Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
História Antiga I-1 PDF
História Antiga I-1 PDF
HISTÓRIA ANTIGA I
Batatais
Claretiano
2013
© Ação Educacional Clare ana, 2011 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013
938 S578h
ISBN: 978-85-8377-064-0
CDD 938
Preparação Revisão
Aline de Fátima Guedes Cecília Beatriz Alves Teixeira
Camila Maria Nardi Matos Felipe Aleixo
Carolina de Andrade Baviera Filipi Andrade de Deus Silveira
Cá a Aparecida Ribeiro Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Dandara Louise Vieira Matavelli Rodrigo Ferreira Daverni
Elaine Aparecida de Lima Moraes Sônia Galindo Melo
Josiane Marchiori Mar ns
Talita Cristina Bartolomeu
Lidiane Maria Magalini
Vanessa Vergani Machado
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Henrique de Souza Projeto gráfico, diagramação e capa
Patrícia Alves Veronez Montera Eduardo de Oliveira Azevedo
Rita Cristina Bartolomeu Joice Cristina Micai
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Simone Rodrigues de Oliveira Luis Antônio Guimarães Toloi
Raphael Fantacini de Oliveira
Bibliotecária Tamires Botta Murakami de Souza
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Wagner Segato dos Santos
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na
web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do
autor e da Ação Educacional Claretiana.
CRC
Ementa –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Períodos da história da Grécia Antiga e a dinâmica de seus processos históricos
nos seus aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais. Análise de textos
historiográficos e trechos de documentos sobre o período.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1. INTRODUÇÃO
Como você poderá observar, nesta parte, denominada Ca-
derno de Referência de Conteúdo, encontraremos o conteúdo bá-
sico das seis unidades em que se divide a presente estudo.
No decorrer das unidades, você ampliará seus conhecimen-
tos sobre os gregos antigos, compreendendo a problemática e as
tendências atuais da abordagem da história da Grécia Antiga.
O estudo da Grécia Antiga divide-se em períodos para uma
melhor compreensão didática do contexto. Assim, na Unidade 1,
estudaremos a formação do povo grego e a colonização da Grécia.
Como as origens da civilização grega estão profundamente relacio-
10 © História Antiga I
Agradecimentos –––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Agradecemos aos colegas Gustavo Junqueira Duarte Oliveira, Antônio de Pádua
Pacheco, Carolina Damasceno Ramos, Lívia Alves Ricci e Danilo Lucas Marceli-
no pelos textos por eles elaborados, os quais compõem as leituras complemen-
tares das unidades.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Abordagem Geral
Você está prestes a embarcar em uma viagem pela história
de uma civilização que começa a se moldar por volta do século 20
a.C.
Você já assistiu a peças de teatro? Nos jogos olímpicos, de
quatro em quatro anos, você acompanha os atletas? E de filosofia,
você gosta? Pois, então, é nesse cenário de teatro, olimpíadas e
muita filosofia que os gregos antigos se inserem.
Recebemos uma grande herança desse povo, e o fascínio
que a cultura grega exerceu sob o mundo se mantém intacto até
hoje, mesmo tendo se passado tantos séculos.
Os gregos dedicaram-se a indagar sobre o ser humano. Foi
ímpar a maneira pela qual eles perceberam os valores mais apu-
rados da alma humana, com variadas questões filosóficas sobre
sentimentos e uma busca apurada pela perfeição artística na re-
presentação do corpo humano. Veremos que tudo isso torna o es-
tudo sobre eles imprescindível.
O país que hoje constitui a Grécia está localizado na Europa.
A faixa de terra ocupada por povos de cultura grega estendeu-se
no passado pela área das atuais Península Balcânica, ilhas em tor-
no dessa península, partes da Jônia (que constituem hoje a região
da Turquia e seus arredores) e Magna Grécia (atual região do sul
da Itália).
© Caderno de Referência de Conteúdo 13
Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápi-
da e precisa das definições conceituais sobre o período aqui abor-
dado, possibilitando-lhe um bom domínio dos termos acadêmicos
e técnico-científicos utilizados nesta área de conhecimento. Por-
tanto, veja, a seguir, a definição dos principais conceitos de Histó-
ria Antiga I:
1) As Troianas: em As troianas, peça escrita em 415 a.C.,
Eurípides relata o final da Guerra de Troia, quando vá-
rios homens troianos são mortos pelos gregos, restando
apenas mulheres. O autor relata a guerra e a desuma-
nidade que via nos gregos sob o olhar dessas mulheres.
