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Produção e Consumo Sustentavel PDF
Produção e Consumo Sustentavel PDF
PROFISSIONAL – Unidade 1
FICHA TÉCNICA
Apoio
Gustavo de Oliveira – Analista Ambiental
Apoio
Conselho Regional
Coordenação Educacional
Coordenação de Produção
Autores
Revisão Técnica
Revisão Pedagógica
Revisão
Alex Romano
Antônio Ivo
Daniel Soares
Fábio Ramon
Leonardo Silveira
Ricardo Barreto
Vinicius Vidal
Coordenação-Geral
Rivaldo Pinheiro Neto
Equipe do MMA
Gustavo de Oliveira
Vana Tercia Silva de Freitas
Alan Ainer Boccato Franco
Adeilton Santos Moura
Anísia Batista Oliveira de Abreu
CONCEITOS INICIAIS
A palavra meio ambiente pode ser conceituada de diferentes formas. De acordo com a
Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional de Meio
Ambiente define meio ambiente como “o conjunto de condições, leis, influências e
interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em
todas as suas formas”. (BRASIL, 1981). Este conceito pode ser ampliado quando
tomamos como base a Resolução CONAMA nº 306/2002 que inseriu, no conceito de
meio ambiente, outros elementos:
Essas interações incluem o ser humano, bem como os demais elementos da natureza.
Dessa forma, podemos concluir que o conceito de meio ambiente é amplo. Diferente de
meio ambiente, o termo natureza tem um sentido mais restrito e refere-se ao conjunto
dos seres vivos e os fenômenos de ocorrência natural, ou seja, sem a intervenção do
homem ou de elementos artificiais. Agora que já sabemos a diferença entre meio ambiente
e natureza, veremos alguns temas que estão relacionados a esses como: ecologia e
recursos naturais.
A palavra ecologia é originada por dois termos de origem grega Oikós (casa) e logos
(estudo). Trata-se da ciência que estuda as interações entre os seres vivos e o ambiente
onde vivem que é conhecido como ecossistema.
1 Ciclos biogeoquímicos: É o movimento natural de elementos químicos no ecossistema entre os seres vivos e o meio
ambiente.
2 Abióticos: Matéria inorgânica ou sem vida.
3 Bióticos: Elementos com vida.
natural é a água, que retorna a natureza, por meio do seu ciclo hidrológico4. Já os recursos
não renováveis são aqueles que, após uso, não podem ser reciclados, e existem em uma
quantidade limitada no meio ambiente. Um exemplo de recurso não renovável é o
petróleo. Veremos na figura abaixo, exemplos de recursos naturais renováveis e não
renováveis.
Recursos Naturais
Você sabia?
O alumínio é um metal, recurso natural, que possui uma gama de aplicações, podendo ser
utilizado em navios, automóveis, aviões, embalagens e tintas, entre outras. Isso demonstra
a importância dos recursos naturais no nosso cotidiano.
Saiba mais
Amplie seus horizontes e busque em sites especializados em meio ambiente para aprender
um pouco mais sobre a diferença entre conservação e preservação. Um exemplo é o site
Rede Ambiente.
4
Ciclo hidrológico: É o fenômeno global de circulação fechada da água entre a superfície terrestre e a
atmosfera, impulsionado fundamentalmente pela energia solar associada à gravidade e à rotação terrestre.
DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO E MEIO AMBIENTE
Você Sabia!
Existem indicadores de desempenho ambiental que já são mundialmente utilizados, tais
como a Pegada Ecológica, Pegada de Carbono, Pegada Hídrica e muito mais. Estes
indicadores serão estudados em breve nos próximos capítulos!
Mas será que existe algum indicador que associe valores econômicos com valores
ambientais?
