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VI
Planos Diretores de Municípios
Brasileiros: Um Olhar Panorâmico
Sobre a Experiência Recente
Heloisa Soares de Moura Costa1
Ana Lúcia Goyatá Campante2
Rogério Palhares Zschaber de Araújo3
1 – Introdução 1 2 3
173
e propostas vinculados a políticas específicas de meio ambiente stricto sensu, não
se incorporando nesta análise questões relativas a saneamento ambiental, ha-
bitação, mobilidade e uso do solo, temas claramente imbricados na dimensão
ambiental quando se adota um conceito ampliado de sustentabilidade urbano-
-ambiental, mas que foram objeto de outras análises setoriais. Assim, a análise
baseia-se principalmente nos resultados da sistematização, em cada estado, das
respostas dos municípios ao item V – “O Plano Diretor e a Política de Meio Am-
biente”, integrante da parte C – “Acesso a serviços e aos equipamentos urbanos,
com ênfase no acesso à habitação, ao saneamento ambiental e ao transporte e à
mobilidade do Roteiro para Avaliação dos Planos Diretores”.
O material disponível foi organizado a partir das principais questões colo-
cadas pelo questionário utilizado na elaboração dos 27 relatórios estaduais ana-
lisados, compondo cinco quadros-resumo, apresentados ao final do texto: o pri-
meiro abrange os sete estados integrantes da região Norte, distribuídos em duas
partes (parte A: Acre, Amapá, Amazonas; parte B: Pará, Rondônia e Roraima e
Tocantins); o segundo, os nove estados da região Nordeste, também dividindo-
-se em duas partes (parte A: Alagoas, Bahia, Ceará e Maranhão; parte B: Paraíba,
Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe); o terceiro, os entes fede-
rativos da região Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul; e os dois últimos contêm os estados remanescentes, ou seja, os
quatro estados da região Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e
São Paulo) e os três da região Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul).
Em termos metodológicos, cabe destacar que o trabalho realizado contou
com objetos de análise bastante heterogêneos, já que no material relativo a al-
guns estados houve a preocupação de constituir uma amostra representativa das
diversas faixas de tamanho populacional dos municípios, da distribuição espa-
cial no território estadual, da participação em programas do governo federal e da
escala de importância do PIB local. Assim, no caso de alguns estados, adotou-se
como amostra um número considerável de Planos, como, por exemplo, nos es-
tados do Norte-Nordeste: Pará, Maranhão e Bahia, onde foram avaliados entre
23 e 47 Planos Diretores; e nos do Sul-Sudeste: São Paulo, Minas Gerais e Paraná,
com, respectivamente, 92, 54 e 33 Planos analisados. Na região Centro-Oeste,
Goiás contou com 14 planos analisados. Já na região Norte, nos estados do Acre,
Amapá e Roraima foram avaliados somente os Planos Diretores das capitais.
Além disso, considerando que não houve acesso aos Planos Diretores,
mas às análises estaduais, deve-se ressaltar o fato de estas análises tratarem-se
de produtos diferenciados em termos de conteúdo – mais ou menos detalhado
Heloisa Soares de Moura Costa, Ana Lúcia Goyatá Campante, Rogério Palhares Zschaber de Araújo 175
Planos nos quais a questão ambiental é apresentada como periférica, sendo
previstas apenas disposições isoladas com conteúdo ambiental, como é o caso
de Planos Diretores citados na análise dos estados do Pará e do Mato Grosso.
Heloisa Soares de Moura Costa, Ana Lúcia Goyatá Campante, Rogério Palhares Zschaber de Araújo 177
Vários Planos referem-se à existência de Conselhos Municipais de Meio
Ambiente ou indicam a necessidade de criá-los, sendo que a prevalência de
Conselhos de Desenvolvimento Urbano ou das Cidades entre os órgãos cole-
giados propostos não parece, tampouco, refletir esforços de uma gestão inte-
grada de conflitos urbano-ambientais, dada a ausência de diretrizes explícitas
nessa direção. Em geral, os Planos Diretores analisados tratam a questão do
meio ambiente sob o prisma apenas da agenda verde, ou seja, da arborização
urbana e da preservação de espaços livres e unidades de conservação. Não
obstante a modernização do discurso claramente observada, com a sustenta-
bilidade das cidades ou dos territórios municipais sendo colocada como ob-
jetivo em praticamente todos os Planos Diretores, a grande maioria deles não
foi capaz de fazer a integração necessária com a chamada agenda marrom. É
como se lotear, construir e ocupar o espaço urbano fossem atividades “não
ambientais”, consideradas “espaço morto” (MONTE-MÓR, 1994), e somente
a ação de preservação, como sinônimo de “não ocupar” ou de “manter into-
cado” fosse afeita ao campo ambiental. Perspectivas mais contemporâneas de
interpretação da função social da propriedade para usos coletivos e ambien-
talmente importantes, como espaços para agricultura urbana, hortas e jardins
produtivos, por exemplo, não aparecem nos relatórios.