Ele é considerado o dramaturgo grego que mais tratou
de temas sobre o universo feminino. Além dessa peça,
escreveu Medeia, Helena, Andrômaca, Hécuba, Electra,
entre outras.
2) Acrópole: Grande colina ateniense, é onde se localiza-
vam algumas das mais famosas edificações do mundo
grego antigo, como o Partenon. Na época clássica era o
ponto central de discussões de ordem financeira.
3) Afresco: nome dado às pinturas feitas em paredes tendo
como base o gesso ou a argamassa.
4) Anacronismo: nesse caso, pode ser um erro de cronolo-
gia, mas anacronismo histórico vai além, pois significa
falar de um passado utilizando ideias relativas ao pre-
sente ou tentar usar conceitos de uma época para cená-
rios e tempos totalmente distintos.
5) Aristocracia: de acordo com José Moura (2000), há uma
diferença entre os termos aristocracia e oligarquia. O
termo "aristocracia" está ligado à ideia de nobreza de
sangue, enquanto o termo "oligarquia" seria uma mes-
ma nobreza, mas conceituada a partir de uma diferen-
ciação em relação ao estilo de vida do restante da po-
© Caderno de Referência de Conteúdo 21
18) Escrita dos egípcios: "A escrita egípcia nos fornece im-
portantes informações sobre esse povo antigo. No An-
tigo Egito, desenvolveu-se inicialmente uma escrita
ideográfica (representada por sinais que representavam
objetos) e pictórica ou figurativa (uso de desenhos varia-
dos para representar um objeto que pretendessem dei-
xar escrito). Posteriormente, foram criados sinais fonéti-
cos, ou seja, sons que combinados criavam sinais que os
representavam. O egípcio desenvolveu, a partir de en-
tão, três tipos de escrita: hieroglífica (escrita semelhante
a dos povos árabes e judeus, caracteriza-se apenas pelo
uso de sons consonantais), demótica (escrita um pouco
mais popular) e hierática (forma cursiva do sistema de
hieroglífico, mais utilizada em textos religiosos). Os tex-
tos egípcios eram escritos em papiros, em pedras, em
tecidos e em paredes" (FERREIRA, 1992, p. 45-47).
19) Escrita silábica: "Na escrita silábica cada letra ou sinal
corresponde por norma a uma sílaba diferente em uma
combinação entre sons parecidos com o que seria para
nós a combinação de uma consoante + uma vogal, origi-
nando o sinal, ou, como conhecido por nós: a sílaba. Em
escavações na Ilha de Creta, também foram encontrados
sinais da existência de uma escrita de imagens que pare-
ce ter existido anterior ao Linear A" (FINLEY, 1968, p. 28).
20) Especiarias: condimentos e substâncias aromáticas pro-
duzidos desde a Antiguidade, especialmente no Oriente.
21) Estado-ethno: território ocupado em extensão muito
maior do que todas as póleis juntas, onde viviam popu-
lações sem um centro urbano, espalhadas em numero-
sas aldeias de extensão razoavelmente grande e de laços
políticos e união muito estritos.
22) Eurocêntrico: ter uma visão eurocêntrica significa basear-
-se no estudo apenas de traços europeus na história, ou
seja, é colocar a cultura europeia e ocidental no centro da
análise. Diz-se que estamos tendo uma visão eurocêntrica
da história do Brasil quando estudamos apenas a cultu-
ra dos colonizadores europeus, e não a dos índios ou ne-
gros, por exemplo. No caso da história grega, ter uma vi-
são eurocêntrica significa enfatizar apenas elementos do
Grécia Antiga
Desestruturação das
póleis
Período Helenístico
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser
de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertativas.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como re-
lacioná-las com a prática do ensino de História pode ser uma forma
de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a resolução de
questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se preparando
para a avaliação final, que será dissertativa. Além disso, essa é uma
maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos e adquirir
uma formação sólida para a sua prática profissional.
