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ELETRÔNICA E LABORATÓRIO

DE ELETRÔNICA II

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Meu nome é Moisés Fernando Vincenso, sou licenciado


em Engenharia Elétrica com ênfase em Eletrotécnica e
Eletroeletrônica pelas Faculdades Integradas Einstein de Limeira
(FIEL). Possuo pós-graduação em Administração de Empresas
pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Atualmente, sou professor
de Eletrônica, Laboratório de Eletrônica e Controle Dinâmico
nas Faculdades Claretianas de Rio Claro.
E-mail: moisesvincenso@claretianorc.com.br
Moisés Fernando Vincenso

ELETRÔNICA E LABORATÓRIO
DE ELETRÔNICA II

Batatais
Claretiano
2017
© Ação Educacional Claretiana, 2016 – Batatais (SP)
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição
na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito
do autor e da Ação Educacional Claretiana.

Reitor: Prof. Dr. Pe. Sérgio Ibanor Piva


Vice-Reitor: Prof. Dr. Pe. Cláudio Roberto Fontana Bastos
Pró-Reitor Administrativo: Pe. Luiz Claudemir Botteon
Pró-Reitor de Extensão e Ação Comunitária: Prof. Dr. Pe. Cláudio Roberto Fontana Bastos
Pró-Reitor Acadêmico: Prof. Ms. Luís Cláudio de Almeida
Coordenador Geral de EaD: Prof. Ms. Evandro Luís Ribeiro

CORPO TÉCNICO EDITORIAL DO MATERIAL DIDÁTICO MEDIACIONAL


Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
Preparação: Aline de Fátima Guedes • Camila Maria Nardi Matos • Carolina de Andrade Baviera
• Cátia Aparecida Ribeiro • Dandara Louise Vieira Matavelli • Elaine Aparecida de Lima Moraes
• Josiane Marchiori Martins • Lidiane Maria Magalini • Luciana A. Mani Adami • Luciana dos
Santos Sançana de Melo • Patrícia Alves Veronez Montera • Raquel Baptista Meneses Frata •
Simone Rodrigues de Oliveira
Revisão: Eduardo Henrique Marinheiro • Filipi Andrade de Deus Silveira • Rafael Antonio
Morotti • Rodrigo Ferreira Daverni • Vanessa Vergani Machado
Projeto gráfico, diagramação e capa: Bruno do Carmo Bulgarelli • Joice Cristina Micai • Lúcia
Maria de Sousa Ferrão • Luis Antônio Guimarães Toloi • Raphael Fantacini de Oliveira • Tamires
Botta Murakami
Videoaula: André Luís Menari Pereira • Bruna Giovanaz • Marilene Baviera • Renan de Omote
Cardoso

INFORMAÇÕES GERAIS
Cursos: Graduação
Título: Eletrônica e Laboratório de Eletrônica II
Versão: dev./2017
Formato: 15x21 cm
Páginas: 197 páginas
SUMÁRIO

CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 9
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS............................................................................. 13
3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE................................................................ 16
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 17
5. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 17

Unidade 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS


1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 21
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA.............................................................. 21
2.1. VANTAGEM DA AMPLIFICAÇÃO DIFERENCIAL DE SINAIS.................... 22
2.2. ANÁLISE CA PARA PEQUENOS SINAIS DE UM AMPLIFICADOR
EMISSOR COMUM COM BJT.................................................................... 25
2.3. AMPLIFICADOR DIFERENCIAL COM BJT EM PEQUENOS SINAIS.......... 32
2.4. COMPORTAMENTO DO AMPLIFICADOR DIFERENCIAL
COM BJT EM GRANDES SINAIS................................................................ 36
2.5. AMPLIFICADOR DIFERENCIAL COM CARGA ATIVA................................ 38
2.6. ANÁLISE CA PARA PEQUENOS SINAIS DE UM AMPLIFICADOR
SOURCE COMUM COM MOSFET............................................................. 47
2.7. ESPELHOS DE CORRENTE COM MOSFET................................................ 51
2.8. AMPLIFICADOR DIFERENCIAL COM MOSFET EM PEQUENOS SINAIS. 53
2.9. COMPORTAMENTO DO AMPLIFICADOR DIFERENCIAL
COM MOSFET EM GRANDES SINAIS....................................................... 60
2.10. AMPLIFICADOR DIFERENCIAL COM MOSFET E CARGA ATIVA........... 61
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR................................................................. 65
3.1. VANTAGEM DA AMPLIFICAÇÃO DIFERENCIAL DE SINAIS .................... 65
3.2. ANÁLISE CA PARA PEQUENOS SINAIS DE UM AMPLIFICADOR
EMISSOR COMUM COM BJT.................................................................... 65
3.3. AMPLIFICADOR DIFERENCIAL COM MOSFET EM PEQUENOS
SINAIS ....................................................................................................... 66
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 66
5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 67
6. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 68
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 68

Unidade 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)


1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 71
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA.............................................................. 71
2.1. RETIFICADORES DE PRECISÃO COM OPAMP......................................... 72
2.2. COMPARADORES SCHIMITT TRIGGER.................................................... 77
2.3. GERADORES DE ONDA DENTE DE SERRA............................................... 83
2.4. CONTROLADORES P, I, D E PID COM OPAMP......................................... 95
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR................................................................. 110
3.1. AMPLIFICADORES OPERACIONAIS – UFLA............................................. 110
3.2. CIRCUITOS RETIFICADORES E GRAMPEADORES................................... 111
3.3. ESTUDO DE CONTROLADORES ELETRÔNICOS BÁSICOS VIA
AMPLIFICADORES OPERACIONAIS.......................................................... 111
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 112
5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 113
6. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 113
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 114

Unidade 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA


1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 117
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA.............................................................. 117
2.1. CIRCUITOS RETIFICADORES NÃO CONTROLADOS................................ 118
2.2. CIRCUITOS RETIFICADORES CONTROLADOS......................................... 135
2.3. CONTROLE DE POTÊNCIA PARA CARGAS AC.......................................... 145
2.4. CONTROLE PWM – PULSE WIDTH MODULATION................................. 152
2.5. AMPLIFICADORES CLASSE D................................................................... 159
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR................................................................. 162
3.1. CIRCUITOS RETIFICADORES CONTROLADOS E NÃO CONTROLADOS . 162
3.2. CONTROLE PWM – PULSE WIDTH MODULATION................................. 163
3.3. AMPLIFICADORES CLASSE D................................................................... 163
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 164
5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 164
6. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 166
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 166

Unidade 4 – CIRCUITOS PRÁTICOS E GERADORES DE FORMAS DE ONDA


COM CI555
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 169
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA.............................................................. 169
2.1. CIRCUITO ANALÓGICO-DIGITAL (CI) 555................................................ 170
2.2. MULTIVIBRADOR MONOESTÁVEL COM 555......................................... 176
2.3. MULTIVIBRADOR BIESTÁVEL COM 555................................................... 181
2.4. MULTIVIBRADOR ASTÁVEL COM 555...................................................... 182
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR................................................................. 194
3.1. MULTIVIBRADOR MONOESTÁVEL COM 555.......................................... 194
3.2. MULTIVIBRADOR ASTÁVEL COM 555...................................................... 194
3.3. CIRCUITO ANALÓGICO-DIGITAL (CI) 555................................................ 195
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 196
5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 196
6. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 197
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 197
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Conteúdo––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Amplificador Diferencial com Transistor Bipolar (BJT) e Operação a grandes e peque-
nos sinais. Par diferencial com carga ativa e utilizando Transistores de Efeito de Campo
(FETs). Estágios de saída e circuitos de potência. Tipos de estágios de saída, Amplifica-
dor Operacional (OPAMP) Ideal e Real. Circuitos com OPAMP. Geradores de forma de
onda. Circuitos osciladores, Circuitos práticos com o CI 555.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Bibliografia Básica
ASHFAQ, A. Eletrônica de potência. São Paulo: Pearson Prentice Hall do Brasil, 2000.
BOYLESTAD, R. L.; NASHELSKI, L. Dispositivos eletrônicos e teoria de circuitos. 8. ed. São
Paulo: Pearson Prentice Hall do Brasil, 2004.
PERTENCE JR., A. Eletrônica Analógica – amplificadores operacionais e filtros ativos:
teoria, projetos, aplicações e laboratório. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2003.

Bibliografia Complementar
BATES, D. J.; MALVINO, A. Eletrônica. 7. ed. São Paulo: Mcgraw Hill, 2007. v. 1.
CRUZ, E. C. A.; CHOUERI JR., S. Eletrônica aplicada. São Paulo: Érica, 2007.
KAUFMAN, M. Eletrônica básica. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1984.
TURNER, L. W. Eletrônica aplicada. São Paulo: Hemus, 2004.
WIRTH, A. Eletricidade e Eletrônica básica. Rio de Janeiro: Alta Books, 2007.

7
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

É importante saber
Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes:
Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que deverá
ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes necessárias
à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os principais conceitos,
os princípios, os postulados, as teses, as regras, os procedimentos e o fundamento
ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua origem?) referentes a um campo de
saber.
Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente se-
lecionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou disponibilizados
em sites acadêmicos confiáveis. É chamado "Conteúdo Digital Integrador" porque é
imprescindível para o aprofundamento do Conteúdo Básico de Referência. Juntos,
não apenas privilegiam a convergência de mídias (vídeos complementares) e a leitu-
ra de "navegação" (hipertexto), como também garantem a abrangência, a densidade
e a profundidade dos temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigató-
rios, para efeito de avaliação.

8 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

1. INTRODUÇÃO

Caro aluno, seja bem-vindo!


Iniciamos nossos estudos em Eletrônica por meio da obra
Eletrônica e Laboratório de Eletrônica I, na qual você aprendeu
sobre a construção e o princípio funcional dos componentes ele-
trônicos construídos com materiais semicondutores dopados,
como diodos, diodos zeners, transistores bipolares (BJTs), tran-
sistores FETs (JFETs e MOSFETs) e, também, os CIs Amplificadores
Operacionais (OPAMPs).
Para compreender esses componentes, você viu alguns
circuitos básicos, como chaves de estado sólido, amplificadores
lineares, reguladores de tensão com diodos zeners e circuitos
práticos com OPAMPs.
Dando continuidade ao assunto, você conhecerá, nesta
obra, os principais conteúdos de Eletrônica e Laboratório de Ele-
trônica II.
Aprofundaremos muitos dos conceitos e circuitos já estu-
dados e agregaremos novos circuitos e aplicações para facilitar
seu entendimento. Dessa forma, salvo exceções, não nos de-
teremos aos detalhes funcionais dos componentes eletrônicos
discretos. No entanto, esses conceitos serão fundamentais para
esta nova etapa.
Por isso, sempre que necessário sugerimos que você re-
corra ao conteúdo estudado anteriormente, para que não haja
nenhuma lacuna.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 9


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Em resumo, neste material, estudaremos conceitos mais


completos e aprofundados, os quais serão a base para seu en-
tendimento e, especialmente, para a realização e construção de
projeto de circuitos e equipamentos eletrônicos.
A Eletrônica e Laboratório de Eletrônica II se dividirá em
quatro unidades.
Anteriormente, você estudou, de maneira resumida, os
Amplificadores Diferenciais com a finalidade de compreender o
conceito de entrada diferencial para o estudo dos OPAMPs.
Neste material, na Unidade 1, retomaremos o estudo des-
ses circuitos, que podem ser construídos com transistores bi-
polares (BJTs) e com transistores FETs. Mesmo com transistores
diferentes (BJTs e FETs), a finalidade do circuito em cada caso é
a mesma, ou seja, amplificar a diferença de tensão encontrada
entre as entradas do AD (Amplificador Diferencial).
É evidente que um AD construído com BJT tem caracterís-
ticas diferentes das de um circuito construído com um transistor
FET, como a impedância de entrada, a impedância de saída, o
ganho diferencial, RRMC etc. Por isso, será relevante conhecer as
equações que regem o funcionamento desses ADs com ambos
os tipos de transistor. Além disso, analisaremos os circuitos em
pequenos e em grandes sinais.
Nesta unidade, trataremos, também, dos espelhos de cor-
rente construídos com transistores, conceitos necessários para
compreensão dos Amplificadores Diferenciais com Carga Ativa.
Diante disso, será necessário abordar, também, alguns te-
mas referentes aos transistores, como a transcondutância, a im-
pedância de entrada e a impedância de saída.

10 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Na Unidade 2, retomaremos o estudo dos Amplificadores


Operacionais (AOPs e OPAMPs) com maior profundidade. Para
isso, serão abordados mais exemplos práticos de circuitos cons-
truídos com os OPAMPs, que estão fortemente presentes na ins-
trumentação e na automação e controle.
Um exemplo disso são os controladores PID, que são utili-
zados para controlar os mais diferentes processos dentro da in-
dústria, como pressão, vazão, temperatura, posição, velocidade,
torque, controle de dosagem de elementos químicos etc.
Atualmente, temos controladores PID microprocessados
que empregam até mesmo sistemas de sintonia automática,
pois, em alguns casos, a sintonia manual é difícil e demanda
um tempo muito grande. Contudo, controladores PID menos
sofisticados, mas, em alguns casos muito eficientes, podem ser
facilmente construídos com CIs analógicos, como é o caso dos
OPAMPs.
Como a eletrônica de potência, os OPAMPs podem nos au-
xiliar na elaboração de circuitos PWM (Pulse Widht Modulation –
Controle por Largura de Pulso). Os circuitos PWM são utilizados
para realizar o controle de potência de diversos equipamentos
com um mínimo de perda de energia, ou seja, alta eficiência.
Além disso, também abordaremos os circuitos osciladores
com OPAMP, como os osciladores de onda dente de serra, por
exemplo.
Seguindo, na Unidade 3, veremos os Circuitos de Potência
e Estágios de Saída, que são os equipamentos eletrônicos que
efetivamente convertem a energia elétrica em uma outra forma
de energia para utilização final, como, por exemplo, energia elé-
trica em sonora, luminosa, magnética, térmica, cinética, entre
outras, e possuem uma ou mais etapas de potência.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 11


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Essas etapas de potência podem ser divididas em circuitos


de entrada e saída. Os circuitos de entrada normalmente com-
preendem circuitos retificadores de onda completa não contro-
lados, cuja função é converter a tensão alternada proveniente
da rede de alimentação em tensão contínua para uso de outras
etapas e circuitos do equipamento.
Já os circuitos de saída, para atender as mais diversas fi-
nalidades, compreendem vários tipos de estágios de potência,
como amplificadores de sinal lineares, classes A, B, AB, C, e D,
circuitos de chaveamento, circuitos PWM, Choppers etc.
Os circuitos de potência, como os circuitos de chaveamen-
to por PWM, por exemplo, também podem fazer parte das fon-
tes de alimentação dos equipamentos eletrônicos, trabalhando
em conjunto com os circuitos retificadores, como no caso dos
equipamentos que empregam, em vez de fontes de alimentação
convencionais, fontes chaveadas que se caracterizam por serem
mais leves, eficientes e menos custosas.
Finalmente, na Unidade 4, estudaremos os Circuitos Práti-
cos e Geradores de Forma de Onda com o CI 555.
O CI 555 é um circuito integrado muito versátil, que está
presente em uma infinidade de circuitos desde a década de
1970, podendo desempenhar diversos papéis e, por isso, está
fortemente presente no ramo industrial.
Esse pequeno circuito integrado é muito útil no projeto de
circuitos temporizadores e, devido à possibilidade de trabalhar
na configuração monoestável e em conjunto com circuitos de
potência, pode fazer o controle de motores, bancos de resistên-
cia, iluminação, entre outros.

12 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Na configuração astável, trabalha como um gerador de


sinal onda quadrada, cuja frequência de oscilação pode ser fa-
cilmente controlada por componentes externos e, com isso, é
possível obter um gerador de frequência variável. Essa configu-
ração é especialmente útil na geração de sinais de frequências
audíveis, criando a possibilidade de construir, por exemplo, pe-
quenos bips e alarmes sonoros.
Outra possibilidade importante na configuração astável,
além de poder gerar sinais de frequências variáveis, é a de que
podemos também ter sinais com períodos High e Low diferentes,
ou seja, um oscilador assimétrico. Como podemos controlar o
tempo em que o sinal gerado permanece no semiciclo positivo
e negativo, essa configuração se torna útil na elaboração de cir-
cuitos PWM.

2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS
O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e
precisa das definições conceituais, possibilitando um bom domí-
nio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conheci-
mento dos temas tratados.
1) Entrada Diferencial: quando nos referimos a um de-
terminado ponto ou terminal, como a entrada de um
circuito, isso significa que os sinais elétricos a serem
processados são aplicados nesse ponto com referên-
cia a um elemento comum do circuito, na maioria das
vezes, o GND. Já uma entrada diferencial refere-se a
dois terminais de entrada, sendo que a cada um deles
pode ser aplicado um sinal diferente com referência
também ao GND. No entanto, os circuitos que pos-
suem entrada diferencial são construídos de forma a

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 13


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

processar a diferença de tensão existente entre esses


dois terminais.
2) Chaveamento: é um termo bastante comum e está
normalmente associado à ação de um componente ou
circuito de ativar, ligar ou comutar, de uma maneira
bem específica, uma fonte de energia a um outro ele-
mento ou circuito. Esse termo engloba e é mais abran-
gente do que as funções desempenhadas pelas chaves
de estado sólido, na verdade, os circuitos de chavea-
mento podem ser compostos, entre outros elementos,
de uma ou mais chaves de estado sólido.
3) Circuito de Potência: é caracterizado por trabalhar
com altos níveis de corrente, tensão ou ambos, se
comparado às demais etapas de um equipamento.
Normalmente, os circuitos de potência são constituí-
dos de grandes transistores, diodos ou tiristores co-
mumente dotados de dissipadores de calor devido às
perdas de energia que ocorrem nesses componentes.
Esses circuitos são responsáveis por quase toda a ener-
gia consumida por um equipamento.
4) Circuito Integrado: com a finalidade de tornar os equi-
pamentos eletrônicos mais compactos e eficientes,
muitos circuitos clássicos são miniaturizados e encap-
sulados em um único invólucro. É o caso, por exemplo,
dos OPAMPs, Flip-Flops, memórias de computador,
microcontroladores, processadores e tantos outros. A
maioria dos equipamentos que possuímos atualmen-
te, especialmente na eletrônica digital, seria totalmen-
te inviável caso não existissem os Circuitos Integrados.
No interior de um CI podemos ter um gigantesco nú-

14 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

mero de resistores, diodos, transistores e capacitores


de pequeno valor.
5) Pequenos Sinais: para a análise e interpretação do
comportamento de um circuito, como, por exemplo,
um amplificador, além da análise em Corrente Contí-
nua, fazemos a análise de pequenos sinais AC. Peque-
nos sinais são considerados aqueles que dentro de seu
range de variação de amplitude não provocam uma
mudança de comportamento significativa do circuito,
ou seja, o circuito irá oferecer, por exemplo, o mesmo
ganho e a mesma resposta, seja ela linear ou não, para
qualquer condição desse sinal de entrada. Dessa for-
ma, uma vez modelado, podemos transformar o cir-
cuito em um bloco com uma função de transferência
única e conhecida.
6) Grandes Sinais: o oposto do item anterior pode ser dito
sobre os grandes sinais, pois eles provocam, dentro de
seu range de variação de amplitude, uma mudança de
comportamento no circuito que os está processando
que não pode ser desprezada. A análise de um circuito
para grandes sinais é muito importante, por exemplo,
para os Amplificadores Diferenciais. Os grandes sinais
podem provocar o corte ou a saturação de um ampli-
ficador, por exemplo. Isso quer dizer que um circuito
com uma modelagem ruim pode provocar distorções
excessivas no sinal de entrada. Mesmo que o sinal em
questão não chegue a saturar ou a colocar em corte o
circuito, no mínimo, teremos uma resposta diferente
para cada condição desse sinal, o que quase sempre é
indesejável.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 15


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE


O Esquema a seguir possibilita uma visão geral dos concei-
tos mais importantes deste estudo.

Figura 1 Esquema de Conceitos-chave de Eletrônica e Laboratório de Eletrônica II.

16 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOYLESTAD, R. L.; NASHELSKI, L. Dispositivos eletrônicos e teoria de circuitos. 8. ed. São
Paulo: Pearson Prentice Hall do Brasil, 2004.

5. E-REFERÊNCIAS
BERTOLI, R. Â. Eletrônica (apostila). Campinas: Colégio Técnico de Campinas/
Unicamp, 2000. Disponível em: <www.acemprol.com/download/file.php?id=4835
>. Acesso em: 15 dez. 2016.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 17


© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II
UNIDADE 1
AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

Objetivos
• Entender o princípio funcional dos Amplificadores Diferenciais (ADs).
• Conhecer as principais características de um Amplificador Diferencial.
• Distinguir as principais diferenças de um AD construído com BJT e um AD
construído com MOSFET.
• Analisar circuitos de Amplificadores Diferenciais que utilizam carga ativa.
• Conhecer as equações que regem o princípio funcional e o comporta-
mento dos ADs construídos com BJT e com MOSFETs.

