Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
importância e consequências
1 INTROITO
Obviamente, a não elaboração fará com que esses benefícios listados não
ocorram. Mas não é só. Certamente uma das consequências mais prejudiciais à
municipalidade é a proibição de licitar qualquer contratação de obra ou de serviço que
tenha por escopo o manejo de resíduos sólidos.
A impossibilidade jurídica de licitar objetos dessa natureza ocorre em
virtude da análise sistemática do ordenamento jurídico, especificamente da interpretação
da Lei de Saneamento Básico (Lei nº 11.445/2007) e a Lei que institui a Política
Nacional de Resíduos Sólidos.
De acordo com a Lei nº 11.445, saneamento básico é um conjunto de
serviços que engloba: a) abastecimento de água potável; b) esgotamento sanitário; c)
limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos; d) drenagem e manejo das águas pluviais
urbanas. (art. 3º, I).
Portanto, denota-se que a questão do manejo de resíduos sólidos é uma
espécie do gênero saneamento básico.
Ainda sob o crivo da Lei de Saneamento, há disposição sobre a
necessidade de elaboração de plano municipal englobando: o diagnóstico da situação e
de seus impactos nas condições de vida, utilizando sistema de indicadores sanitários,
epidemiológicos, ambientais e socioeconômicos e apontando as causas das deficiências
detectadas; objetivos e metas de curto, médio e longo prazos para a universalização,
admitidas soluções graduais e progressivas, observando a compatibilidade com os
demais planos setoriais; programas, projetos e ações necessárias para atingir os
objetivos e as metas, de modo compatível com os respectivos planos plurianuais e com
outros planos governamentais correlatos, identificando possíveis fontes de
financiamento; ações para emergências e contingências; mecanismos e procedimentos
para a avaliação sistemática da eficiência e eficácia das ações programadas (art. 19).
A obrigatoriedade da elaboração do plano é verificada a prima facie pela
Lei de Saneamento, a qual impõe, dentre as consequências da não elaboração, a não
validação dos contratos que tenham por objeto a prestação de serviços públicos de
saneamento básico, conforme art. 11, abaixo transcrito:
Art. 11. São condições de validade dos contratos que tenham por objeto
a prestação de serviços públicos de saneamento básico: I - a existência de
plano de saneamento básico.
Art. 26 (...)
§ 2o A partir do exercício financeiro de 2014, a existência de plano de
saneamento básico, elaborado pelo titular dos serviços, será condição
para o acesso a recursos orçamentários da União ou a recursos de
financiamentos geridos ou administrados por órgão ou entidade da
administração pública federal, quando destinados a serviços de
saneamento básico.
1
Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar,
armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde
humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus
regulamentos:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada pela Lei nº 12.305, de 2010)
I - abandona os produtos ou substâncias referidos no caput ou os utiliza em desacordo com as normas
ambientais ou de segurança; (Incluído pela Lei nº 12.305, de 2010)
II - manipula, acondiciona, armazena, coleta, transporta, reutiliza, recicla ou dá destinação final a resíduos
perigosos de forma diversa da estabelecida em lei ou regulamento. (Incluído pela Lei nº 12.305, de 2010)
§ 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a pena é aumentada de um sexto a um terço.
ao não implementar a cobrança do sistema de coleta, destinação e disposição final
ambientalmente adequadas.
No âmbito administrativo ficou assentado que não mais obterá recursos
da União. Além disso, certamente sofrerá outras sanções, como a dificuldade em se
enquadrar em programas de fomento ou financiamento.
Em suma, a não elaboração do Plano Municipal de Gestão Integrada de
Resíduos Sólidos, contemplando o conteúdo mínimo da Lei nº 12.305/10 gera inúmeras
consequências, diretas e indiretas, as quais comprometem, além da vida civil e política
do gestor público, a própria administração do município.
CONCLUSÕES