Exemplo desse conflito latente presente na abordagem ambiental de mui-
tos Planos Diretores é a existência de dispositivos que restringem a moradia
de interesse social e a regularização de assentamentos informais em áreas de
preservação, nem sempre associados à obrigatoriedade de reassentamento,
abrindo brechas para a utilização do discurso ambiental como reforço de me-
canismos de exclusão socioespacial.8
8 Para uma discussão das ambiguidades e dos conflitos que envolvem essa temática, ver
particularmente: Anais do Seminário Nacional sobre o Tratamento de Áreas de Preservação
Permanente em Meio Urbano e Restrições Ambientais ao Parcelamento do Solo, São Paulo:
FAU/USP, 2007 (CD-Rom).
Heloisa Soares de Moura Costa, Ana Lúcia Goyatá Campante, Rogério Palhares Zschaber de Araújo 179
2.4. Existência de metas e/ou propostas concretas e/ou espacializadas
Heloisa Soares de Moura Costa, Ana Lúcia Goyatá Campante, Rogério Palhares Zschaber de Araújo 181
No caso dos estados do Norte e do Nordeste, a necessidade de articulação
entre municípios situados fora de áreas metropolitanas ou regiões integradas
só foi mencionada em um Plano Diretor (no Acre), que reconheceu a bacia hi-
drográfica na qual se insere o município como uma referência a ser adotada na
definição de políticas territoriais, remetendo a futuros estudos suplementares
a definição e a concretização de políticas integradas.
Entre os municípios pertencentes a áreas metropolitanas ou a regiões in-
tegradas, a necessidade de articulação é posta como uma diretriz geral, sem se
indicar mecanismos para sua concretização. No caso do Paraná, por exemplo,
dos treze municípios inseridos em regiões metropolitanas, apenas Maringá
definiu objetivos concretos de gestão compartilhada de serviços metropoli-
tanos de interesse comum; e apenas outros sete incluíram essa possibilidade
em seus Planos Diretores. Já o Plano Diretor de Terezina propõe, ainda que
de forma genérica, a criação do Conselho Administrativo da Região Integrada
de Desenvolvimento da Grande Terezina, que envolveria municípios vizinhos
situados no estado do Maranhão.
Semelhante lacuna ocorre de forma generalizada em relação aos níveis de
governo estadual e federal, cuja integração é, em alguns casos, mencionada, sem,
contudo, ser estabelecido para quais projetos, programas ou ações a articulação
entre os níveis de governo é necessária. Embora por princípio constitucional ne-
nhuma legislação municipal possa contrariar uma lei maior (estadual ou munici-
pal), o Plano Diretor de Boa Vista – RR menciona especificamente a adoção dos
princípios do SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação - Lei Fede-
ral nº 9985/00), o Código Florestal (Lei Federal nº 4771/65), da Política Nacional
de Recursos Hídricos (Lei Federal nº 9.433/97) e da Lei que trata das Unidades de
Conservação (Lei federal nº 9.985/00), buscando compatibilizar-se com eles. O
licenciamento ambiental de empreendimentos cujo impacto extrapola os limites
municipais e a adequação da regulação municipal aos princípios preconizados
pela legislação ambiental nos níveis Federal e Estadual também se fazem presen-
tes em vários planos diretores de municípios do estado do Rio de Janeiro.
Heloisa Soares de Moura Costa, Ana Lúcia Goyatá Campante, Rogério Palhares Zschaber de Araújo 183
exceção a esse padrão, o Plano Diretor de Tangará da Serra, no Mato Grosso,
estabelece intervenções prioritárias, sendo algumas candidatas a recursos fe-
derais através do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC.