Conteúdos
• Conceito básico de um Amplificador Diferencial.
• Vantagens dos Amplificadores Diferenciais em relação aos amplificadores
de uma entrada.
• Amplificadores Diferenciais construídos com BJT.
• Espelhos de corrente com BJT.
• Amplificadores Diferenciais com BJT e carga ativa.
• Equações dos Amplificadores Diferenciais com BJT.
• Amplificadores Diferenciais construídos com MOSFETs.
• Espelhos de corrente com MOSFET.
• Amplificador Diferencial com MOSFET e carga ativa.
• Equações dos Amplificadores Diferenciais com MOSFET.
• Análise em pequenos sinais e grandes sinais.

19
UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

Orientações para estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:

1) Para compreender a lógica operacional dos circuitos, são indispensáveis


o estudo dos conceitos básicos de eletricidade, como DDP, Corrente e Po-
tência, Fontes CC, Fontes e Sinais AC de diferentes formas de onda.

2) Também é necessário que você tenha domínio dos conceitos e das leis bá-
sicas, que envolvem a 1ª Lei de Ohm, a 2ª Lei de Ohm, a 1ª Lei de Kirchhoff,
e a 2ª Lei de Kirchhoff.

3) É essencial relembrar as equações básicas que regem o comportamen-


to e funcionamento dos transistores BJT e MOSFET, especificamente, o
conhecimento sobre circuitos amplificadores construídos com esses dois
tipos de transistores. Para tanto, você pode revisar as Unidades 2 e 3 de
Eletrônica e Laboratório de Eletrônica I.

4) Na Unidade 4 de Eletrônica e Laboratório de Eletrônica I, começamos a


estudar os ADs com BJT, caso necessário, revise o conteúdo.

20 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

1. INTRODUÇÃO
Como vimos, um Amplificador Diferencial é um circuito que
tem duas entradas e amplifica a diferença de tensão entre elas.
Segundo Pertence Jr. (2003, p. 249), “o amplificador diferencial
é um circuito que apresenta uma tensão CC diferencial de saída
(Vod) igual à tensão CC diferencial de entrada (Vid) multiplicada
por um fator de ganho (A)”.
Esses circuitos são compostos, basicamente, de dois tran-
sistores iguais e podem ser construídos com transistores bipola-
res (BJTs) ou com MOSFETs.
Em cada caso, teremos características de impedância de
entrada (ZI), impedância de saída (ZO), ganho diferencial (Ad),
ganho de modo comum (Ac) e Razão de Rejeição de Modo Co-
mum (RRMC) diferentes, podendo, também, de acordo com o
caso, possuir carga passiva ou carga ativa, o que será explicado
adiante nesta unidade.
Portanto, esses circuitos são a base para a construção dos
Amplificadores Operacionais, pois, internamente, um OPAMP
possui vários ADs.

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su-
cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão
integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteú-
do Digital Integrador.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 21


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

2.1. VANTAGEM DA AMPLIFICAÇÃO DIFERENCIAL DE SINAIS

Um amplificador de uma única entrada, como, por exem-


plo, um Classe A – Emissor comum, está sujeito a algumas im-
perfeições. Por isso, um problema muito comum é a sujeição aos
ruídos e ripple da fonte de alimentação, e a consequência desse
problema é um sinal amplificado com ruído, que é intensificado
por cada etapa de amplificação do equipamento.
É comum em algumas mesas de som, por exemplo, ouvir-
mos, quando o volume é aumentado, um ruído grave caracterís-
tico da frequência da rede de alimentação (60Hz).
A Figura 1, a seguir, elucida esse efeito. Observe:

Figura 1 Sinal de saída do amplificador com ruído de fonte.

22 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

Como a fonte de alimentação não é perfeita, temos um


ruído presente na alimentação, e a variação de tensão causada
pelo ruído de fonte faz com que as correntes do transistor variem
juntamente com o ruído.
Quando um sinal é aplicado na entrada do circuito, jun-
tamente com ele amplificamos o ruído de fonte e teremos um
sinal de saída com essa perturbação. É evidente que as fontes
de alimentação são construídas de forma a apresentarem uma
tensão de saída constante e o mais livre possível de ruídos, o que
ameniza bastante esse problema.
Vejamos, agora, como se comporta o Amplificador Dife-
rencial, a partir da ilustração disposta na Figura 2, frente a esse
problema.

Figura 2 Sinal das saídas do Amplificador Diferencial.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 23


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

Para entender o que ocorre basta recordar que, na ausên-


cia de sinal nas entradas diferenciais (E1 e E2), o que significa
que , o AD encontra-se em modo comum e, nesse caso,
as correntes nos dois transistores são as mesmas.
Suponhamos, então, que E1 e E2 estejam conectadas ao
GND (modo comum). Nessa situação, como as correntes são as
mesmas nos dois transistores, a mesma perturbação gerada pelo
ruído na saída S1 estará presente na saída S2, como mostra a
Figura 2.
Então, se, em vez de medir o sinal de saída referenciado ao
GND, medirmos de S1 para S2, teremos 0V, ou seja, ausência de
ruído.
Para completar esse efeito positivo, quando aplicamos um
sinal a ser amplificado na entrada E1, por exemplo, e conecta-
mos a entrada E2 na mesma referência do sinal de entrada (na
maioria das vezes o próprio GND), o AD estará em modo comum
para o ruído de entrada, pois o mesmo ruído presente em E2 é
somado à fonte de sinal que está conectada a E1 e, dessa manei-
ra, somente o sinal conectado à entrada E1 é amplificado pelo
AD.
O exemplo exposto representa uma das vantagens dos
ADs diante de um amplificador de única entrada. Nas demais
unidades deste material (2, 3 e 4), após compreender novos e
indispensáveis conceitos sobre o tema aqui na Unidade 1, você
conhecerá as equações que regem o comportamento dos ADs e
verificará que essa não é a única vantagem que eles possuem.

24 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas


no Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas no Tópico
3.1. para aprofundar os conteúdos estudados nesta unidade.

2.2. ANÁLISE CA PARA PEQUENOS SINAIS DE UM AMPLIFICA-


DOR EMISSOR COMUM COM BJT

Antes de iniciar a análise dos Amplificadores Diferenciais


com BJT, você conhecerá o importante conceito de análise CA
(análise em corrente alternada) para pequenos sinais de um am-
plificador com BJT. Esse conceito será importante para o estudo
dos Amplificadores Diferenciais.
O objetivo dessa análise é determinar o comportamento
do circuito amplificador, do ponto de vista dos pequenos sinais
CA aplicados na entrada do amplificador. Além disso, ela permi-
te, entre outros parâmetros, determinar a impedância de entra-
da, a impedância de saída e o ganho de tensão do amplificador.
Vamos tomar como exemplo o amplificador emissor co-
mum com divisor de tensão na base da Figura 3:

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 25


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

Figura 3 Amplificador emissor comum com divisor de tensão na base.

O circuito da Figura 3 foi dimensionado com as regras


de polarização CC, que conhecemos em Eletrônica e Laborató-
rio de Eletrônica I. Nesse circuito, foram utilizados os seguintes
parâmetros:
• ICQ (corrente de coletor quiescente) = 25mA
• Βmin = 125
• VBE = 0,7V
• VRE = 0,1Vcc
• VRC = 0,5Vcc
• R2 = 0,1βmin x RE
• R1 = (VR1 / VR2) x R2
Para fazer a análise CA, devemos entender que na corrente
alternada os capacitores e as fontes de tensão se comportam
como curto-circuito. Então, podemos redesenhar o circuito por
essa ótica.

26 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

De acordo com Boylestad e Nashelsky (2004, p. 275), “a


análise CA para pequenos sinais começa com a remoção dos
efeitos de Vcc e a remoção dos capacitores de acoplamento”.

Figura 4 Amplificador emissor comum – Análise CA.

Podemos verificar que, do ponto de vista CA, a entrada de


sinal está ligada diretamente à base do transistor, os resistores
R1 e R2 encontram-se em paralelo, o resistor de emissor pode
ser eliminado devido ao efeito de curto-circuito realizado por C3,
e o resistor de coletor está em paralelo com os terminais coletor-
-emissor do BJT.
O próximo passo, então, é determinar o comportamen-
to do transistor, especificamente da junção base-emissor e dos
terminais coletor-emissor. A resistência incremental ou resis-
tência dinâmica da junção base-emissor é determinada por:

, onde:

• VT = Tensão térmica, aproximadamente 26mV a 25°C.


• IE = Corrente de emissor em CC.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 27


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

A impedância de saída do transistor (terminais coletor-

emissor) pode ser determinada por: , onde:

• VA = Tensão Early, dada pelo datasheet.


• IC = Corrente de coletor em CC.

Calculando rBE:

Estamos considerando .
A impedância de saída do transistor foi obtida diretamente
pelo datasheet do BC547.
• rO = 45KΩ
Outro fato importante sobre o BJT é que na região ativa
ele pode ser representado por uma fonte de corrente, então, te-
remos uma fonte de corrente representada por , que no
nosso caso tem valor de 25mA.
Redesenhamos o circuito fazendo as considerações devi-
das sobre o BJT. Acompanhe:

28 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

Figura 5 Amplificador emissor comum – Análise CA – Comportamento do BJT.

Para determinar a impedância de entrada do amplificador


(Zi), é preciso calcular a impedância de base (ZBase) do tran-
sistor do ponto de vista do sinal de entrada (Vi). Sabemos que
. Dessa forma, podemos deduzir:

Nesse caso:

A impedância de entrada do amplificador (Zi) será dada


pela associação paralela de R1, R2 e ZBase:

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 29


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

A impedância de saída será dada pela associação paralela


do resistor de coletor (RC) com a impedância de saída equivalen-
te do transistor (rO).

Com a representação da Figura 5, é simples definirmos o


ganho de tensão do amplificador (AV). Veja:

O sinal de negativo nessa equação existe pelo fato de esse


amplificador defasar 180° o sinal de saída em relação à entrada.
Devido ao resistor de coletor ser comumente muito inferior
à impedância de saída do transistor (rO), é normal encontrarmos
nas literaturas um cálculo para o ganho de tensão dos
amplificadores que despreza a impedância de saída do transistor,
pois, em alguns casos, o efeito de rO complica bastante a análise
e praticamente não causa alterações significativas, observe:

Para Boylestad e Nashelsky (2004, p. 279) “[...] o efeito de


rO é deixar a análise muito mais complicada”.
Existe também um parâmetro que permite que calculemos
o ganho de tensão do circuito, que é a transcondutância do tran-
sistor (gm). A transcondutância relaciona a variação da corrente

30 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

de coletor com a variação da tensão base-emissor. É relevante


destacar que condutância é o inverso da resistência e a sua uni-
dade é S (SIEMENS).

• , para o nosso transistor:

Calculando o ganho de tensão pela transcondutância:

Calculamos, por fim, o circuito equivalente CA para peque-


nos sinais do amplificador emissor comum, observe:

Figura 6 Circuito equivalente CA – Amplificador emissor comum com BJT.


Podemos, com esse modelo, aplicar a fonte de sinal na
entrada do amplificador considerando sua resistência interna;
ao mesmo tempo, podemos aplicar uma carga na saída,
considerando também sua impedância e, dessa forma, obtermos
o ganho de tensão real do circuito para qualquer situação.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 31


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

Após encontrar o circuito equivalente CA, podemos, então,


interpretar o amplificador como uma caixa fechada com sua en-
trada e sua saída, cujas características principais são conhecidas,
o que facilita muito a interpretação de grandes circuitos.

Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas


no Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas no Tópico
3.2. para aprofundar os conteúdos estudados nesta unidade.

2.3. AMPLIFICADOR DIFERENCIAL COM BJT EM PEQUENOS


SINAIS

Com a base adquirida em seus estudos até aqui, agora


você já pode conhecer as equações que envolvem o Amplifica-
dor Diferencial com BJT e fazer sua análise em pequenos sinais.
Vamos trabalhar com o exemplo disposto na Figura 7, con-
siderando os seguintes valores para os componentes:
• β dos transistores = 100.
• VCC1 = VCC2 = 12V.
• Re1 = Re2 = 22Ω.
• RC1 = RC2 = 1500Ω.
• RE = 1500Ω.
• VA (Tensão Early) = -150V

32 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

Figura 7 Amplificador Diferencial com BJT.


Considerando que a tensão em modo comum para este AD
é 0V, ou seja, VE1 = VE2 = 0V, podemos calcular o valor da cor-
rente constante I0, proveniente da fonte de corrente composta
por Vcc2 e RE.
Para I0, temos a equação:

Com isso, a aproximação adotada para VBE é de 0,7V.


Sabendo I0, podemos calcular os valores das correntes de
emissor dos transistores (IE) para o AD em modo comum. Pelo

circuito, é possível verificar que , assim:

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 33


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

Como conhecemos IE em modo comum, calcularemos a


resistência dinâmica da junção base-emissor dos transistores,
que, como você já sabe, é dependente da tensão térmica (VT) e
da corrente de emissor.

Agora, já temos os dados para determinar os principais


parâmetros do AD, que são a impedância de entrada (Zi), a
impedância de saída (ZO), o ganho de diferencial (Ad), o ganho
de modo comum (AC) e o RRMC (Razão de Rejeição de Modo
Comum). Calcularemos cada um da seguinte forma:
• Cálculo da impedância de entrada do AD (lembrando
que ):

• Cálculo da impedância de saída do AD (do ponto de vis-


ta de uma carga conectada entre as duas saídas):

• Agora, determinaremos o ganho diferencial de tensão


(Ad) (lembrando que o ganho de tensão para um
amplificador emissor comum com BJT é: ):

34 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

Esse é o ganho de uma das saídas com referência ao GND.


Para Boylestad e Nashelsky (2004, p. 438) “se um sinal
de entrada é aplicado em uma entrada, com a outra entrada
conectada em GND, a operação é denominada "terminação
simples”.
Supondo que a entrada E2 esteja em 0V e à entrada E1
apliquemos 5mV, teremos na saída:

Neste momento é relevante recordar Eletrônica e


Laboratório de Eletrônica I, na qual você aprendeu que:
• E1 aumenta: S1 cai e S2 sobe na mesma proporção.
• E1 diminui: S1 sobe e S2 cai na mesma proporção.
• E2 aumenta: S2 cai e S1 sobe na mesma proporção.
• E2 diminui: S2 sobe e S1 cai na mesma proporção.
Se, em vez de retirarmos o sinal de S1 para o GND, o fizer-
mos de S1 para S2, teremos o dobro da variação de tensão e,
com isso, o dobro do ganho.
Além do ganho diferencial, existe no AD um ganho conhe-
cido como ganho de modo comum (AC), que faz com que a saída
do AD mude de valor sem que haja sinal diferencial nas entradas.
Essa tensão é considerada um erro e o AD deve ser projetado de
modo que esse ganho seja o menor possível.
O ganho de modo comum (AC) é dado pela equação:

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 35


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

A tensão obtida na saída do AD, proveniente do ganho de


modo comum, é denotada por VC e é dada por:

É desejável termos um ganho diferencial (Ad) alto e um ga-


nho em modo comum (AC) mais baixo possível.
A expressão que relaciona Ad com AC é conhecida como
RRMC (Razão de Rejeição de Modo Comum), normalmente dada
em dBs e determinada pela equação:

Quanto mais alta for essa razão de rejeição em modo co-


mum, melhor é nosso AD. Para o nosso circuito, nosso RRMC é:

As equações apresentadas até aqui representam os cálcu-


los dos principais parâmetros de um AD construído com BJT e
carga passiva, para pequenos sinais AC.

2.4. COMPORTAMENTO DO AMPLIFICADOR DIFERENCIAL


COM BJT EM GRANDES SINAIS

Trabalhar com o AD em pequenos sinais implica o fato de


que ambos os transistores estão operando na região ativa e que

36 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

a soma das correntes de emissor é sempre a mesma, indepen-


dentemente do sinal aplicado nas entradas do AD.
Já em grandes sinais, o sinal aplicado na entrada do AD tem
uma amplitude tão grande que faz com que um dos transistores
entre na região de corte.
Anteriormente, simulamos uma condição de sinal de en-
trada de 5mV. Para esse sinal e com o ganho do AD (25,906v/v),
tivemos uma variação de tensão nas saídas de 129,53mV. Esse
sinal de entrada pode ser considerado um pequeno sinal, pois
ambos os transistores continuaram a trabalhar na região ativa.
Vejamos o que ocorreria se um sinal de 214,35mV fosse
aplicado na entrada E1 (mantendo E2 em 0V) do AD, no exemplo
a seguir. Para essa análise, é importante ter a tensão nas saídas
S1 e S2 na ausência de sinal nas entradas (quando VE1 = VE2,
neste caso 0V).
Sabemos, então, que a tensão nas saídas será: :

Portanto, a variação na tensão de saída provocada por um


sinal de 214,35mV será:

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 37


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

Como sabemos, se VE1 aumenta, VS1 cai e VS2 sobe na


mesma proporção, então, com esse sinal de entrada em E1,
teremos nas saídas:

Podemos verificar que, com o ganho do nosso AD e com


esse sinal de entrada em E1, a saída S2 chegou a 12V. Como 12V
é o próprio valor de tensão da fonte VCC1, sabemos que nenhu-
ma queda de tensão pode haver em RC2 para que VS2 seja 12V, o
que se traduz em uma corrente de 0mA no coletor de Q2, e isso
significa que esse transistor entrou em corte.
Dessas informações, é possível concluir que os sinais com
amplitude de pico maiores que 214,35mV não provocarão ten-
sões em S2 superiores a 12V.
Com isso, teremos deformação no sinal amplificado. Po-
demos, então, considerar esses sinais como grandes sinais. Na
prática, não poderíamos trabalhar tão perto do ponto de corte
ou saturação dos transistores para garantir que os sinais amplifi-
cados não sejam deformados.

2.5. AMPLIFICADOR DIFERENCIAL COM CARGA ATIVA

Como aprendemos, o ganho diferencial do AD é direta-


mente proporcional ao resistor de coletor empregado:

38 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

Quando projetamos um AD, é desejado que o ganho dife-


rencial seja o maior possível e, para tanto, empregamos no cir-
cuito valores para RC bastante elevados.
Essa prática, apesar de muito simples, pode ser complica-
da quando se constroem os CIs (Circuitos Integrados), devido ao
tamanho reduzido dos elementos. Por isso, utilizamos, no lugar
dos resistores de coletor, transistores que trabalham na configu-
ração de espelho de corrente.

Espelho de corrente com BJT


Um espelho de corrente é um circuito que basicamente
possui duas malhas principais: por uma circula a corrente de re-
ferência (IRef) e, pela outra, circula uma corrente idêntica (I0) e
totalmente dependente da primeira. Conforme Boylestad e Na-
shelsky (2004, p. 436), “a corrente constante é obtida através
de uma corrente de saída que é o reflexo ou o espelho de uma
corrente desenvolvida sobre um lado do circuito”.
A Figura 8 mostra um circuito conceitual de um espelho de
corrente simples:

Figura 8 Espelho de corrente simples com BJT.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 39


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

O princípio funcional baseia-se no fato de que, como a ten-


são nas bases dos transistores são iguais, pois, estão interligadas,
as correntes de base também serão iguais. Com isso, as correntes
de coletor de Q1 e Q2 são as mesmas e, então, I0 = IRef, onde:
• IRef: é a corrente de referência "que se deseja copiar–.
• I0: é a corrente espelho da corrente de referência.
É importante salientar que os transistores devem ser idên-
ticos e que esse circuito pode ser construído com transistores
NPN ou PNP.
O cálculo das correntes IRef e I0 para esse circuito é definido
de maneira resumida pela seguinte equação:

Várias considerações foram necessárias para chegarmos a


essa equação, entre elas, VBE = 0,7V, IC = IE, β dos transistores
elevados.
Não é complicado chegarmos à conclusão de que, na ver-
dade, IRef sempre será maior que I0, pois:

Isso significa que, na prática, I0 será:

40 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

Quanto maior o β dos transistores, menor será a diferença


entre as correntes.
Uma variação simples desse circuito pode ser obtida e
oferecerá uma precisão muito maior no espelho de corrente,
para isso, é adicionado um terceiro transistor.

Figura 9 Espelho de corrente com compensação de corrente de base.

O cálculo das correntes IRef e I0, de maneira resumida, será:

A diferença entre I0 e IRef em relação ao circuito anterior é


reduzida pela razão do ganho de corrente (β) do transistor Q3,
pois agora IRef será:

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 41


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

Podemos, então, empregar a equação simplificada com se-


gurança muito maior do que no circuito anterior.

Amplificador Diferencial com Carga Ativa através de espelho de


corrente
Agora que você conhece o princípio funcional de um circui-
to espelho de corrente construído com BJT, podemos partir para
o entendimento dos ADs com carga ativa, para isso, observe a
Figura 10, disposta a seguir.
A Figura 10 mostra o circuito de um AD construído com BJT
empregando carga ativa obtida por meio do espelho de corrente
simples:

42 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

Figura 10 Amplificador Diferencial com BJT e espelho de corrente simples.