Uma proposta metodológica inovadora desenvolvida pela ONU e utilizada por alguns
países do mundo como Indonésia e Namíbia, associa a riqueza produzida pelas nações
(capital físico), o capital natural6 e o capital humano7. Denominada de SEEA - Sistema
Integrado de Contabilidade Econômica e Ambiental, essa metodologia proporciona a
inclusão das variáveis ambientais no cálculo do produto interno bruto (PIB) e busca
acompanhar o desempenho econômico e ambiental de um país (MEIO, 2014).
5 Indicadores: são instrumentos utilizados para monitorar e avaliar projetos, programas e políticas
6Capital natural: representa a soma de todos os benefícios que os ecossistemas equilibrados fornecem ao homem, assim como: água potável, alimento e madeira, como também
os valores espiritual e cultural que os ambientes naturais representam para as comunidades. (STRUMPF, 2013).
7 Capital humano: conjunto de investimentos destinados à formação educacional e profissional de determinada população.(ESCÓSSIA,2010)
E quando falamos em desenvolvimento socioeconômico?
Você Sabia?
No Brasil, surgiu um movimento nacional chamado Nós Podemos – 8 Jeitos de Mudar
o Mundo, de iniciativa de empresas, governos e organizações sociais para o cumprimento
dos ODMs.
Um segundo documento denominado Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – ou
conhecidos como “ODS”, elaborado em 2013, liderado pelo Pacto Global das Nações
Unidas, onde novas metas foram estabelecidas para serem alcançadas até 2030 com vistas
a promover o crescimento econômico e desenvolvimento social sustentável que proteja o
meio ambiente e beneficie a todos.
Saiba Mais
Para conhecer as metas estabelecidas no documento ODS acesse o site do Pacto Global.
(www.pactoglobal.org.br)
8Capital Expressa à capacidade de uma sociedade estabelecer redes de cooperação para produção de bens coletivos e dessa forma promover desenvolvimento
social:
econômico e social (JOHANNPERTER, 2012).
Diante dessa discussão, chegamos à conclusão que crescer e desenvolver são primordiais
para nossa sobrevivência, no entanto, as nações se desenvolveram socioeconomicamente,
mas isso acarretou em problemas como poluição e escassez dos recursos naturais, que são
imprescindíveis para a sobrevivência do ser humano e de todo ecossistema. É preciso
assim, repensar o modelo de desenvolvimento que queremos, e, urgentemente,
desenvolver estratégias que assegurem o bem estar de todos.
EVENTOS GLOBAIS PARA PROTEÇÃO AMBIENTAL
A partir da publicação do livro Primavera Silenciosa de Rachel Carson, em 1962, que
relata os efeitos danosos para o meio ambiente do uso de pesticidas9, como o DDT10,
diversos autores começaram a questionar o impacto de alguns produtos no meio ambiente
e isto possibilitou o desenvolvimento de vários eventos relacionados à temática
ambiental.
Dessa forma, em 1972, foi realizada em Estocolmo, na Suécia, a Conferência Mundial
sobre o Homem e o Meio Ambiente, também conhecida como Conferência de
Estocolmo, considerada o primeiro grande evento organizado que visou alertar sobre os
impactos decorrentes da ação humana no meio ambiente, contou com a participação e
debates entre vários países e organismos da Organização das Nações Unidas (ONU).
Este evento foi marcado pela forte discussão entre os países desenvolvidos que defendiam
a ideia de crescimento zero e os países em desenvolvimento que, assolados com
problemas como fome e miséria, buscavam o desenvolvimento econômico rápido. No
entanto, constatou-se que os problemas ambientais eram devidos, sobretudo, ao modelo
de desenvolvimento industrial adotado pelos países desenvolvidos que estava relacionado
com a exploração excessiva dos recursos naturais.
Saiba mais
Busque na internet a Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente
Humano e fique por dentro dos seus 26 princípios.
9 Pesticidas: Também conhecido como agrotóxicos são substâncias que têm como objetivo impedir, destruir, repelir
qualquer praga. É lançado, por exemplo, em plantações para combater insetos, ervas daninhas, etc.
