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XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO

Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil


João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.

ANÁLISE DOS NÍVEIS DE RUÍDO


INCIDENTES EM TRABALHADORES
PRÓXIMOS A AERONAVES
Danilo Antunes Sampaio (UTFPR )
sampaio.danilos@gmail.com
Rodrigo Eduardo Catai (UTFPR )
catai@utfpr.edu.br
LUNA OLLIN STEFFEN DE OLIVEIRA (UTFPR )
luna_steffen@hotmail.com

O transporte aéreo no Brasil passa por mudanças, tanto pela


utilização de novos usuários como também no aumento do transporte
de cargas, isto acarreta na ampliação e modernização dos terminais de
passageiros e de cargas aéreas. Novos modeloos de gestão e de
implementação nos aeroportos estão sendo praticados pelo Governo
Federal que detém os principais aeródromos do país. Com este
crescimento, aumentam os postos de trabalho e é necessário aumentar
a quantidade de mão-de-obra empregada nos aeroportos, expondo
cada vez mais os trabalhadores aos riscos ocupacionais desse
ambiente. Desta foram este artigo tem como objetivo avaliar a dose
diária de ruído dos postos de trabalho do serviço de rampa, que
atendem a aeronave em solo dentro do pátio de um aeroporto e
comparar com a legislação. Para tanto foram feitas medições em
quatro postos de trabalho, com um dosímetro de ruído para
caracterizar o nível de ruído existente. Os resultados mostraram que
em 50% dos postos de trabalho analisados o nível de ruído está acima
do limite de tolerância do Anexo 1 da NR 15 e 100% dos postos de
trabalho estão acima do limite de tolerância impostos pela NHO-01,
contudo se observou em todos os postos de trabalho o uso de
protetores auriculares. Conclui-se, portanto, que níveis de ruído
observados sobrepõe os limites da legislação na maioria dos casos e o
protetor auricular fornecido pelo empregador com nível de atenuação
de 18dB não é suficiente para o tempo de exposição a que os
trabalhadores estão expostos.

Palavras-chave: Aeroportos; Ruído; EPI, Segurança do Trabalho.


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1. Introdução

Um dos sistemas de transporte mais dinâmicos e de rápidas transformações é o modal aéreo.


Este sistema contribui diretamente para o giro econômico da riqueza mundial e com seu
crescimento, os benefícios para a humanidade foram muitos, a mobilidade cresceu de forma
inimaginável e as relações comerciais se reinventaram, o mundo passou a ser mais integrado
(globalizado) e a aviação é um dos principais responsáveis.

O Brasil é o quinto maior país do mundo em área e o transporte aéreo vem evoluindo com a
economia desde 1927. No país, após o êxito do plano de estabilização econômica de 1994, o
transporte aéreo experimentou um notável crescimento em seus diversos segmentos e este
crescimento é claramente percebido no turismo brasileiro. O turismo vem se firmando como
uma das grandes vocações do país para geração de emprego e renda, principalmente após ser
escolhido para sediar importantes eventos esportivos em escala global, como por exemplo, os
jogos de futebol da FIFA de 2014 e os jogos olímpicos de 2016, o que impulsionou
significativamente o setor de transporte aéreo brasileiro, expandindo os aeroportos em muitos
estados e melhorando a infraestrutura rodoviária (DOS SANTOS, 2015).

A atividade do setor aeroviário por ter sua tecnologia muito desenvolvida, requer mão de-obra
especializada e qualificada, como os pilotos, engenheiros, pessoal de manutenção, etc. Com o
crescimento da demanda de postos de trabalho no setor aeroportuário, a preocupação em
garantir a saúde e segurança dos trabalhadores dos aeroportos, que estão expostos aos riscos
desse ambiente, aumenta. Os principais riscos ocupacionais encontrados nos aeroportos são: o
ruído intenso das aeronaves, a exposição a hidrocarbonetos de combustíveis e os riscos de
abalroamento com os equipamentos de rampa: como tratores, caminhões de abastecimento,
esteiras de carga, pranchas de bagagem e equipamentos de push back (SUGUI, 2013).