Existem duas observações relevantes que devemos consi-


derar nesse circuito:
• Uma refere-se ao espelho de corrente empregando
transistores PNP. Devido ao sentido das correntes do
AD e da posição do espelho de corrente no circuito, a
estratégia correta é o emprego do espelho de corrente
com transistores PNP.
• A outra nos mostra que nesse circuito há uma única saí-
da (VS). A saída é obtida no terminal coletor de Q2, pois
a tensão no coletor de Q1 sempre será constante em
Vcc – 0,7V.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 43


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

Todos os cálculos vistos anteriormente para o AD com BJT


são válidos para esse caso, no entanto, em vez de um resistor de
coletor, teremos uma resistência obtida por intermédio do es-
pelho de corrente. Essa resistência é a impedância de saída dos
transistores do espelho de corrente (r0).
Para efeitos didáticos, consideraremos esse espelho de
corrente como um circuito perfeito para todos os transistores do
circuito, além de considerarmos VA = - 150V, β = 100, VBE = 0,7V,
e em modo comum vamos adotar VE1 = VE2 = 0V.
Como no AD do exemplo anterior, calcularemos Zi, ZO, Ad,
Ac e RRMC.
Calculando a corrente I0, temos:

Correntes de emissor de Q1 e Q2:

A resistência dinâmica base-emissor de Q1 e Q2 é:

44 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

Calculando a impedância de entrada (Zi), temos:

Calculando a impedância de saída do AD (ZO):


Agora, precisamos descobrir a impedância de saída dos
transistores do espelho de corrente.
Como você viu, ao estudar a análise de amplificadores
emissor comum em pequeno sinal, a impedância de saída do
transistor é dependente da corrente de coletor.
Para efeitos didáticos, no cálculo da impedância de saída,
consideraremos iguais as correntes de coletor e emissor de Q1,
Q2, Q3 e Q4. Veja:

Finalmente, determinamos a impedância de saída do AD:

• Determinando o ganho diferencial (Ad):

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 45


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

• O ganho de modo comum (AC):

O ganho em modo comum está mais elevado do que o cal-


culado para o AD sem carga ativa disposto no exemplo do circui-
to ilustrado na Figura 7, mas o parâmetro que realmente impor-
tará será o RRMC. Observe:

O resultado obtido nesse exemplo pode ser considerado


melhor do que o do caso anterior, pois o RRMC, que é um dos
parâmetros que mede a qualidade do AD, é quase o mesmo para
os dois circuitos. Contudo este AD possui um ganho diferencial
muito maior que o AD da Figura 7 (AD com carga passiva).
Na prática, podemos encontrar algumas variações dos cir-
cuitos apresentados, o que irá lhes conferir características espe-
cíficas. No entanto, a finalidade e o conceito destes ADs são os
mesmos que vimos em nossos exemplos.

46 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

2.6. ANÁLISE CA PARA PEQUENOS SINAIS DE UM AMPLIFICA-


DOR SOURCE COMUM COM MOSFET

A exemplo do que fizemos com o BJT, vamos realizar a aná-


lise de um amplificador source comum com divisor de tensão no
gate, em pequenos sinais CA.
O conceito empregado é o mesmo: curto-circuito nos capa-
citores e nas fontes de tensão, substituindo o transistor por uma
fonte de corrente com uma impedância em paralelo que será a
impedância de saída do MOSFET, porém haverá algumas mudan-
ças devido às características do transistor, que, nesse caso, será
o MOSFET de Intensificação.
Vamos realizar a modelagem para pequenos sinais CA do
amplificador conforme ilustrado na Figura 11:

Figura 11 Amplificador Source Comum com MOSFET de Intensificação.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 47


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

Esse circuito foi dimensionado com as regras de polariza-


ção CC, conforme visto anteriormente. Para tanto, foram utiliza-
dos os seguintes parâmetros:
• IDQ (corrente de dreno quiescente) = 3mA
• VGSQ (Tensão Gate-Source quiescente) = 10V
• VTH (Tensão de Limiar) = 3V
• ID ON (Corrente de dreno ligado) = 3mA
• VGS ON (Tensão Gate-Source ligado) = 10V.
• K (Constante do MOSFET, calculada) = 61,22uA/V2

Como sabemos, a impedância de entrada do MOSFET é vir-


tualmente infinita. Dessa forma, a fonte de sinal CA de entrada
enxergará somente os resistores R1 e R2.
Na saída, teremos uma fonte de corrente em paralelo com
a impedância de saída do MOSFET (rd ou rO) e com o resistor de
dreno (RD). O resistor de source deixa de existir devido ao efeito
de curto-circuito efetuado por C2.
Então, o circuito equivalente parcial será estabelecido da
seguinte forma:

Figura 12 Amplificador Source comum – Análise CA.

48 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

Para dar continuidade, precisamos calcular a impedância


de saída do MOSFET (rd), podendo utilizar um parâmetro des-
se transistor conhecido como admitância (yOS). Para Boylestad e
Nashelsky (2004, p. 335), “há uma impedância de saída do dreno
para a fonte rd, geralmente, fornecida nas folhas de dados como
admitância yOS”. Veja:

• VA = Tensão Early (dado pelo datasheet).


• ID = Corrente de dreno.
• yOS = Admitância (dado pelo datasheet).

Vamos assumir para este MOSFET yOS = 10uS, assim:

Com a impedância de saída do MOSFET, determinamos a


impedância de saída do amplificador:

Para determinar o ganho de tensão, é necessário conhecer


a transcondutância desse transistor. No MOSFET de intensificação
a transcondutância é dada pela equação:

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 49


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

• K = Constante do MOSFET (calculada ou via datasheet)


• VGSQ = Tensão Gate-Source Quiescente
• VTH = Tensão de Limiar.
Nesse caso, a transcondutância será:

Por isso, o ganho de tensão do circuito, será:

Nesta equação, o sinal de negativo representa a defasagem


de 180° no sinal de saída do amplificador.
Dessa forma, como ocorre com o BJT, podemos encontrar
uma equação para o cálculo do ganho de tensão que despreze a
impedância de saída do MOSFET:

Uma regra bastante usada em casos como esse diz que,


se a impedância de saída do transistor for igual ou maior a dez
vezes a resistência do resistor de dreno, a impedância de saída
do transistor pode ser desprezada no cálculo do ganho de ten-
são. Para a impedância de entrada, basta calcular a associação
paralela de R1 e R2:

50 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

Por fim, podemos desenhar o circuito equivalente a


pequenos sinais CA desse amplificador:

Figura 13 Circuito equivalente CA – Amplificador Source comum com MOSFET.

2.7. ESPELHOS DE CORRENTE COM MOSFET

Para iniciarmos a análise dos ADs com MOSFET, já de início,


será necessário conhecer os circuitos espelhos de corrente cons-
truídos com esses transistores.
A finalidade e o conceito funcional são os mesmos dos es-
pelhos de corrente construídos com BJT. Observe:

Figura 14 Espelho de corrente com MOSFET.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 51


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

Neste circuito, assumimos que, se a tensão gate-source


é igual para os dois transistores e, se a tensão dreno-source de
cada transistor os coloca na região de saturação (VDS > (VGS -
VTH), então, teremos a mesma corrente de dreno nos dois MOS-
FETs. Desse modo, I0 será igual a IRef, no qual:
• IRef: é a corrente de referência "que se deseja copiar–.
• I0: é a corrente espelho da corrente de referência.
O cálculo de I0 e IRef para esse circuito pode ser definido de
maneira resumida pela equação:

• V GS = Tensão gate-source.
• VTH = Tensão de Limiar (dado pelo datasheet).
• K = Constante do MOSFET, calculada ou via datasheet.
A partir da dedução da corrente de referência, que é a cor-
rente de dreno do primeiro transistor, temos:

Ao observar a equação, podemos concluir que se trata de


uma equação de segundo grau e, como sabemos, essas equa-
ções possuem duas soluções matemáticas, contudo, somente
uma delas é verdadeira.
Como exemplo, vamos assumir um espelho de corrente
conforme ilustrado na Figura 14, com os seguintes parâmetros:
• Rd = 1600Ω
• Vcc = 20V
• VTH = 3V

52 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

• K = 61,22uA/V2
Substituindo os termos na equação anterior e colocando ID
em evidência, temos:

• ID1 = 22,643mA (solução impossível).


• ID2 = 4,986mA (solução correta).
A corrente IO será igual à corrente de referência (IRef), de-
terminada pelas características do MOSFET e pelo resistor de
dreno empregado (1600Ω), neste caso 4,986mA.

2.8. AMPLIFICADOR DIFERENCIAL COM MOSFET EM PEQUE-


NOS SINAIS

Para o estudo dos ADs utilizando MOSFET, vamos partir do


circuito básico disposto na Figura 15, no qual os componentes
de polarização já foram definidos. É relevante destacar que utili-
zaremos o transistor 2N7000 em todos os casos que possuem as
seguintes características inerentes à nossa análise:
MOSFET de Intensificação Canal N:
• VTH = 2,5V
2
• K  117, 2mA / V
• IDMAX = 200mAdc

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 53


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

É importante observar que qualquer analogia como o mo-


delo de AD construído como BJT é útil, se executada com cuidado.

Figura 15 Amplificador Diferencial com MOSFET de Intensificação.

Inicialmente, podemos verificar que possuímos uma fon-


te de corrente constante para o circuito, composto basicamente
pela fonte Vcc1 de 20V, os transistores Q1 e Q2 e o resistor R1
de 220Ω.
Anteriormente, aprendemos a calcular a corrente de refe-
rência para esse circuito pelo cálculo da equação a seguir:

54 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

Reorganizando os termos e deixando ID em evidência, te-


mos a equação de segundo grau para ID:

• ID1 = 83,43mA (solução incorreta, resultaria em VGS <


VTH).
• ID2 = 75,82mA (solução correta).

A corrente I0 do AD é igual à corrente de referência que


calculamos do espelho de corrente, aproximadamente 76mA.
Como sabemos, quando o AD está em modo comum, te-
mos as duas correntes de dreno do par diferencial iguais, então:

Com essa corrente (38mA) no par diferencial, teremos


nas saídas S1 e S2, quando em modo comum:

Aproximadamente Vcc / 2.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 55


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

Todas as correntes inicialmente desejadas nesse circuito


somente existirão se a tensão em modo comum, presente nas
entradas E1 e E2, medida em relação ao GND for suficiente para
colocar os transistores Q2, Q3 e Q4 na região de saturação, pois:

Para que o MOSFET de Intensificação se encontre saturado,


é necessário que:

O valor da tensão gate-source do transistor Q2 da fonte de


corrente constante (espelho de corrente) é:

Dessa forma, o mínimo valor para VDS de Q2 para que ele


esteja saturado deve ser:

Empregando a equação da corrente de dreno para o


MOSFET na região de saturação, podemos encontrar a tensão
gate-source necessária para obter as correntes de dreno do par
diferencial que, neste caso, é 38mA:

56 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

A tensão mínima em modo comum para as entradas E1 e


E2 do AD, medida em relação ao GND, deverá ser, então:

Todo sinal de entrada aplicado nas entradas E1 ou E2 do


AD deve possuir esse valor mínimo de tensão calculado (3,89V).
Isso significa que, se quisermos aplicar um sinal de 0,1V na entra-
da E1, devemos somar a esse sinal 3,89V.
Assim, VE1 será 3,99V e VE2 deve manter-se em 3,89V, que
resultará em um sinal diferencial de 0,1V. Contudo, como dese-
jamos que o AD possa trabalhar com sinais de entrada AC, é ne-
cessária uma fonte de tensão mínima para polarização dos gates
do par diferencial em modo comum, superior a 3,89V.
Como a tensão fornecida pelo divisor de tensão formado
por R4 e R5 é 5V, temos um valor de tensão em modo comum
suficiente para que todos os transistores do circuito estejam
saturados.
Outro ponto importante sobre esse valor de tensão é que,
a partir do valor mínimo (3,89V), todo o excedente fornecido às
entradas E1 e E2 incidirá sobre VDSQ2, pois é o MOSFET Q2 quem
controla a corrente constante I0 variando a espessura do canal e
consequentemente sua resistividade.
Dessa forma, a tensão dreno-source de Q2 relacionada ao
divisor de tensão que polariza os gates dos transistores Q3 e Q4,
formado por R4 e R5, será:

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 57


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

Nessa etapa, temos todas as variáveis que precisamos


para determinar a impedância de entrada (Zi), a impedância
de saída (Zo), o ganho diferencial (Ad) e a razão de rejeição de
modo comum (RRMC).
• A impedância de entrada do AD (Zi) será definida pela
associação paralela de R4 e R5.

• A impedância de saída, do ponto de vista de uma carga


conectada entre as duas saídas, será:

• O ganho diferencial (de uma das saídas para o GND) é


dado por:

É importante lembrar-se de que é preciso considerar gm dos


transistores do par diferencial.
Supondo que a entrada E2 permaneça em 5V, que é a ten-
são em modo comum desse AD, e à entrada E1 sejam aplicados
esses mesmos 5V mais 5mV provenientes de uma fonte de sinal
externo, teremos, nas saídas, a seguinte variação de tensão:

58 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

O ganho em modo comum estará ligado aos resistores de


dreno do par diferencial e à impedância de saída do transistor
Q2 do espelho de corrente.
Vamos assumir para esse MOSFET yOS = 10uS, assim:

Agora, podemos determinar o ganho em modo comum:

Como aprendemos anteriormente, o ganho em modo co-


mum é indesejado e, nesse caso, devido às características da
fonte de corrente constante empregando MOSFETs, tivemos um
ganho em modo comum (Ac) virtualmente desprezível.
Nesse sentido, Boylestad e Nashelsky (2004, p. 441) afir-
mam que “[...] enquanto um Amplificador Diferencial produz
uma grande amplificação da diferença entre os níveis aplicados
em ambas as entradas, ele também deve fornecer uma pequena
amplificação do sinal comum a ambas as entradas–.
A razão de rejeição em modo comum será:

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 59


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

Nesse ponto, você deve ter percebido as diferenças mais


marcantes entre um AD construído com BJT e um AD construído
com MOSFET. Isso já nos dá um vislumbre de onde vale a pena
empregar um ou outro modelo.

Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas


no Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas no Tópico
3.3. para aprofundar os conteúdos estudados nesta unidade.

2.9. COMPORTAMENTO DO AMPLIFICADOR DIFERENCIAL


COM MOSFET EM GRANDES SINAIS

No tópico anterior, simulamos uma condição de sinal de


entrada de 5mV para esse sinal e, com o ganho do nosso AD
(18,04v/v), tivemos uma variação de tensão nas saídas de 90,2mV.
Podemos considerar esse sinal de entrada como um pe-
queno sinal, pois os dois MOSFETs do par diferencial continua-
ram trabalhando na região de saturação.
Vejamos, agora, o que ocorreria se um sinal de 400mV (ob-
viamente com offset de 5V) fosse aplicado na entrada E1 (man-
tendo E2 em 5V) do AD da Figura 15.
Como sabemos, a tensão nas saídas S1 e S2 na ausência de
sinal diferencial, como calculamos, é 9,74V. A variação na tensão
de saída provocada por um sinal diferencial de 400mV seria:

60 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

Essa variação de tensão de 7,216V faria com que na saída


S1 tivéssemos:

Sem necessidade de uma análise mais detalhada, sabemos


que esse valor de tensão na saída S1 (2,524V) faria com que o
transistor Q2 saísse da região de saturação, pois VDS seria menor
que VGS – VTH.
Um sinal dessa amplitude (400mV) é considerado um gran-
de sinal para esse circuito, pois tiraria o par diferencial de um dos
limites do range de operação adequado.
Podemos deduzir que, em qualquer circuito amplificador,
o que inclui os ADs, temos uma faixa dinâmica de entrada admis-
sível e, se operarmos fora dela, o resultado é um sinal amplifica-
do, mas com distorções.

2.10. AMPLIFICADOR DIFERENCIAL COM MOSFET E CARGA


ATIVA

O conceito de AD construído com MOSFET e carga ativa é o


mesmo que vimos anteriormente com BJT. Os resistores de dre-
no são substituídos por um espelho de corrente construído com
transistores, nesse caso MOSFETs.
Nas equações do AD, substituímos, então, os resistores de
dreno do par diferencial por impedâncias de saída dos transisto-
res do espelho de corrente da carga ativa e, como sabemos, para
calcular a impedância de saída de um MOSTET, precisamos do
fator de admitância, que pode ser obtido pelo datasheet.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 61


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

Figura 16 Amplificador Diferencial com MOSFET e carga Ativa.

A exemplo do que ocorreu com o circuito construído com


BJT, os transistores do espelho de corrente, que representam a
carga ativa, são canal P, enquanto que os transistores do par di-
ferencial são canal N. E agora também temos somente uma saída
(S).
Se construirmos um circuito como o ilustrado na Figura
16, com os mesmos componentes do AD anterior, substituindo
somente os resistores de dreno do par diferencial por uma carga
ativa construída com MOSFETs canal P, com admitância de 50uS,
teremos uma impedância dos transistores do espelho de corrente

de .

62 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

Para os MOSFETs do par diferencial, vamos assumir yOS =


10uS, assim:

Com os dados obtidos anteriormente, podemos determinar


os seguintes parâmetros.
• A impedância de entrada:

• A impedância de saída:

• O ganho diferencial:

É importante recordar que devemos considerar gm para os


transistores do par diferencial no cálculo do ganho Ad.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 63


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

O ganho em modo comum estará ligado à impedância de


saída dos MOSFETs da carga ativa e à impedância de saída do
transistor Q2 do espelho de corrente constante.

A razão de rejeição em modo comum, será:

Chegamos ao final dos conteúdos desta unidade. Agora, é


essencial assistir ao vídeo complementar indicado a seguir.

Vídeo complementar ––––––––––––––––––––––––––––––––


Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.
• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula,
localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso
(Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar).
Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.
• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e selecione:
Eletrônica e Laboratório de Eletrônica II – Vídeos Complementares –
Complementar 1.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

64 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição
necessária e indispensável para você compreender integralmen-
te os conteúdos apresentados nesta unidade.

3.1. VANTAGEM DA AMPLIFICAÇÃO DIFERENCIAL DE SINAIS

Acerca dos Amplificadores Diferenciais, indicamos o ma-


terial didático do professor Nobuo Oki, que é bem abrangente,
explica as vantagens da amplificação diferencial de sinais e mos-
tra, com bastante detalhamento, as equações que envolvem os
Amplificadores Diferenciais com MOSFET.
• OKI, N. Amplificadores Diferenciais. Aula 8. 2013. Disponível
em: <http://www.feis.unesp.br/Home/departamentos/
engenhariaeletrica/pos-graduacao/aula_08-2013-26-03-
2013.pdf>. Acesso em: 23 ago. 2017.

3.2. ANÁLISE CA PARA PEQUENOS SINAIS DE UM AMPLIFICA-


DOR EMISSOR COMUM COM BJT

Sugerimos a leitura da apostila de professores da Univer-


sidade do Porto, que contém, de forma detalhada, a análise de
pequenos sinais de amplificadores transistorizados com BJTs e
FETs e o estudo dos ADs.
• FERREIRA, F. F; OLIVEIRA, P. de G.; TAVARES, V. G. Guia para
o estudo dos Amplificadores Diferenciais e multiandar.
[s.l.]: Universidade do Porto – Faculdade de Engenharia,
2004. Disponível em: <http://paginas.fe.up.pt/~fff/
eBook/ADM/ADM.html>. Acesso em: 23 ago. 2017.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 65


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

3.3. AMPLIFICADOR DIFERENCIAL COM MOSFET EM PEQUE-


NOS SINAIS

O Prof. Seabra discorre em suas notas de aulas assuntos


como: valores de tensão em modo comum para que ADs com
MOSFETs operem no ponto quiescente desejado, tanto para os
MOSFETs do par diferencial, quanto para os MOSFETs do espelho
de corrente do circuito. Para saber sobre o assunto, acesse:
• SEABRA. Amplificadores Diferenciais com MOSFETs.
Aula 13. Engenharia de Sistemas Eletrônicos –
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
Disponível em: <https://disciplinas.stoa.usp.br/
pluginfile.php/1746709/mod_resource/content/22/
PSI3322-A13.pdf>. Acesso em: 23 ago. 2017.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteú-
dos estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Descreva resumidamente o que é um Amplificador Diferencial?

2) Qual é a importância desses circuitos?

3) Descreva as diferenças mais evidentes de um AD construído com BJT e um


AD construído com MOSFET.

4) O que representa a razão de rejeição em modo comum (RRMC)?

5) Com respeito à impedância de entrada, você daria preferência a um AD


construído com BJT ou MOSFET?

66 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

6) O que é um espelho de corrente? Como ele é construído?

7) O que podemos dizer a respeito da carga ativa?

8) Porque os circuitos espelho de corrente são importantes na elaboração de


CIs (Circuitos Integrados)?