No Paraná, um terço dos Planos Diretores analisados atribui o exercício
de priorização de intervenções às Conferências das Cidades, sem deixar clara a
vinculação desse instrumento participativo com o orçamento municipal.
3 – Considerações finais
Heloisa Soares de Moura Costa, Ana Lúcia Goyatá Campante, Rogério Palhares Zschaber de Araújo 185
dos planos analisados não reflete os avanços propiciados em nível federal pela
regulação ambiental, no sentido da utilização de instrumentos de ordenamento
do uso e da ocupação do solo, de controle da poluição, da gestão dos recursos
hídricos e do licenciamento ambiental de empreendimentos de impacto.
No caso específico do Estatuto da Cidade, no que se refere à introdução
de instrumentos de política urbana mais afeitos à gestão ambiental do espaço
urbano, destaca-se o Estudo de Impacto na Vizinhança (EIV) anterior à obten-
ção de licenças ou autorizações de construção, ampliação ou funcionamento
de empreendimentos e atividades públicos ou privados que, por definição de
Lei Municipal, sejam considerados potencialmente prejudiciais à qualidade de
vida da população residente na área e em suas proximidades. O Estatuto da Ci-
dade estabeleceu também que a elaboração do EIV não substitui a elaboração
e a aprovação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA), requerida nos termos
da legislação ambiental.
Contudo, como mostra Bassul (2005), tanto o dispositivo do Estudo de
Impacto de Vizinhança como a referência ao EIA não constavam nem dos
antecedentes, nem das versões originais do Estatuto da Cidade, cujo cerne é
constituído pelos princípios defendidos pelo Movimento Nacional pela Refor-
ma Urbana, dos quais a questão ambiental esteve sempre distante.10 A inclu-
são do conceito de desenvolvimento sustentável e de instrumentos de gestão e
controle ambientais, incluindo o EIV, o EIA-RIMA, o Zoneamento Ambiental
e o estabelecimento de unidades de conservação, só foi efetivada posterior-
mente, através de substitutivo proposto pelo então deputado Fábio Feldmann,
dispositivo que viria a perder, em 2000, parte de sua dimensão participativa
por causa da supressão da obrigatoriedade de realização de audiências públi-
cas antes da aprovação do texto final, em 2001.
recentes entre sociedade e natureza, intitulados pelo autor respectivamente como “mode-
lo contra-cultural” e “modelo utilitário”. O primeiro surge a partir do questionamento dos
padrões de consumo fordistas, que justificam o sistema hegemônico de apropriação dos re-
cursos naturais. O segundo refere-se às estratégias para se garantir a continuação da acumu-
lação capitalista através da economia de matéria prima e energia necessárias à manutenção
da produção, apoiadas pela retórica do desenvolvimento sustentável. Cf. ACSELRAD, 2008.
10 Da reconstituição do longo histórico que envolve a concepção, a tramitação e a aprovação
do Estatuto da Cidade realizado por Bassul (cit.), fica comprovada a ausência do discurso
ambiental na formulação dos princípios norteadores da Emenda Popular pela Reforma
Urbana Número 63/1987 e do Projeto de Lei do Estatuto da Cidade (PL N° 181), voltados
principalmente para a recuperação da mais-valia imobiliária promovida pela urbanização,
a separação do direito de propriedade do direito de construir, a garantia da função so-
cial da propriedade e dos direitos de moradia, a regularização fundiária, o ordenamento
urbanístico e a participação popular na elaboração de planos, projetos e programas de
desenvolvimento urbano.
Heloisa Soares de Moura Costa, Ana Lúcia Goyatá Campante, Rogério Palhares Zschaber de Araújo 187
4 – Sistematização do conteúdo ambiental nos relatórios estaduais
Heloisa Soares de Moura Costa, Ana Lúcia Goyatá Campante, Rogério Palhares Zschaber de Araújo
Propostas espacializadas no macrozone-
Existência de metas e/ou Há diretrizes espacializadas através do macrozoneamento,
amento e zoneamento, e diretrizes para As diretrizes são espacializadas, mas
propostas concretas e/ou mas não há metas explicitadas através de objetivos concre-
APPs. Não há metas, definição de prazos não as metas.
189
espacializadas. tos.
e responsabilidades.