10 DDT (diclorodifeniltricloroetano): Pesticida que foi muito utilizado durante a Segunda Guerra Mundial, como forma
relação entre o meio ambiente e o crescimento econômico. Isso foi fundamental para realização de eventos para
proteção do meio ambiente que aconteceram em várias partes do mundo.
Mais adiante, em 1992, ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento, Rio 92, Cúpula da Terra ou Eco 92, na cidade do Rio
de Janeiro - Brasil. Na Rio 92 houve uma avaliação dos avanços mundiais desde a
Conferência de Estocolmo, em 1972, até aquele momento. Outro ponto importante foi a
aceitação do conceito de desenvolvimento sustentável divulgado em 1987 por meio do
Relatório de Brundtland. Isso resultou na elaboração de diversos documentos ou acordos:
Saiba mais
Para enriquecer seu conhecimento e entender melhor a Conferência Rio 92, assista no site
da ONU Brasil, o documentário “A Cúpula da Terra - Conferência da ONU sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (1992)”.
A partir dessas discussões pôde-se criar o Protocolo de Kyoto na terceira Conferência das
Partes (COP-3), em 1997, na cidade de Kyoto, no Japão, que estabelecia as metas de
redução de emissão de gases de efeito estufa, como o gás carbônico (CO2). No entanto,
dentre os principais emissores de gases de efeito estufa, somente os Estados Unidos não
ratificaram13 o Protocolo, alegando que isto influenciaria na economia do país.
SAIBA MAIS!
Para entender um pouco mais sobre a Conferências das Partes sobre Mudanças Climáticas
(COPs) acesse o site do Planalto do Governo “A história das conferências da ONU sobre
mudanças climáticas”.
12 Efeito estufa: Gases oriundos da queima de combustíveis fósseis, da decomposição dos resíduos sólidos, dentre outras
fontes. Responsáveis pela intensificação do efeito estufa, influenciando no aumento da temperatura média do planeta.
13 Ratificar: confirmar, aprovar.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Essa definição foi ampliada a partir de outros eventos globais, como a Conferência de
Johanesburgo (Rio+10) ou Cúpula de Johanesburgo, passando a ser definida como aquele
desenvolvimento que “procura a melhoria da qualidade de vida de todos os habitantes do
mundo sem aumentar o uso de recursos naturais além da capacidade da Terra”.
Saiba mais
Para saber mais sobre Desenvolvimento Sustentável consulte o artigo Sustentabilidade:
evolução e conceitos teóricos e os problemas da mensuração prática da autora Irina
Mikhailova e entenda um pouco mais sobre desenvolvimento sustentável.
O desenvolvimento sustentável é um processo de transformação da sociedade e que
requer mudanças nos padrões de produção e consumo. Muitas vezes, o uso desse termo
não reflete na prática seu significado, pois, para isso, é preciso romper paradigmas15 e
interesses particulares de organizações que acreditam que desta maneira colocariam em
risco seu padrão de desenvolvimento (CARMO, 2008).
Em outras palavras, para ocorrer o desenvolvimento sustentável é necessário a inclusão
de diversos aspectos e o empenho de atores sociais (governo, sociedade civil, população,
empresas) para que o mesmo se estabeleça. É um processo contínuo e requer mudanças
no padrão de desenvolvimento e de comportamento do homem em relação aos elementos
da natureza, ou seja, é importante repensar nossos padrões de produção e consumo.
14 Democrático: Do grego demo = povo e cracia = governo, ou seja, governo do povo. Um sistema democrático é
aquele em que as pessoas de um país podem participar da vida política. Dentro de uma democracia, as pessoas possuem
liberdade de expressão e manifestações de suas opiniões.