Este trabalho analisa o agente físico ruído, que incide nos trabalhadores que ficam próximos
às aeronaves na área de movimento e de operação para pouso e decolagem e, tem como
objetivo, quantificar a dose diária de ruído de quatro postos de trabalho que atendem o serviço
de rampa dentro do pátio de um aeroporto brasileiro bem como compará-los com os limites
impostos pela NR-15 e NHO-01.

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2. Revisão bibliográfica

2.1 Modal aéreo no Brasil

No Brasil existem 710 aeroportos aptos a receber voos regulares, dentre eles, somente 17 são
aeroportos internacionais e apenas 109 recebem voos regulares. Destes, 63 são administrados
pela Infraero e recebem mais de 90% dos passageiros transportados no país (PORTAL
BRASIL, 2014a).

Segundo Sugui (2013) os aeroportos são aeródromos públicos ou privados dotados de


instalações e de facilidades para apoio as operações das aeronaves no embarque e
desembarque de pessoas e cargas. O Brasil tem 2.463 aeródromos registrados pela Agência
Nacional de Aviação Civil distribuídos em 1.806 privados e 657 públicos (ANAC, 2016).

2.2 Saúde dos Trabalhadores

Com evolução das operações industriais e das técnicas de trabalho, os conhecimentos


progridem significativamente e a legislação torna-se mais rigorosa. Isto propicia uma redução
relativa da incidência dos acidentes de trabalho e dos casos de doenças ocupacionais, contudo
as ocorrências de acidentes dificilmente deixam de existir e ao longo dos anos causam
transtornos a saúde dos trabalhadores e às instituições trabalhistas (GANIME et al., 2010).

Ainda segundo os mesmos autores, os custos dos acidentes de trabalho e doenças


ocupacionais são de tal montante que os prejuízos aos trabalhadores também afetam a saúde
financeira das empresas e dos cofres públicos. Sendo assim, as empresas, os governantes, os
próprios trabalhadores e vários segmentos sociais empenham-se cada vez mais em adequar os
meios que reduzam e previnam as ocorrências indesejáveis à segurança e higiene do trabalho,
bem como a eliminação de seus efeitos.

2.3 Ruído

De modo geral, ruído é considerado todo sinal acústico aperiódico, vindo da superposição de
vários movimentos de vibração com diferentes frequências que não apresentam relação entre

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si, de modo subjetivo é considerado toda sensação de desconforto, desagrado e/ou de


intolerância decorrente de uma exposição sonora (TELES et al., 2007).

A definição de ruído pode variar com relação a diferentes autores, pois o que pode causar
desconforto para uns, pode ser considerado não incômodo para outros. De acordo com
Grandjean (1998) a definição mais direta de ruído é a de que o mesmo é um som que causa
incômodo. Segundo a OMS – Organização mundial da saúde, o nível de conforto auditivo
para o trabalhador é de 70 decibéis.

2.3.1 Efeitos e alterações

Trabalhadores expostos a níveis elevados de pressão sonora podem ter, ao longo dos anos,
uma perda auditiva neurossensorial irreversível. Inicialmente, podem ocorrer alterações
temporárias do limiar auditivo, isto é, um efeito de curto prazo da redução da sensibilidade
auditiva, que retorna gradualmente ao normal depois de cessada a exposição. A alteração do
limiar auditivo depende do tempo de exposição, do nível sonoro da emissão acústica, da
frequência do som emitido e da sensibilidade individual. Através da exposição continuada
podem ocorrer alterações permanentes do limiar de audição (RIBEIRO; CÂMARA, 2006)

Ficar exposto ao ruído pode provocar efeitos variados nos trabalhadores, tanto de ordem
auditiva quanto de ordem extra-auditiva a depender das características do risco, da exposição
e do indivíduo exposto. São efeitos auditivos reconhecidos: o zumbido, a mudança temporária
do limiar auditivo e a mudança permanente do limiar auditivo e são efeitos extra-auditivos:
distúrbios no cérebro e nos sistemas nervoso, circulatório, digestório, imunológico, muscular,
vestibular, nas funções sexuais e reprodutivas, no psiquismo, no sono, na comunicação e no
desempenho de tarefas físicas e mentais (TELES et al., 2007).