Quadro 1A: Síntese da abordagem ambiental contida em Planos Diretores Municipais de estados da região Norte (2/3)
190
Regiões/Estados Norte
Indicadores de conteúdo Acre Amapá Amazonas
Efetividade das propos-
O macrozonemento é autoaplicável, outras di-
tas: autoaplicabilidade ou Nenhuma autoaplicabilidade. Exigência de
Parte das propostas é autoaplicável (zoneamen- retrizes são remetidas ao desenvolvimento de
encaminhamento dos ins- regulamentação complementar: parâme-
to). Outra parte depende de Lei complementar planos e programas setoriais têm prazo definido
trumentos via legislação tros, projetos, programas etc.
em cinco municípios.
específica
Articulação intermunici- Proposta de articular com municípios da região Apenas no caso de Manaus, de forma genérica,
A proposta, de modo geral, é de articulação
pal e/ou com os níveis de e com o Estado o uso racional dos recursos hí- com destaque para a gestão de interesses metro-
com todos os níveis de governo.
governo estadual e federal. dricos e bacias hidrográficas politanos comuns.
São definidas ações prioritárias para a estra- Não há definição de prioridades nem mecanis-
Existência de priorização tégia ambiental proposta e ações prioritárias mos permanentes para que isso seja feito, à ex-
Nenhuma priorização
de intervenções. por subzonas, mas sem metas concretas ou ceção do orçamento participativo proposto em
definição de prazos. dois municípios
Fonte: Pesquisa Nacional de Avaliação dos Planos Diretores Participativos: Relatórios Estaduais dos Estados do Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia,
Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio
Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e do Distrito Federal, 2010.
Heloisa Soares de Moura Costa, Ana Lúcia Goyatá Campante, Rogério Palhares Zschaber de Araújo
191
Quadro 1B: Síntese da abordagem ambiental contida em Planos Diretores Municipais de estados da região Norte (1/4)
192
Regiões/Estados Norte
Heloisa Soares de Moura Costa, Ana Lúcia Goyatá Campante, Rogério Palhares Zschaber de Araújo
Articulação inter muni- Apenas como diretriz geral, não há Em dois municípios são definidos ape-
cipal e/ou com os níveis menção a situações em que deve ocor- nas princípios que visem à ação articu-
Sem informação
de governo estadual e fe- rer. Menção a Leis federais a serem lada com os níveis de governo estadual
193
deral. observadas. e federal.
194
Quadro 1B: Síntese da abordagem ambiental contida em Planos Diretores Municipais de estados da região Norte (3/4)
Regiões/Estados Norte
Indicadores
Pará Rondônia Roraima Tocantins
de conteúdo
Existência de Nenhum Plano Diretor determina prioridades de inves- Nenhum dos planos define priori-
priorização de timentos na área ambiental a serem obedecidas no PPA, Nenhuma. Nenhuma priorização dades de políticas públicas e inves-
intervenções. LOA e LDO. timentos em obras estruturantes.
Fonte: Pesquisa Nacional de Avaliação dos Planos Diretores Participativos: Relatórios Estaduais dos Estados do Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia,
Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio
Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e do Distrito Federal, 2010.
Heloisa Soares de Moura Costa, Ana Lúcia Goyatá Campante, Rogério Palhares Zschaber de Araújo
195
Quadro 2A: Síntese da abordagem ambiental contida em Planos Diretores Municipais de estados da região Nordeste (1/5)
196
Regiões/Estados Nordeste
Indicadores
Alagoas Bahia Ceará Maranhão
de conteúdo
Quarenta e sete municípios, com ampla
Vinte e dois municípios
representatividade regional. 50% deles Vinte e cinco municípios ana-
foram considerados na
situados em espaços rurais de elevada lisados e um – São Luís – estu-
Onze municípios analisados. Não análise. Vários com taxa
Universo de análise desigualdade e pobreza. Oito municípios do de caso. Critério: diversifi-
houve estudo de caso. de urbanização inferior
são centros regionais relevantes. Dezes- cação em termos de tamanho
a 50% Dois estudos de
seis apresentam taxa de urbanização su- de população e localização.
caso.
perior a 75%.
Regiões/Estados Nordeste
Heloisa Soares de Moura Costa, Ana Lúcia Goyatá Campante, Rogério Palhares Zschaber de Araújo
onze PDs analisados. mônio e ao meio ambiente. lei).
regulamentação.