15 Paradigmas: que pode ser utilizado como padrão, modelo, exemplo.
Essa relação de produção e consumo é responsável pelo uso dos recursos da natureza,
com intuito de satisfazer nossas necessidades, além dos impactos ambientais associados
ao desenvolvimento dessas atividades e constitui um entrave ao desenvolvimento
sustentável. Logo, tanto as indústrias quanto o cidadão são atores importantes para
redução dos impactos no meio ambiente, e, para isso, deve-se ter o empenho de todos,
alinhando teoria e prática.
Portanto, quando nos referimos a desenvolvimento sustentável é primordial analisarmos
um indicador de sustentabilidade ambiental, que é Pegada Ecológica, que indica, por
meio de valores numéricos, o quanto o nosso padrão de produção e consumo está
demandando da natureza no que se refere ao uso de área bioprodutiva16. Cada unidade de
consumo é convertida em área bioprodutiva e posteriormente comparada com a
biocapacidade17 do planeta. Se estivermos consumindo mais área bioprodutiva do que o
planeta tem a oferecer, significa que estamos na contramão do desenvolvimento
sustentável.
Vale ressaltar que o poder aquisitivo de cada país tem uma relação direta com a sua
pegada ecológica. Um estudo realizado pela WWF (2012) apontou que em geral, os países
mais ricos possuem os maiores valores de pegada ecológica, conforme podemos observar
na tabela a seguir.
Colocação País Pegada Ecológica
(gha/pessoa)
1º Catar 11,68
3º Emirados Árabes Unidos 8,44
4º Dinamarca 8,25
5º Estados Unidos da América 7,19
56º Brasil 2,93
131º Índia 0,87
Fonte: WWF (2012)
O estudo realizado pela WWF (2012) informa que em 2008, a biocapacidade mundial era
de 1,8 gh18/pessoa. Se compararmos este valor com os dados da tabela chegamos a
conclusão de que a maior parte das nações estão adotando um padrão de produção e
16Área bioprodutiva: refere-se a uma área que possa produzir algo, a exemplo de área para agricultura.
17 Biocapacidade: quantidade de área bioprodutiva que o planeta possui.
18 GH: significa global hectare, uma conversão da unidade hectare realizada pelo método da Pegada Ecológica
consumo insustentável. Ou seja, é como se tivéssemos uma empresa e tivéssemos mais
despesas do que lucro.
Saiba mais
Para entender um pouco mais sobre este assunto leia a Cartilha “Pegada Ecológica: qual
é a sua?” dos autores Fabiano Scarpa e Ana Paula Soares.
Fique Alerta!
A Conferência de Estocolmo foi bem discutida no capítulo sobre Eventos Globais para
Proteção do Meio Ambiente. Qualquer dúvida retorne a este conteúdo para uma revisão!
Foi na década de 1980 que surgiram as primeiras políticas ambientais nacionais que
apresentavam, de forma mais clara, planejamentos, programas e projetos, o que
representou um grande salto para a questão ambiental brasileira. As propostas de defesa
do meio ambiente marcaram a segunda metade do século XX no Brasil, com o chamado
“crescimento sustentável”.
Saiba Mais!
Para uma consulta mais aprofundada, vale a pena analisar o capítulo da Constituição na
sua íntegra.
A Política Nacional de Meio Ambiente – PNMA foi criada antes da CF/88, apesar de ser
hierarquicamente inferior. Este fato ocorreu devido aos desdobramentos da Conferência
de Estocolmo, ocorrida em 1972, que motivou a criação de uma política voltada para a
realidade ambiental brasileira, que estivesse de acordo com os dispostos nos acordos
internacionais. A PNMA surgiu antes da reformulação do texto constitucional, e,
podemos afirmar que este fato contribuiu para a elaboração do posterior artigo 225 de
forma mais segura e abrangente. Veremos a seguir, alguns dispositivos desta lei.
