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Tema 11: OS QUE SÃO BRANDOS E PACÍFICOS.

Hoje a nossa preleção será sobre “Os Que São Brandos e Pacíficos” que está baseada no E.S.E. IX – 1 a 8.

Quando Jesus esteve entre nós, ele subiu ao monte das Oliveiras e ali começou a falar sobre as bem-
aventuranças, ou seja, ele nos mostrou como é possível ser feliz, revelando como deve ser o caráter daqueles que
buscam o Reino dos Céus. Esta felicidade Celeste que tanto buscamos é fundamentada na fé e na obediência à palavra
de Deus, que gera a felicidade capaz de resistir aos momentos mais difíceis da vida.

Jesus disse: “Bem-aventurados são os mansos, porque eles possuirão a terra” e “Bem-aventurados são os
pacíficos, porque eles serão chamados filhos de Deus”. Ambas estas citações podemos encontrar em Mat. Cap. V, vers.
5 e 9.

Por estas máximas, Jesus faz da doçura, da moderação, da mansidão, da afabilidade e da paciência uma
orientação segura para guiarmos o nosso coração, bem como as ações e o caminho correto e que nos levam a Deus.
Só que este mesmo Jesus, bondoso, amoroso, verdadeiro guia da humanidade, também sabia o que rodeava o nosso
coração, como erámos e ainda somos muitas vezes guiados por nossos instintos e tendências não tão boas assim, e
mesmo assim, amorosamente nos deu várias orientações de como podemos seguir rumo a nossa melhora íntima e
assim a nossa ascensão moral, pelos indicativos da lei do amor e da caridade.

No nosso dia-a-dia, nos deparamos com as mais diversas situações. Desde ao acordarmos até a hora de
voltarmos a dormir. Podemos inclusive ter dias que parece que o mundo que nos espera fora dos lençóis de nossa
cama pode ser extremamente desafiador e temos que “matar um leão por dia” como muitas vezes já ouvimos dizer.
No nosso ambiente social, entre colegas de trabalho, amigos ou até mesmos contatos, temos que ter o sorriso nos
lábios, sermos brandos, demostrar o nosso lado mais amigável, sociável, compreensivo, prestativo, sem esquecer de
termos uma língua dourada, ou seja, de só falarmos as mais prudentes e amáveis coisas. Este é o perfil que devemos
conquistar no nosso dia-a-dia, não é mesmo?!? Essa é a nossa possível garantia de bem-estar e conquistas no âmbito
social. Muitas vezes, conseguimos inclusive agir assim, mesmo que no começo tenha sido difícil aderir a estes novos
comportamentos, mas aos poucos, fomos incorporando esta nova aparência, e chegamos ao ponto de nem
percebermos quando a estamos usando socialmente. Geralmente não é isto que acontece a nossa volta, todos os
dias??

Mas quando estamos sozinhos ou em contato com pessoas mais próximas, como agimos? Por exemplo, se
estamos dirigindo e alguém nos fecha, somos bondosos ao ponto de dizermos, “passe meu amigo, você tem mais
motivos que eu para estar com pressa” ou dizemos “se está com pressa saia mais cedo” ou até mesmo “na minha
frente você não entra”? Ou se dependemos de condução, ao pegarmos um ônibus, metrô ou trem, e se está muito
cheio ou não pegamos exatamente aquele transporte que acabou de sair, temos a tolerância de dizer que vamos pegar
o próximo, ou vamos “mal dizendo” até as próximas gerações? Vamos mais além, quando nos levantamos com dois
pés esquerdos, temos a brandura para não despejarmos em cima das pessoas que estão próximas de nós este “bom
humor” que anima nosso estado de espírito ou vamos “chutando” tudo o que vem pela frente com palavras mais
ásperas e secas?? E se até mesmo, tem alguém em nosso convívio que não nos simpatizamos, damos um “tapinha”
nas costas como grandes amigos e logo depois vamos comentar o que não nos agrada nesta pessoa com alguém?? E
em casa, nem se fala, não é mesmo...as vezes somos tão pacíficos, bondosos, amorosos, com os de fora do lar e dentro
dele somos mais severos, e talvez já podemos até ter ouvido dos que partilham de nossa intimidade, no por que não
somos estas pessoas tão adoráveis e pacientes dentro de nosso próprio lar...será que alguma vez, não passamos por
alguma destas situações?!?