Em termos de metas concretas, 17% dos
planos as instituem (8 em 47).
197
198
Quadro 2A: Síntese da abordagem ambiental contida em Planos Diretores Municipais de estados da região Nordeste (3/5)
Regiões/Estados Nordeste
Indicadores
Alagoas Bahia Ceará Maranhão
de conteúdo
Informações insuficientes: ao Não há autoaplicabilidade
Efetividade das
Não há autoaplicabilidade, visto que longo da análise, fala-se em em relação à política de meio
propostas: auto
não há política ambiental explícita Há pouca informação sobre autoaplicabilidade “alto” grau de aplicabilidade; ambiente. Todos os Planos re-
aplicabilidade ou
em nenhum PD. Maceió, contudo, nas propostas sobre meio ambiente. Dos PDs que já na conclusão, fala-se em metem a ações para legislação
encaminhamento
já possuía Lei Ambiental que se re- preveem EIV, nove são autoaplicáveis e 12 reme- “baixo”, de maneira geral e específica, decisões de conse-
dos instrumentos
laciona, por vezes, com instrumentos tem para legislação específica. com encaminhamento para lhos, elaboração de diagnósti-
via legislação es-
previstos no PD. leis posteriores sem definição cos municipais ou revisão do
pecífica.
de prazos. orçamento.
Regiões/Estados Nordeste
Indicadores
Alagoas Bahia Ceará Maranhão
de conteúdo
Quatro municípios contam com Treze planos não abordam a Em 33 dos 35 casos foram previstos Con-
Conselho Municipal de Meio questão do controle social da selhos das Cidades, de Desenvolvimento
Mecanismos de controle social das ini-
Ambiente. Todos citam audi- política do meio ambiente. 5 de- Urbano ou de Desenvolvimento Munici-
ciativas relativas à questão habitacional
ências públicas, mas só cinco legam sua regulamentação para pal. Em 20 dos 33 PDs os Conselhos têm
são instituídos em 55% dos planos ana-
definem a obrigatoriedade da lei posterior. Quatro tratam o caráter deliberativo; cinco têm caráter de-
Definição dos lisados – 26 de 47. Mecanismos de con-
mesma. Também cinco PDs ci- tema de maneira genérica. De liberativo e consultivo; quatro são apenas
instrumentos e trole social referentes ao meio ambiente
tam genericamente consultas modo geral, oito municípios pre- consultivos; e, em cinco casos, o caráter
mecanismos de foram estabelecidos em 36 dos 47 planos
populares, embora três atrelem- veem formas e instrumentos de do conselho não estava definido ou foi
participação e analisados, ou 77% dos casos, patamar
-nas a questões relatadas no PD controle através de mecanismos remetido a lei específica. Quanto à com-
controle social. bastante superior à média das outras po-
de São Paulo. As Conferências variados, como audiências, deba- posição, somente em 12 casos há maioria
líticas setoriais aqui analisadas. Há pre-
aparecem citadas em dez PDs, tes, conferências etc. Entre os que da sociedade civil. Dez casos preveem
visão de Conselhos de Meio Ambiente
recebendo qualificações distin- criam Conselhos, apenas quatro representação paritária e três casos têm
em 25 PDs.
tas, muito genéricas e com clara tratam do caráter deliberativo maioria do Poder Público. Em nove casos
Heloisa Soares de Moura Costa, Ana Lúcia Goyatá Campante, Rogério Palhares Zschaber de Araújo
influência do PD de São Paulo. (três deles) ou consultivo (um). a composição não foi definida.
199
200
Quadro 2A: Síntese da abordagem ambiental contida em Planos Diretores Municipais de estados da região Nordeste (5/5)
Regiões/Estados Nordeste
Fonte: Pesquisa Nacional de Avaliação dos Planos Diretores Participativos: Relatórios Estaduais dos Estados do Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia,
Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio
Regiões/Estados Nordeste
Indicadores
Paraíba Pernambuco Piauí Rio Grande do Norte Sergipe
de conteúdo
Heloisa Soares de Moura Costa, Ana Lúcia Goyatá Campante, Rogério Palhares Zschaber de Araújo
seja avaliado.
caráter regional ações de desenvolvimento
regional.
