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O Engajamento Político Da Juventude Brasileira PDF
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RESUMO
O artigo tem a intenção de dar início a uma reflexão que se faz necessária referente às
manifestações ocorridas em 2013 e sobre a participação política da juventude nesse contexto.
Muito se diz sobre a juventude nas literaturas de Psicologia, quase sempre tendendo tachar o
período da adolescência como um momento de pura transição da infância para a fase adulta,
focando nas confusões e o período de constante inserção que o ser se encontra, tentando dar
sentido à sua formação como pessoa. Mas pode-se ir muito além desse ponto se for analisado e
levado em consideração que é também nesse ponto em que o ser se encontra mais motivado à
mudanças e também a produzi-las. Deve-se levar em conta que independente da fase em que se
encontra o ser naturalmente sofrerá alterações em sua maneira de agir e pensar por influência do
meio em que vive, e também o transformará, sendo assim, não se deve descartar o avanço e a
tomada de consciência percebida nos jovens nas manifestações ocorridas, por mais que muitos a
considerem breves e sem terem resultado significativos. Será trazido neste artigo então, uma
revisão de literatura que trata de maneira geral das questões que envolvem o que aqui foi
elucidado.
Palavras-chave: juventude, adolescência, política, manifestações, Brasil.
ABSTRACT
This article intends to start a reflection that is needed regarding the protests that
occurred in 2013 and the political participation of young people in this context. Much is said
about youth in the psychology literature, often tending to classify the period of adolescence as a
time of pure transition from childhood to adulthood, focusing on the period of confusion and
constant insertion that it is, due to his/her character formation. But one can go far beyond that
point if it is analyzed and taken into consideration that this is also the point where the human
being is more motivated to go through changes and also to take part in these changes. Taking in
consideration that regardless of the stage of the psychological development the human being
will naturally change in their way of acting and thinking under the influence of the environment
that they live in, and vice versa, so one should not dismiss the advance of awareness in young
people perceived in the events that occurred the past year, however many considered it brief and
without significant results. This article will bring a review of literature that deals with general
issues involving what has been elucidated.
É interessante ressaltar que a surpresa causada por tal iniciativa da juventude não
é de todo infundada. Bauman (2008) retrata com fidedignidade as transformações que as
relações humanas sofreram com o advento da globalização: trata-se da individualidade
forçada, em que as pessoas são culpabilizadas e responsabilizadas por seus sucessos e
fracassos, embora as circunstâncias históricas tenham sua parcela de culpa sobre o
sistema econômico e a desorganização em que elas situam. Em um modo de vida tão
liquefeito, onde o incentivo à competitividade e a dificuldade de estabilização são tão
grandes, a união de classe torna-se algo pouco viável, os sujeitos tendem a naturalizar o
arbítrio humano, habituando-se às desigualdades e ao mal estar que eles causam.
Nesse contexto, as pessoas passam a lidar com seus problemas sozinhas e a
responsabilizarem-se por si mesmas, desconsiderando seus papeis sociais, na mais
profunda representação do existencialismo, com suas angustias, desamparo e desespero.
Desse modo, torna-se evidente que a passagem de uma atitude de individualismo e
apatia política, para uma atitude social e politicamente atuante não é um salto, mas um
processo.
Além do exposto, outro fator que influencia a descrença em uma reação política
por parte da juventude brasileira é o fato de que muitos dos estudos produzidos afim de
compreender as dinâmicas das pessoas dessa faixa etária, lhes atribuem características
de confusão de identidade, conflitos intrínsecos infundados, imaturidade
psicoemocional, entre outros. Essa imagem carregada de conotações negativas permeia
o imaginário coletivo sobre a adolescência e é reproduzida nos discursos intrafamiliares,
pedagógicos e midiáticos em geral.
A autora utiliza-se das ideias de teóricos como Baquero, que, não à toa, também
orienta o trabalho do presente estudo, para afirmar a condição juvenil como propícia
para a formação de valores, atitudes e consciência cidadã necessários à vida cívica. Ela
afirma que:
Baquero (2003) e Castro (2009) falam sobre hábito. Eagleton (2000) afirma que
“a melhor preparação para a ação política é a ação política” (p. 76). É partindo dessa
ideia que este trabalho aponta para um caminho que difere da socialização política, mas
que compreende a subjetividade política, a atuação em si, como melhor caminho para a
política. Castro (2008) considera como subjetividade política todo e qualquer
comparecimento e engajamento dos jovens a causas de interesse e cunho social “que os
leva, consequentemente, a assumir ações junto com outros em prol da igualdade, da
justiça e da emancipação” (p.254).
Considerações Finais
Foi possível refletir com base no presente artigo que os brasileiros tiveram uma
árdua história no processo de empoderamento político, passando por inúmeros episódios
de coerção, silenciamento e opressão, e ainda que atualmente a situação política do país
não seja ideal, muito foi conquistado e tal conquista deve ser utilizada com consciência
e responsabilidade. Nas manifestações e protestos ocorridos em 2013 um grande
número de jovens utilizaram de seus direitos dando voz à população trazendo à tona as
reclamações do povo, chamando a atenção para questões políticas importantes.
Paralelamente outra questão que foi observada, o fato de terem sido os jovens a levantar
e ordenar as manifestações e por terem sido também os jovens a prejudicar a
credibilidade e importância dos movimentos, dispersando-os, causando danos à
patrimônios públicos e ferindo inocentes, mudando a cara das manifestações e fazendo a
mídia veicular os componentes do protesto como vândalos. Faz-se importante
considerar que pessoas de diferentes contextos reagirão de também de maneiras
diferentes a situações sociais semelhantes, visto que há toda uma carga cultural de
vivência sendo reproduzida e representada naquele instante. A partir dessa linha não se
pode, apesar de tudo, retirar a importância e o peso que tiveram as manifestações, por
mais breve que tenham sido os movimentos. O jovem ainda luta para se desprender dos
estereótipos que vem sendo associados à ele no decorrer da história, e esse processo
ocorre de maneira demorada; ele precisa lutar para tirar de si a ideologia que absorveu
sobre quem ele deveria ser e não se deixar desmotivar ou abater por impressões trazidas
por terceiros.
Referências
AVILA, Sueli de Fátima Ourique. A adolescência como ideal social. Em: 1 Simpósio
Internacional do Adolescente. São Paulo, 2005.
WELTI, C. 2002. Adolescents in Latin America: Facing the Future with Skepticism.
In: BROWN, B.; LARSON, R. & SARASWATHI, T. (eds). The World’s Youth:
Adolescence in Eight Regions of the Globe. Cambridge: Cambridge University.