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Doenças

da
Bananeira
(Musa spp.)

Anotações de aula
Profa. Marli F.S. Papa

DOENÇAS DA BANANEIRA

DOENÇAS CAUSADAS POR FUNGOS

1. Mal de Sigatoka

. Primeira descrição: 1902 - Java

. Primeiros prejuízos:: 1913, nas Ilhas Fiji, no Vale de Sigatoka

. Brasil, a doença foi constatada pela 1a vez, em 1944, no AM.

. Atualmente sua ocorrência é observada em todo o país

. Perdas de 50% da produção

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SIGATOKA AMARELA ou MAL DE SIGATOKA

Prejuízos: . morte precoce das folhas


. enfraquecimento da planta
. diminuição do número de pencas
. diminuição do tamanho dos frutos
. maturação precoce de frutos no campo
. perfilhamento lento

SIGATOKA AMARELA
SINTOMAS

• Somente as folhas são diretamente afetadas


pelo patógeno

• Folhas jovens: . início → leve descoloração em forma


de ponto entre as nervuras secundárias nas folhas
jovens (0 a 4)

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• Folhas jovens: . início → leve descoloração em forma de ponto entre as
nervuras secundárias nas folhas jovens (0 a 4)

. depois: . formação de uma estria de coloração amarela

• posteriormente:. manchas necróticas, elípticas, alongadas, paralelas às


nervuras secundárias

. + tarde:
. lesão com centro deprimido, de coloração cinza,
circundada por um halo amarelo

Sigatoka amarela

. Frutificação do fungo aparece no centro das lesões, sob a forma de


pontos pretos ( esporodóquio e conídios) nas 2 sup. da folha

. Manchas oriundas de ascósporos: . predominância apical

. Manchas oriundas de conídios: . distribuição casualizada com


predominância basal

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Sigatoka amarela
Coalescimento de lesões → comprometimento de grande área foliar

ETIOLOGIA - SA

Pseudocercospora musae - fase imperfeita

Mycosphaerella musicola - fase perfeita

. Sobrevivência: . de um ano para outro → folhas da bananeira

. Disseminação: . conídios carregados pelo ar ou água


. ascósporos - liberados dos peritécios pelo mecanismos
de ejeção, sob ação do vento

. Penetração: . diretamente, através de estômatos, praticamente pela


superfície abaxial da folha

CONTROLE – Sigatoka amarela

. Difícil

. Necessidade de integrar controle cultural, químico e genético

a) Controle cultural:. drenagem


. combate às plantas daninhas
. desfolha
. densidade populacional
. adubação balanceada
. sombra

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b) Controle químico - SA

. Horário de aplicação: manhã ou tarde

. Condições climáticas: evitar horários com vento

. Direcionamento do produto: folhas + novas ---- pulv. aérea +


eficiente

CONTROLE QUÍMICO

PROBLEMA
. Monitoramento do controle: aparecimento de
populações resistentes do patógeno

. Produtos utilizados:

CONTATO: . mancozeb, clorothalonil, óleo mineral

. Produtos utilizados:
- Óleo mineral: . puro – 10 –15 L/ha
. em mistura: 5 L/ha
. problema: fitotoxicidade
. mistura: (óleo + fungicida contato ou sistêmico + água)
. penetra a folha e atinge as 2 superfícies

exerce ação fungistática

> período de incubação > período latente

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SISTÊMICO: benzimidazóis, triazóis

. benzimidazóis: . benomyl . tiofanato metílico . Tiabendazol

. triazol: . propiconazol . Triadimenol


. difenoconazole . epoxiconazole

. Intervalos e Épocas de aplicação: . todo o período chuvoso


depende: eficiência obtida com a pulv. e cond. climáticas

. Intervalos: . 2 a 3 semanas - óleo puro


. 3 a 6 semanas - mistura óleo + fungicida

. Equipamentos de aplicação:

