interno, com os colaboradores, ou externo, com o público-alvo. Conforme
Drucker (1997, p. 501, grifo do autor), “a comunicação só funciona de um de ‘nós’ para
o outro. Nas organizações, a comunicação não constitui um meio que leve à
organização. Constitui, isto sim, o modo de organizar”.
Nesse sentido, vê-se a importância da comunicação dentro das empresas, ou
seja, o processo da escrita e da oralidade leva ao êxito todo e qualquer projeto de
gestão e, portanto, há sim que se observar como são aplicados os conceitos de
retórica e oratória dentro desse processo. A grosso modo, oratória é a arte de falar
bem e a retórica a de persuadir, porém ambas possuem tanta convergência conceitual
que muitas pessoas se confundem e acabam não dando a devida atenção ao seus
usos e aplicações.
Há inúmeros conceitos relacionados à retórica e à oratória, que vão desde a
Antiguidade até os tempos atuais, e por serem elementos constitutivos da
comunicação organizacional é importante salientar que nem todos os conceitos
existentes são passíveis de serem aplicados no tocante à gestão e que, estes mesmo
não sendo apresentados dentro das empresas com esses nomes, são
constantemente utilizados e adequados em função da existência de um mercado
complexo, instável e competitivo.
A retórica é considerada como uma ciência ou como uma forma de arte, a
ciência ou a arte de persuadir e convencer o seu interlocutor de que a sua verdade é
a correta, porém nem sempre essa consideração é usada com discernimento, já que
para Bordalo (2012, p.16) “uns denominam a retórica somente como força, ou seja, a
capacidade, outros como ciência, mas não como virtude, outros como experiência e
outros como arte, mas desvinculada da ciência”.
O autor cita inúmeros estudiosos sobre o assunto da antiguidade e da
modernidade, mas concorda que a retórica é a “ciência de falar bem” e que há em
todos os conceitos apresentados “um sentido comum, o da persuasão, a retórica tem
em vista a criação e a elaboração de discursos de pendor persuasivo” (BORDALO,
2012, p. 17). Além disso, a retórica possibilita a compreensão da mensagem tanto
apresentada no formato escrita, quanto na oralidade, sendo que seus argumentos
devem ser sempre convincentes.
Já para a oratória, os conceitos são mais profusos, pois a mesma é muito
utilizada e conhecida nos tempos atuais em inúmeras atividades profissionais,
particularmente àquelas ligadas à arte de falar bem e encantar o público, pois “a
oratória é também uma ciência, na qual certos axiomas foram comprovados ao longo
do tempo [...] Não faça, simplesmente, um discurso interessante; faça o discurso mais
interessante que sua plateia jamais ouviu. ” (CARNEGIE, 2007, p. 26, grifo do autor).
De acordo com Borges (2006, p. 15) “não basta saber o que se quer falar. O
mais importante é saber como falar [pois] o bom comunicador é aquele que, além de
compartilhar informação, sabe motivar e envolver seus interlocutores. ”. Assim, é
possível perceber que a oratória pode ser uma ciência, uma arte, mas precisa ser vista
e praticada como uma técnica que usa a linguagem oral e gestual como instrumento
de persuasão argumentativa em termos de gestão.
Isso posto, fica bem difícil separar a oratória da retórica enquanto arte, ou
ciência, e com os conceitos dados em relação uma da outra. Porém, é inegável que
ambas possuem diferenças, mas são ao mesmo tempo utilizadas como
instrumentos/elementos da comunicação dentro da administração, conforme se verá
nos capítulos a seguir.
de uma retórica tosca, com o emprego de trejeitos teatrais e de uma oratória que
abusa da voz empostada, como se isso fosse ser do agrado ou entendimento geral.
Apesar de toda a evolução na administração, tanto técnica, quanto prática, a
comunicação muitas vezes é composta de um amontoado de processos burocráticos,
que engessam a estrutura organizacional, muitas vezes decorrentes de falta de
preparo dos colaboradores, treinamento ou de um planejamento estratégico de
comunicação empresarial.
Tanto as organizações, quanto os profissionais precisam muito mais do que
isso; precisam saber diferenciar e usar corretamente a retórica e a oratória enquanto
instrumentos/elementos da comunicação, pois conforme Gómez Cervantes (2009, p.
191, tradução nossa):
que tenham o domínio da escrita como forma de elaborar a resposta correta que irá
persuadir os seus interlocutores.
Portanto, é possível observar que há o uso efetivo da fala e da escrita enquanto
elementos básicos de comunicação em qualquer organização, pois a empresa que
não se comunica, não existe. Isso significa dizer que há a premência em termos
empresariais de utilizar a oratória e a retórica em seus processos de comunicabilidade
já que isso indica produzir cada vez mais textos/mensagens com qualidade e que
sejam compreensíveis, sendo para isso necessário o uso de técnicas de apresentação
e argumentação adequadas e a utilização correta e efetiva das ferramentas de
comunicação organizacional já existentes.
Há que se distinguir em quais situações ou contextos é possível aplicar na
prática os conhecimentos da retórica e da oratória dentro da gestão de empresas, pois
a eloquência típica de vendedores difere dos recursos utilizados em um discurso
motivacional para estabelecer metas institucionais. Ao mesmo tempo, essas ciências
podem e devem ser adaptadas conforme for o objetivo, missão ou valores de cada
organização.
