Você está na página 1de 7

1

xxxxx
Sacramentos II
xxxxx
12/04/2018

Fichamento e comentário da obra:

JOÃO PAULO II. Carta Encíclica Ecclesia de Eucharistia (sobre a Eucaristia na sua
relação com a Igreja). Disponível em: <http://w2.vatican.va/content/john-paul-
ii/pt/encyclicals/documents/hf_jp-ii_enc_20030417_eccl-de-euch.html>. Acesso em: 22
de março de 2018.

INTRODUÇÃO

“A Igreja vive da Eucaristia [...] o sacrifício eucarístico é fonte e centro de toda a vida
cristã [...] na santíssima Eucaristia, está contido todo o tesouro espiritual da Igreja. isto
é, o próprio Cristo.” (nº 1)

“Do mistério pascal nasce a Igreja. Por isso [...] a Eucaristia, que é o sacramento [...] do
mistério pascal, está colocada no centro da vida eclesial.” (nº 3)

“A Eucaristia [...] é o que de mais precioso pode ter a Igreja no seu caminho ao longo
da história. Assim se explica a cuidadosa atenção que ela sempre reservou ao mistério
eucarístico.” (nº 9)

“Espero que esta minha carta encíclica possa contribuir eficazmente para dissipar as
sombras de doutrinas e práticas não aceitáveis, a fim de que a Eucaristia continue a
resplandecer em todo o fulgor do seu mistério.” (nº 10)

CAPÍTULO I: MISTÉRIO DA FÉ

“A Igreja recebeu a Eucaristia de Cristo seu Senhor [...] como o dom por excelência,
porque dom d'Ele mesmo, da sua Pessoa na humanidade sagrada, e também da sua
obra de salvação.” (nº 11)

“A Missa é, ao mesmo tempo e inseparavelmente, o memorial sacrificial em que se


perpetua o sacrifício da cruz e o banquete sagrado da comunhão do corpo e sangue do
Senhor.” (nº 12)
2

“A Eucaristia é sacrifício em sentido próprio, e não apenas em sentido genérico como


se se tratasse simplesmente da oferta de Cristo aos fiéis para seu alimento espiritual.”
(nº 13)

“[...] o sacrifício eucarístico torna presente [...] também o mistério da ressurreição [...]
por estar vivo e ressuscitado é que Cristo pode tornar-Se pão da vida.” (nº 14)

“Vinde, Senhor Jesus [...] Eucaristia é tensão para a meta, antegozo da alegria plena
prometida por Cristo [...] é antecipação do Paraíso.” (nº 18)

“Anunciar a morte do Senhor até que Ele venha inclui, para os que participam na
Eucaristia, o compromisso de [...] transformar o mundo segundo o Evangelho.” (nº 20)

CAPÍTULO II: A EUCARISTIA EDIFICA A IGREJA

“[...] a celebração eucarística está no centro do processo de crescimento da Igreja [...]


sempre que no altar se celebra o sacrifício da cruz [...] realiza-se também a obra da
nossa redenção [...] é representada e se realiza a unidade dos fiéis, que constituem um
só corpo em Cristo.” (nº 21)

“A incorporação em Cristo [...] renova-se e consolida-se continuamente através da


participação no sacrifício eucarístico, sobretudo na [...] comunhão sacramental.” (nº 22)

“O culto prestado à Eucaristia fora da Missa é de um valor inestimável na vida da Igreja,


e está ligado intimamente com a celebração do sacrifício eucarístico [...] Compete aos
Pastores [...] estimular o culto eucarístico [...] A Eucaristia é um tesouro inestimável: não
só a sua celebração, mas também o permanecer diante dela fora da Missa.” (nº 25)

CAPÍTULO III: A APOSTOLICIDADE DA EUCARISTIA E DA IGREJA

“[...] a Eucaristia é apostólica, porque é celebrada de acordo com a fé dos Apóstolos.”


(nº 27)

“[...] é o sacerdote ministerial que realiza o sacrifício eucarístico fazendo as vezes de


Cristo e oferece-o a Deus em nome de todo o povo.” (nº 28)

“[...] a expressão in persona Christi quer dizer algo mais do que ‘em nome’, ou então
‘nas vezes’ de Cristo. In persona, isto é, na específica e sacramental identificação com
3

o Sumo e Eterno Sacerdote, que é o Autor e o principal Sujeito deste seu próprio
sacrifício.” (nº 29)

CAPÍTULO IV: A EUCARISTIA E A COMUNHÃO ECLESIAL

“Enquanto durar a sua peregrinação aqui na terra, a Igreja é chamada a conservar e


promover tanto a comunhão com a Trindade divina como a comunhão entre os fiéis.
Para isso, possui [...] a Eucaristia [...] não foi sem razão que o termo comunhão se
tornou um dos nomes específicos deste sacramento excelso.” (nº 34)

“A integridade dos vínculos invisíveis é um dever moral concreto do cristão que queira
participar plenamente na Eucaristia [...] aquele que tiver consciência dum pecado grave,
deve receber o sacramento da Reconciliação antes de se aproximar da Comunhão.” (nº
36)