2.3.2 Legislação relacionada

Duas das legislações brasileiras que abrangem especificamente o ruído e seus limites de
tolerância, são a norma regulamentadora NR-15 e a norma de higiene ocupacional NHO-01.
Segundo a NR-15 entende-se por limite de tolerância, a concentração ou intensidade máxima
ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará
danos à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral. Esta norma apresenta os limites de

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tolerância para ruído contínuo ou intermitente que um trabalhador poderá ser exposto em um
dia de trabalho, como apresentado na Tabela 1. Pode-se observar que a cada 5 decibéis de
acréscimo de ruído, o valor de exposição cai pela metade (BRASIL, 2015b).

Tabela 1 - Limite de tolerância para ruído contínuo e intermitente segundo a NR 15

Fonte: Adaptado de NR-15 (BRASIL, 2015b)


Já segundo a NHO-01 o limite de tolerância ou limite de exposição, é o parâmetro de
exposição ocupacional que representa condições sob as quais a maioria dos trabalhadores
possa ser exposta, repetidas vezes, sem sofrer efeitos adversos que comprometam sua
capacidade de ouvir e entender uma conversação normal; a tabela 2 apresenta esses limites.
Pode-se observar que a cada 3 decibéis de acréscimo de ruído, o valor de exposição cai pela
metade (BRASIL, 2001).

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Tabela 2 - Limite de tolerância para ruído contínuo e intermitente segundo a NHO-01

Fonte: Adaptado de NHO-01 (BRASIL, 2001)

2.3.3 Atenuação de protetores auriculares

Os protetores auriculares devem ser capazes de reduzir a intensidade do ruído para baixo dos
limites de tolerância. A fim de constatar se o nível de proteção oferecido pelo protetor é bom
e satisfatório, calcula-se a sua atenuação baseada no fator de proteção do equipamento
(SALIBA, 2004).

Segundo Saliba (2004), o método mais simples e mais utilizado a nível nacional atualmente é
o método em que utiliza-se o NRRsf (Noise Reduction Rate Subject Fit), o qual é obtido em
testes de laboratório. As correções já estão embutidas no índice de atenuação obtido, portanto
não é necessária nenhuma correção, basta subtrair o valor do NRRsf fornecido pelo protetor
auricular do nível de pressão sonora a que o trabalhador está exposto.

Os níveis de intensidade de ruído que devem chegar à orelha protegida devem ser da seguinte
forma: valores acima de 85 dB(A) estão acima do limite de tolerância e, portanto, a atenuação
do EPI é insuficiente; valores entre 80 e 85 dB(A) estão abaixo do Limite de Tolerância;
valores entre 75 e 80 dB são considerados os ideais, pois não proporcionam o risco de
superatenuação e previnem a perda da audição; valores entre 70 e 75 dB(A) ainda são
considerados aceitáveis, mas já mostram indícios de atenuação muito alta e valores abaixo de
70 dB(A), chegando dentro de uma orelha protegida, são considerados muito baixos e há uma
clara superproteção (BRASIL, 2015a)

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3 Metodologia

A presente análise foi feita em um aeroporto brasileiro de grande porte no mês de agosto de
2015, e as medições feitas durante o horário comercial.

Para alcançar os objetivos propostos pelo artigo foi utilizado um equipamento de medição
simultânea para a taxa de troca de 5 e 3 dB(A), conforme NR 15 e NHO-01. Este
equipamento para medição do ruído chama-se dosímetro ou audiodosímetro e é capaz de
fornecer a dose de ruído ou o efeito combinado e o nível equivalente de ruído (Leq), além de
disponibilizar histogramas com a variação do ruído durante a medição. Foi utilizado o
dosímetro calibrado da marca CIRRUS modelo RC112V, para fazer as medições operando no
circuito de compensação “A”. Para a captação e armazenamento dos níveis de pressão sonora
foram utilizados cones (microfones) da marca Dose Badges modelo CR119AIS devidamente
calibrados.