5. CONSIDERAÇÕES
Com o estudo desta unidade, você adquiriu conceitos mui-
to importantes acerca da análise em pequenos sinais CA de am-
plificadores com BJT e MOSFETs. Evidentemente, vimos somente
um exemplo de amplificador com cada transistor, sendo eles:
emissor comum com BJT e divisor de tensão na base, e source
comum com MOSFET de intensificação com divisor de tensão
no gate. Contudo, esse conceito de análise pode ser empregado
para entender o comportamento de outras configurações de am-
plificadores com ambos transistores.
Ademais, essa análise nos possibilitou entender as equa-
ções que envolvem os Amplificadores Diferenciais e como surgi-
ram as equações que regem o comportamento desses ADs.
Podemos dizer que a capacidade de análise CA em peque-
nos sinais é um divisor de águas que marca o conhecimento de
um estudante iniciante em eletrônica e um profissional que já
passa a ter afinidade com circuitos e projetos.
Na próxima unidade, passaremos ao estudo dos Amplifica-
dores Operacionais com grau de detalhamento semelhante ao
desta unidade. Até lá!

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 67


UNIDADE 1 – AMPLIFICADORES DIFERENCIAIS

6. E-REFERÊNCIAS
ALLDATASHEET.COM. BC547 Datasheet (PDF) – ON semiconductor. Disponível em:
<http://pdf1.alldatasheet.com/datasheet-pdf/view/11551/ONSEMI/BC547.html>.
Acesso em: 23 ago. 2017.
______. 2N4351 Datasheet (PDF) – calogic corporation. Disponível em: <http://pdf1.
alldatasheet.com/datasheet-pdf/view/57101/CALOGIC/2N4351.html>. Acesso em: 23
ago. 2017.
______. 2N7000 Datasheet (PDF) – MOTOROLA. Disponível em: <http://pdf1.
alldatasheet.com/datasheet-pdf/view/2842/MOTOROLA/2N7000.html> Acesso em:
25 mai. 2017.
BERTOLI, R. Â. Eletrônica (apostila). Campinas: Colégio Técnico de Campinas/Unicamp,
2000. Disponível em: <http://ppgel.net.br/uaisoccer/downloads/1272062682.pdf>.
Acesso em: 23 ago. 2017.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOYLESTAD, R. L.; NASHELSKI, L. Dispositivos eletrônicos e teoria de circuitos. 8. ed. São
Paulo: Pearson Prentice Hall do Brasil, 2004.
CRUZ, E. C. A.; CHOUERI JR., S. Eletrônica aplicada. São Paulo: Érica, 2007.

68 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 2
AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS
OU OPAMPS)

Objetivos
• Conhecer, além dos circuitos lineares, os circuitos não lineares que em-
pregam o OPAMP.
• Relacionar o uso dos OPAMPs com aplicações de automação e controle.
• Identificar aplicações na instrumentação em que os OPAMPs possam ser
empregados.
• Compreender a importância dos CIs analógicos na eletrônica de potência.
• Realizar a análise de circuitos compostos com OPAMPs.

Conteúdos
• Retificadores de precisão.
• Comparadores Schimitt Trigger.
• Transistor Unipolar de Junção (UJT).
• Geradores de onda dente de serra.
• Controladores P, I, D e PID no controle de processos.

Orientações para estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:

1) Para o estudo desta unidade, sugerimos que você revise a Unidade 4 da


obra Eletrônica e Laboratório de Eletrônica I, pois ela trata dos conceitos
básicos sobre OPAMPs, das equações básicas que regem seu comporta-

69
UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

mento e contém vários exemplos de circuitos lineares que utilizam esses


circuitos integrados.

2) Recorde os conceitos básicos de eletricidade, tais como DDP, Corrente e


Potência, Fontes CC, Fontes e Sinais AC, pois eles são essenciais para o
estudo desta unidade.

3) Também são conceitos importantes nesta unidade as Formas de Onda e a


Frequência, a 1ª Lei de Ohm e 2ª Lei de Ohm, 1ª Lei de Kirchhoff e 2ª Lei
de Kirchhoff.

70 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

1. INTRODUÇÃO
Os Amplificadores Operacionais (OPAMPs) são construídos
para apresentar características como ganho, impedância de en-
trada, impedância de saída, entre outras, muito próximas de um
amplificador perfeito. Além disso, dependendo da configuração
em que são empregados, esses CIs podem trabalhar de diversas
formas, além de simplesmente amplificar sinais.
A praticidade de não nos preocupar em polarizar compo-
nentes discretos, como transistores, mas simplesmente alimen-
tar o OPAMP e interligar somente alguns componentes às suas
entradas e saída, as quais o configurarão, nos permite construir,
com muita facilidade, vários circuitos práticos empregados em
todos os ramos em que a eletrônica está presente, como na ins-
trumentação, automação, eletrônica de potência, telecomunica-
ção, áudio e vídeo, entre outros.
Nesta unidade, apresentaremos aplicações dos amplifica-
dores operacionais presentes em distintas áreas, nas quais a ele-
trônica está presente. Vamos lá?

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su-
cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão
integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteú-
do Digital Integrador.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 71


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

2.1. RETIFICADORES DE PRECISÃO COM OPAMP

Vamos imaginar, inicialmente, que desejamos retificar um


sinal AC com amplitude de pico de apenas 100mV. Não consegui-
remos fazer a retificação desse sinal com um simples diodo, seja
ele de silício, seja de germânio.
Como sabemos, para que esses diodos comecem a condu-
zir, é necessário 0,7V e 0,3V de tensão no sentido direto para os
de silício e de germânio, respectivamente.
Essa situação é encontrada com frequência em circuitos
demoduladores de sinais de rádio AM, retificadores de sinais
provenientes de transdutores e na instrumentação. Uma alter-
nativa seria amplificar esses sinais antes de retifica-los, contu-
do, os OPAMPs possibilitam uma alternativa elegante para essa
questão.
De acordo com Pertence (2003, p. 128), “um diodo retifica-
dor comum não consegue retificar sinais de níveis muito baixos,
pois o mesmo não conduz quando polarizado diretamente com
tensões abaixo de 0,7V”.
Esse é um circuito prático muito útil com OPAMP, no qual
os seus retificadores de precisão são conhecidos também como
retificadores perfeitos. Observe:

72 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

Figura 1 Retificador de precisão meia onda com OPAMP.

O princípio funcional é simples, pois, como sabemos, o


OPAMP multiplica a diferença de tensão entre as suas entradas
por um ganho muito alto. Por isso, em aplicações com realimen-
tação negativa, podemos dizer que .
Quando, nesse circuito, aplicamos um sinal positivo na en-
trada (input), a saída do OPAMP tende a elevar o nível de tensão
até que a entrada inversora tenha a mesma tensão que a entrada
não inversora. No entanto, a saída do OPAMP está ligada à entra-
da inversora pelo diodo retificador.
O que ocorrerá é que, para chegar à condição de ,
a saída deverá possuir um valor de tensão 0,7V, caso utilizemos
diodo de silício, maior do que a tensão aplicada na entrada, pois
, em que:
• VP: tensão na entrada não inversora.
• VN: tensão na entrada inversora.
• VO: tensão na saída do OPAMP.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 73


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

• VD: queda de tensão no diodo.


Na saída do circuito (output), teremos a tensão da saída do
OPAMP menos a queda de tensão no diodo, vejamos:

Quando aplicarmos um sinal negativo na entrada, a reação


do OPAMP será a mesma que descrevemos, ou seja, multiplicará
a diferença de tensão entre as entradas por um ganho virtual-
mente infinito.
Isso resultará em valores de tensão negativos para a saída
do OPAMP. No entanto, essas tensões negativas estarão polari-
zando o diodo retificador no sentido reverso, que não permitirá
a passagem dessa tensão para a saída do circuito.
Nessas condições, a linha de realimentação negativa está
interrompida e, com isso, a saída do OPAMP tenderá a saturar
com o valor de –VSAT, que, em um OPAMP Ideal, seria -VCC, mas,
na saída do circuito, o valor de tensão será 0V.
A fidelidade no sinal de saída retificado estará ligada dire-
tamente às características do OPAMP que utilizarmos. E, como
estudamos, os OPAMPs não são circuitos perfeitos, então, são
esperadas pequenas perdas nesse processo de retificação.

Retificador em onda completa com OPAMP


Um circuito didático de um retificador onda completa pode
ser obtido com a utilização de alguns OPAMPs, sendo possível,
por exemplo, construir dois retificadores meia onda conforme o
exemplo ilustrado na Figura 1, a seguir, e invertendo o sentido do
diodo de um deles, retificaríamos o semiciclo negativo.

74 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

Com o auxílio de um amplificador inversor, de ganho -1, in-


verteríamos a polaridade do sinal proveniente da retificação do
semiciclo negativo e, por fim, somaríamos os dois sinais.
Dessa forma, basicamente, estaríamos utilizando 4
OPAMPs para obter o retificador de precisão em onda completa,
mas um circuito bastante otimizado para essa finalidade é mos-
trado a seguir e utiliza somente dois OPAMPs. Veja:

Fonte: Pertence Jr. (2003, p. 130).


Figura 2 Retificador onda completa de precisão com OPAMP.

A princípio, temos o OPAMP 1 trabalhando como retifica-


dor inversor de meia onda, pois apresenta com ganho -1 para si-
nais de entrada positivos (vide configuração dos resistores desse
OPAMP e D2) e ganho 0 para sinais de entrada negativos (verifi-
que a configuração dos resistores desse OPAMP e D1).
O OPAMP 2 está trabalhando como um Somador Inversor
de duas entradas, sendo que uma delas apresenta ganho -1 e a
outra ganho -2.
Quando um sinal positivo é aplicado à entrada (Vi), o
OPAMP 1 tende a elevar o nível de tensão negativa de sua saída,
por intermédio de D2 e do resistor de realimentação. Esse valor

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 75


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

de tensão é realimentado para a entrada inversora para que a


igualdade seja estabelecida.
Desse modo, teremos, no ponto A do circuito, o valor de
tensão – Vi. Esse valor de tensão (-Vi) está presente na entrada
do OPAMP 2, que possui ganho de -2, assim, teríamos na saída
2Vi.
No entanto, o sinal de entrada Vi, está sendo aplicado tam-
bém na segunda entrada do somador inversor que tem ganho -1,
então, por essa entrada, teríamos na saída -Vi.
Somando, agora, os valores parciais, na saída do OPAMP 2,
teríamos .
Quando um sinal negativo é aplicado à entrada (Vi), o
OPAMP 1 tende a elevar o nível de tensão positiva, até que a
igualdade seja estabelecida e, neste caso, obteremos,
no catodo de D1, 0V. Dessa maneira, na entrada do somador
que possui ganho -2, teremos 0V, resultando na saída do OPAMP
2 um valor parcial de 0V.
Ao mesmo tempo, o sinal presente em Vi é levado na
segunda entrada do somador e multiplicado por -1. Como o si-
nal presente em Vi, nesse caso, é negativo, teremos na saída do
OPAMP 2 um valor positivo, invertendo, assim, o semiciclo do
sinal de entrada.
De acordo com Pertence (2003, p. 131), “[...] é conveniente
ressaltar que o circuito retificador de onda completa recebe, em
alguns textos, a denominação Circuito de Valor Absoluto”.
Devido às características, simplicidade e praticidade dos
retificadores construídos com OPAMP, esses circuitos são encon-
trados com frequência nos equipamentos relacionados à instru-
mentação industrial.

76 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

Passaremos agora ao estudo de mais um circuito não li-


near, muito útil na construção de equipamentos de instrumenta-
ção e controle, os Comparadores Schimitt Trigger.

Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas


no Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas no Tópico
3. 2. para aprofundar os conteúdos estudados nesta unidade.

2.2. COMPARADORES SCHIMITT TRIGGER

Vamos utilizar um comparador simples como base para a


compreensão desse novo modelo.
O circuito ilustrado na Figura 3 é um comparador inversor
simples, cuja tensão de referência é +5V. Observe:

Figura 3 Comparador Inversor com OPAMP.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 77


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

Qualquer tensão presente na entrada do circuito superior


a 5V resultará na saída em -VSAT e, para valores menores que
5V, resultará na saída +VSAT.
Como você aprendeu na unidade anterior, VSAT (tensão de
saturação) é a máxima tensão que um OPAMP Real pode forne-
cer na saída quando esta está saturada.
Idealmente, esses valores deveriam ser iguais aos de ali-
mentação do OPAMP (+VCC e –VCC). Normalmente, os valores de
saturação positiva e negativa estão em torno de 1,5V abaixo (em
módulo) de VCC.
Esse circuito, apesar de funcional, é ineficaz na compara-
ção de sinais nos quais houver ruídos. Imagine aplicar na entrada
do comparador um sinal com ruído conforme mostra a Figura 4:

Fonte: Pertence Jr. (2003, p. 107).


Figura 4 Sinal com presença de ruído.

VR, na Figura 4, representa a tensão de referência do com-


parador, e Vi, a tensão de entrada.

78 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

Observe que, em determinados instantes, o ruído faz com


que a tensão do sinal que está sendo comparado atravesse a
linha de referência, isso resultaria em chaveamentos errôneos
de um comparador simples que estivesse trabalhando com esse
sinal.
É neste instante que os comparadores Schmitt Trigger
(disparador de Schmitt) se mostram muito mais eficientes no
tratamento desses sinais. Esses comparadores são conhecidos
também como comparadores com histerese ou com atraso, po-
dendo ser referenciados como comparadores regenerativos.
A Figura 5, a seguir, ilustra o circuito de um comparador
inversor com histerese. Observe como isso se dá:

Figura 5 Comparador Inversor com histerese.

Nesse circuito, é importante observar a presença de reali-


mentação positiva por intermédio de R2. Por isso, é comum que
ele seja identificado como comparador regenerativo.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 79


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

A tensão de referência do comparador não é mais fixa,


como no circuito anterior; agora, ela é determinada pela tensão
de saturação positiva e negativa do OPAMP e pelo divisor de ten-
são formado por R1 e R2.
Nesse circuito, é comum denominar a tensão de referência
de tensão de disparo. As tensões de disparo são determinadas
pelas fórmulas:

• VDS: tensão de disparo superior.


• +VSAT: tensão de saturação positiva.

• VDI: tensão de disparo inferior.


• -VSAT: tensão de saturação negativa.
Para entender o funcionamento desse circuito, é impor-
tante considerar que, devido à realimentação positiva, a saída
sempre estará em +VSAT ou – VSAT e, para fins didáticos, vamos
assumir +VSAT = 10V e – VSAT = -10V.
Vamos a um exemplo.
Suponha que você precisará comparar valores de tensão
maiores e menores que 0V e rejeitar ruídos presentes no sinal
de entrada de até 100mV de pico. Por isso, deve assumir que as
tensões de disparo superior e inferior serão +100mV e -100mV,
respectivamente.

80 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

Escolhendo empiricamente os resistores R1 e R2, é fácil


chegar à conclusão de que R1=100Ω e R2 = 9900Ω atende-
riam nossos requisitos, pois resultariam nas tensões de disparo
necessárias:

Supondo, ainda, que em determinado instante a saída do


comparador esteja em +10V (+VSAT); então, nesse caso, a tensão
de referência (tensão de disparo) é 100mV (VDS) e a saída somen-
te mudará de estado quando a tensão do sinal de entrada for
superior a 100mV.
Em um segundo instante, vamos assumir que o sinal de
entrada ultrapassou 100mV, neste caso, a saída comutará para
-10V (-VSAT) e, então, a tensão de referência (tensão de dispa-
ro) mudará para -100mV (VDI). Agora, é necessário que o sinal
de entrada seja inferior a -100mV para alterar o estado da saída
novamente.
Tensões que estejam entre +100mV e -100mV (ruídos nes-
se exemplo) não são mais capazes de alterar a saída do compara-
dor. A diferença entre as tensões de disparo VDS e VDI é a tensão
de histerese do sistema.

A Figura 6, a seguir, ilustra o efeito de histerese aplicado


sobre o sinal de entrada do comparador. Observe:

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 81


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

Fonte: Pertence Jr. (2003, p. 110).


Figura 6 Comportamento do comparador com histerese.

Pertence (2003, p. 110) ressalta que “[...] existe um certo


atraso de comutação quando o sinal de entrada estiver dentro
da margem de histerese (VH)”. Com isso, devemos nos perguntar
como faremos para usar esse comparador quando desejarmos
comparar valores diferentes de 0V, cujas histereses desejadas
sejam pequenas.
A solução é bastante simples. Basta que, antes de compa-
rar esse sinal, o seu valor seja deslocado para baixo ou para cima,
a um o valor de referência para 0V novamente. Isso pode ser
feito, simplesmente, com o auxílio de um somador com OPAMP,
por exemplo, conforme ilustra a figura a seguir:

82 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

Figura 7 Comparador com histerese antecedido por somador.

Ao sinal a ser comparado, somamos um segundo valor


que denominamos OffSet, de modo que o eixo de referência do
sinal seja deslocado em direção à 0V. Após isto, basta levarmos o
sinal até o comparador.
Agora vamos conhecer um circuito oscilador ou gerador de
onda, que, como sabemos, vai se tratar de mais uma aplicação
não linear com OPAMP.

Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas


no Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas no Tópico
3. 1. para aprofundar os conteúdos estudados nesta unidade.

2.3. GERADORES DE ONDA DENTE DE SERRA

No módulo anterior, aprendemos a construir um oscilador


astável com OPAMP, que tem a finalidade de gerar sinais de onda
quadrada com a frequência desejada. E nos vídeos complemen-
tares deste módulo, incrementamos nosso projeto com mais um

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 83


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

OPAMP trabalhando como integrador, para que, integrando o


sinal de onda quadrada que geramos, pudéssemos na saída do
circuito termos uma forma de onda triangular.
Agora vamos aprender a construir um oscilador de onda
dente de serra, cuja forma de onda vai possuir o seguinte aspecto:

Figura 8 Forma de onda dente de serra.

De acordo com Pertence (2003, p. 121), “[...] em muitas


situações práticas torna-se necessária a utilização de um sinal do
tipo dente de serra (sawtooth)”. Como exemplo disso, temos o
uso desse sinal como sinal de varredura horizontal nos circuitos
dos osciloscópios.
Vamos à compreensão desse circuito.

O Transistor de Unijunção ou UJT (Unijunction transistor)


Para compreender o circuito gerador de ondas dente de
serra, precisamos conhecer um novo componente, o UJT ou
Transistor de Unijunção.

84 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

Esse transistor faz parte da classe dos tiristores, que são


componentes eletrônicos formados por múltiplas camadas de
materiais semicondutores, sendo que o UJT é um dos tiristores
mais simples.
Mostraremos, a seguir, a simbologia do UJT, observe:

Figura 9 Simbologia UJT.

As letras do UJT apresentam os seguintes significados:


• E: Emissor.
• B1: Base 1.
• B2: Base 2.
Ilustramos na Figura 10, a seguir, a constituição física do
Transistor de Unijunção. Observe:

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 85


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

Fonte: Boylestad; Nashelsky (2004, p. 624).


Figura 10 Constituição Transistor de Unijunção.

Esse componente é construído sobre uma grande fatia de


material semicondutor do tipo N (ou do tipo P, dependendo do
UJT), com nível de dopagem leve (alta resistividade). Nas extre-
midades desse material, existem dois elementos metálicos que
constituem a base 1 (B1) e a base 2 (B2).
Do outro lado da superfície do semicondutor, são difundi-
das impurezas do tipo P com um nível de concentração superior
ao do tipo N, dando origem a uma junção PN, que é a única jun-
ção do componente e, por isso, o nome de transistor “unijunção”.
Na região de inserção de impurezas de tipo P, é inserido
um elemento metálico, uma haste de alumínio, que dá origem
ao terminal de emissor (E).
O circuito equivalente do UJT é ilustrado na Figura 11.
Confira:

86 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

Fonte: Boylestad; Nashelsky (2004, p. 625).


Figura 11 Circuito equivalente UJT.

Se medirmos a resistência entre os terminais B1 e B2, en-


contraremos um valor denominado resistência interbases (RBB),
que, conforme o circuito equivalente, é a soma de RB1 e RB2.
Observe que no circuito equivalente existe também um
diodo entre o terminal emissor e o centro da junção RB1 - RB2.
Convencionamos que a queda de tensão nesse diodo interno
(VD) é aproximadamente 0,7V.
Se o terminal de emissor ficar aberto e for aplicado um va-
lor de tensão entre as bases (VBB ) com o GND voltado para B1,
poderemos medir internamente, no componente, duas tensões,
VRB1 e VRB2, sendo:

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 87


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

Onde:
• η: é conhecido como razão intrínseca.
Podemos notar que o valor de η depende da construção
do UJT, mais especificamente da posição em que o terminal de
emissor é inserido na fatia de material tipo η.
Se a tensão VBB presente for mantida e for aplicado um
valor de tensão entre o terminal emissor e a base 1, maior ou
igual a VD + η × VBB , o diodo interno ficará polarizado diretamen-
te e começará a conduzir e, a partir desse ponto, pelo efeito de
realimentação positiva, a corrente de emissor passará a subir e
será a única limitação, exceto quando há um resistor externo, o
resistor RB1. Nessas condições, dizemos que o UJT disparou e
está saturado e, caso seja mantida a tensão no terminal de emis-
sor, mesmo que a tensão base-base seja removida, continuará a
existir corrente entre o emissor (E) e a base 1 (B1).
A corrente de emissor somente deixará de existir caso a
tensão de emissor caia abaixo da tensão de vale conhecida como
V V.
Em termos mais práticos, controlamos o UJT para que ele
se comporte como chave aberta ou chave fechada entre o ter-
minal emissor (E) e a base 1 (B1), para isso, a tensão presente
no emissor tem de ser superior à tensão de referência existente
em B2.