. via terrestre: . termonebulizadores


. costais motorizados
. pulv. tracionados

. via aérea: . avião


. Helicóptero

Controle genético:

. SISTEMAS DE PREVISÃO:

Outras técnicas:

- palito de madeira impregnado ou embebido na calda


fungicida e espetado no pseudocaule

- injeção da calda fungicida no pseudocaule

- deposição do produto granulado nas axilas das folhas

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2.Sigatoka negra

• 1º relato Vale de Sigatoka, Ilhas Fiji – 1963


• 1º relato no ocidente - Honduras – 1972
• Depois México, Bolívia, Cuba, Jamaica
• 1998 – Amazonas – Brasil
• Acre, Rondônia, Roraima e Mato Grosso
• Custo do controle químico: 4 a 5 vezes ao da AS

Sigatoka negra - distribuição

Sintomas

SN e SA a diferenciação pode ser feita a nível de:


- campo
- microscópio
- marcadores moleculares

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Comparando-se a AS e SN, temos na SN:
→ coloração + escura das manchas

→ coalescimento de lesões antes das lesões estarem em


estádio avançado

→ grandes áreas necrosadas do limbo foliar que evoluem


do limbo foliar para a nervura

SN
SA

Sigatoka negra

SA

Sigatoka
negra

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Sigatoka
negra

SN → fase assexuada presente no estádio de estria ou mancha


jovem da doença → presença de conidióforos isolados
emergindo dos estômatos, principalmente na sup. inferior da
folha
SA → fase assexuada → conidióforos agrupados, emergem dos
estômatos em ambas as faces da folha

SN

ETIOLOGIA
Mycosphaerella fijiensis

Paracercospora fijiensis

• Fase ascospórica → sobrevivência → T. + baixa e U ↓

• Fase conidial → inóculo secundário → T + alta e U ↑

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Sigatoka negra - ciclo

Sigatoka negra – Controle


-
1. Medidas preventivas:

-Àreas livres da SN: Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Goiás e


Bahia Maranhão - DOU de 13/11/2006

- Não transporte de partes de bananeira das regiões afetadas sem o


Certificado de Origem ou Permissão de Trânsito

- Não utilizar folhas de bananeiras com material protetor


de frutas, caixas e cargas de banana durante o transporte

- Não permitir a entrada de veículos em sua propriedade contendo


restos de banana ou folhas

- Não reutilizar caixas sem a devida desinfestação

- Adquirir mudas certificadas

- Realizar práticas culturais adequadas, como desfolhas freqüentes,


controle de plantas daninhas, desbastes e plantio no espaçamento
adequado

- Eliminar bananais abandonados ou que não estejam sendo


explorados

- Observar atentamente a sanidade do bananal

- Fazer controle rigoroso da Sigatoka Negra, utilizando var.


resistentes e fungicidas de modo adequado

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Controle Químico
- Época favorável à doença: intervalos de 14 dias

- Fungicidas recomendados:
. epoxiconazole + pyraclostrobin
. flutriafol
. pyraclostrobin
. difenoconazole
. propiconazole
. tetraconazole
. mancozeb
. Epoxiconazole

- Intervalos de 7 dias: . mancozeb . bitertanol

3. MAL DO PANAMÁ
. Fusariose ou Murcha de Fusarium da bananeira
. Brasil - primeira constatação - 1930
. Três a 4 anos após constatação: 1 milhão de pés de
banana dizimados
. Atualmente a doença é endêmica por todo o território
brasileiro

. Controle - antieconômico e pouco viável

. Limita o cultivo de variedades altamente suscetíveis


como a Maçã

. Raça 4 - capacidade para afetar variedades do


subgrupo Cavendish

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SINTOMAS: internos e externos

. Primários: . descoloração parda, roxa ou púrpura


no rizoma, pseudocaule e pecíolos
. obstrução de vasos
. destruição do sistema radicular

