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Podemos afirmar que o pluralismo é um conceito fundamental na nossa vida por ser essencial

à sobrevivência do regime democrático.

Podemos definir pluralismo como um sistema que reconhece e tolera a existência de


diferentes posições, opiniões ou pensamentos. Na esfera politica , esta corrente teórica
implica a participação de diversos grupos sociais na vida democrática , sendo que este valoriza
e promove o diálogo e a integração nos processos eleitorais e de tomada de decisão entre os
grupos com diferentes ideologias.´

Para Rawls a caraterística central de uma sociedade democrática moderna é o pluralismo , que
é o resultado de uma sociedade livre marcada pelo multiculturalismo , pois cada individuo
pertencente a uma sociedade possui diferentes modos de pensar , diferentes posições
religiosas , morais e culturais. Podemos afirmar que este pluralismo contribui para debilitar o
processo de unificação da sociedade pois a existência de apenas uma religião , apenas uma
conceção moral poderiam representar uma única verdade que iria servir como uma base de
unificação e orientação tanto para a sociedade como para os próprios cidadãos.

Esta corrente teórica , segundo Rawls , “é resultado normal do exercício , pelos cidadãos, de
sua razão , no seio de um regime democrático liberal.” e a sua existência “ permite uma
sociedade de maior justiça e liberdade” .

O pluralismo está intimamente ligado ao conceito de liberdade humana e condenar a


existência deste é condenar o exercício da liberdade humana , bem como extingui-lo
pressupõe o uso abusivo do poder do Estado .

Com o desenvolver das sociedades ocidentais , surge o regime democrático que tem como
pressuposto a manutenção dos direitos fundamentais do ser humano , sendo a caraterística
central destes regimes. Reprimir o pluralismo nas sociedades modernas é por em causa a
manutenção e futuro das democracias modernas. As democracias modernas precisam de ser
marcadas pela justiça social e pelo pluralismo mas quem tem legitimidade para construir um
regime em que estes pressupostos são assegurados? Com esta interrogação coloca-se o
principal problema do liberalismo politico de Rawls :
“O problema do liberalismo político é saber como uma sociedade democrática estável e justa,
composta por cidadãos livres e iguais, mas profundamente divididos por doutrinas religiosas,
filosóficas e morais, incompatíveis entre si, pode existir de maneira durável.”

Segundo Rawls o pluralismo é um conceito definitivo nas sociedades contemporâneas e nunca


pode ser extinguido a não ser pela opressão ou pelo uso de violência . Embora o poder
legitimado possa ser considerado coercivo, numa sociedade democrática este é de todos os
cidadãos , por se considerar que somos todos iguais e livres . Logo o conceito de justiça social
tem de ser imperativamente uma construção coletiva, entre todos os indivíduos pertencentes
à sociedade .

Para outra autora defensora do pluralismo , Catherine Audard , o sucesso das sociedades
democráticas assenta primordialmente no conceito de pluralismo e por isso “ não faz
desaparecer o conceito do politico , mas sim tenta adaptá-lo ao que chama de “ o facto do
pluralismo” ou, como poderíamos dizer , do multiculturalismo , destacando o campo do
politico do campo das doutrinas filosóficas , morais ou religiosas particulares 8 que tiveram a
tendência de querer dominá-lo) , sem , contudo o identificar, como certos representantes do
liberalismo o fizeram , com um conjunto de trocas puramente instrumentais e “neutras” do
ponto de vista moral”. Podemos retirar desta citação que para garantir o pluralismo no seio
politico é preciso separá-lo das doutrinas a vários níveis para que o “politico” se torne neutro e
para que haja um consenso no exercício do poder.

Podemos ainda concluir que as questões politicas envolvem interesses plurais por sermos
indivíduos livres , e portanto envolvem também a afirmação dos direitos fundamentais como a
base de uma sociedade democrática para que possamos evitar um conflito civil sem fim.

AUDARD, Catherine. John Rawls e o Conceito do Político – Introdução”. In: RAWLS, John.
Justiça e Democracia. Tradução de Irene Paternot. São Paulo: Martins Fontes, 2000. pp. VII-
XXXV.

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