88 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

Para que você possa entender o funcionamento do UJT, va-


mos recorrer ao circuito que será ilustrado na Figura 12:

Figura 12 Circuito básico com UJT.

Se a chave S1 for pressionada e S2 ficar aberta, nenhu-


ma corrente circulará pelo UJT, com exceção de uma pequena
corrente de fuga base-base, determinada pelas características
intrínsecas do transistor. Por outro lado, se a chave S2 for pres-
sionada e S1 for mantida aberta, também não haverá circulação
de corrente.
Já, se S1 e S2 forem acionadas, haverá corrente em B1, em
B2 e no terminal emissor E. Uma vez que a corrente de emissor é
estabelecida, se a chave S1 for desligada, a corrente de emissor
permanecerá, pois o UJT estará disparado.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 89


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

Observe, no entanto, que para ocorrer o disparo foi neces-


sário um valor de tensão no emissor (E) levemente superior ao
valor da base 2 (B2).
Desse modo, podemos controlar o disparo do UJT ajustando
a tensão presente em B2 e, devido a esse fato, é comum que esse
transistor seja identificado como PUT (Programmable unijunction
transistor), que, de acordo com Pertence (2003, p. 121), “[...] irá
disparar quando a tensão de anodo (rampa de saída) do mesmo
atingir o valor da tensão de disparo (VG)”.

Oscilador de onda dente de serra com OPAMP e UJT


Aliando o OPAMP ao UJT, que acabamos de conhecer, po-
demos construir o gerador de onda dente de serra, conforme
ilustrado na Figura 13. Veja:

Figura 13 Oscilador dente de serra com OPAMP e UJT.

90 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

A Figura 13 apresenta um exemplo didático de circuito


para que você possa compreender os conceitos e é totalmen-
te funcional. Aqui, estamos omitindo a fonte de alimentação do
OPAMP, que para esses fins é simétrica de +15V e -15V.
Os valores de tensão da fonte Vcc1 (1,5V) e da fonte Vcc2
(10V) poderiam ser obtidos por meio de divisores de tensão a
partir da fonte simétrica de alimentação do OPAMP.
Inicialmente, podemos verificar que o OPAMP está traba-
lhando como um circuito integrador, considerando que o capaci-
tor C1 está conectado entre a saída e a entrada inversora.
Ao ligar a alimentação do circuito, de início, o capacitor está
descarregado e se comporta como um curto circuito e, como a
entrada não inversora do OPAMP está conectada ao GND, have-
rá na saída dele um valor de tensão que inicialmente é 0V; esse
valor começa a aumentar devido ao efeito de carga do capacitor
promovido por R1.
Esse é justamente o efeito de integração ao longo do tem-
po que ocorre sobre o valor de sinal de -1,5V fornecido pela fonte
Vcc1. Como sabemos, a integral de uma constante (fonte Vcc1) é
uma rampa e é justamente essa rampa de tensão que aparecerá
na saída do circuito.
Observe, agora, na Figura 13, que o emissor do UJT está co-
nectado à saída do OPAMP e a base 1 na entrada não inversora;
em outras palavras, os terminais emissor e base 1 do UJT estão
em paralelo com o capacitor.
A base 2 do UJT está conectada via resistor de polarização
R2 à fonte Vcc2 de 10V, e esta é justamente a tensão de referên-
cia para disparo do UJT.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 91


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

Quando a tensão no terminal emissor do UJT, que está co-


nectado à saída do OPAMP, atingir aproximadamente o valor da
tensão de referência + 0,7V, haverá o disparo do transistor que
promoverá um curto circuito entre os terminais do capacitor,
descarregando-o, e a tensão de saída do circuito caiará vertigi-
nosamente, quase em linha reta, até aproximadamente 0,7V.
Como 0,7V está abaixo da tensão de vale do UJT, o transis-
tor entrará em corte, permitindo, assim, que o capacitor volte a
se carregar e o OPAMP, novamente, se comporte como um sim-
ples integrador.
Esse ciclo se repetirá indefinidamente, enquanto houver
alimentação no circuito.
Com relação a isso, torna-se relevante considerar a ampli-
tude do sinal gerado e a frequência. Nesse circuito, é importante
frisar que ambas variáveis estão inter-relacionadas, no entanto,
com o ajuste correto dos componentes de polarização (no circui-
to R1, C1 e Vcc2), podemos controlar a amplitude e a frequência
do sinal gerado convenientemente.
A amplitude máxima do sinal de saída será aproximada-
mente o valor da tensão de referência presente em B2 (neste
caso, Vcc2) mais a tensão direta do UJT (VF ou VD). Desse modo,
teremos:

É óbvio que a tensão máxima de saída depende do termi-


nal emissor do UJT, possibilitando que a saída do OPAMP possa
alcançar o valor necessário para disparo e, com isso, a tensão de

92 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

saturação positiva do OPAMP (+VSAT) deve ser observada. Nesse


caso, a amplitude mínima será:

O período de oscilação da forma de onda gerada pode ser


calculado pela fórmula

• T: período do sinal em segundos.


• VP: tensão de disparo ajustado em B2 do UJT em volts.
• VF: tensão direta do UJT em volts.
• Vi: tensão de entrada do circuito integrador em volts.
• R: resistor do circuito integrador em ohms.
• C: capacitor do circuito integrador em Faraday.
Com o período calculado, podemos obter a seguinte fre-
quência: .

Vamos, agora, aplicar as equações para descobrir como é a


forma de onda gerada pelo circuito ilustrado na Figura 13.
• Tensão mínima:

• Tensão máxima:

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 93


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

• Período de oscilação:

• Frequência do sinal:

Finalmente, temos a forma de onda dente de serra com os


valores de tensão mínima, tensão máxima e período/frequência,
conforme mostra a figura a seguir:

Figura 14 Forma de onda dente de serra 16,13Hz.

94 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

Com mais esse circuito, temos na lista quatro circuitos os-


ciladores que podem ser obtidos com os OPAMPs: o oscilador de
onda quadrada simétrico, o oscilador de onda quadrada assimé-
trico, o oscilador de onda triangular e o oscilador de onda dente
de serra.
Em seguida, vamos tratar de circuitos não lineares voltados
à área de controle.

2.4. CONTROLADORES P, I, D E PID COM OPAMP

Atualmente, existe uma infinidade de processos que ne-


cessitam de controle preciso e esses processos variam de uma
indústria para outra, pois estão diretamente ligados ao ramo de
atividade de cada uma.
Podemos citar algumas indústrias que possuem processos
totalmente distintos, tais como as empresas automotivas, de be-
bidas, de celulose e papel, de açúcar e álcool, alimentícias, side-
rúrgicas, entre outras.
Obviamente, alguns processos podem ser comuns a unida-
des fabris totalmente distintas, como, por exemplo, o controle
de temperatura, a vazão, a velocidade, a posição, a força, o equi-
líbrio químico de misturas, entre outros.
Quando dizemos que certa variável deve ser controlada,
isso significa que ela deve ser mantida em um valor específico,
como, por exemplo, manter ou controlar a temperatura de um
forno em 200°C.
Segundo Pertence Jr. (2003, p. 89), “o tipo mais elemen-
tar de controle é chamado de controle on-off (liga-desliga)”. Esse
tipo de controle é extremamente fácil de ser implementado,

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 95


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

contudo, ele não atende uma grande parte dos processos indus-
triais, pois admite variações de temperatura.
No caso de um forno, se a temperatura ultrapassasse os
200°C desejados, o banco de resistores responsáveis pelo seu
aquecimento seria desligado. De outra forma, se a temperatura
fosse inferior a 200°C, o banco de resistores seria ligado para au-
mentar a temperatura do forno.
É evidente que entre o ponto de ativação do elemento de
aquecimento e o seu desligamento deve existir certa distância e,
de acordo com isso, poderíamos ligar o banco de resistores aos
190°C e desligá-lo aos 210°C.
Não nos aprofundaremos na teoria que trata dos sistemas
de controle; no entanto, vamos definir alguns termos e expres-
sões indispensáveis para que possamos dar continuidade aos as-
suntos estudados neste tópico. São eles:
• Processo: é o que se deseja controlar. Como exemplo
podemos citar a pressão.
• Setpoint: é o nível, valor ou patamar em que desejamos
manter uma determinada variável. Como exemplo dis-
so, temos o Setpoint de pressão em Bar.
• Perturbação: qualquer evento externo que tende a al-
terar a variável que está sendo controlada.
• Transdutor: é um dispositivo eletrônico que converte
uma grandeza física em um sinal elétrico. Como exem-
plo, temos um transdutor de pressão para um sinal de
0 a 10V.
• Controle malha fechada: é um tipo de controle em que
uma amostra do valor atual da variável que está sen-
do controlada é utilizada para definir o nível do erro e

96 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

implementar uma ação de controle. A ação de capturar


uma informação de saída e interagir com a entrada é
denominada realimentação.
Os amplificadores operacionais permitirão a implementa-
ção de controladores mais eficazes do que um simples controle
On-Off. Basicamente, existem controladores de três tipos distin-
tos com OPAMP, que são:
• Controlador de ação proporcional (P).
• Controlador de ação Integral (I).
• Controlador de ação derivativa (D).
Essas três ações de controle podem ser combinadas para
construção de controladores, PI, PD e PID, por exemplo.
É comum a cada processo utilizarmos ações de controle
distintas, ou seja, nem sempre é necessário o emprego de um
controlador PID, mas, para fins didáticos, estudaremos as três
ações combinadas a seguir.

Definindo o erro do processo


O primeiro passo para implementação de qualquer ação
de controle é calcular o erro do processo (E). Podemos definir
como erro a diferença entre o Setpoint e o valor atual da variável
que está sendo controlada, observe:

Vamos usar, como exemplo, o controle de temperatura


de um forno, que desejamos manter constante em 250°C. Para
tanto, nosso forno está equipado com um transdutor que mede
constantemente sua temperatura e a converte em um sinal elé-

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 97


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

trico de 0 – 10V, sendo que, para fins didáticos, teremos uma


curva temperatura-tensão totalmente linear, conforme ilustra a
Figura 15. Confira:

Figura 15 Curva do transdutor de temperatura.

Pela curva, concluímos que, quando o forno estiver em


250°C, que é o setpoint de temperatura, teremos na saída do
transdutor 5V, em termos elétricos, um setpoint de 5V.
Qualquer tensão diferente de 5V fornecida pelo transdutor
indica erro de temperatura. Para fazer a leitura do transdutor de
temperatura, ajustar o setpoint desejado e calcular o erro, fare-
mos uso do circuito representado na Figura 16, a seguir:

98 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

Figura 16 Circuito – Leitura do transdutor, ajuste de setpoint e cálculo do erro.

A princípio, poderíamos ter construído esse circuito com


apenas um único OPAMP, no caso, o AOP3. Contudo, tomamos
algumas precauções com a adição do AOP1 e o AOP2. Tanto um,
quanto outro estão trabalhando na configuração de seguidor de
tensão.
Como você pode recordar, o circuito seguidor de tensão
com OPAMP oferece ganho de tensão igual a 1. No entanto, pos-
sui uma alta impedância de entrada; em um OPAMP Ideal esse
valor seria infinito. Se usarmos, por exemplo, o LM741, a impe-
dância de entrada será de 2MΩ.
Os seguidores de tensão foram colocados no circuito para
não carregar a saída do transdutor de tensão e o potenciômetro
de ajuste de setpoint PT1. Ambos os sinais, setpoint e valor atual,
são levados ao AOP3, que está configurado para trabalhar como
subtrador. Para o esse circuito, aplica-se a expressão:

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 99


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

Dessa forma, na saída do circuito subtrador, obteve-se o


erro do sistema:

Conhecido o erro, iremos agora aprender a implementar


as devidas correções de modo a anulá-lo.

Aplicando ações de controle


Considerando que temos a saída de erro do sistema,
podemos implementar todas as ações de controle. No entanto, é
relevante considerar que o conceito de atuação de controle on-
off implica em utilizar 0% ou 100% de potência de aquecimento
no forno.
Esse conceito não pode ser mais usado, pois, agora, é ne-
cessário variar a potência do banco de resistores de 0 a 100%
de acordo com as determinações do controlador PID, que é o
cérebro do sistema.
Para variar a potência de aquecimento, teríamos de subs-
tituir uma simples chave liga-desliga por um controle gradual,
utilizando, por exemplo, circuitos de potência com TRIACs, ou,
então, controles mais elaborados como circuitos PWM.

100 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

Esses são assuntos que trataremos na Unidade 3. Por ora,


basta você entender que a potência de aquecimento pode variar
de 0 a 100%, conforme o controlador PID determinar. Veja:

Vamos compreender, agora, o conceito de ações de con-


trole proporcional.

Ação de controle proporcional (P)


Como o próprio nome indica, o controle proporcional
atuará de maneira proporcional ao erro, ou seja, se a tempera-
tura estiver muito baixa, o controle proporcional implementará
uma grande ação de controle; já, se a temperatura for somente
um pouco inferior ao setpoint, o controle proporcional aplicará
uma leve ação de controle. Nesse sentido, Pertence Jr. (2003, p.
90) afirma que “nesse tipo de ação de controle existe uma re-
lação linear entre o sinal de erro (E) de entrada e saída (PO) do
controlador”.
Com base nisso, inferimos que a ação de controle propor-
cional é definida como:

• CProp: correção Proporcional ao longo do tempo.


• KP: ganho proporcional.
• e(t): erro no domínio do tempo.

O ganho proporcional (KP) possibilita a aplicação de um


fator de correção ajustável que teoricamente pode ir de 0 até o
valor desejado.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 101


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

O circuito que vai executar a ação de controle proporcional


é ilustrado na Figura 17:

Figura 17 Circuito – Controle proporcional.

Conforme observamos na Figura 17, o circuito é um am-


plificador inversor, cujo ganho pode ser determinado pelo ajuste
feito no potenciômetro PT2, indo de 0 a -10 vezes. Nesse circuito,
implementamos um ganho negativo sobre o erro, no entanto,
essa não é a intenção. Então, podemos resolver essa questão
simplesmente adicionando na saída de AOP4 mais um OPAMP,
que trabalhará como amplificador inversor com ganho de -1,
e, com isso, obter um ganho positivo na saída do controlador
proporcional.
Contudo, esse problema será resolvido, posteriormente,
ao final do projeto, pois, parcialmente, temos na saída do con-
trole proporcional:

102 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

O controlador proporcional é muito eficaz, contudo, ele


sozinho não é capaz de controlar de maneira precisa todos os
tipos de processo conhecidos. Devido a isto, estudaremos outras
formas de ações de controle.

Ação de controle integral (I)


Um fato que não pode ser ignorado sobre o controle pro-
porcional é que, quando não há erro, a correção proporcional
deixa de existir.
Uma aplicação como um forno, por exemplo, tem uma tro-
ca térmica constante com o ambiente. Isso significa que o tempo
todo se perde calor e, por essa razão, uma ação de controle é
necessária em tempo integral, mas, tão logo o erro seja corrigi-
do, a ação do controle proporcional desaparece e, então, o erro
volta a existir.
É nesse ponto que o controle integral (I) atua de forma
eficiente, dado que, diferentemente da correção proporcional,
quando o erro é finalmente corrigido, a ação do controle integra-
tivo continua atuando, como observaremos na equação a seguir,
a partir da operação matemática de integração do erro ao longo
do tempo:

• Cinteg: correção integrativa ao longo do tempo.


• KI: ganho integrativo.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 103


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

• e(t): erro no domínio do tempo.


De acordo com Pertence Jr. (2003, p. 91), “[...] a ação inte-
gral é aquela na qual a saída do controlador aumenta numa taxa
proporcional à integral do erro da variável controlada”.
A seguir, conheça o circuito com OPAMP, que realiza a ação
matemática de integração de sinais (ver Figura 18):

Figura 18 Circuito – Controle integrativo.

Esse circuito possui algumas diferenças em relação ao in-


tegrador básico que estudamos anteriormente, pois, nesse caso,
tivemos que tomar algumas precauções.
O potenciômetro PT3 é responsável pelo ajuste do ganho
integrativo e, caso ele esteja ajustado para 0Ω, matematicamen-
te, teremos ganho integrativo infinito, o que é indesejável.
Outro problema relacionado a esse potenciômetro é que,
em t=0s, a saída de AOP5 também é 0V, o que virtualmente
colocaria a entrada de sinal em curto circuito. O resistor R6 im-
pedirá esses dois problemas.

104 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

Outro ponto é a utilização do resistor R7 em paralelo com


o capacitor. Esse resistor tem a finalidade de impedir que a saí-
da do nosso integrador sature. Obviamente, para a escolha do
capacitor C1 e do potenciômetro PT3, teríamos de realizar uma
análise do tipo de erro ou perturbações a que o nosso sistema
está sujeito, mas isto é assunto para sistemas de controle.
É relevante, apenas, considerar que esses dois componen-
tes são funcionais e conceitualmente corretos para uma dada
condição física. Como no controlador proporcional, aqui tam-
bém possuímos ganho negativo e, novamente, esse fato não é
intencional.
Para o nosso circuito integrador, então, valerá a seguinte
equação:

Assim como ocorre com o controlador proporcional, o con-


trolador integrativo não é totalmente eficaz trabalhando isolada-
mente. Sendo assim, a seguir, abordaremos mais uma forma de
ação de controle.

Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas


no Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas no Tópico
3. 3. para aprofundar os conteúdos estudados nesta unidade.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 105


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

Ação de controle derivativa (D)


O controle derivativo permite uma adição muito interes-
sante ao nosso sistema. Nele, o controlador derivativo reage à
variação do erro ao longo do tempo, permitindo que ações de
controle instantâneas e pontuais sejam implementadas quando
necessário.
A correção tipo D realiza a operação matemática de deri-
vação do erro ao longo do tempo. Veja:

• CDeriv: correção derivativa ao longo do tempo.


• KD: ganho derivativo.
• e(t): erro no domínio do tempo.
No caso do forno, por exemplo, quando abrimos a porta
para a entrada ou saída de uma peça, temos uma perturbação
grande caracterizada por uma perda repentina, progressiva e
não linear de calor e a correção derivativa vai reagir de forma
diferente em cada instante. A Figura 19, a seguir, ilustra como
ficará nosso controlador derivativo. Observe:

106 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

Figura 19 Circuito – Controle derivativo.

Novamente, como você pôde observar, mais uma precau-


ção foi tomada com a adição de R8 no circuito integrador, que
tem como objetivo não permitir que a entrada de sinal seja co-
locada virtualmente em curto, em t=0s, e caso o potenciômetro
esteja ajustado para 0Ω.
Nesse caso, devemos considerar as mesmas observações
para a escolha de C2 e PT4, do circuito integrador. Seria neces-
sária uma análise do tipo de perturbação a que o sistema está
sujeito para escolhermos corretamente esses dois componentes.
O ajuste do ganho derivativo do circuito é obtido por inter-
médio de PT4 e, para ele, vale a seguinte equação:

Assim como nos circuitos dos controladores P e I, o ganho


obtido é negativo e terá um tratamento posterior.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 107


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

Controle PID
As três ações de controle proporcionam um ótimo sistema
de controle, pois combinam:
• A ação rápida e imediata do controle proporcional
que, em pouco tempo, traz o erro a patamares bem
pequenos.
• A atuação fina e precisa do controle integrativo que vir-
tualmente irá zerar o erro.
• A ação preditiva do controle derivativo que se adapta ao
comportamento do erro, reduzindo seu poder de per-
turbar o sistema.
Pertence (2003, p. 89) conclui que “[...] essas três ações
podem ser combinadas de tal forma que se tenham ações de
controle mais efetivas sobre o processo”. Para compreender me-
lhor essa afirmativa e tudo o foi estudado até o momento, obser-
ve, a seguir, o circuito PID completo ilustrado na Figura 20.

108 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

Figura 20 Circuito – Controlador PID completo.

Note que, na saída do circuito, temos um somador inversor


de 3 entradas e o ganho para cada uma delas é -1. Por isso, além
de somar as três ações de controle, corrigimos o ganho negativo
aplicado parcialmente pelos controles P, I e D.
O ajuste de temperatura é obtido por intermédio do po-
tenciômetro PT1 e os potenciômetros PT2, PT3 e PT4, que per-
mitem o ajuste dos ganhos adequados para os controladores P, I
e D, a fim de obter uma resposta do controlador para o sistema.
Finalmente, a saída do PID pode comandar uma etapa de
potência que fará o controle gradual do banco de resistores que
aquece nosso forno.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 109


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

Assim, encerramos os estudos desta unidade. Agora, é im-


prescindível que você faça as leituras indicadas no Conteúdo Di-
gital Integrador. Bons estudos!
Além disso, é importante, também, você assistir ao ví-
deo complementar indicado a seguir para aprofundar seus
conhecimentos.