Ao todo foram analisados quatro postos de trabalho com atividades desenvolvidas diretamente
no pátio do aeroporto, sendo três funcionários auxiliares de rampa, ficando o primeiro no
pátio, o segundo na esteira de desembarque e o terceiro na esteira de embarque, e um
operador de equipamentos. As funções desempenhadas pelos auxiliares de rampa são fazer a
triagem das bagagens e a carga e descarga das aeronaves, varredura de objetos estranhos no
pátio, colocação e retirada de calços na aeronave e dos cones de segurança em torno da
aeronave, já as funções desempenhadas pelo operador de equipamento são dirigir o trator
rebocador de aeronave (push back), dirigir o trator de carga, operar a esteira móvel e fazer o
planejamento e posicionamento dos equipamentos para atendimento a aeronave; a jornada de
trabalho de ambos postos de trabalho é de 6 horas.

Com os parâmetros da medição inseridos no dosímetro fez-se o reset dele e em seguida a


calibração do cone Dose Badges, modelo CR110AIS pelo próprio dosímetro. Fixou-se o cone
na lapela do uniforme do trabalhador, próximo ao seu ouvido e o cone foi ligado com a
utilização do dosímetro. Após o período de avaliação o cone foi desligado com auxílio do
dosímetro e foi realizada a transferência de dados do cone para o dosímetro. Os dados
registrados pelo dosímetro, alimentaram o software do equipamento e assim, foram obtidos os
valores da medição e gráfico da curva da medida das taxas de 5 e 3 dB(A).

Durante o levantamento todos os trabalhadores analisados utilizavam EPI’s (equipamento de


proteção individual) para atenuação de ruído, essa proteção auditiva era do tipo concha. Para

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se analisar os níveis de proteção dos EPI’s foram considerados os níveis de atenuação


proporcionados (NRRsf) obtidos através da indicação do CA - Certificado de Aprovação
emitido pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Através do cálculo de atenuação, obteve-se o
nível de ruído que chegava de fato até o canal auditivo do trabalhador, sendo possível desta
forma, analisar se o nível de proteção fornecido pelo empregador foi corretamente
dimensionado. Para a verificação dos níveis mais adequados de atenuação, foram utilizadas
como referências, conjuntamente, as disposições legais previstas na NR-15 e na NHO-01.

4 Resultados e discussões

4.1 Equipamento de proteção auditiva

O equipamento de proteção auditiva que os trabalhadores utilizavam durante as avaliações,


possuía CA (Certificado de Aprovação) válido, e proporciona segundo o fabricante uma
atenuação de NRRsf = 18dB.

4.2 Resultados da dosimetria

As denominações usadas para as medições dos quatro postos de trabalho foram de auxiliar de
rampa 1 no pátio, auxiliar de rampa 2 na esteira de desembarque, auxiliar de rampa 3 na
esteira de embarque e operador de equipamentos 2 no pátio.

As figuras 1 e 2 apresentam os resultados da dosimetria para o auxiliar de rampa 1.

Figura 1 – Resultado dosimetria para taxa de 5dB auxiliar de rampa 1

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Fonte: Os autores (2015)

Na dosimetria do auxiliar de rampa 1, como mostrado na figura 1, nota-se que o valor do nível
médio de ruído (Lavg) é de 90,3 dB(A) para a taxa de troca de 5 dB, isso indica que o posto
de trabalho é insalubre segundo os limites normativos. O nível de pico máximo é de 141,3 dB
(L) e excede o valor de 115 dB estipulado na norma. No tempo de medição de 3:21horas,
constata-se 1 pico entre 135 dB e 137 dB e 3 picos acima de 137 dB.

Já a figura 2 mostra o resultado da dosimetria do auxiliar de rampa 1 para a taxa de troca de 3


dB e o valor do nível equivalente de ruído (LAeq) é de 94,2 dB(A) e indica que o posto de
trabalho é local insalubre segundo a NHO-01. O gráfico mostra os picos registrados que
ocorrem no intervalo da medição, são picos com espaçamento de tempo muito curto e
contribuem para elevar o valor da integração da curva pois sobem o nível de pressão sonora a
cada pico que registra.