Você encontrará, ainda, no final de cada unidade, um gabari-
to, que lhe permitirá conferir as suas respostas sobre as questões
autoavaliativas de múltipla escolha.
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.
Dicas (motivacionais)
O estudo deste Caderno de Referência de Conteúdo convida
você a olhar, de forma mais apurada, a Educação como processo
de emancipação do ser humano. É importante que você se atente
às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes
nos meios de comunicação, bem como partilhe suas descobertas
com seus colegas, pois, ao compartilhar com outras pessoas aqui-
lo que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se
conhece, aprendendo a ver e a notar o que não havia sido perce-
bido antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele
à maturidade.
Você, como aluno dos Cursos de Graduação na modalidade
EaD, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente.
Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor
presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugeri-
mos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades
nas datas estipuladas.
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em
seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode-
1. OBJETIVOS
• Reconhecer e interpretar os conceitos introdutórios rela-
cionados à história da Grécia Antiga.
• Apontar a divisão em períodos da história grega.
• Identificar as primeiras colonizações do território grego.
• Analisar a cultura da Ilha de Creta (civilização minoica).
• Interpretar a formação da civilização creto-micênica (Pe-
ríodo Pré-homérico).
2. CONTEÚDOS
• Introdução à história da Grécia e o povoamento da Hélade.
• Primeiros tempos da Grécia Antiga: a civilização cretense
e a civilização creto-micênica.
34 © História Antiga I
Jean-Pierre Vernant
O historiador e antropólogo Vernant nasceu em 1914,
na França, e morreu em 2007. Foi um importante es-
tudioso dos mitos gregos, autor de vários livros que
são referências no estudo da Grécia Antiga e profes-
sor honorário do Collège de France (imagem disponí-
vel em: <http://www.danielriot.com/media/00/02/318d
3d8a9208cc44485bf88824864f94.jpg>. Acesso em: 2
ago. 2008).
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Estamos iniciando os estudos do Caderno de Referência de
Conteúdo História Antiga I. Nesta unidade, iremos conhecer a his-
tória da Grécia Antiga.
A cultura do povo grego foi uma das mais estudadas no pe-
ríodo conhecido como "Idade Antiga", exercendo grande influên-
cia sobre outras culturas e atraindo olhares de admiração de artis-
tas e intelectuais de todas as épocas.
Grandes obras que influenciaram o pensamento e a visão
de mundo do homem moderno e contemporâneo têm suas raízes
nessa cultura, repleta de mitologia, de grandes pensadores e de
inovações culturais e sociais.
Para entender toda essa efervescência humana, é necessário es-
tudar a história, bem como a realidade política, social, cultural e econô-
8. CIVILIZAÇÃO CRETOͳMICÊNICA
Como acabamos de estudar, por meio de elementos cultu-
rais preexistentes na Grécia (povos autóctones) e elementos cul-
turais trazidos pelos indo-europeus, surgiu um novo povo: os pri-
meiros gregos.
Nesse contexto, os gregos viviam em aldeias e cidades inde-
pendentes, dominadas por grandes palácios com muralhas prote-
toras gigantescas. Cada um desses pequenos reinos, governados
por reis que viviam em suntuosos palácios, dominava de forma
política, militar e econômica as faixas de terra vizinhas.
A cidade de Micenas dominava várias cidades da Grécia Con-
tinental e algumas ilhas do Mar Egeu, porém nem toda a Hélade
estava sob domínio dessa cidade.
© U1 - Princípio do Mundo Grego: Micênicos e Minoicos 47
identificando a maior parte dos locais importantes com grande rigor. As descri-
ções de suas viagens foram publicadas em 1837, e a localização do Palácio de
Cnossos faz parte dessas primeiras descobertas, levando o arqueólogo à admi-
ração e às lembranças da lenda do famoso Minotauro.
Cerca de 70 anos depois, foi a vez de o arqueólogo Arthur Evans fazer suas pes-
quisas no solo cretense. Muitas obras de arte antigas foram descobertas nesses
estudos.