“A Eucaristia cria comunhão e educa para a comunhão [...] quem recebe o sacramento
da unidade, sem conservar o vínculo da paz, não recebe um sacramento para seu
benefício, mas antes uma condenação.” (nº 40)

CAPÍTULO V: O DECORO DA CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA

“[...] a Igreja [...] investindo o melhor dos seus recursos para exprimir o seu enlevo e
adoração diante do dom incomensurável da Eucaristia [...] sentiu-se impelida, ao longo
dos séculos e no alternar-se das culturas, a celebrar a Eucaristia num ambiente digno
de tão grande mistério.” (nº 48)

“[...] se a ideia do banquete inspira familiaridade, a Igreja nunca cedeu à tentação de


banalizar esta intimidade com o seu Esposo, recordando-se que Ele é também o seu
Senhor e que, embora banquete, permanece sempre um banquete sacrificial,
assinalado com o sangue derramado no Gólgota.” (nº 48)

“[...] a fé da Igreja no mistério eucarístico se tenha exprimido [...] não só através da


exigência duma atitude interior de devoção, mas também mediante uma série de
expressões exteriores, tendentes a evocar e sublinhar a grandeza do acontecimento
celebrado [...] a arquitetura, a escultura, a pintura, a música.” (nº 49)
4

“[...] pode-se afirmar que a Eucaristia, ao mesmo tempo que plasmou a Igreja e a
espiritualidade, incidiu intensamente sobre a cultura, especialmente no sector estético.”
(nº 49)

“A liturgia nunca é propriedade privada de alguém, nem do celebrante, nem da


comunidade [...] deveria ser redescoberta e valorizada a obediência às normas litúrgicas
como reflexo e testemunho da Igreja, una e universal, que se torna presente em cada
celebração da Eucaristia.” (nº 52)

CAPÍTULO VI: NA ESCOLA DE MARIA, MULHER EUCARÍSTICA

“Se quisermos redescobrir em toda a sua riqueza a relação íntima entre a Igreja e a
Eucaristia, não podemos esquecer Maria, Mãe e modelo da Igreja [...] Maria pode guiar-
nos para o Santíssimo Sacramento porque tem uma profunda ligação com ele.” (nº 53)

“[...] se a Eucaristia é um mistério de fé que excede tanto a nossa inteligência que nos
obriga ao mais puro abandono à palavra de Deus, ninguém melhor do que Maria pode
servir-nos de apoio e guia nesta atitude de abandono.” (nº 54)

“Existe, pois, uma profunda analogia entre o fiat pronunciado por Maria [...] e
o amém que cada fiel pronuncia quando recebe o corpo do Senhor [...] na visitação,
quando leva no seu ventre o Verbo encarnado, de certo modo Ela serve de sacrário – o
primeiro sacrário da história.” (nº 55)

“[...] na sua participação na celebração eucarística, presidida pelos Apóstolos, como


memorial da Paixão [...] receber a Eucaristia devia significar para Maria quase acolher
de novo no seu ventre aquele coração que batera em uníssono com o d'Ela e reviver o
que tinha pessoalmente experimentado junto da Cruz.” (nº 56)

CONCLUSÃO

“Na aurora deste terceiro milénio, todos nós, filhos da Igreja, somos convidados a
progredir com renovado impulso na vida cristã [...] o programa já existe: é o mesmo de
sempre, expresso no Evangelho e na Tradição viva [...] a concretização deste programa
de um renovado impulso na vida cristã passa pela Eucaristia.” (nº 60)

“Na Eucaristia, temos Jesus, o seu sacrifício redentor, a sua ressurreição, temos o dom
do Espírito Santo, temos a adoração, a obediência e o amor ao Pai.” (nº 60)
5

“O mistério eucarístico – sacrifício, presença, banquete – não permite reduções nem


instrumentalizações; há de ser vivido na sua integridade, quer na celebração, quer no
colóquio íntimo com Jesus [...] quer no período da adoração eucarística fora da Missa.”
(nº 61)

“[...] vamos à escola dos Santos, grandes intérpretes da verdadeira piedade eucarística.
Neles, a teologia da Eucaristia adquire todo o brilho duma vivência [...] coloquemo-nos
sobretudo à escuta de Maria Santíssima, porque n'Ela [...] o mistério eucarístico aparece
como o mistério da luz. Olhando-A, conhecemos a força transformadora que possui a
Eucaristia.” (nº 62)

COMENTÁRIO

“A igreja vive da Eucaristia”1. Essa é a verdade fundamental que o Santo Papa


João Paulo II quis gritar à Igreja e ao Mundo nesta sua carta encíclica. O mistério da
Igreja e da Eucaristia tem o mesmo fundador: Jesus; e o mesmo fundamento: o mistério
pascal.

O Papa esclarece o motivo da encíclica afirmando que: “Espero que esta minha
carta encíclica possa contribuir eficazmente para dissipar as sombras de doutrinas e
práticas não aceitáveis, a fim de que a Eucaristia continue a resplandecer em todo o
fulgor do seu mistério.”2

O documento consta de seis capítulos além da introdução e da conclusão.