Figura 2 – Resultado dosimetria para taxa de 3dB auxiliar de rampa 1

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Fonte: Os autores (2015)

As figuras 3 e 4 apresentam os resultados da dosimetria para o auxiliar de rampa 2 na esteira


de desembarque.

Figura 3 – Resultado dosimetria para taxa de 5dB auxiliar de rampa 2

Fonte: Os autores (2015)

Figura 4 – Resultado dosimetria para taxa de 3dB auxiliar de rampa 2

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Fonte: Os autores (2015)

Na dosimetria do auxiliar de rampa 2 na figura 3, observa-se que o valor do Lavg é de 76,0


dB(A) para a taxa de troca de 5 dB(A), isso indica que o posto de trabalho não é insalubre. O
nível de pico máximo é de 129,4 dB e excede o valor de 115 dB imposto pela norma. No
tempo de medição de 4:09horas, não se observa nenhum pico entre 135 dB e 137 dB e
nenhum acima de 137 dB.

Na figura 4 mostra o resultado da dosimetria do auxiliar de rampa 2 para a taxa de troca de 3


dB onde o valor do LAeq é de 84,3 dB(A), isso demonstra que o posto de trabalho não é local
insalubre segundo a NHO-01.

As figuras 5 e 6 apresentam o resultado da dosimetria do auxiliar de rampa 3 na esteira


embarque.

Figura 5 – Resultado dosimetria para taxa de 5dB auxiliar de rampa 3

Fonte: Os autores (2015)

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Figura 6 – Resultado dosimetria para taxa de 3dB auxiliar de rampa 3

Fonte: Os autores (2015)

Na dosimetria do auxiliar de rampa 3 para a taxa de troca de 5 dB mostrado na figura 5, o


valor do Lavg é de 81,7 dB(A), essa análise indica que o posto de trabalho não é insalubre, o
nível de pico máximo é de 128,3 dB (L). Para o tempo de medição de 4:08horas, não se
observa nenhum pico entre 135 dB e 137 dB e nenhum acima de 137 dB.

O resultado da dosimetria do auxiliar de rampa 3 para a taxa de troca de 3 dB representado na


figura 6 mostra o valor do LAeq de 86,7 dB(A) e significa que o posto de trabalho não é local
insalubre segundo a NHO-01. O gráfico mostra os picos registrados que ocorrem no intervalo
da medição, são picos com espaçamento de tempo muito curto e contribuem para elevar o
valor da integração da curva porque sobem o nível de pressão sonora a cada pico que registra.

As figuras 7 e 8 mostram o resultado da dosimetria do operador de equipamentos 2 no pátio.

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Figura 7 – Resultado dosimetria para taxa de 5dB operador de equipamentos 2

Fonte: Os autores (2015)

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Figura 8 – Resultado dosimetria para taxa de 3dB operador de equipamentos

Fonte: Os autores (2015)

Na dosimetria do operador de equipamentos 2 para a taxa de troca de 5 dB como apresentado


na figura 7, o valor do Lavg é de 89,0 dB(A) e a análise indica que o posto de trabalho é
insalubre. O nível de pico máximo é de 136,1 dB e para o tempo de medição de 3:42horas,
consta 1 pico entre 135 dB e 137 dB e nenhum pico acima de 137 dB.

Já na figura 8 o resultado da dosimetria do operador de equipamentos 2 para a taxa de troca de


3 dB mostra o valor do LAeq de 92,7 dB(A) e isso indica que o posto de trabalho é local
insalubre. O gráfico mostra os picos registrados que ocorrem no intervalo da medição, são
picos com espaçamento de tempo muito curto e contribuem para elevar o valor da integração
da curva porque sobem o nível de pressão sonora a cada pico que registra.

4.3 Discussão da dosimetria

A partir da análise das figuras das dosimetrias e dos gráficos que se obtém dos postos de
trabalho, calcula-se os valores dos itens desta avaliação baseados nas formulações disponíveis
na norma de higiene ocupacional NHO-01 e nos parâmetros disponíveis nesta mesma norma e
no anexo 1 da norma regulamentadora NR-15.