Secundários: . decorrentes do conjunto de substâncias


tóxicas produzidas

. amarelecimento progressivo do limbo foliar, dos bordos


para o centro, iniciando pelas folhas + velhas, atingindo
depois as + novas
. amarelecimento de folhas centrais
. murcha e dobra do pseudocaule
(guarda-chuva fechado)

• rachaduras na base
do pseudocaule

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• cachos menores, com frutos menores, e maturação
irregular e prematura

• Culturas novas os sintomas só aparecem em plantas


adultas

• Culturas velhas, observa-se até em filhotes

ETIOLOGIA

. Fusarium oxysporum f. sp. cubensis

. 4 raças fisiológicas: . 1, 2 e 4 - importantes para a bananeira


. 3 - importante para a Heliconia sp.

Raça Variedade diferenciadora


1 Gros Michel
2 Bluggoe
3 Heliconia
4 Var. subgrupo Cavendish

Sobrevivência: . solo : . clamidosporos


. heterocariose com linhagens saprofíticas não
patogênicas

Disseminação: . transporte de mudas, de local para outro


. solo contaminado, dentro da mesma área
. contato de raiz doente e raiz sadia
. água de irrigação, de drenagem e de inundação
. animais, homem e equipamentos

Penetração: . diretamente pelas raízes secundárias


. ferimentos do moleque da bananeira e por nematóides

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CONTROLE

. Não existem medidas de controle adequadas para aplicação


em cultivos de variedades suscetíveis como Maçã, Prata,
Ouro e Gross Michael

Uso de variedades resistentes:


. Grupo AAA - Nanica, Nanicão, Grande Naine e Caipira

. Grupo AAB - Terra, Terrinha e D’Angola do subgrupo Terra,


Mysore e Thap maeo

. Grupo AAAB – Pacovan Ken, Prata Graúda, Fhia 01 e Tropical

. Variedades de média suscetibilidade:


. Prata Anã, Prata, Pacovan e Pioneira

Medidas de controle geral

. dar
preferência ao plantio em áreas sem história de
ocorrência do mal-do-Panamá

. Utilizar mudas sadias


. Proceder à limpeza das mudas

. Analisar e corrigir o solo, elevando o pH p/ próximo da


neutralidade
. preferir solos férteis, com altos níveis de matéria orgânica
. evitar solos mal drenados

. controlar nematóides e a broca-do-rizoma


. inspecionar regularmente a cultura e erradicar plantas
doentes

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Podridão da coroa
− problema mais importante em pós-colheita

ETIOLOGIA

. Cephalosporium sp. . Fusarium spp.


. Colletotrichum musae . Deighthoniella torulosa
. Ceratocystis paradoxa

SINTOMAS
ferimento do despencamento → porta de entrada para fungos e
bactérias - escurecimento e necrose do tecido → aparecimento de
sinais do patógeno

. 7 dias após a inoculação → primeiros sintomas → com a maturação


→ espalha-se rapidamente podendo passar da almofada para o
pedicelo dos frutos e/ou para os frutos

CONTROLE

• Eliminar de fontes de inóculo no campo

• Redução do tempo entre a colheita e a refrigeração do fruto

• Limpeza e desinfestação dos tanques de despencamento e


lavagem, após o uso

• Imersão ou pulv. com tiabendazol ou imazalil

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Antracnose
pré-colheita → infecção quiescente
pós-colheita → desenv. da lesão

ETIOLOGIA

Colletotrichum musae

SINTOMAS

− frutos → formação de lesões escuras e deprimidas


− sob U↑↑ → frutificações rosadas do fungo
− geralmente a polpa não é afetada

DOENÇAS

CAUSADAS

POR BACTÉRIAS

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Moko ou murcha bacteriana

. 1976 → Amapá → cond. de várzea → fav. à sobrev. e


diss.