Objetivos da PNMA
A PNMA tem o objetivo principal de tornar efetivo o direito de todos ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, ou seja, da qualidade ambiental propícia à vida das presentes
e das futuras gerações. É nesta política que se inicia o controle ambiental das atividades
empresariais públicas ou privadas, com foco na obrigação de recuperar e/ou indenizar os
danos causados ao meio ambiente.
O SISNAMA
O Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) foi criado em 1981 com o objetivo
de integrar as diferentes esferas legislativas do país, a união, os estados e os municípios.
Desta forma, construiu uma estrutura que fosse capaz de organizar as decisões e
fiscalizações no âmbito ambiental. O SISNAMA está dividido em seis grupos: órgão
superior, órgão consultivo e deliberativo19, órgão central, órgãos executores, órgãos
seccionais e órgãos locais. Observe cada um deles, conforme disposto na lei (BRASIL,
1981):
Órgão superior: o Conselho de Governo;
Órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA);
Saiba Mais!
Para ler o texto da PNMA, acesse o portal do Planalto que apresenta a Lei, na íntegra.
20Gestão Integrada: Conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar
as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a premissa do desenvolvimento
sustentável (BRASIL, 2010).
21 Gerenciamento: conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo,
tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente
adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de
gerenciamento de resíduos sólidos (BRASIL, 2010).
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL - SGA
Vimos no capítulo anterior a legislação que trata das questões ambientais, porque as
organizações devem estar preparadas para atender as obrigações legais, que também são
denominadas de requisitos legais. Mas de que maneira as empresas devem se preparar
para isso e ainda melhorar seu desempenho ambiental.
Etapas do SGA
1. Política Ambiental
2. Planejamento
A série ISO 14001:2004 recomenda que a organização formule o planejamento das ações,
estabelecendo um plano para cumprir sua Política Ambiental. Este plano deve incluir os
seguintes tópicos: aspectos e impactos ambientais, requisitos legais e outros requisitos,
objetivos e metas; e programas de gestão ambiental.
22
Política Ambiental: Intenções e princípios gerais de uma organização em relação ao seu desempenho
ambiental, conforme formalmente expresso pela alta administração.
3. Implementação e Operação
Nessa fase já estamos com a política ambiental da empresa definida e com os programas
ambientais elaborados, como um passo a passo para a implementação e operação de forma
a obter melhorias no desempenho ambiental da organização.
4. Verificação
Você sabia?
Com o parecer positivo da auditoria externa25 o certificado é emitido com validade de três
anos, e, após esse prazo a empresa passará por uma auditoria de recertificação, que
avaliará como a empresa tem implementado o SGA durante esse período.
Saiba mais
Leia a norma ABNT ISO 14001:2004 e aprofunde seus conhecimentos em cada etapa do
sistema de gestão ambiental.
Vimos neste capítulo como uma empresa pode tornar os seus processos mais eficientes,
com vistas à preservação ambiental. A ISO 14001:2004 é uma norma que vem auxiliar a
alta administração da empresa e padronizar a implantação de um Sistema de Gestão
Ambiental, que seja possível identificar o que não está ocorrendo como planejado e,
assim, melhorar continuamente para a garantia da proteção ambiental.
Conceitos iniciais
Para entender melhor do que trata o Processo de Marrakesh e o Plano de Ação para
Produção e Consumo Sustentáveis – PPCS, vamos compreender primeiro os seus dois
conceitos fundamentais:
26
Ciclo de vida: todo o processo da vida de um produto ou serviço, desde o projeto, extração de recursos,
concepção, até o descarte, reuso ou reaproveitamento.
Processo de Marrakesh
O Processo de Marrakesh recebeu este nome porque as decisões foram tomadas a partir
de uma reunião na cidade de Marrakesh localizada em Marrocos, na África. Coordenado
pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e pelo Departamento
de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas (UNDESA), o processo de
Marrakesh tinha o objetivo central de solicitar e incentivar que todos os países
participantes do processo, desenvolvam um Plano de Ação, o qual será compartilhado
com os demais países, em nível regional e mundial, contando com a participação de
agências de desenvolvimento, sociedade civil e das organizações privadas (Ministério do
Meio Ambiente, 2014).