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Os cálculos mostrados na tabela 3 analisam os níveis de pressão sonora relativos a medição,


tanto para taxa de troca de 5dB da NR-15 (Lavg), quanto para a taxa de troca de 3dB da
NHO-01 (Laeq), o tempo de medição (T) da dosimetria, o máximo de exposição diária
permissível para o nível medido (C) tendo como resultado a dose diária em que o trabalhador
está exposto (Dm) considerando o tempo de medição e, a dose permitida para jornada de
trabalho de 6 horas (Dp), que não poderá exceder o valor 1 (um) que é a dose correspondente
a 100% do permitido.

Exposições inferiores a 85dB(A) não foram consideradas no cálculo da dose para a NR-15, e
inferiores a 80dB(A) não foram consideradas no cálculo da dose para a NHO-01.

Tabela 3 – Cálculo da dose de ruído diária para 6 horas de trabalho

Auxiliar de Auxiliar de Auxiliar de Operador de


Dados Salubidade Salubidade Salubidade Salubidade
rampa 1 rampa 2 rampa 3 equipamento 2
Data 18/08/2015 18/08/2015 18/08/2015 19/08/2015
Dp para 6 horas Dp para 6 horas Informações

Horário 08:30-12:00 12:00-16:00 12:00-16:00 08:30-12:00


Local Pátio Esteira Esteira Pátio
T (h) 03:21 04:09 04:08 03:42
Cálculo da dose Cálculo da dose

Lavg (dB) 90,3 89,0


segundo NHO-01 segundo NR-15

Cálculo não se aplica Cálculo não se aplica


T (min) 201 222
pois a exposição é pois a exposição é
C (min) 210 270
inferior a 80dB inferior a 80dB
Dm (dB) 0,96 0,82
Dp (360min) 1,71 Insalubre Salubre Salubre 1,33 Insalubre
Laeq 94,2 84,3 86,7 92,7
T (min) 201 249 248 222
C (min) 47,62 480 302,38 75,59
Dm (dB) 4,22 0,52 0,82 2,94
Dp (360min) 7,56 Insalubre 0,75 Salubre 1,19 Insalubre 4,76 Insalubre

Fonte: Os autores (2016)

Analisando a tabela 3 observa-se que os postos de trabalho do auxiliar de rampa 1 e do


operador de equipamentos 2 que se avalia pela taxa de troca de 5 dB são atividades insalubres,
pois a dose diária ultrapassa o valor 1,00 como estabelece o item 6 do anexo 1 da norma NR
15; a dose diária dos postos de trabalho do auxiliar de rampa 1, do auxiliar de rampa 3 e do
operador de equipamentos 2 que se avalia pela taxa de troca de 3 dB são atividades insalubres,
pois ultrapassam a dose diária de 1,00 como estabelecido no item 5.1.1.1 da norma NHO-01;
e a dose calculada de acordo com a NHO-01 é maior do que aquela que se obtém de acordo
com a NR-15 e varia de 257% a 341%, para os postos de trabalho do auxiliar de rampa 1 e do
operador de equipamentos 2.

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Para os cálculos de atenuação, como mostra a tabela 4, foi calculado o nível representativo de
exposição diária (Nrep), bem como o grau de atenuação necessário do EPI para proporcionar
ao trabalhador uma proteção auditiva de qualidade e dentro dos padrões normativos
analisados. Para a exposição diária de 6 horas, o valor do nível de ruído permitido em função
da exposição foi retirado das tabelas 1 e 2. Com esses dados associados com o nível de
atenuação de 18dB proporcionado pelo protetor auditivo tipo concha, fornecido pelo
empregador, foi possível verificar se o EPI atende ou não as normas. O valor de “A” na tabela
4 representa a subtração do nível de atenuação necessário pelo nível de atenuação do EPI
disponibilizado, caso “A” seja menor que zero, o equipamento atende as necessidades, caso
contrário, não atende.