Sabe-se que a carência de profissionais com habilidades argumentativas e de
apresentação oral são decorrentes de um ensino deficitário, mas apenas isso não se
justifica enquanto necessidade e realidade mercadológica. Dentro do processo de
comunicação, precisa existir sempre uma troca, pois há a necessidade de interação
com o outro para que a comunicação se estabeleça, sendo essa a premissa básica
para iniciar ou apresentar com êxito qualquer tipo de ideia, produto ou serviço em
termos de gestão. Portanto, é viável afirmar que a retórica e a oratória são elementos
essenciais para serem utilizadas pelo gestor como ferramentas comunicativas de alta
performance.
Percebe-se institucionalmente que o efeito diferencial do uso da argumentação
e do convencimento continuamente vêm eivadas de elementos críticos negativos
quando aplicadas dentro do contexto empresarial, já que há – desde a Antiguidade -
o estigma do engano e do engodo envolvendo esses dois elementos, muitas vezes
caracterizados como sendo a Retórica, a arte dos demagogos preconizado por Platão
(MAZZOTI, 2016) e com o agravante da Atualidade de considerar a Oratória, como a
arte dos políticos ou a fala dos farsantes.
A realidade sempre se mostra dentro de um contexto, portanto tem-se que levar
em conta os diversos públicos envolvidos dentro de um plano de gestão no tocante à
16
EMISSOR MENSAGEM
quem? o quê?
CANAL
CODIFICAÇÃO
qual?
como?
RETROALIMENTAÇÃO RUÍDO
retorno por parte do receptor quando não há compreensão da
mensagem por parte do receptor.
Porém, é possível dizer que dentro de uma organização, que possua um bem
estruturado departamento de comunicação, que tenha claro quais são as suas
necessidades e as de seus públicos, aparecem com naturalidade a retórica e a
oratória como instrumentos comunicativos e avaliativos de desempenho profissional
e de sucesso mercadológico.
Com tal característica, a empresa elabora sua estratégia de comunicação, ou
se organiza conforme a sua necessidade e funcionalidade, que deve utilizar práticas,
ferramentas e pessoas para manter sólidos os seus relacionamentos internos e
institucionais. Aqui, a retórica e a oratória devem funcionar em conjunto, porém com
objetivos distintos já que parecem estar atuantes em diferentes níveis de gestão.
Especificamente, o primeiro uso desses instrumentos de comunicação deve ser
diante da percepção do papel do colaborador dentro da empresa, entender sua
importância dentro desse sistema de relacionamentos e comunicação. O colaborador
é o chamado ‘primeiro contato’ institucional da empresa, parte dele a primeira
impressão do mercado, do cliente, do fornecedor e de quaisquer outros que
mantenham algum tipo de relacionamento gestacional (TAVARES, 2010). Portanto,
um planejamento estratégico de comunicação interna é o primeiro passo retórico e
argumentativo para estabelecer os canais que deverão ser continuamente avaliados
e alimentados por informações e ações explanadas dentro de um processo de
apresentação ou de oratória.
Partindo dessa premissa de comunicação empresarial estruturada, pode-se
dizer que os agentes atuantes normalmente são colaboradores com certas
características ou habilidades comunicativas, como simpatia, dicção, expressividade,
expansividade, talento na elaboração de textos, que possui intercurso entre os
diversos públicos, que são criativos e proativos. Ao detectar ou estabelecer quem são
esses colaboradores, deve haver por parte do gestor uma valorização profissional
para posterior uso dentro da empresa.
Aqui é possível destacar que oferecer cursos, treinamento ou especialização
na área de retórica e oratória será de grande utilidade para estabelecer um
relacionamento organizacional visando o mercado como um todo. Dessa forma, além
de possíveis talentos nessas áreas, é possível ter colaboradores com competência
técnica e pleno conhecimento e desenvoltura em retórica e oratória.
Além disso, se faz necessário que os colaboradores, que irão atuar como
produtores de conteúdo, oradores ou porta-voz da empresa, sejam treinados, que
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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como apontado neste trabalho, embora não haja definição consensual sobre
retórica e oratória enquanto ciência ou arte, é possível dizer que a primeira é a arte
de persuadir enquanto a segunda é a arte de falar bem. As duas, ligadas à
comunicação, formam um tripé que possibilitam a transmissão de mensagens, sejam
em nível pessoa ou organização, sendo este último a ênfase desta pesquisa.
No tocante às organizações, é comum a confusão conceitual e empírica da
retórica e oratória que geralmente são utilizadas como sendo uma coisa somente,
recebendo nome genérico de oratória.
É possível falar bem (oratória) sem, no entanto, convencer ninguém (retórica).
As empresas costumam utilizar manuais que ensinam, pode-se assim dizer, aos
funcionários as técnicas de ser um “vendedor de ouro”, muito focadas apenas em
apresentação oral.
Uma das principais causas de a retórica não fazer parte destas técnicas
empresariais, talvez seja o fato de que ela não é realidade na formação escolar, com
algumas exceções, como é o caso da área de Direito, por exemplo.
Nesse trabalho foram apresentadas a retórica e oratória como elementos
fundamentais para o sucesso das organizações em seus processos de transmissão
de mensagens e de argumentação. Foi apresentada uma Figura que apresenta a
comunicação aplicável a qualquer situação e formato: escrita, falada, profissional,
pessoal, cultural e social.
Por fim, pode-se afirmar que falta um entendimento maior do que são a retórica
e a oratória, bem como elas podem ser utilizadas nos processos das
organizações/empresas como elementos fundamentais para o sucesso dos negócios,
assim como devem também constar no currículo escolar.
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REFERÊNCIAS
KOCH, I.G.V. Argumentação e linguagem. 13. ed. São Paulo: Cortez, 2011.