Vídeo complementar ––––––––––––––––––––––––––––––––


Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.
• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula,
localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso
(Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar).
Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.
• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e selecione:
Eletrônica e Laboratório de Eletrônica II – Vídeos Complementares – Com-
plementar 2.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição
necessária e indispensável para você compreender integralmen-
te os conteúdos apresentados nesta unidade.

3.1. AMPLIFICADORES OPERACIONAIS – UFLA

O material disposto neste link é de autoria do professor


João Carlos Giacomin, da Universidade Federal de Lavras. A par-
tir da página 27, o autor apresenta os comparadores com histe-
rese, os conceitos de realimentação positiva e os osciladores de
relaxação. Confira:

110 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

• GIACOMIN, J. C. Amplificadores Operacionais.


Departamento de Ciência da Computação. Universidade
Federal de Lavras, Lavras. Disponível em: <http://algol.
dcc.ufla.br/~giacomin/Com145/Amp_Op.pdf>. Acesso
em: 23 ago. 2017.

3.2. CIRCUITOS RETIFICADORES E GRAMPEADORES

Indicamos o material desenvolvido pelo Prof. Dr. Márlio


José da Universidade Federal do Paraná, que aborda os circui-
tos retificadores de precisão meia onda e onda completa com
OPAMP, incluindo a análise de resposta em frequência, que leva
em conta as características do OPAMP que é usado no retifica-
dor. Veja:
• BONFIN, M. J. C. Circuitos retificadores e grampeadores.
Departamento de Engenharia Elétrica Universidade
Federal do Paraná. Disponível em: <http://www.eletr.
ufpr.br/marlio/te051/parte4.pdf>. Acessado em 23
ago. 2017.

3.3. ESTUDO DE CONTROLADORES ELETRÔNICOS BÁSICOS


VIA AMPLIFICADORES OPERACIONAIS

Indicamos o material elaborado pelos discentes da Uni-


versidade Federal do Vale do São Francisco com a supervisão
do Prof. Eduard. Montgomery, que apresenta os controladores
construídos com OPAMP e com o uso do MATLAB. Também são
feitas simulações que mostram o comportamento dos controla-
dores às perturbações sofridas pelo sistema. Para compreende-
-los melhor, acesse:

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 111


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

• MONTGOMERY, E. Estudo de controladores eletrônicos


via amplificadores operacionais. Universidade Federal
do Vale do São Francisco – Colegiado de Engenharia
Elétrica, Juazeiro, 2010. Disponível em: <http://www.
univasf.edu.br/~eduard.montgomery/relatorio2.pdf>.
Acesso em: 23 ago. 2017.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteú-
dos estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Explique o que é um comparador com histerese, como ele funciona e qual
é a sua importância.

2) Se desejarmos utilizar um comparador com histerese com uma referência


diferente de 0V, o que pode ser feito?

3) Descreva como funcionam os retificadores de precisão e onde eles podem


ser utilizados.

4) O que é um transistor de unijunção e como ele funciona?

5) Explique como funciona um oscilador de relaxação do tipo onda dente de


serra.

6) Comente a importância dos OPAMPs no controle dos processos industriais.

7) Explique como funcionam os controladores P, I e D com OPAMP.

8) Descreva os benefícios das ações conjuntas dos controladores P, I e D.

112 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

5. CONSIDERAÇÕES
Após o estudo desta unidade, você pôde ter uma visão de
quão vastas são as possibilidades que os OPAMPs podem trazer
para a eletrônica. Existem diversas aplicações envolvendo circui-
tos não lineares que poderíamos listar, no entanto, a possibili-
dade da construção de filtros ativos com esses CIs é um estudo
amplo e interessante ao qual você pode se dedicar.
Também podem ser construídos outros tipos de oscilado-
res, além dos de relaxação que conhecemos nesta unidade, como
os osciladores harmônicos de frequência variável ou de frequên-
cia fixa cristalizados, por exemplo. Ademais, podemos obter
também conversores de tensão-corrente e corrente-tensão.
Na automação, aprendemos como construir controladores
PID básicos e como eles interagem com o processo.
Todos os temas que abordamos estão muito longe de ter-
minar, no entanto, esperamos que com os estudos desta unidade
você consiga, a partir dos CIs, desenvolver aplicações, circuitos
e equipamentos que estão em todos os outros campos da ele-
trônica, como, por exemplo, a instrumentação, a automação e a
eletrônica de potência.
Na Unidade 3, estudaremos circuitos de potência e está-
gios de saída, que são temas tão importantes e interessantes
para sua formação quanto os vistos nesta unidade. Até lá!

6. E-REFERÊNCIAS
ALLDATASHEET.COM. 2N6027 Datasheet (PDF) – ON Semiconductor. Disponível em:
<http://pdf1.alldatasheet.com/datasheet-pdf/view/11491/ONSEMI/2N6027.html>.
Acesso em: 23 ago. 2017.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 113


UNIDADE 2 – AMPLIFICADORES OPERACIONAIS (AOPS OU OPAMPS)

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOYLESTAD, R. L.; NASHELSKI, L. Dispositivos eletrônicos e teoria de circuitos. 8. ed. São
Paulo: Pearson Prentice Hall do Brasil, 2004.
PERTENCE JR., A. Eletrônica Analógica – amplificadores operacionais e filtros ativos:
teoria, projetos, aplicações e laboratório. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2003.

114 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 3
CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE
SAÍDA

Objetivos
• Conhecer circuitos retificadores não controlados e fazer distinção entre
os modelos.
• Compreender os circuitos retificadores controlados com SCRs.
• Conhecer circuitos de dosagem de potência.
• Reconhecer circuitos de chaveamento.
• Entender o funcionamento de circuitos amplificadores.

Conteúdos
• Retificadores monofásicos de meia onda e onda completa não controlados.
• Retificadores monofásicos de meia onda e onda completa controlados.
• Tiristores TRIAC, DIAC e SCR.
• Filtragem em circuitos retificadores.
• Controle de potência com TRIACs.
• Circuitos de Chaveamento PWM.
• Amplificadores Classe D.

Orientações para estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:

1) Para o estudo desta unidade, sugere-se que você revise as Unidades 1 a


3 da obra Eletrônica e Laboratório de Eletrônica 1, pois elas abordam os
diodos retificadores, os diodos zeners, os transistores bipolares de junção

115
UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

e os MOSFETs. Todos esses conceitos serão necessários para a compreen-


são deste estudo.

2) Sugere-se, ainda, a compreensão de alguns conceitos básicos de eletrici-


dade, como: DDP, Corrente e Potência, Fontes CC, Fontes e Sinais AC.

3) Outros importantes conceitos que darão sustentação para o presente es-


tudo são os de Formas de Onda e Frequência, 1ª Lei de Ohm e 2ª Lei de
Ohm, 1ª Lei de Kirchhoff e 2ª Lei de Kirchhoff.

116 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

1. INTRODUÇÃO
Os circuitos de potência estão presentes em praticamente
qualquer equipamento eletrônico. Mesmo um pequeno celular
possui sua etapa de potência, como, por exemplo, um amplifi-
cador de áudio Classe D e a etapa de transmissão de sinal de RF,
que normalmente é um amplificador Classe C.
A maneira mais convencional de caracterizarmos um circui-
to de potência é pela presença de grandes transistores, diodos
ou tiristores, grandes dissipadores de calor, conversão e grande
fluxo de energia.
O conceito de eletrônica de potência vai muito além do
tamanho dos componentes e do fluxo de energia presente, isso
significa que um pequeno equipamento, como um carregador de
baterias AAA, por exemplo, possui seu circuito de potência.
Feitas essas observações, esse material tem por objetivo
levar ao seu conhecimento os circuitos de potência mais clássi-
cos e convencionais, como, por exemplo, circuitos retificadores
não controlados e controlados; circuitos de dosagem de potên-
cia por chaveamento e circuitos amplificadores.
Vale lembrar que esse tema é muito amplo, tanto que, na
maioria dos casos, dispõe de disciplina própria normalmente co-
nhecida como Eletrônica de Potência.

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su-
cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão
integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteú-
do Digital Integrador.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 117


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

2.1. CIRCUITOS RETIFICADORES NÃO CONTROLADOS

Existem vários modelos de circuitos retificadores. Contu-


do, esses modelos possuem uma função em comum que é a con-
versão de energia elétrica na forma AC para DC. Essa conversão
pode ter várias finalidades, mas, no contexto da eletrônica de po-
tência, ela tem o objetivo de fornecer tensão na forma contínua
para a alimentação de cargas e equipamentos. Segundo Ashfaq
(2000, p. 149), “[...] a retificação é o processo de converter ten-
são e corrente alternadas em tensão e corrente contínuas”.
Os circuitos retificadores podem ser constituídos de um ou
mais diodos retificadores, ou diodos controlados de silício (SCRs).
Este tema, aparentemente simples, é bastante amplo, pois
o comportamento das tensões e correntes presentes na saída
dos retificadores está ligado não só aos circuitos retificadores
em si, mas, também, ao tipo de carga alimentada. No entanto, o
objetivo desta unidade é fornecer a você, aluno, uma visão geral
sobre os principais circuitos que realizam a função de retificação
de sinais AC para DC, e para efeitos didáticos, consideraremos
cargas puramente resistivas.

Retificador monofásico de meia onda


Esse retificador certamente é o modelo mais simples, pois
no processo de retificação empregará apenas um diodo. Ele per-
mitirá retificar um dos dois semiciclos provenientes de uma fon-
te de alimentação AC de uma única fase.
A Figura 1 mostra o diagrama desse retificador. Veja:

118 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

Figura 1 Retificador monofásico de meia onda com carga resistiva.

A fonte de alimentação AC pode ser, por exemplo, o en-


rolamento secundário de um transformador de força monofási-
co. O processo de retificação é simples: no semiciclo positivo, o
diodo está polarizado diretamente, permitindo a passagem da
corrente para a carga e, no semiciclo negativo, o diodo entra em
corte e nenhuma corrente fluirá por ela.
A saída do circuito retificador é o catodo do diodo, no qual
teremos tensão de saída positiva. A figura a seguir mostra como
ficarão as formas de onda nesse circuito. Confira:

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 119


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

Fonte: Ashfaq (2000, p. 150).


Figura 2 Formas de onda – Tensões e correntes do circuito retificador de meia onda.

No exemplo da Figura 2, estamos utilizando uma fonte de


alimentação senoidal. As siglas das figuras representam:
• +Vm: tensão de pico positiva.
• -Vm: tensão de pico negativa.
• VD: tensão sobre o diodo.
• VoAVG: tensão média sobre a carga.
• iO: corrente no circuito.
Neste momento, é importante fazermos algumas
observações.
A primeira refere-se à tensão presente entre os terminais
do diodo. No semiciclo positivo, um diodo de silício ofereceria
uma queda de tensão de aproximadamente 0,7V, assim, sobre a
carga resistiva teríamos, na realidade:

120 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

Muitas vezes essa queda de tensão no diodo pode ser des-


prezada, caso em que estaríamos adotando para esse compo-
nente uma análise de primeira aproximação linear. Um exemplo
disso são os circuitos retificadores para tensões elevadas, como,
por exemplo, 1000V. Para esse nível de tensão uma queda de
tensão de 0,7V seria desprezível.
No semiciclo negativo, como o diodo encontra-se em cor-
te, toda a tensão da fonte AC estará presente sobre ele. Isso sig-
nifica que o diodo escolhido para esse circuito tem de ser capaz
de suportar a tensão reversa de pico fornecida pela fonte.
A segunda observação refere-se à corrente. Como nossa
carga é puramente resistiva, a forma de onda da corrente é a
mesma e está em fase com a tensão aplicada sobre ela.
Agora, é importante que você conheça as relações de ten-
são média e RMS entre a entrada e a saída do retificador mono-
fásico de meia onda.

Tensão média de saída

• VoAVG: tensão média de saída.


• Vm: tensão de pico de entrada do retificador.
• VinRMS: tensão RMS de entrada do retificador.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 121


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

Tensão RMS de saída

• VoRMS: tensão RMS de saída.


• Vm: tensão de pico de entrada do retificador.
• VinRMS: tensão RMS de entrada do retificador.

Importante!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Nas duas equações desprezamos a queda de tensão no diodo.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Utilizamos somente um dos dois semiciclos provenientes
da fonte AC para alimentar a carga. Por isso, esse circuito é carac-
terizado por um baixo rendimento, fato esse que pode ser com-
provado pelas equações de tensão média e tensão RMS de saída
mostradas.
Contudo, o rendimento é exprimido pela relação entre
potência de saída e a potência de entrada do retificador. Para
Ashfaq (2000, p. 152), “[...] a eficiência do retificador é definida
como a relação de potência de saída DC com a potência de entra-
da AC” (ASHFAQ, 2000, p. 152).
Portanto, para uma carga puramente resistiva, esse rendi-
mento é:

122 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

• η: rendimento do retificador.
• PoAVG: potência média de saída.
• PaRMS: potência RMS de entrada.
• R: carga puramente resistiva.
• Vm: tensão de pico de entrada do retificador.
Como observamos nos gráficos da Figura 2, temos uma
grande lacuna entre dois semiciclos que são transferidos da fon-
te AC para a saída do retificador. Contudo, esse efeito pode ser
amenizado por meio dos processos de filtragem.

Processo de Filtragem
Os circuitos eletrônicos necessitam de um valor de ten-
são DC constante e sem oscilações para operar corretamente e,
como percebemos, a forma de onda de saída do circuito da Figu-
ra 1 não é o de uma tensão constante, e sim tensão DC pulsante.
Dessa forma, é necessária a filtragem dessas ondulações e, para
isso, o meio mais utilizado é a colocação de capacitores eletro-
líticos de valor apropriado em paralelo com a saída do circuito
retificador, como mostra a Figura 3:

Figura 3 Circuito retificador meia onda com capacitor de filtro na saída.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 123


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

No semiciclo positivo, enquanto o diodo está conduzindo,


o capacitor se carrega com o valor da tensão de pico (Vm). No
semiciclo negativo, enquanto o diodo está em corte, o capacitor
se descarrega, fornecendo a tensão para a carga.
A forma de onda de saída passará a ter um aspecto seme-
lhante ao da figura a seguir:

Figura 4 Forma de onda – retificador meia onda com filtro capacitivo.

Observe que ainda há um grande fator de ondulação, isso


ocorre devido à eficiência muito baixa desse retificador. Com
esse modelo seria necessária a utilização de um capacitor de va-
lor muito elevado e, devido a isso, na fonte de equipamentos
eletrônicos utilizamos retificadores de onda completa.
O fator de ondulação é chamado de ripple, e a tensão de
ripple para um retificador de meia onda com filtro capacitivo e
carga puramente resistiva pode ser calculada de forma aproxi-
mada pela equação:

124 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

• VRipple: tensão de ripple.


• F: é a frequência do ripple (60Hz para retificadores de
meia onda).
• C: valor do capacitor em farads.
• R: é a resistência da carga em ohms.
• VP: é o valor de pico da tensão de alimentação.
O fator de ripple para o retificador de meia onda, sem o
capacitor de filtro com carga puramente resistiva, é obtido pela
equação:

• RF: fator de ripple.


• IRMS: corrente RMS da carga.
• IAVG: corrente média da carga.
• Im: corrente máxima da carga.
Observe que, conforme demonstrado pela equação, o fator
de ripple é bastante elevado (121%). Obviamente isso se deve ao
baixo rendimento desse modelo de retificador.
Os modelos que veremos a seguir serão muito mais
eficientes.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 125


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

Retificador monofásico de onda completa


Um retificador de meia onda, apesar das limitações apre-
sentadas, possui suas aplicações. No entanto, para alimentar
equipamentos eletrônicos que necessitem de tensão estável,
o modelo que realmente é empregado é o retificador de onda
completa. Isso é explicado da seguinte forma:
[...] os retificadores de onda completa são mais utilizados do
que os de meia onda por causa das tensões e correntes médias
mais altas, da eficiência maior e do fator de ondulação reduzido
(ASHFAQ, 2000, p. 159).

A seguir, vamos conhecer nosso primeiro modelo de retifi-


cador monofásico de onda completa.

Retificador monofásico de onda completa com center tap


Esse retificador é bastante utilizado e seu circuito é repre-
sentado na figura a seguir:

Figura 5 Retificador de onda completa com center tap.

Nesse tipo de circuito, empregam-se dois diodos retifica-


dores e um transformador com tap central. Para as fontes de
alimentação de equipamentos domésticos, normalmente pos-

126 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

suímos um transformador rebaixador, como, por exemplo, um


transformador com primário 127Vca e secundário 12Vca + 12
Vca.
Do tap central a qualquer uma das extremidades do se-
cundário temos a mesma tensão, contudo, elas estão defasadas
entre si de 180°.
Se em um determinado instante medíssemos a tensão do
tap central ao anodo de D1 e encontrássemos um valor positi-
vo, nesse mesmo instante, no anodo de D2, teríamos um valor
negativo.
Quando o semiciclo da alimentação AC mudasse, teríamos
tensão negativa no anodo de D1 e positiva no anodo de D2. Des-
sa forma, teríamos ora D1 polarizado diretamente e D2 em corte
e ora D1 em corte e D2 polarizado diretamente.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 127


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

Fonte: Ashfaq (2000, p. 161).


Figura 6 Formas de onda – tensões e correntes do circuito retificador de onda completa
com center tap.

A saída desse retificador é obtida no nó que liga os catodos


de D1 e D2, onde teremos tensão de saída positiva.
Conforme você viu na Figura 6, os diodos D1 e D2 traba-
lharão de forma intercalada, de modo que cada um aproveitará
um dos dois semiciclos da tensão fornecida pela fonte AC e, com
isso, teremos uma retificação de onda completa.
Então, as relações entre tensão de saída média e RMS e
tensão de entrada serão:

128 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

Tensão média de saída

• VoAVG: tensão média de saída.


• Vm: tensão de pico de entrada do retificador.
• VinRMS: tensão RMS de entrada do retificador.

Tensão RMS de saída

• VoRMS: tensão RMS de saída.


• Vm: tensão de pico de entrada do retificador.
• VinRMS: tensão RMS de entrada do retificador.

Importante!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
No caso do exemplo, novamente desprezamos as quedas de tensão nos
diodos.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Podemos observar que, agora, a tensão média obtida é o
dobro do circuito retificador de meia onda, razão pela qual em
uma carga puramente resistiva a corrente média também seria o
dobro. E, como você pôde observar na Figura 6, a tensão presen-
te em qualquer um dos diodos quando ele encontra-se em corte
é, agora, o dobro do circuito anterior, ou seja, 2Vm.
A corrente RMS de cada diodo será, então:

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 129


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

Podemos, também, obter o rendimento para o retificador


onda completa com carga puramente resistiva. Veja:

• η: rendimento do retificador.
• PoAVG: potência média de saída.
• PaRMS: Potência RMS de entrada.
• R: carga puramente resistiva.
• Vm: tensão de pico de entrada do retificador.
Observe que o rendimento que obtivemos agora é o dobro
do que conseguimos com o retificador de meia onda.
Nesse retificador, também podem ser empregados alguns
dos processos de filtragem de ondulações.

Processo de filtragem para onda completa


O retificador de onda completa ainda possui um fator de
ondulação indesejável aos equipamentos eletrônicos por ele ali-
mentados. Mesmo esse fator sendo muito menor do que o de
um retificador de meia onda, precisamos também realizar uma
filtragem e, com isso, novamente empregamos o filtro capacitivo
conforme mostra o circuito da Figura 7:

130 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

Figura 7 Circuito retificador onda completa com capacitor de filtro na saída.

A filtragem se torna, então, muito mais eficiente, pois, en-


tre uma carga e outra do capacitor de filtro, temos apenas meta-
de do tempo do circuito anterior.


Figura 8 Forma de onda retificador onda completa com filtro capacitivo.

A tensão de ripple pode ser calculada de maneira aproxi-


mada da mesma forma que fizemos para meia onda:

• VRipple: tensão de ripple.


• F: é a frequência do ripple (120Hz para retificadores de
onda completa).

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 131


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

• C: valor do capacitor em farads.


• R: é a resistência da carga em ohms.
• VP: é o valor de pico da tensão de alimentação.
O fator de ripple para o retificador de onda completa, sem
o capacitor de filtro, com carga puramente resistiva, é obtido
pela equação:

• RF: fator de ripple.


• IRMS: corrente RMS da carga.
• IAVG: corrente média da carga.
• Im: corrente máxima da carga.
Observe que o fator de ripple nesse modelo é menor do
que a metade que encontramos anteriormente para o retificador
de meia onda (48,4% contra 121%).
A seguir, vamos conhecer mais um modelo de retificador
monofásico de onda completa.

Retificador monofásico de onda completa em ponte


O modelo visto anteriormente necessita de um transfor-
mador de força com tap central. A existência do tap central im-
plica em mais um item no processo de fabricação do transforma-
dor, o que, pelo menos um pouco, o tornará mais caro.
Esse novo modelo nos permitirá realizar a retificação em
onda completa, sem a necessidade de um transformador com
tap central. Além disso, ele possui praticamente as mesmas ca-

132 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

racterísticas de tensão corrente e rendimento do retificador com


tap central, conforme explica Ashfaq: "os valores médios e RMS
da tensão e da corrente são similares ao do caso da onda com-
pleta com terminal central” (2000, p. 169).
O circuito do retificador em ponte é ilustrado pela figura a
seguir:

Figura 9 Retificador onda completa em ponte.