Todavia como já fiz anteriormente o fichamento da mesma gostaria de focar esse texto
em quatro pontos que onde o Papa contribui eficazmente para dissipar as sombras de
doutrinas e práticas não aceitáveis. São eles: a Eucaristia como sacrifício, a Eucaristia
como banquete, a presença real de Cristo, a relação entre Eucaristia e sacerdócio
ministerial.

“A Eucaristia é sacrifício em sentido próprio”3. Foi o próprio Jesus que institui


esse salutar sacrífico na noite que foi entregue (1 Cor 11, 23). Usando a linguagem
clássica ela é a renovação incruenta do sacrifício do Calvário. O papa ensina no nº 12
que: “A Missa é o memorial sacrificial em que se perpetua o sacrifício da cruz”. Todavia
é preciso esclarecer que O que se repete na missa é o memorial, não o sacrifício que
se deu uma vez pela eternidade.

1
nº 1
2
nº 10
3
nº 13
6

O Papa também nos recorda que tomar parte no mistério pascal não é tomar
parte apenas no sacrifício de Jesus, mas, de igual modo tomar parte na sua vida e
anuncia-la, tendo o compromisso de: “transformar o mundo segundo o Evangelho”4.

“A Missa é [...] o banquete sagrado da comunhão do corpo e sangue do Senhor.”5


isto porque o Senhor quis se dar como verdadeiro alimento: “a minha carne é verdadeira
comida e o meu sangue é verdadeira bebida” (Jo 6,55). Pela Eucaristia somos
incorporados em Cristo, isto se dá, não somente, mas sobretudo na comunhão
sacramental. Não podemos, todavia, perder de vista o mistério tremendo e fascinante
que é se alimentar do corpo de Cristo. Por isso o Papa nos recorda que: “se a ideia do
banquete inspira familiaridade, a Igreja nunca cedeu à tentação de banalizar esta
intimidade com o seu Esposo, recordando-se que Ele é também o seu Senhor e que,
embora banquete, permanece sempre um banquete sacrificial.”6

E preciso salientar também que a comunhão sacramental deve nos abrir para a
comunhão eclesial. “Quem recebe o sacramento da unidade, sem conservar o vínculo
da paz, não recebe um sacramento para seu benefício, mas antes uma condenação.”7

O Papa no afã de apresentar de forma mais plena, para uma nova geração de
cristãos a sublimidade deste sacramento reafirma no documento que “A Eucaristia é um
tesouro inestimável: não só a sua celebração, mas também o permanecer diante dela
fora da Missa.”8

A adoração eucarística esta na ordem do dia para o Papa João Paulo II, ele quer
que ela seja estimulada pelos pastores da igreja por atitudes e exemplos.

A adoração também exprimisse pelo decoro e beleza e da liturgia. O Papa convida os


sacerdotes a serem fiéis às normas litúrgicas e ao mesmo tempo “sublinhar a grandeza
do acontecimento celebrado.”9

O Papa relembra a Igreja que não há celebração do mistério Eucarístico (Missa)


sem a figura do sacerdote ministerial, pois: “é o sacerdote ministerial que realiza o
sacrifício eucarístico fazendo as vezes de Cristo e oferece-o a Deus em nome de todo
o povo.”10

O Sacerdote ministerial, não por seus méritos, mas em virtude da sua ordenação
não age por si, mas em nome de Cristo, nos recorda o Para que: In persona, isto é, na

4
nº 20
5
nº 12
6
nº 48
7
nº 40
8
nº 25
9
nº 49
10
nº 28
7

específica e sacramental identificação com o Sumo e Eterno Sacerdote, que é o Autor


e o principal Sujeito deste seu próprio sacrifício.”11

Essa constatação não diminui o valor da Assembleia orante, nem tão pouco do
sacerdócio comum dos fiéis, apenas retoma a Tradição apostólica que está na fonte da
celebração Eucarística. “A Eucaristia é apostólica, porque é celebrada de acordo com a
fé dos Apóstolos.”12

À guisa de conclusão podemos afirmar que assim como a Igreja vive da


Eucaristia, todos nós somos convidados a tomar parte nas núpcias do Cordeiro redivivo.
Ele é o alimento da nossa peregrinação terrestre, o pão que nos fortalece, nossa vida
verdadeira.

Como de costume o Papa termina o documento com um capítulo dedicado a


Virgem Maria. Nesse documento isso faz todo sentido porque ninguém melhor que ela
pode ensinar-nos a comunhão, a doação e a adoração presentes no mistério
Eucarístico. Ela pode ensinar-nos a cantar nosso Magnificat. Ela é nossa mestra de vida
eucarística, ela nos leva até Jesus eucarístico. Na eucaristia, nos ensina o Papa: “Na
Eucaristia, temos Jesus, o seu sacrifício redentor, a sua ressurreição, temos o dom do
Espírito Santo, temos a adoração, a obediência e o amor ao Pai.”13 Ou seja, a Eucaristia
resume todo o mistério da fé.

11
nº 29
12
nº 27
13
nº 60

Você também pode gostar