201
Quadro 2B: Síntese da abordagem ambiental contida em Planos Diretores Municipais de estados da região Nordeste (2/6)
202
Regiões/Estados Nordeste
Regiões/Estados Nordeste
Não há autoaplicabilida-
de em relação à política
de meio ambiente. Em 22
Não há autoaplicabilidade Não há autoaplicabilida-
À exceção de alguns ins- municípios a questão do
em nenhum dos elemen- de, mesmo para o zonea-
trumentos do PD de João meio ambiente aparece Dentre os seis Planos Di-
Efetividade das propostas: au- tos específicos. Em geral mento, já que a delimita-
Pessoa, não há autoa- como prioridade. Quanto retores analisados, apenas
toaplicabilidade ou encaminha- são definidas diretrizes ção das manchas lançadas
plicabilidade, e somente a prever políticas de meio um (Extremoz) apresenta
mento dos instrumentos via le- genéricas, sem detalha- nos Planos Diretores é
um município remete as ambiente, 15 Planos Di- proposições autoaplicá-
gislação específica. mento, sempre remetendo encaminhada para a ela-
questões para a lei com- retores preveem políticas veis.
a legislação complemen- boração das leis de uso e
plementar. não autoaplicáveis, sete
tar específica. ocupação do solo.
Planos Diretores apenas
citam, e outros dez preve-
em ações dispersas.
Heloisa Soares de Moura Costa, Ana Lúcia Goyatá Campante, Rogério Palhares Zschaber de Araújo
203
Quadro 2B: Síntese da abordagem ambiental contida em Planos Diretores Municipais de estados da região Nordeste (4/6)
204
Regiões/Estados Nordeste
Regiões/Estados Nordeste
A preservação ambiental
foi considerada priori-
Nenhum dos Planos Di-
tária em vários Planos
retores analisados indica
Existência de priorização Diretores, mas não há Nenhum deles refere-se
ou elege ações prioritá- Não. Não.
de intervenções. explicitação das inter- à priorização.
rias e ou define priorida-
venções ou dos mecanis-
des de investimentos.
mos de estabelecimento
de prioridades.
Somente dois planos
Somente em um caso
apresentam aponta- Dentre os seis Planos Somente em um muni-
houve a menção à cria-
mentos específicos so- Diretores analisados, um cípio (Tobias Barreto)
ção do Conselho Muni-
bre Conselho de Meio (Natal) define instru- houve menção à criação
cipal de Meio Ambiente,
Ambiente, mas sem mentos e mecanismos do Conselho Municipal
sem, contudo, definir
detalhamento sobre o de controle social na po- de Meio Ambiente, sem,
composição ou formas
funcionamento dos mes- lítica de meio ambiente contudo, definir compo-
de regulamentação. A
mos. Um Plano Diretor (Conselho Municipal sição ou formas de regu-
Definição dos instrumentos e maioria dos Planos Dire-
aponta para a realização de Planejamento Ur- lamentação. Em todos os
mecanismos de participação tores institui Conselhos
das Conferências de De- bano e Meio Ambiente Planos Diretores estuda-
e controle social. voltados para o contro-
senvolvimento Urbano – CONPLAM). Os de- dos foram previstos Con-
le de políticas públicas,
e de Audiências Públi- mais Planos Diretores selhos das Cidades ou de
mas não os regulamenta;
cas, e outro estabelece a definem o Conselho de Desenvolvimento Urba-
somente João Pessoas
criação do Fórum Mu- Desenvolvimento Ur- no, com caráter delibera-
define a composição dos
nicipal, órgão colegiado bano ou Conselho das tivo (três municípios) ou
Conselhos de Desenvol-
de deliberação superior Cidades como instância deliberativo e consultivo
vimento Urbano e da
do Sistema Municipal de principal de controle. (demais municípios).
Cidade.
Planejamento.
Heloisa Soares de Moura Costa, Ana Lúcia Goyatá Campante, Rogério Palhares Zschaber de Araújo
205
206
Quadro 2B: Síntese da abordagem ambiental contida em Planos Diretores Municipais de estados da região Nordeste (6/6)
Regiões/Estados Nordeste
Fonte: Pesquisa Nacional de Avaliação dos Planos Diretores Participativos: Relatórios Estaduais dos Estados do Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia,
Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio
Regiões/Estados Estados
Indicadores de conteúdo Distrito Federal Goiás Mato Grosso Mato Grosso do Sul
Heloisa Soares de Moura Costa, Ana Lúcia Goyatá Campante, Rogério Palhares Zschaber de Araújo
Articulação entre as dire-
trizes de meio ambiente e Não há informação. Não há informação. Não há informação. Não há informação.