Com isso, será necessária a utilização de quatro diodos


para o processo de retificação em onda completa, que ocorre
da seguinte maneira: no instante em que o terminal superior do
transformador estiver no semiciclo positivo, o terminal inferior
estará no semiciclo negativo. Assim, teremos a tensão positiva
no anodo de D1 e a negativa no catodo de D4, ficando esses dois
diodos polarizados diretamente.
Em contrapartida, D2 e D3 estão em corte. Quando o se-
miciclo se inverte, temos D2 e D3 polarizados diretamente, e D1
e D4 em corte. Os diodos sempre trabalharão aos pares, ora D1
e D4, ora D2 e D3 e, a qualquer instante, o semiciclo positivo
proveniente da fonte AC será levado ao mesmo ponto de saída,
ocorrendo o mesmo com o semiciclo negativo.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 133


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

Na Figura 9 temos uma indicação dos bornes de saída po-


sitivo e negativo do retificador.
As formas de onda nesse circuito são demonstradas a
seguir:

Fonte: Ashfaq (2000, p. 170).


Figura 10 Formas de onda – tensões e correntes do circuito retificador de onda
completa em ponte.

As equações que estudamos no retificador com center tap


aplicam-se também a esse modelo, mas são válidas duas obser-
vações importantes: a primeira é que, agora, a tensão reversa
que o diodo deve suportar é a tensão de pico da fonte AC, ou
seja, Vm; a segunda observação é a de que, se fôssemos consi-
derar as quedas de tensões nos diodos do circuito, o valor da
tensão de pico na saída do retificador seria a tensão de pico de
entrada menos 1,4V. Isso se deve ao fato de que sempre temos
dois diodos em condução, cada um oferecendo queda de 0,7V.

134 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

Os retificadores monofásicos de onda completa destinam-


-se na maioria das vezes a circuitos responsáveis pela alimenta-
ção de equipamentos elétricos e eletrônicos, onde a variação de
potência não está a cargo do retificador. Agora, vamos conhecer
os retificadores controlados que podem permitir esse tipo de
controle.

Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas


no Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas no Tópico
3. 1. para aprofundar os conteúdos estudados nesta unidade.

2.2. CIRCUITOS RETIFICADORES CONTROLADOS

Os modelos de circuitos retificadores que conhecemos até


agora foram construídos com diodos semicondutores. Em todos
eles, cada diodo conduz durante todo um semiciclo proveniente
da fonte AC. As tensões de saída média e RMS são fixas e estão
relacionadas à tensão de entrada e ao tipo de retificador (meia
onda ou onda completa).
Em certas aplicações, é necessária a variação da tensão de
saída DC, média e RMS dos retificadores. Uma das formas de
realizarmos a variação da tensão de saída DC é pelo método de
variação por fase, que se baseia no princípio de alimentar a carga
por um determinado período do semiciclo que será retificado,
pois, controlando o período de alimentação, variaremos a ten-
são DC fornecida à carga.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 135


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

Para que o controle do período de condução do elemento


retificador possa ser efetuado, precisaremos substituir os diodos
do circuito por SCRs (retificadores controlados de silício). Mas
como funcionaria isso?

SCR – Retificador controlado de silício


Os SCRs são componentes da família dos tiristores, sua es-
trutura e simbologia são apresentadas na figura a seguir:

Fonte: Ashfaq (2000, p. 96).


Figura 11 Estrutura e simbologia dos SCRs.

Pela Figura 11, podemos verificar que o SCR é um compo-


nente de três terminais, sendo:
• A: Anodo.
• K: Catodo.
• G: Gate ou porta.
O princípio de funcionamento do SCR é o seguinte: quando
o anodo do SCR está com potencial negativo em relação ao ca-
todo, dizemos que o SCR está polarizado reversamente e nenhu-

136 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

ma corrente pode circular pelo componente. Se o anodo estiver


positivo em relação ao catodo, podemos concluir que o compo-
nente estará polarizado no sentido direto, mas ainda nenhuma
corrente circulará.
Nessas condições, se um pulso de tensão positiva for rea-
lizado na porta (pulso positivo em relação ao catodo), teremos
uma corrente fluindo do gate ao catodo e essa corrente provo-
cará o disparo do SCR, então teremos corrente de anodo para
catodo. Mesmo que a tensão positiva que ocasionou o disparo
do SCR seja removida do gate, a corrente de anodo para catodo
continuará a fluir, devido ao efeito de realimentação positiva.
Já o SCR deixará de conduzir somente quando a corrente
do anodo for interrompida, como bem explica Ashfaq: "[...] en-
tretanto, não é a porta que desliga a corrente do SCR. Ela é des-
ligada quando se interrompe a corrente de ânodo" (2000, p. 97).
Como referência a um modelo de SCR, temos o T106B,
que, com uma corrente de gatilho de apenas 200uA, comanda
até 4A RMS, suportando tensões de pico no sentido direto (antes
do gatilho) e reverso de até 200V.
Uma vez que conhecemos o SCR e como ele opera, podemos
partir para o estudo dos modelos de retificadores controlados.

Retificador monofásico de meia onda controlado


A seguir, você conhecerá o retificador monofásico de
meia onda controlado. Ele foi construído apenas substituindo o
diodo por um SCR. Confira:

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 137


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

Figura 12 Retificador controlado de meia onda.

Controlando convenientemente o ângulo de disparo do


SCR a cada semiciclo positivo da fonte AC, teremos uma variação
do tempo de condução do SCR dentro do semiciclo e, consequen-
temente, a variação da tensão DC de saída. A Figura 13, a seguir,
ilustra claramente esse efeito e mostra, também, as formas de
onda do circuito, considerando a carga puramente resistiva.

Fonte: Ashfaq (2000, p. 183).


Figura 13 Formas de onda – tensões e correntes do circuito retificador de meia onda
controlado.

138 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

Os ângulos de disparo e condução do SCR são represen-


tados pelas letras gregas α e θ respectivamente. Conhecendo o
princípio funcional desse retificador, podemos passar às equa-
ções que determinam a tensão média e RMS de saída.

Tensão média de saída

• VoAVG: tensão média de saída.


• Vm: tensão de pico de entrada do retificador.
• α: ângulo de disparo do SCR.

Tensão RMS de saída

• VoRMS: tensão RMS de saída.


• Vm: tensão de pico de entrada do retificador.
• α: ângulo de disparo do SCR.
É importante você saber que, quanto antes fizermos o dis-
paro do SCR, maior será a tensão média e eficaz de saída. Já o
corte do SCR ocorrerá quando houver a inversão do semiciclo da
fonte AC, pois, irá polarizar o SCR no sentido reverso.
A potência máxima que pode ser transferida para a carga é
bem limitada nesse modelo, mas esse fato pode ser melhorado
com os retificadores controlados de onda completa.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 139


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

Retificador monofásico de onda completa controlado


O modelo que acabamos de conhecer, bem como o retifi-
cador de meia onda não controlado, tem um baixo rendimento,
pois aproveita somente um dos semiciclos da fonte AC. Se rea-
lizarmos o disparo do SCR em 0°, teremos o equivalente a um
retificador de meia onda construído com diodo.
Podemos então obter um melhor resultado se construir-
mos um retificador controlado de onda completa, seja ele com
tap central seja em ponte.

Retificador controlado com center tap

Figura 14 Retificador controlado de onda completa com center tap.

Na Figura 14 você viu que novamente substituímos os dio-


dos comuns por SCRs em um retificador com tap central. Cada
SCR deverá ser disparado dentro do seu semiciclo positivo.
Já a Figura 15 ilustra as formas de onda, considerando car-
ga puramente resistiva:

140 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

Fonte: Ashfaq (2000, p. 191).


Figura 15 Formas de onda – tensões e correntes do circuito retificador de onda
completa com center tap – controlado.

Sobre isso, Ashfaq conclui que:


O controle de fase, tanto da parte positiva como negativa da
alimentação AC, agora é possível, o que aumenta a tensão DC
e reduz a ondulação quando comparado aos retificadores de
meia onda (2000, p. 190).

A seguir, temos as equações que relacionam as tensões de


saída média e RMS com o ângulo de disparo (α) e o período de
condução (θ). Veja:

Tensão média de saída

• VoAVG: tensão média de saída.


• Vm: tensão de pico de entrada do retificador.
• α: ângulo de disparo do SCR.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 141


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

Tensão RMS de saída:

• VoRMS: tensão RMS de saída.


• Vm: tensão de pico de entrada do retificador.
• α: ângulo de disparo do SCR.
Como demonstram as equações, se realizarmos os dispa-
ros de ambos os SCRs em 0°, teremos o resultado equivalente
ao de um retificador não controlado construído com diodos. Va-
mos conhecer agora os retificadores monofásicos controlados de
onda completa em ponte.

Retificador controlado em ponte


Com a facilidade de não necessitarmos de um transforma-
dor com tap central, o retificador controlado em ponte traz os
mesmos benefícios. Conforme mostra a figura 16, teremos dois
pares de SCRs que trabalharão alternadamente. Dois SCRs do
mesmo par (SCR1 e SCR4, SCR2 e SCR3) deverão ser disparados
no mesmo instante.

142 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

Figura 16 Retificador controlado de onda completa em ponte.

As formas de onda nos elementos desse circuito com carga


puramente resistiva serão:

Fonte: Ashfaq (2000, p. 202).


Figura 17 Formas de onda – tensões e correntes do circuito retificador de onda
completa em ponte – controlado.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 143


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

Como você pôde notar, as equações que determinam as


tensões média e RMS de saída são as mesmas do circuito anterior.
Neste momento, você deve estar se perguntando como
podemos controlar os disparos dos SCRs para que os retificado-
res controlados que vimos operem corretamente.

O disparo dos SCRs


Para que os circuitos dos retificadores controlados que vi-
mos operem corretamente, é essencial o disparo no momento
certo e com as correntes adequadas. Nesse quesito, dois dos
pontos a observar são a corrente mínima necessária no gate (IGT)
e a tensão mínima entre gate e catodo (VGT) do SCR. Esses dados
podem ser obtidos pelo datasheet do componente.
No tocante à forma de disparo do SCR em circuitos retifica-
dores, existem basicamente duas formas.
A primeira é conhecida como disparo vertical, no qual a
tensão de disparo provém do próprio semiciclo positivo da fonte
AC, onde o retardo é efetuado por um circuito RC, alterando a
constante RC e, com isso, podemos efetuar o disparo em dife-
rentes ângulos.
A segunda forma é conhecida como disparo horizontal, no
qual a tensão positiva enviada ao gate do SCR provém de circui-
tos externos que, normalmente, são osciladores de relaxação.
Neste tópico, entendemos que um retificador controlado,
além do processo de conversão de tensão AC para DC, controla
a tensão média e RMS que estará presente na saída do circuito
e, com isso, podemos realizar o controle de potência das cargas.
É interessante saber que esse conceito de controle de potência
também pode ser aplicado em corrente alternada.

144 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

2.3. CONTROLE DE POTÊNCIA PARA CARGAS AC

Existem situações nas quais precisamos efetuar o controle


de equipamentos de potência que operam em corrente alterna-
da. É o caso, por exemplo, de chuveiros, aquecedores elétricos,
lâmpadas incandescentes e tantos outros.
Em um chuveiro, por exemplo, é comum encontrarmos
uma chave seletora que seleciona taps de um resistor para que,
variando-se a resistência, ajustemos a potência de aquecimento
desejada. Caso um ajuste de potência mais fino seja necessário,
a chave seletora não mais nos atenderá e precisaremos de ou-
tros meios para variar a potência da carga.
Em situações como essa podemos utilizar um controlador
de tensão alternada, pois, com a variação da tensão sobre a car-
ga, teremos a variação de potência desejada: “[...] o controlador
de tensão de corrente alternada, ou regulador, converte uma
fonte de tensão AC fixa em uma fonte de tensão AC variável”
(ASHFAQ, 2000, p. 404).
Entre as formas de variar a tensão de saída AC, podemos
empregar o método de variação por fase, o mesmo que usamos
nos circuitos retificadores controlados.
A seguir, temos um circuito conceitual para variação da
tensão AC sobre uma carga resistiva. Veja:

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 145


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

Figura 18 Controlador CA com SCR.

Podemos observar que há dois SCRs ligados em antipara-


lelo. No caso, um será responsável pela condução no semiciclo
positivo (SCR1) e o outro (SCR2) conduzirá durante o semiciclo
negativo da fonte AC.
Para que esse controlador CA opere corretamente, preci-
saríamos construir dois circuitos de disparo (um para cada SCR).
Contudo, existem outros componentes da família dos tiristores
que deixam a tarefa de controle de tensão AC mais simples ain-
da, os quais você verá a seguir.

TRIAC – Triode for Alternating Current


Da família dos tiristores, o TRIAC é o componente utilizado
na prática para controle ou chaveamento em corrente alternada
e podemos considerá-lo como o equivalente a dois SCRs interli-
gados em antiparalelo. Sua simbologia e estrutura estão ilustra-
das na figura a seguir:

146 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

Fonte: Ashfaq (2000, p. 142).


Figura 19 Simbologia e estrutura do TRIAC.

O funcionamento desse componente é idêntico ao SCR,


contudo, ele é um componente bidirecional.
Para realizar o disparo do TRIAC, aplicamos um valor de
tensão no gate (VGTM – Peak Gate Trigger Voltage).
Após o disparo, a tensão de gatilho pode ser removida e o
TRIAC continuará a conduzir. Ele entrará em corte somente quan-
do a corrente no terminal MT1 cair abaixo da corrente de manu-
tenção (IH – Holding Current). Isso ocorrerá quando o sinal pro-
veniente da fonte AC tiver amplitude próxima a 0V. Então, será
necessário um novo gatilho para que o TRIAC volte a conduzir.
Assim, é necessário que o gatilho do TRIAC seja efetuado a
cada inversão de semiciclo da fonte AC.
Como referência a um modelo de TRIAC, podemos citar o
TIC 226D, que suporta 8A RMS, 400V (quando em corte) e cor-
rente de disparo máxima de 50mA.
Existe mais um componente da família dos tiristores que
devemos conhecer para compreender o funcionamento dos
controladores de tensão AC que operam pelo método de variação
por fase, que é o DIAC.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 147


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

DIAC – Diode for Alternating Current


O DIAC é um componente desenvolvido para operar em
conjunto com os TRIACs, mais especificamente, na linha de dis-
paro dos TRIACs, possibilitando um melhor controle sobre o dis-
paro deles. Então, é correto concluir que não cabe ao DIAC a co-
mutação das correntes que circulam pela carga.
Esse componente se assemelha a dois diodos ligados em
série e em contraposição. Sua simbologia e estrutura são ilustra-
das da seguinte forma:


Fonte: Ashfaq (2000, p. 141).
Figura 20 Simbologia e estrutura do DIAC.

Quando uma tensão baixa é aplicada entre os terminais


do DIAC, nenhuma corrente circulará por ele, com exceção de
uma pequena corrente de fuga. Contudo, quando a tensão ultra-
passa um determinado valor (VBO – Breakover Voltage), o DIAC
começa a conduzir repentinamente.
O DIAC entrará em corte quando a tensão cair abaixo da
tensão de manutenção (UH – Holding Voltage) ou a corrente cair
abaixo da corrente de manutenção (IH – Holding Current).

148 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

Como referência a um modelo de DIAC, podemos citar o


DB3, que possui tensão de disparo (VBO) típica de 32V.
Neste momento já conhecemos todos os componentes
que são empregados na maioria dos controladores AC que ope-
ram pelo método de variação por fase e podemos passar ao es-
tudo de um circuito prático, assunto que será estudado no pró-
ximo tópico.

Controlador de tensão AC com TRIAC e DIAC


A seguir, veja um circuito de variação de tensão AC por
fase, utilizando tiristores:

Figura 21 Variador de tensão AC com tiristores.

Esse circuito é totalmente funcional e você pode montá-lo


experimentalmente. Somente devem ser tomados alguns cuida-

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 149


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

dos adicionais como a colocação de um fusível de proteção em


série com a carga. E, caso a carga seja indutiva, é ideal colocar
também um filtro RC série entre os terminais MT1 e MT2 do
TRIAC para evitar falsos disparos.
O princípio funcional é bem simples, o TRIAC está em série
com a carga RL, e o nível de tensão que será enviada a ela depen-
de do ângulo de disparo do TRIAC; o capacitor C1 se carregará
através de POT1 e R1 e, quanto menor for o ajuste de POT1, mais
rápido será o carregamento.
Já o resistor R1 foi inserido como uma forma de limitação
de carga do capacitor C1. Enquanto C1 se carrega, C2 também o
faz por intermédio de R2. Evidentemente que os tempos de car-
ga dos dois capacitores estão diretamente ligados ao ajuste feito
no potenciômetro.
Quando a tensão presente em C2 atingir o valor de dispa-
ro do DIAC (VBO), ele mudará para o estado fechado e enviará a
tensão do capacitor C2 para o gate do TRIAC, que irá disparar ali-
mentando a carga. Os disparos são sequenciais, primeiro o DIAC
e depois o TRIAC.
Ajustando POT1, controlamos o ângulo de disparo e de
condução do TRIAC e, consequentemente, a tensão RMS que é
enviada à carga. Na figura a seguir, é possível ver como ficam as
formas de onda do circuito para uma carga puramente resistiva.
Analise:

150 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

Fonte: Ashfaq (2000, p. 406).


Figura 22 Formas de onda controlador CA.

A única ressalva sobre a Figura 22 é que o nosso circuito


está utilizando, em vez de dois SCRs, um único TRIAC.
A equação dada a seguir relaciona a tensão RMS de saída
AC com a tensão de entrada e o ângulo de disparo do TRIAC.
Confira:

• VoRMS: tensão RMS de saída.


• Vm: tensão de pico de entrada do retificador.
• α: ângulo de disparo do TRIAC.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 151


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

Sobre isso, Ashfaq conclui “[...] como se faz com um reti-


ficador controlador, a tensão de saída varia quando se atrasa a
condução, durante cada semiciclo, em um ângulo α ” (2000, p.
409).
O método de variação de tensão por fase, empregado
para variação de tensões DC e AC, é bastante eficiente, mas não
é o único método possível. No próximo tópico, você vai conhecer
mais um método de controle de tensão e potência, o controle
PWM.

2.4. CONTROLE PWM – PULSE WIDTH MODULATION

O controle PWM (Controle por Largura de Pulso) está pre-


sente nas etapas de saídas de diversos equipamentos eletrôni-
cos, como nos inversores de frequência, por exemplo.
Assim como no método de variação de tensão por fase
feito com tiristores, o controle PWM possibilita a variação da
tensão AC e DC, mas apresenta uma vantagem extraordinária
em relação ao sistema anterior, pois, aliado a um filtro indutivo,
podemos, por exemplo, reproduzir um sinal AC com amplitude
e/ou frequência variáveis. Ou seja, o sinal de saída (após o fil-
tro) pode ser uma senoide praticamente perfeita, e isso faz uma
grande diferença para alguns equipamentos.
As etapas de potência de circuitos PWM podem ser cons-
truídas com BJTs, MOSFETs ou IGBTs, dependendo do caso. Em
qualquer situação, o transistor vai operar como uma chave aber-
ta ou fechada e, como sabemos, operando dessa maneira, as
perdas no transistor são mínimas.

152 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

Mas, como será possível o controle das tensões de saída


e, ainda, a reprodução de sinais AC senoidais ou outras formas
de onda, uma vez que os transistores das etapas de saída vão
operar como chaves? É exatamente isso o que veremos a seguir.

Princípio do controle PWM


Os circuitos PWM são alimentados por fontes de alimenta-
ção DC e, a partir delas e com circuitos de potência adequados,
qualquer sinal pode ser obtido.
Vamos, então, ao caso mais elementar possível para expli-
car o controle PWM com o auxílio do circuito da Figura 23. Veja:

Figura 23 Conceito do chaveamento PWM.

Na figura anterior, pudemos observar que a saída do circui-


to onde a carga está conectada tem somente tensões DC, mas é
possível variarmos essa tensão.
Sabemos que se mantivermos o transistor Q1 operando
como chave fechada durante todo o tempo, a tensão RMS perce-
bida pela carga será a própria tensão da fonte DC, ou seja, 100V.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 153


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

De outra forma, se Q1 operar todo o tempo como chave


aberta, na saída teremos 0V. Mas se, sobre uma base de tempo,
por exemplo, 1 segundo, mantivermos o transistor ligado somen-
te metade desse tempo, de modo que TON de 50% e TOFF de 50%,
a tensão média aplicada à carga será de somente 50%, ou seja,
50V. Se, então, mudarmos TON para 75% (o que implicitamente
significa TOFF de 25%), teremos na carga a tensão média de 75%
da tensão da fonte DC, ou seja, 75V.
O que estamos fazendo é justamente alterar a largura do
pulso PWM, mais especificamente, o TON (tempo de chave fecha-
da) para obtermos a tensão média de saída desejada.
As tensões, média e RMS resultantes do chaveamento
PWM podem ser calculadas pelas equações indicadas a seguir.

