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A anestesia geral é uma técnica anestésica que promove abolição da dor (daí o nome anestesia),
paralisia muscular, abolição dos reflexos, amnésia e, principalmente, inconsciência.
Esta forma de anestesia faz com que o paciente torne-se incapaz de sentir e/ou reagir a qualquer
estímulo do ambiente, sendo a técnica mais indicada nas cirurgias complexas, longas e de grande
porte.
A anestesia geral é muito temida pela população em geral, muito porque há diversos mitos a seu
respeito e pouca informação disponível para o público leigo.
Aqui, iremos focar exclusivamente na anestesia geral. Se você procura informações sobre outras
formas de anestesia, acesse o seguinte artigo: TIPOS DE ANESTESIA – Geral, Local e Raquidiana e
Peridural.
A fase de pré-medicação é feita para que o paciente chegue ao ato cirúrgico calmo e relaxado.
Normalmente é administrado um ansiolítico (calmante) de curta duração, como o midazolam,
deixando o paciente já com um grau leve de sedação. Deste modo, ele entra na sala de operação
sob menos estresse.
A fase de indução é normalmente feita com drogas por via intravenosa, sendo o Propofol a mais
usada atualmente.
ANESTESIA GERAL – Como é Feita, Riscos e Vantagens https://www.printfriendly.com/p/g/VYRrkf
Após a indução, o paciente rapidamente entra em sedação mais profunda, ou seja, perde a
consciência, ficando em um estado popularmente chamado de coma induzido. O paciente apesar
de estar inconsciente, ainda pode sentir dor, sendo necessário aprofundar ainda mais a anestesia
para a cirurgia poder ser realizada. Para tal, o anestesista também costuma administrar um
analgésico opioide (da família da morfina) como o Fentanil.
Neste momento o paciente já apresenta um grau importante de sedação, não sendo mais capaz de
proteger suas vias aéreas das secreções da cavidade oral, como a saliva. Além disso, na maioria das
cirurgias com anestesia geral é importante haver relaxamento dos músculos, fazendo com que a
musculatura respiratória fique inibida. O paciente, então, precisa ser intubado* e acoplado à
ventilação mecânica para poder receber uma oxigenação adequada e não aspirar suas secreções.
* Em algumas cirurgias mais rápidas, ou que não abordem o tórax ou o abdômen, pode não ser
necessária intubação, ficando o paciente apenas com uma máscara de oxigênio.
No início da fase de manutenção, as drogas usadas na indução, que têm curta duração, começam a
perder efeito, fazendo com que o paciente precise de mais anestésicos para continuar o
procedimento. Nesta fase, a anestesia pode ser feita com anestésicos por via inalatória ou por via
intravenosa.
Na maioria dos casos, a via inalatória é a preferida. Os anestésicos são administrados através do
tubo orotraqueal na forma de gás (vapores) junto com o oxigênio, sendo absorvidos pelos alvéolos
do pulmão, passando rapidamente para a corrente sanguínea.
Conforme o procedimento cirúrgico avança, o anestesista procura deixar o paciente sempre com o
mínimo possível de anestésicos. Uma anestesia muito profunda pode provocar hipotensão e
desaceleração dos batimentos cardíacos, podendo diminuir demasiadamente a perfusão de sangue
para os tecidos corporais.
Quando a cirurgia entra na sua fase final, o anestesista começa a reduzir a administração das
drogas, já planejando uma cessação da anestesia junto com o término do procedimento cirúrgico.
Se há relaxamento muscular excessivo, drogas que funcionam como antídotos são administradas.
Nesta fase de recuperação, novamente analgésicos opioides são administrados para que o paciente
não acorde da anestesia com dores no local onde foi cortado.
Neste momento, apesar do paciente já ter um razoável grau de consciência, ele dificilmente se
recordará do que aconteceu nesta fase de recuperação devido aos efeitos amnésicos das drogas.
Na maioria dos casos, as complicações são derivadas de doenças graves que o paciente já possuía,
como doenças cardíacas, renais, hepáticas ou pulmonares em estágio avançado, ou ainda, por
complicações da própria cirurgia, como hemorragias ou lesão/falência de órgãos vitais.
Só como exemplo, um trabalho canadense de 1997, apenas com cirurgias odontológicas com
anestesia geral, ou seja, cirurgias de baixo risco realizadas em pacientes saudáveis, detectou uma
taxa de mortalidade de apenas 1,4 a cada 1 milhão de procedimentos. Esse tipo de estudo nos
mostra que a anestesia em si é muito segura.
É importante destacar que muitas cirurgias sob anestesia geral são realizadas em pacientes com
doenças graves ou em cirurgias complexas de alto risco. Porém, na imensa maioria dos casos,
quando o desfecho é trágico, raramente a culpa é da anestesia geral.
Também há que se destacar que a anestesia geral é um procedimento complexo, devendo ser feita
somente por profissionais qualificados e em ambientes com ampla estrutura para tal.