207
outras políticas setoriais.
Quadro 3: Síntese da abordagem ambiental contida em Planos Diretores Municipais dos estados da região Centro-Oeste (2/4)
208
Regiões/Estados Estados
Indicadores de conteúdo Distrito Federal Goiás Mato Grosso Mato Grosso do Sul
Quadro 3: Síntese da abordagem ambiental contida em Planos Diretores Municipais dos estados da região Centro-Oeste (4/4)
Regiões/Estados Estados
Indicadores de conteúdo Distrito Federal Goiás Mato Grosso Mato Grosso do Sul
A ausência da dimensão O estado é marcado por grande comple- Os Planos Diretores analisados restringem-
A política ambiental é ma-
territorial expressa uma xidade ambiental, sendo composto pelo -se à definição de diretrizes genéricas e à
nifestada de maneira gené-
visão fragmentada do pantanal, pela floresta amazônica e por delimitação de áreas de interesse ambiental.
Observações finais. rica, sem expressão terri-
desenvolvimento urba- formações de cerrado, fato que, de maneira Não há instrumentos de gestão, tais como
torial e sem considerar as
Heloisa Soares de Moura Costa, Ana Lúcia Goyatá Campante, Rogério Palhares Zschaber de Araújo
no e de suas consequên- geral, não é traduzido pelos Planos Direto- licenciamento ambiental, EIV e instituição
especificidades locais.
cias no meio ambiente. res analisados. de APAs, ou adoção de códigos ambientais.
Fonte: Pesquisa Nacional de Avaliação dos Planos Diretores Participativos: Relatórios Estaduais dos Estados do Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia,
209
Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio
Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e do Distrito Federal, 2010.
210
Quadro 4: Síntese da abordagem ambiental contida em Planos Diretores Municipais de estados da região Sudeste (1/4)
Regiões/Estados Sudeste
Indicadores
Minas Gerais Espírito Santo Rio de Janeiro São Paulo
de conteúdo
Noventa e dois municípios analisados,
Treze municípios analisados segun-
selecionados segundo porte/faixa po-
do porte/faixa populacional e meso
pulacional, localização no contexto do
Cinquenta e quatro regiões, sendo quatro metropolita-
Vinte e oito planos analisados, referentes a território estadual (regiões metropoli-
Universo municípios analisados, nos: Vitória Cariacica, Vila Velha,
municípios com tipologias diversas e diferen- tanas, zona litorânea, norte-noroeste e
analisado. segundo porte/faixa po- Guarapari, Cachoeiro, Colatina,
tes graus de urbanização. sul-sudeste) e por serem municípios que
pulacional. Linhares, Pinheiros, São Gabriel de
definiram ZEIS e Conselhos Gestores de
Palha, Conceição da Barra, Afonso
Política Urbana em seus PDs e que ob-
Claudio, Santa Tereza e Anchieta.
tiveram recursos do PAC e do FNHIS.
Heloisa Soares de Moura Costa, Ana Lúcia Goyatá Campante, Rogério Palhares Zschaber de Araújo
Reduzido grau de efetividade.
dos instrumentos 78% dos municípios. áreas de restrição ambiental (em 17 Planos)
via legislação es- e unidades de conservação (em 13 Planos)
pecífica. através de zoneamento.
211
212
Quadro 4: Síntese da abordagem ambiental contida em Planos Diretores Municipais de estados da região Sudeste (3/4)
Regiões/Estados Sudeste
Indicadores de conteúdo Minas Gerais Espírito Santo Rio de Janeiro São Paulo
Regiões/Estados Sudeste
Indicadores de conteúdo Minas Gerais Espírito Santo Rio de Janeiro São Paulo
Fonte: Pesquisa Nacional de Avaliação dos Planos Diretores Participativos: Relatórios Estaduais dos Estados do Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia,
Heloisa Soares de Moura Costa, Ana Lúcia Goyatá Campante, Rogério Palhares Zschaber de Araújo
Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio
Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e do Distrito Federal, 2010.