. até 1987 → erradicação

. 1987 → Sergipe → erradicação até 1989

SINTOMAS

Diferenças nos sintomas entre Murcha de Fusarium (MF) e


Moko (MK)

idade da planta: MF → sintomas → plantas com + 4 meses de idade


MK → plantas em todos os estádios de desenvolvimento

Moko Mal do Panamá

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• Origem e evolução dos sintomas:

. MK → inicia-se na parte central e evolue para a periferia


. MF → evolue da periferia para o centro

Mal do Panamá

MOKO

Teste do copo:
MK → descida de um ou mais filetes densos e contínuos de fluxo
bacteriano de coloração leitosa

• MF → não ocorre

Moko

Rachaduras no pseudocaule:. MK → ausente


. MF → presente

Mal do Panamá

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Sintomas do cacho e engaço : . MK → presente
. MF → ausente
Moko

Sintomas Diferenças entre as respectivas doenças

Murcha bacteriana Mal do Panamá

Exudação de pús bacteriano sim não

Descoloração vascular central generalizada

Amarelecimento foliar no sentido de dentro para fora da folha de fora para dentro

Podridão interna em frutos sim nunca

Enegrecimento e distorções em sim não


brotações novas

ETIOLOGIA

Ralstonia (Pseudomonas) solanacearum raça 2 –

5 estirpes patogênicas à bananeira

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Estirpe Características

D isolada de Halinonia, causa distorção foliar e murcha lenta em bananeiras

B mutante de D, causa murcha rápida em bananeiras

SFR oriunda de Heliconia ou mutante de B transmitida por insetos em países


da América Central

presente na Costa Rica


H afeta plátanos (AAB)
não afeta outras bananas (AAA)

A • ocorre nas margens de rios sujeitas a inundações periódicas (AM, Peru,


Colômbia e Venezuela)
• transmitida por insetos

Ralstonia (Pseudomonas) solanacearum raça 2

Sobrevivência: - AM → terra firma → 2 meses (período


seco sem bananeiras)
→ período chuvoso → 4 meses
- plantas hosp.

Disseminação: - material de plantio


- contatos inter-radiculares de touceiras
- ferramentas
- insetos

CONTROLE

. Medidas de exclusão

. Medidas de erradicação

. Medidas profiláticas
− uso de mudas sadias
− desinfestação de ferramentas utilizadas na capina, desbaste,
desfolha, corte do coração e colheita

- evitar capinas manuais ou mecânicas


− eliminar o coração

. Resistência varietal: var. comerciais → suscetíveis

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DOENÇAS CAUSADAS

POR VÍRUS

Mosaico da bananeira

• Vírus do mosaico do pepino – CMV

• Virose mais comum em bananeiras

• Ocorrência: - 10% das bananeiras do Brasil


> nos cv. do subgrupo Cavendish

SINTOMAS
• folhas velhas → variam de suaves estrias até severa
necrose interna, nanismo e morte da planta
• plantas com nanismo: - roseta no ponto de saída das
folhas
- bainhas tendem a despregar-se do pseudocaule
- necorse da folha central ou cartucho

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ETIOLOGIA
Cucumber mosaic vírus CMV

• Transmissão: afídeos (não persistente)

• Plantas hosp. de vírus: cucurbitáceas, tomate, milho e


outras

Vírus que infectam a bananeira:


Vírus da bananeira-de-corda ou cânhamo-de-manilha
(Musa textilis) – (abacca mosaic virus - AbaMV)

Vírus do mosaico das brácteas da bananeira – (banana


bract mosaic – BBrMV)

Vírus do bunchy top (banana bunchy top virus –


BBTV): importante em outros países

Vírus do streak da bananeira (banana streak virus –


BSV) – constatado no Brasil em bananeiras da var. Myssore

CONTROLE

. Mudas sadias

. Eradicação de plantas com sintomas

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Cv. FHIA 21 – AAAB tipo Terra

Pacovan Ken – cv. AAAB

Cv AAA - Caipira

Thap Maeo – Cv.

Fruto com sementes

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