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Oficio n° 39/2018/Sindicato dos Agentes Federais de Execução Penal em Brasília

Brasília-DF, 24 de abril de 2018.

A sua Excelência o Senhor


MINISTRO RAUL BELENS JUNGMANN PINTO
Ministro De Estado da Segurança Pública
Ministério Extraordinário da Segurança Pública
Esplanada Dos Ministérios
Bloco I, Edifício Sede
70044-900, Brasília-DF

Assunto: Comunicado de Paralisação

Excelentíssimo Senhor Ministro de Estado,

A carreira de Agente Federal de Execução Penal, do Departamento


Penitenciário Nacional, compreende atualmente cerca de 1000 servidores públicos
federais que a mais de 12 anos tem prestado relevantes serviços à República no
nobre mister de acompanhar a fiel aplicação das normas de execução penal em
todo o Território Nacional; inspecionar e fiscalizar periodicamente os
estabelecimentos e serviços penais; assistir tecnicamente as Unidades Federativas
na implementação dos princípios e regras estabelecidos em Lei; colaborar com as
Unidades Federativas mediante convênios, na implantação de estabelecimentos e
serviços penais; colaborar com as Unidades Federativas para a realização de
cursos de formação de pessoal penitenciário e de ensino profissionalizante do
condenado e do internado; estabelecer, mediante convênios com as unidades
federativas, o cadastro nacional das vagas existentes em estabelecimentos locais
destinadas ao cumprimento de penas privativas de liberdade aplicadas pela justiça
de outra unidade federativa, em especial para presos sujeitos a regime disciplinar;
coordenação e supervisão dos estabelecimentos penais e de internamento
federais; manutenção administrativa-financeira do Conselho Nacional de Política
Criminal e Penitenciária - CNPCP e pela gestão do Fundo Penitenciário Nacional -
FUNPEN.
Ademais, os Agentes Federais de Execução Penal têm prestado relevantes
serviços, notadamente, no que concerne a função de guardar e custodiar os líderes
de facções criminosas que se apoderaram e desestabilizaram o já combalido
sistema penitenciário brasileiro.

Durante o último período as entidades sindicais representantes dos servidores do


conjunto das unidades prisionais federais vêm buscando de forma infrutífera o
diálogo com o MESP sem qualquer posicionamento por parte das autoridades às
entidades sindicais.

Portanto, após deliberação em assembleia em todas as unidades federais de


execução penal e na Sede do Departamento Penitenciário Nacional, as entidades
sindicais, por unanimidade, decidiram por encaminhar o processo de paralisação
das atividades em todas as unidades vinculadas ao DEPEN.

O objetivo da paralisação consta nas atas de assembleia em anexo e, ainda, buscar


o diálogo junto ao Ministério Extraordinário da Segurança Pública a fim de
pautarmos questões afetas ao sistema penitenciário brasileiro. Entre as principais
questões estão:

1) O Ministério Extraordinário da Segurança Pública tem o mister de debelar


a gravíssima crise da Segurança Pública no Brasil;

2) É inconteste que a execução penal é um dos principais fatores relacionados


à crise na Segurança Pública, senão o principal;

3) Parece-nos óbvio que a execução penal deveria figurar como pauta de


destaque e discussão, o que, até o presente momento, não está ocorrendo,
ou ocorrendo à revelia dos efetivos operadores do sistema penitenciário que
tem muito a contribuir para esse processo;

4) Em razão da crise no âmbito penitenciário, as barbáries perpetradas pelas


organizações criminosas no interior dos presídios e nas ruas, é inconteste o
fracasso do modelo adotado, o que torna imperiosa uma discussão ampla
sobre a execução penal no Brasil;
5) O atual modelo de execução penal não cumpre os objetivos que lhe foram
propostos, tais como efetivar as disposições da sentença e proporcionar as
condições para a harmônica reintegração social da pessoa presa, ao
descompasso, contribui objetivamente para o avanço de organizações
criminosas que tem como origem o próprio sistema penitenciário;

6) Diante dos resultados caóticos obtidos nas últimas décadas, torna-se claro
que o modelo de gestão adotado pelas instituições ligadas à execução penal
só agravou a crise na Segurança Pública. A exemplo do loteamento político
sem qualquer critério no Departamento Penitenciário Nacional mediante
indicação de pessoas não pertencentes ao seu quadro que pouco entende
de execução penal, mas que acabam por decidir seus rumos.

Tendo em vista o exposto, comunicamos que a paralisação da categoria ocorrerá


em 4 de maio de 2018. Informamos ainda que serão mantidos apenas os serviços
essenciais, tais como escoltas médicas de emergência, entrega de alimentação,
segurança das instalações e cumprimento de determinações judiciais. Ressaltamos
que tal movimento se repetirá nos dias 9 e 10 de maio de 2018, quando, caso
não sejam atendidas as reinvindicações deliberadas em assembleia, não haverá o
atendimento às visitas.

Atenciosamente,

Entidades Sindicais Representantes dos


AGENTES FEDERAIS DE EXECUÇÃO PENAL

SINDAPEF-MS SINDAPEF-PR

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