Pode-se observar que o Processo Marrakesh criou uma estrutura para reunir as iniciativas
de diferentes regiões do mundo que inclui: a realização de reuniões regionais (para
delineamento de prioridades e estratégias), mesas-redondas27 (para ampliar as discussões)
e reuniões internacionais (para o delineamento28 efetivo das recomendações feitas nas
consultas) (PORTILHO E RUSSO, 2008).
Veremos a seguir como é atuação do Brasil no campo do Plano de Ação para Produção e
consumo Sustentáveis.
27 Mesas-redondas: espaços abertos de discussão norteados por moderadores, com foco em um tema de discussão.
28 Delineamento: traços gerais, descrição breve e sucinta.
Para o 1º Ciclo PPCS brasileiro foram escolhidas seis linhas prioritárias de atuação29,
essas linhas são:
De acordo com o documento, a escolha das linhas é estratégica para o alcance das metas,
pois, promovem um rápido avanço em direção às práticas mais sustentáveis de produção
e consumo (Ministério do Meio Ambiente, 2011). Não significa que outras práticas não
possam ser contempladas, inclusive por conta das divisões que estas linhas apresentam e
da revisão do documento após 2014.
Princípios norteadores
Saiba mais
O Governo Federal disponibilizou um site de consulta ao PPCS e seus desdobramentos.
Acesse: http://www.consumosustentavel.gov.br/
29
Linhas Prioritárias de Ação: De acordo com Teixeira (2011), ao selecionar tais prioridades, busca-se
privilegiar ações convergentes com os objetivos centrais do Plano, com responsabilidades e recursos
definidos, considerando também o momento atual e a capacidade de implementação dos diversos atores
envolvidos.
30
Transversalidade: Caráter ou qualidade transversal.
Muitos desafios são encontrados na mudança cultural e comportamental de uma
sociedade, por isso este primeiro ciclo do PPCS tem um papel de extrema relevância
social, ao conceber a disseminação deste plano e reunir o maior número possível de
documentos, casos e abordagens complementares. Mas, ainda assim, a aceitação é um
processo individual, tornando uma verdade o clichê31 “cada um faz a sua parte”.
31
Clichê: ideia, expressão repetida.
ÉTICA E CIDADANIA
O termo ética surgiu com os filósofos na Grécia Antiga, mais precisamente por Sócrates,
conhecido como o “pai da ética”. Segundo o dicionário de língua portuguesa Caldas
Aulete (2008), por sua vez, a ética aborda as questões ligadas aos valores morais, e estes,
por sua vez, se refletem diretamente na conduta dos cidadãos, estabelecendo um bom
comportamento.
Segundo Rolston (2007), a ética ambiental parte das preocupações humanas com a
qualidade ambiental, ou seja, consiste em teoria e prática sobre preocupação apropriada
com valores e deveres em relação ao mundo natural.
Mas como vivemos em comunidade é inevitável que existam conflitos, sendo necessário
que a sociedade reconheça, valorize e coloque em prática os princípios éticos. Para Boff
(2009), há quatro princípios que regem a ética e que asseguram um meio ambiente
saudável.
- O Cuidado - Essencial para uma relação saudável com o meio em que vivemos.
- A Responsabilidade Ilimitada - Somos responsáveis por nossos atos, pois nossas ações
provocam reações em toda a sociedade.
Cidadania
Devemos lembrar que a ética nos faz refletir que somos parte importante de um sistema,
nos faz tomar consciência que, vivendo em sociedade, temos deveres e direitos, e isso
tudo, nada mais é do que cidadania.
Saiba Mais
Para saber sobre os capítulos referentes aos direitos e deveres da Constituição Brasileira
visite os sites: Portal do Planalto e Portal Brasil.