213
Quadro 5: Síntese da abordagem ambiental contida em Planos Diretores Municipais de estados da região Sul (1/3)
214
Regiões/Estados Sul
Indicadores
Paraná Santa Catarina Rio Grande do Sul
de conteúdo
Quarenta e dois Planos de municípios analisados. Fo-
Trinta e três Planos Diretores analisados. Dois foram
Universo analisado. Vinte e quatro municípios analisados. ram realizados dois estudos de caso: Bagé e Porto Ale-
objeto de estudos de caso: Curitiba e Maringá.
gre.
Existência de diretri- O relatório estadual mostra que há diretrizes e metas
Em dezoito dos trinta e três municípios foram defini-
zes específicas para a Diretrizes e objetivos específicos em estabelecidas para se alcançar a sustentabilidade am-
dos objetivos e metas para a política do meio ambien-
política de meio am- 79% dos municípios. biental em 31 Planos Diretores de municípios, mas não
te, porém esses objetivos e metas são genéricos.
biente. detalhas quais são eles.
Existência de trata-
mento específico de O estado tem COREDES – Conselhos Regionais de
Não há informação. Não há informação.
questões de caráter Desenvolvimento – em funcionamento.
regional
Articulação entre as De modo geral, os Planos Diretores analisados não Em 29 Planos Diretores (69% deles) há a preocupação
diretrizes de meio apresentam integração entre as políticas setoriais. As com a integração de políticas setoriais, sendo que em
Não há informação.
ambiente e outras diretrizes e ações definidas referem-se a questões es- 15 há mecanismos específicos para a viabilização de tal
políticas setoriais. pecíficas de cada setor. integração.
Em 25 municípios analisados (59% do total) os Planos
Na maioria dos Planos Diretores (25 deles) foram de- Instrumentos específicos definidos
Definição de instru- Diretores preveem o EIV, que deverá ser detalhado em
finidos instrumentos voltados para a sustentabilidade em 54% dos municípios: zonas de
mentos específicos legislação posterior. Há diretrizes e metas estabeleci-
ambiental. Os instrumentos mais utilizados referem- proteção ambiental e áreas especiais;
visando que visem à das para se alcançar a sustentabilidade ambiental em
-se ao zoneamento ambiental, com delimitação de licenciamento ambiental; programas
sustentabilidade am- 31 Planos Diretores de municípios. Entretanto, apenas
áreas para a conservação dos recursos naturais e para de educação ambiental; e monitora-
biental. dez estabelecem metas concretas para tal fim. Não há
a recuperação e proteção dos recursos hídricos. mento de parâmetros ambientais.
menção no relatório de quais são essas metas.
Existência de dispo- Em áreas de risco: programas de re- Há restrições à construção de habitação de interesse
sitivos restritivos à gularização fundiária em quatro mu- social, restrições essas apoiadas em possíveis impac-
Não há informação.
moradia de interesse nicípios – Camboriú, Xanxerê, Cha- tos causados ao meio ambiente, em 12 (29%) Planos
Previsão de fundo específico em nove municí- Vinte e cinco Planos Diretores preveem um fundo
pios; oito municípios com definição da origem Cinco municípios instituem fun- de desenvolvimento urbano, com destinações espe-
Instituição de fundo específico
dos recursos; oito municípios com conselho dos específicos de meio ambiente, cíficas de recursos. Entre esses 25, em 17 há destina-
de meio ambiente e de suas fon-
participativo para gestão do fundo; e seis mu- mas apenas um (Penha) define a ção de recursos especificamente para meio ambien-
tes de recursos.
nicípios com diretrizes definidas para utilização origem dos recursos. te. Caxias do Sul e Triunfo têm fundo específico de
dos recursos. meio ambiente.
Heloisa Soares de Moura Costa, Ana Lúcia Goyatá Campante, Rogério Palhares Zschaber de Araújo
Existência de priorização de in-
priorização de intervenções é atribuído às Con- Não há informação. Não há informação.
tervenções.
ferências das Cidades.
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Quadro 5: Síntese da abordagem ambiental contida em Planos Diretores Municipais de estados da região Sul (3/3)
Regiões/Estados Sul
Heloisa Soares de Moura Costa, Ana Lúcia Goyatá Campante, Rogério Palhares Zschaber de Araújo 217