Tabela 4 – Cálculo do nível de atenuação do EPI


Auxiliar de Avaliação do Auxiliar de Avaliação Auxiliar de Avaliação Operador de Avaliação do
Dados
rampa 1 EPI rampa 2 do EPI rampa 3 do EPI equipamento 2 EPI
Data 18/08/2015 18/08/2015 18/08/2015 19/08/2015
Informações

Horário 08:30-12:00 12:00-16:00 12:00-16:00 08:30-12:00


Local Pátio Esteira Esteira Pátio
T (h) 03:21 04:09 04:08 03:42
Nrep dB (A) 91 89,2
segundo NR-15
Cálculo da

Cálculo não se aplica Cálculo não se aplica


atenuação

N dB (A) 87 87
pois a exposição é pois a exposição é
NRRsf dB (A) 4 2,2
inferior a 80dB inferior a 80dB
NRRsfprotetor dB (A) 18 18
A dB (A) -14 Atende Atende Atende -15,8 Atende
segundo NR-15 e

Nrep dB (A) 91 89,2


Cálculo não se aplica Cálculo não se aplica
Cálculo da
atenuação

N dB (A) 70 70
OMS

pois a exposição é pois a exposição é


NRRsf dB (A) 21 19,2
inferior a 80dB inferior a 80dB
NRRsfprotetor dB (A) 18 18
A dB (A) 3 Não atende Atende Atende 1,2 Não atende
segundo NHO-01

Nrep dB (A) 126,2 116,1 118,1 124,2


Cálculo da
atenuação

N dB (A) 87,0 87,0 87,0 87


NRRsf dB (A) 39,2 29,1 31,1 37,2
NRRsfprotetor dB (A) 18,0 18,0 18,0 18
A dB (A) 21,2 Não atende 11,1 Não atende 13,1 Não atende 19,2 Não atende
segundo NHO-01

Nrep dB (A) 126,2 116,1 118,1 124,2


Cálculo da
atenuação

N dB (A) 70 70,0 70,0 70


e OMS

NRRsf dB (A) 56,2 46,1 48,1 54,2


NRRsfprotetor dB (A) 18 18,0 18,0 18
A dB (A) 38,2 Não atende 28,1 Não atende 30,1 Não atende 36,2 Não atende

Fonte: Os autores (2016)

Fazendo a análise da tabela 4 vê-se que a atenuação do protetor auricular tipo concha de
NRRsf= 18 dB, atende a todos os postos de trabalho, quando os resultados são calculados
com a taxa de troca de 5 dB, conforme a norma NR 15, porém quando se leva em
consideração o nível de conforto acústico de 70dB estabelecido pela OMS somente dois

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XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
.

postos de trabalho atendem o nível de conforto e são o de auxiliar de rampa 2 e de auxiliar de


rampa 3. A atenuação do protetor auricular tipo concha de NRRsf = 18 dB, não atende
nenhum dos postos de trabalho quando se utiliza a taxa de troca de 3 dB, conforme a norma
NHO-01 e quando se leva em consideração o nível de conforto de 70dB estabelecido pela
OMS o cenário se repete, nenhum dos postos de trabalho atende ao nível de conforto acústico.

5 Conclusões

A partir dos levantamentos realizados conclui-se que 50% dos postos de trabalhos estão acima
do limite de tolerância pela NR 15 e 100% dos postos estão acima do nível de ruído máximo
permissível segundo a NHO-01 para 6 horas de jornada de trabalho.

Na comparação entre as duas normas, é possível afirmar que a NHO-01 é mais rigorosa que a
NR 15, por isso requer medidas de proteção e prevenção mais eficientes. O EPI utilizado
atende a atenuação nos quatro postos de trabalho somente quando considerada a NR-15, já
quando é considerada a NHO-01, nenhum atende. Quando o nível de conforto acústico
estabelecido pela OMS de 70dB é considerado, somente os auxiliares de rampa 2 e 3 atendem
a solicitação quando o nível é calculado de acordo com a NR-15, calculado de acordo com a
NHO-01, todos não atendem. Uma solução para o problema é que os empregadores forneçam
EPI’s com maior nível de atenuação, outra é que a jornada de trabalho possa ser readequada
para que os postos de trabalho atendam os limites de tolerância de ruídos contínuos e
intermitentes.

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João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
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