Existem tantas coisas que acontecem em nosso dia-a-dia, que ao pararmos para prestar atenção, nos faz
refletir em como reagimos ou em como somos quando algo realmente nos desagrada, ao ponto de, em algum
momento, nos questionarmos se realmente vamos um dia ser uma pessoa branda e pacífica, que Jesus mencionou,
para podermos possuir a Terra ou sermos chamados de filhos de Deus.

Jesus não veio a Terra para salvar os bons e sim para resgatar aqueles que haviam se afastado do caminho do
bem. Ele, assim como Deus, sabe exatamente o que rodeia o nosso coração e como as nossas vidas são conduzidas
por todas as coisas boas, as dores e adversidades dos nossos caminhos, sempre alertando que estas últimas são
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oportunidades de nos moldarmos, de sermos melhores, pois a dor serve para nos ajudar a sermos mais humanos,
muitas vezes, a termos olhos de ver, pois às vezes só enxergamos os outros e entendemos sua situação quando já
vivemos algo semelhante, nascendo em nós a empatia.

O mestre também frisa que a maior expressão de brandura e paciência é a praticarmos a caridade, mas não a
caridade que consiste numa esmola dada aos irmãos de menor condição que nós, porque esta é a mais fácil das
caridades; mas sim, numa caridade mais penosa aos nossos brios e consequentemente mais meritória: perdoar
àqueles que Deus colocou sobre nosso caminho para serem os instrumentos dos nossos sofrimentos, aquele que nos
testa moldando os nossos sentimentos quando sentimos que este nos fere até a alma, mas na verdade ele está ferindo
a casca da nossa essência, na construção externa de nós mesmos, por esta ofensa despertar em nós alguma afinidade,
e ninguém pode realmente nos ofender se não dermos o primeiro passo de nos sentirmos ofendidos; e é exatamente
por este motivo que perdoar nos parece tão penoso, mas é tão meritório, porque quando assim conseguimos, vamos
nos libertando das nossas cascas de sentimentos não tão elevados e vamos dando espaço para sentimentos elevados
que são como o brilho da nossa alma. Podemos também ser caridosos ao sermos mais pacientes com o outro. E ao
aprendermos a ouvir o outro e não escutar, pois quando escutamos não prestamos a devida atenção ao que ele nos
diz, mas quando ouvimos dedicamos o nosso tempo ao outro, isto também é sinônimo de caridade.

Podemos nos comparar como uma árvore, grande e generosa, por exemplo. Está árvore, está à beira de uma
estrada, mas ela é frondosa e cheia de frutos. Os viajantes e as crianças, sempre a sacodem e espancam com varas,
arrancam seus frutos, talham as folhas e ferem o tronco. Esta árvore pode, sem queixas ou revolta, se renova e
continuar a dar seus frutos, com sua brandura, paciência e perdoando todas as vezes que alguém a machucou, pois
eles estavam somente ferindo sua casca, pois seu interior, estava sempre fortalecido.

A doutrina de Jesus nos ensina, em toda a parte, que a obediência e a resignação, e não a submissão, são
virtudes companheiras da doçura, muito ativas, embora muitas vezes a confundamos com erradamente com a
negação dos sentimentos e da vontade. A obediência é o consentimento da razão e a resignação é o consentimento
do coração, ambas nos mantem atentas ao “bichinho” da revolta que pode nos rodear.

Por isto, devemos nos esforçar por sermos nós mesmos em todas as situações, tanto na sociedade, quanto na
intimidade. Devemos exercitar a virtude da paciência e da mansuetude, para assim desenvolvermos a brandura em
nós, trabalhando o amor, a humildade para com Deus e caridade para com o próximo, a benevolência recíproca e a
fraternidade, nos esforçando para sermos melhores a cada dia, hoje melhores do que ontem e amanhã, muito melhor
do que hoje.

Reflitamos nisso.

Que a paz do mestre esteja presente em nossos corações hoje e sempre!

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