Como cidadãos, devemos ter consciência de nossas responsabilidades, devemos nos sentir
responsáveis por tudo à nossa volta, pensar e agir de forma coletiva, em consonância a
nossos valores, princípios e normas, respeitando a vida e dignidade, para assegurar o bem
estar social.
Você Sabia
Existem duas importantes leis brasileiras: O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
e o Estatuto do Idoso. Essas leis tratam dos direitos e deveres dos idosos das crianças e
dos adolescentes.
Ao relacionarmos a cidadania com o direito à qualidade de vida e bem estar social, nos
faz questionar porque permitimos ou até contribuímos para que haja a destruição do meio
ambiente?
O Brasil, por exemplo, é um país rico em biodiversidade, visto que possuímos muitos
rios, dispomos juntos com a Argentina, o Uruguai e o Paraguai, da maior reserva de águas
subterrâneas do mundo (o Aquífero Guarani), favorecido pelo clima, com sol o ano inteiro
em grande parte do país, rico em formações geológicas como dunas e chapadões, e mesmo
assim, passamos agora por racionamento de água, de luz, sofremos constantemente com
apagão, secas prolongadas, fome, ou seja, mesmo com tanta riqueza vivemos em
desequilíbrio ambiental.
32
Cidadão: é aquela pessoa que participa, colabora e argumenta sobre as bases do direito. Em outras
palavras, é aquele que exerce seus direitos e deveres.
Essa crise ecológica é resultante do modelo de desenvolvimento insustentável focado em
consumo, com uma produção acelerada que busca alimentar o consumo desenfreado da
população (VIOLA, et. al., 2002). Lutar por um ambiente equilibrado e socialmente justo
é função de todos os seres humanos, surgindo daí um termo denominado cidadania
planetária.
A cidadania planetária estimula o agir local e o pensar global, nos torna solidários uns
com os outros e com o nosso meio e faz refletir os direitos humanos, propondo ações que
integrem educação, ética, cidadania e meio ambiente.
REFERÊNCIAS
BRAGA, B; et al. Introdução à Engenharia Ambiental, 2.ed., Prentice Hall, São Paulo,
2005.
MEIO. Revista Folha do Meio Ambiente. Em busca de um novo PIB para o próximo
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sobre Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU. 2014. Disponível em
<http://www.pactoglobal.org.br/Artigo/132/Pacto-Global-promove-consulta-online-
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REBOUÇAS, F. Desenvolvimento Econômico.s.d. Disponível em
http://www.infoescola.com/geografia/desenvolvimento-economico/. Acessado em 05 de
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STRUMPF, R. O Capital Natural. 2013. Instituto Ethos. Disponível em
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VIEIRA, C. da R., ALBERT, C.E. BAGOLIN, P.B. Crescimento e desenvolvimento
econômico do Brasil: uma análise comparativa da desigualdade de renda per capita
dos níveis educacionais. 2007. Disponível em:
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maio de 2010.
LAGO, André Aranha Corrêa do. Estocolmo, Rio, Johanesburgo: O Brasil e as três
conferências ambientais das Nações Unidas. Brasília: FUNAG, 2006, p. 27-28
PHITHON, T. T. S. Economia Verde: Uma nova proposta para manter o atual modelo
desigual de desenvolvimento. Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC.
Departamento de Ciências Econômicas. Monografia. 2013. 75 p.
SILVA, Solange Teles da. A ONU e a proteção do meio ambiente. In: MERCADANTE,
Araminta; MAGALHÃES, José Carlos de (orgs.). Reflexões sobre os 60 anos da ONU.
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BRASIL. Lei nº 12.305 de 2010. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política
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Acesso em: 9 jun. 2014.
Ministério do Meio Ambiente (MMA), 2011. Plano de Ação para Produção e Consumo
Sustentáveis - PPCS.