Uma descoberta significativa foi feita pelo estudioso Heinrich Schliemann, que,
por volta do final do século 19, depois de escavar em Micenas, Troia e na Grécia
Continental, leva seus esforços para a Ilha de Creta, onde descobre um código
legal do século 5º a.C., inscrito em pedra.
À medida que as escavações continuavam, a vida cretense ia transparecendo.
As indicações mostram sua concentração em torno do palácio, tendo ao longo
dos anos evoluído para uma desenvolvida estrutura de poder. Havia uma enor-
me disponibilidade de recursos materiais e humanos e acesso direto a ideias do
Egito, Síria e Babilônia. Todos os centros comerciais cretenses se localizavam
próximo de bons portos, atestando a existência de um forte comércio marítimo.
Uma calma aparente, porém, reinava em Creta. A estrutura dos seus complexos
palacianos não tinha a mesma fortificação dos de Micenas, assim como eles não
nos deixaram vestígios de armas e da existência de exércitos. Os reis ainda são
pouco visíveis. Na parede do Palácio de Cnossos, os motivos decorativos são
flores e animais, e não imagens dos próprios monarcas.
Finley (1968) pergunta-se sobre a não existência de conflitos entre os palácios
e sobre a falta de necessidade de defesa do território, que pode ser observada
na inexistência de fortificações nos palácios. Mas, para ele, ainda nos faltam
dados para que essas perguntas possam ser respondidas. Ferramentas, edifí-
cios e obras de arte encontrados e estudados ainda respondem pouco sobre as
instituições sociais ou ideias de uma civilização.
Ainda hoje, a imagem de Creta é a mesma que nos mostrou Evans, incluindo
uma forte dosagem de imaginação e reconstrução criativa que qualquer turista
que visitar Cnossos terá. Imaginação, aliás, é, para o autor do texto, fundamental
até para o trabalho do arqueólogo.
Datações sobre quando principiou e quando terminou a civilização minoica são
perguntas que dificilmente iremos responder. A maioria da documentação en-
contrada só pode ser datada por meio de comparações com similaridades entre
objetos cretenses e de outros lugares, como objetos do Egito, por exemplo. En-
quanto isso, toda a beleza da arte e da arquitetura minoica se encontra à nossa
disposição para ser observada.
Assim, Finley (1968, p. 33) termina seu texto, deixando sua maior impressão
sobre os gregos do período tratado nesta unidade:
Quando os gregos reemergiram à plena luz da História vários séculos mais
tarde, continuavam falando grego, mas empregavam um estilo de vida total-
mente novo. É por isso que a Creta Minóica e a Grécia Micênica fazem, de
pleno direito, parte da pré-história grega.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
© U1 - Princípio do Mundo Grego: Micênicos e Minoicos 57
3) Por que os gregos causaram tanta admiração aos homens de outras culturas
e outras épocas?
13. CONSIDERAÇÕES
Estudamos, nesta unidade, que, nos primórdios do mundo
grego, surgiram duas civilizações: a cretense e a micênica.
Em determinado momento, os micênicos conquistaram a
Ilha de Creta e passaram a formar, juntamente com ela, a civiliza-
ção expansionista creto-micênica.
Esse período da história grega conta com raríssima documen-
tação escrita para seu estudo. Embora o povo daquele momento já
conhecesse certo tipo de escrita (Linear A e Linear B), os documen-
tos decifrados são, em sua totalidade, tratados comerciais.
A civilização creto-micênica, que já falava a língua grega,
encontrava-se em um período conhecido como "Idade do Bronze
14. EͳREFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 2 – Tábua com representações em Linear B. Disponível em: <http://commons.
wikimedia.org/wiki/Image:Linearb.png>. Acesso em: 14 set. 2007.
Figura 3 - O pescador – afresco de Akrotiri, Thera (aproximadamente 1550 a.C./1450
a.C.). Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/Image:Akrotiri-fisherman.
jpg>. Acesso em: 21 set. 2007.
Figura 4 - O príncipe dos lírios – afresco do Palácio de Cnossos (aproximadamente 1550
a.C./1450 a.C.). Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/Image:Knossos_
frise2.JPG>. Acesso em: 20 set. 2007.
© U1 - Princípio do Mundo Grego: Micênicos e Minoicos 59