Tensão média de saída

• VoAVG: tensão média de saída.


• Vin: tensão de entrada da fonte DC.
• TTotal: período do sinal PWM.
• TON: tempo do sinal PWM em nível alto (chave fechada).

Tensão RMS de saída

154 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

• VoRMS: tensão RMS de saída.


• Vin: tensão de entrada da fonte DC.
• TTotal: período do sinal PWM.
• TON: tempo do sinal PWM em nível alto (chave fechada).
Como entendemos o conceito de variação de tensão DC
pelo processo PWM, podemos seguir ao próximo passo: a gera-
ção de sinais AC.

Tensões alternadas por processo PWM


As obtenções de tensões alternadas por processo PWM
são obtidas com um circuito um pouco mais complexo, mas o
conceito de variação de amplitude é o mesmo que acabamos de
conhecer. Veja na figura a seguir:

Figura 24 Circuito PWM elementar para geração AC.

O circuito ilustrado na Figura 24 nos ajudará a entender o


conceito de geração de sinais AC a partir de uma fonte DC.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 155


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

Esse circuito, agora, possui quatro transistores de potência


que trabalharão aos pares, sendo o par um “Q1 e Q4”, e o par
dois “Q2 e Q3”. Se Q1 e Q4 estiverem em condução, o terminal
A da saída estará positivo e o terminal B negativo. De outra ma-
neira, se Q2 e Q3 estiverem conduzindo, o terminal A de saída
passará a negativo e o terminal B positivo, justamente o oposto
da situação anterior.
Aliando esse conceito ao princípio de controle PWM, po-
deremos obter uma fonte AC de onda quadrada na saída do cir-
cuito. Novamente, esse circuito é conceitual, porém esse tipo de
saída é muito usual, e ela pode ser encontrada, por exemplo, na
saída de fontes chaveadas ou de conversores de frequência.

Importante!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
É importante salientar que, para conversores de frequência, essa etapa de
saída tem de ser trifásica.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Um cuidado importante que deve ser tomado nesse tipo
de circuito é impedir que os transistores Q1 e Q2 ou Q3 e Q4 con-
duzam ao mesmo tempo, pois isso provocaria um curto circuito
na fonte DC e, no mínimo, queimaria um dos transistores.
Mas como podemos obter sinais de saída AC de formas de
onda não quadradas e ainda com amplitudes e frequência variá-
veis? O próximo tópico nos responderá como isso será feito.

Geração de sinais AC com formas de onda não quadradas


Esse tipo de controle é tão versátil que, além de possibilitar
variar a tensão de saída DC e gerar sinais AC, permite gerar sinais
de outras formas de onda e na frequência que desejarmos.

156 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

Um sinal AC senoidal possui um valor de amplitude dife-


rente em cada instante de tempo; então, para construir um sinal
AC senoidal via processo PWM, precisaremos variar constante-
mente o TON de acordo com o valor instantâneo do sinal AC que
estamos construindo. E quanto maior for o valor instantâneo do
sinal AC, maior será o TON do sinal PWM.
Um requisito importante para gerar formas de onda a par-
tir de um sinal PWM é que a frequência base do sinal PWM tem
de ser maior que a frequência do sinal que queremos construir.
Por isso, quanto maior for a frequência base do sinal PWM, maior
será a nossa resolução na geração das outras formas de onda.
Na prática, em conversores de frequência, por exemplo,
encontramos sinais PWM da ordem de 2,5KHz, 4KHz, 8KHz para
gerar sinais senoidais em torno de 180Hz.
Para entendermos de maneira simples a geração de um si-
nal senoidal por processo PWM, devemos analisar graficamente
a situação, conforme demonstra a Figura 25:

Fonte: Ashfaq (2000, p. 370).


Figura 25 Geração de senoide por processo PWM.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 157


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

O sinal triangular é uma portadora e provém de um oscila-


dor de relaxação que possui uma frequência muito mais elevada
do que o sinal que desejamos reproduzir, e a forma de onda se-
noidal da figura representa o sinal que desejamos gerar.
Sobrepondo graficamente as duas formas de onda, a por-
tadora triangular e o sinal senoidal nos pontos de intersecção
entre as duas, teremos as larguras resultantes ou os tempos de
TON para o sinal PWM em cada instante de tempo da senoide. Se-
gundo Ashfaq (2000, p. 370), “a variação da amplitude da onda
senoidal de referência altera a largura do pulso e controla a mag-
nitude eficaz da forma de onda de saída”.
Basta agora enviarmos esse sinal a uma etapa de potência
corretamente projetada para fazer o chaveamento sobre a carga.
O resultado matemático desse processo resultará, também, na
forma de onda senoidal desejada conforme mostra a Figura 26.

Figura 26 Chaveamento PWM e resultante senoidal.

Uma vez que somos capazes de reproduzir diferentes for-


mas de onda, amplitudes e frequências com os circuitos PWM,
neste momento, é muito provável que você possa imaginar vá-
rias outras aplicações para esse método de controle. É por isso
que os circuitos PWM estão presentes em tantos equipamentos
eletrônicos utilizados na indústria e também em nossa casa.

158 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas


no Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas no Tópico
3. 2. para aprofundar os conteúdos estudados nesta unidade.

2.5. AMPLIFICADORES CLASSE D

Na Unidade 2 da obra Eletrônica e Laboratório de Eletrô-


nica I, você conheceu algumas classes de amplificadores como,
por exemplo, a Classe A, a Classe B e a AB. Essas classes possuem
uma característica em comum que é a operação dos transistores
na região ativa. Isso significa que, quando temos corrente nos
transistores, também temos uma tensão considerável entre os
terminais de saída, o que se traduz em perdas por aquecimento
nesses componentes.
O amplificador Classe D, do ponto de vista energético, pos-
sui um rendimento muito mais satisfatório, porque os transisto-
res de saída desse amplificador operam como chave, minimizan-
do as perdas.
Você deve se perguntar neste instante como isso pode ser
possível. A resposta é simples: modulação PWM. Nesse amplifi-
cador, um sinal como, por exemplo, um sinal de áudio é amos-
trado e convertido por processo PWM em um sinal digital de
frequência base muito alta, processo esse que acabamos de co-
nhecer com sinais senoidais.
A Figura 27 mostra o diagrama em blocos de um amplifica-
dor classe D:

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 159


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

Fonte: Boylestad; Nashelsky (2004, p. 519).


Figura 27 Diagrama em blocos: amplificador Classe D.

Partindo de um gerador de onda triangular, temos a porta-


dora que será levada juntamente com o sinal de áudio amostrado
(Vi) a um comparador que gerará o sinal PWM. Esse sinal PWM
passará por um amplificador de potência e, em seguida, por um
filtro passa-baixas, que barrará as altas frequências provenientes
do chaveamento PWM e permitirá somente a passagem do sinal
de áudio cuja frequência é muito inferior ao da portadora, por
isso, a importância do filtro.
O sinal de áudio pode, então, ser finalmente levado a um
alto-falante. Assim, “uma eficiência além de 90% é obtida uti-
lizando este tipo de circuito, tornando-o bastante interessante
para aplicações de potência” (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2004, p.
518).
A seguir, confira o circuito conceitual de um amplificador
de áudio Classe D.

160 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

Figura 28 Amplificador de áudio Classe D.

Aqui, temos representada de maneira resumida a etapa de


geração do sinal PWM pelo OPAMP U1, a etapa de chaveamento
de potência com os MOSFETs Q2 e Q3 e a etapa de filtragem e
recuperação do sinal original por L1, C1, R1 e C2.

Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas


no Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas no Tópico
3. 3. para aprofundar os conteúdos estudados nesta unidade.

É importante, também, que você assista ao vídeo comple-


mentar para aprofundar seus conhecimentos. Por isso, leia aten-
tamente os passos descritos a seguir.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 161


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

Vídeo complementar ––––––––––––––––––––––––––––––––


Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.
• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula,
localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso
(Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar).
Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.
• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e selecione:
Eletrônica e Laboratório de Eletrônica II – Vídeos Complementares –
Complementar 3.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição
necessária e indispensável para você compreender integralmen-
te os conteúdos apresentados nesta unidade.

3.1. CIRCUITOS RETIFICADORES CONTROLADOS E NÃO CON-


TROLADOS

O material indicado a seguir, de autoria do professor Dr.


José Antenor Pomilio, aborda os circuitos retificadores monofá-
sicos de meia onda e onda completa, controlados e não contro-
lados. Além disso, menciona os retificadores trifásicos.
Ele faz análises dos retificadores operando com cargas re-
sistivas e indutivas, trazendo as equações que regem seus com-
portamentos. Confira:
• POMILIO, J. A. Capítulo 3: Conversores CA CC –
retificadores. In: ______. Eletrônica em potência. DSE
– FEEC – UNICAMP. Campinas, 2014. Disponível em:
<http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor/pdffiles/
eltpot/cap3.pdf>. Acesso em: 23 ago. 2017.

162 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

3.2. CONTROLE PWM – PULSE WIDTH MODULATION

Também de autoria do professor Dr. José Antenor Pomi-


lio, este material trata sobre as técnicas de controle de potên-
cia como o controle por ciclos e o controle PWM. É um material
muito abrangente, trazendo equações com explicação bastante
completa sobre os métodos de controle de potência. Acesse:
• POMILIO, J. A. Capítulo 2: técnicas de Modulação de
Potência. In: ______. Eletrônica em potência. DSE –
FEEC – UNICAMP. Campinas, 2014. Disponível em:
<http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor/pdffiles/
eltpot/cap2.pdf>. Acesso em: 23 ago. 2017.

3.3. AMPLIFICADORES CLASSE D

A seguir, acesse uma defesa de Mestrado muito interessan-


te de José A. F. Pires, da Universidade do Porto, a qual trata de
um projeto para Amplificador de Áudio Classe D. Além disso, ele
nos traz uma visão geral das principais classes de amplificadores
com exemplos de circuitos e, também, de conceitos importantes
como distorção harmônica e distorção por intermodulação. Veja:
• PIRES, F. J. A. Amplificadores de Áudio Classe D. 2010.
Dissertação (Mestrado Integrado em Engenharia
Electrotécnica e de Computadores) –Faculdade de
Engenharia da Universidade de Porto, Porto, 2010.
Disponível em: <https://web.fe.up.pt/~ee99137/tese_
amplificador_de%20audio_classe_dprovisoria.pdf>.
Acesso em: 23 ago. 2017.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 163


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Descreva o funcionamento do retificador monofásico de meia onda.

2) Explique como funciona o retificador monofásico de onda completa com


center tap e compare suas características com o de meia onda.

3) Como funciona o retificador monofásico de onda completa em ponte?


Compare suas características com o retificador com center tap.

4) O que é ripple?

5) Qual a importância do filtro capacitivo na saída dos retificadores.

6) O que é um SCR e como funciona?

7) O que é um retificador controlado e quais são seus benefícios?

8) Explique como funciona o DIAC e o TRIAC.

9) O que é um controlador CA e onde pode ser usado?

10) O que significa PWM e qual a sua importância?

11) Como funciona um amplificador Classe D.

5. CONSIDERAÇÕES
Com o estudo desta unidade, esperamos que você tenha
adquirido uma visão geral sobre os circuitos de potência. Os
assuntos foram abordados de forma a introduzir você nesse
interessante campo da eletrônica, então, é fácil de imaginar que

164 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

com pesquisas posteriores todos os temas abordados podem ser


muito mais aprofundados. É o caso, por exemplo, dos circuitos
retificadores. Estudamos seus comportamentos apenas com
cargas resistivas. Com cargas indutivas teríamos diferentes
formas de onda para as tensões e correntes do retificador.
Os filtros também foram conceitualmente abordados, pois
em uma fonte de alimentação bem elaborada, podemos ter a
associação de vários capacitores e, com eles, a interligação de
resistores e indutores de modo a construir sofisticados circuitos
de rejeição de ripple.
No campo dos controladores CA – CA, também podemos
ter circuitos bem elaborados, o que torna possível a construção
de softstaters, equipamentos utilizados em uma grande quanti-
dade de aplicações na indústria, o que, por sua vez, torna possí-
vel a partida suave de motores trifásicos.
O mesmo pode ser dito dos controladores por princípio
PWM, os quais tornam possível a construção dos inversores de
frequência para um controle preciso e sofisticado de motores e
servomotores em malha fechada.
Por último, os amplificadores classe D, tema esse que pode
ser bastante aprofundado nos seus estudos. Além disso, algo
muito importante que você já adquiriu e que tornará possível
seu aprofundamento são os conceitos.
Na próxima unidade, falaremos de um circuito integrado
muito versátil e que está presente em praticamente todos os ra-
mos da eletrônica, o CI555. Até lá!

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 165


UNIDADE 3 – CIRCUITOS DE POTÊNCIA E ESTÁGIOS DE SAÍDA

6. E-REFERÊNCIAS
ALLDATASHEET.COM. T106B1 Datasheet (PDF) – Littelfuse. Disponível em: <http://
pdf1.alldatasheet.com/datasheet-pdf/view/122489/LITTELFUSE/T106B1.html>.
Acesso em: 23 ago. 2017.
______. TIC226 Datasheet (PDF) – Power Innovations Limited. Disponível em: <http://
pdf1.alldatasheet.com/datasheet-pdf/view/20138/POINN/TIC226.html>. Acesso em:
23 ago. 2017.
______. DB3 Datasheet (PDF) – SGS – THOMSON MICROELECTRONICS. Disponível em:
<http://pdf1.alldatasheet.com/datasheet-pdf/view/22195/STMICROELECTRONICS/
DB3.html>. Acesso em: 23 ago. 2017.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASHFAQ, A. Eletrônica de Potência. São Paulo: Bookman, 2000.
BOYLESTAD, R. L.; NASHELSKI, L. Dispositivos eletrônicos e teoria de circuitos. 8. ed. São
Paulo: Pearson Prentice Hall do Brasil, 2004.

166 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 4
CIRCUITOS PRÁTICOS E GERADORES DE
FORMAS DE ONDA COM CI555

Objetivos
• Conhecer o CI analógico-digital 555.
• Compreender as possibilidades de utilização desse CI na geração de sinais.
• Entender o uso do 555 em circuitos temporizadores.
• Relacionar o uso do 555 em aplicações da eletrônica de potência.

Conteúdos
• Constituição interna do CI 555.
• Operação monoestável.
• Operação biestável.
• Operação astável para geração de sinais simétricos.
• Operação astável para geração de sinais não simétricos.
• Cálculos envolvendo o CI 555.

Orientações para estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:

1) Para o estudo desta unidade, sugerimos que você revise a Unidade 2, que
trata dos Amplificadores Operacionais. Além disso, é necessária a comple-
ta compreensão do conceito de transistores operando como chave.

2) Sugerimos, ainda, a revisão e compreensão dos conceitos básicos de ele-


tricidade, como DDP, Corrente e Potência, Fontes CC, Fontes e Sinais AC.

167
UNIDADE 4 – CIRCUITOS PRÁTICOS E GERADORES DE FORMAS DE ONDA COM CI555

3) Outros importantes conceitos que darão sustentação ao estudo desta uni-


dade são as Formas de Onda e Frequência, 1ª Lei de Ohm e 2ª Lei de Ohm,
1ª Lei de Kirchhoff e 2ª Lei de Kirchhoff.

168 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 4 – CIRCUITOS PRÁTICOS E GERADORES DE FORMAS DE ONDA COM CI555

1. INTRODUÇÃO
Na Unidade 1, tratamos sobre os amplificadores diferen-
ciais com carga ativa e passiva e, na Unidade 2, apresentamos o
que provavelmente é o primeiro circuito integrado que você já
estudou ou ouviu falar: o Amplificador Operacional. Como você
deve se lembrar, a base para a construção dos OPAMPs são os
amplificadores diferenciais.
Estamos relembrando esse fato, pois, agora, um novo cir-
cuito integrado será apresentado e, dentre os elementos que o
constituem, temos os OPAMPs.
Isso é algo muito interessante e que frequentemente ocor-
re no mundo dos CIs, vários circuitos integrados são convenien-
temente interligados, criando novos CIs alojados em um invólu-
cro único. Quase sempre temos elementos com funcionalidades
distintas nesse invólucro e um exemplo disso é o CI 555, que es-
tudaremos a seguir.
Podemos, a partir disso, ter uma ideia da magnitude de
possibilidades que os CIs nos trazem. Não é para menos que a
eletrônica tenha avançado tanto nas últimas décadas! Vamos lá?

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su-
cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão
integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteú-
do Digital Integrador.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 169


UNIDADE 4 – CIRCUITOS PRÁTICOS E GERADORES DE FORMAS DE ONDA COM CI555

2.1. CIRCUITO ANALÓGICO-DIGITAL (CI) 555

O circuito integrado analógico-digital 555 foi desenvolvido


incialmente pela Signetics como NE-555, na década de 1970, e
rapidamente se difundiu por quase todos os ramos da eletrônica,
devido à sua versatilidade e facilidade de utilização.
Atualmente, várias empresas fabricam o 555, por exemplo,
a Motorola (MC1555), a Philips (NE555) a National Semiconduc-
tor (LM555), entre outras.
Internamente, o 555 possui 27 transistores, formando,
basicamente, 2 OPAMPs e 1 flip-flop RS. Logicamente, existem
também diodos e resistores de polarização, pois “o CI é o resul-
tado de uma combinação de comparadores lineares e flip-flops
digitais” (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2004, p. 531).
Basicamente, esse circuito integrado pode ser utilizado nas
configurações monoestável, astável e biestável, que permitem
construirmos diversos circuitos funcionais. Além disso, a combi-
nação de mais de um CI 555 aumenta bastante as possibilidades.
A tensão de alimentação pode se situar de 5V a 18V, o que
torna o CI 555 compatível com a família de circuitos integrados
TTL (Transistor – Transistor Logic), e sua saída pode fornecer cor-
rentes de até 200mA.
O primeiro passo para compreendermos como funciona e
como podemos usar o CI 555 é conhecer a sua constituição inter-
na, para sabermos como estão interligados os elementos forma-
dos pelos 27 transistores.

170 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 4 – CIRCUITOS PRÁTICOS E GERADORES DE FORMAS DE ONDA COM CI555

Constituição interna do 555


A figura a seguir ilustra um diagrama em blocos que
representa, de maneira simplificada, o 555. Veja:

Figura 1 Constituição básica do CI 555.

Entre os elementos que constituem o 555, um deles é re-


lacionado à eletrônica digital e está denotado como FF-RS, que
quer dizer “flip-flop tipo RS”. Vamos abordar esse elemento de
maneira rápida, com o objetivo de que você tenha o suporte
adequado para compreender o funcionamento do CI 555.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 171


UNIDADE 4 – CIRCUITOS PRÁTICOS E GERADORES DE FORMAS DE ONDA COM CI555

Os demais elementos são conhecidos: um comparador


não inversor (Comp. 1), um comparador inversor (Comp. 2) e um
transistor (Qd), que é chamado de transistor de descarga e vai
operar como chave no 555. Vamos a cada um deles.

Multivibrador biestável ou flip-flop


Em eletrônica digital, no tratamento e processamento de
sinais, não nos preocupamos com os níveis das tensões do cir-
cuito, mas definimos somente que uma entrada ou saída está em
nível lógico 0 ou 1, onde “nível 0” compreende tensões da ordem
de 0V, e “nível 1” compreende sinais da ordem de 5V (caso lógica
TTL).
É evidente que existem padrões de amplitude que devem
ser obedecidos, como, por exemplo, a lógica TTL, na qual:
• Nível lógico 0 compreende tensões de 0V a 0,8V.
• Nível lógico 1 compreende tensões de 2,4V a 5V.
Os flip-flops são dispositivos construídos com base em
portas lógicas, interligadas e combinadas de maneira a fornecer
determinados níveis de saída, com base nos níveis lógicos de en-
trada. São os elementos básicos que compõem as memórias de
computador e podem ser empregados em circuitos contadores,
osciladores, conversores A-D (Analógico – Digital), D-A (Digital-
-Analógico) etc.
Por definição, os flip-flops são elementos síncronos, pois
possuem uma entrada de clock que controla as suas operações
internas. Quando a entrada de clock não existe, trata-se de um
circuito assíncrono conhecido como latch.
Nos circuitos assíncronos não dependemos de um pulso
de clock para obter as transições de saída. Já nos flip-flops, de-

172 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 4 – CIRCUITOS PRÁTICOS E GERADORES DE FORMAS DE ONDA COM CI555

pendemos de um pulso de clock para obter essas transições e,


com isso, é possível manter sincronismo entre diversos circuitos
digitais, e a gama de aplicações, no caso dos flip-flops, torna-se
muito maior que a dos latches.
Entre os principais tipos de flip-flops, temos:
• Flip-flop RS (Reset-Set).
• Flip-flop JK (Jump – Kill).
• Flip-flop D (Data).
• Flip-flop T (Toogle).
A diferenciação entre latch e flip-flop passa, na maioria
das vezes, despercebida, e é comum tratarmos quase todos es-
ses dispositivos, mesmo os que não possuem entrada de clock,
como flip-flops. Especificamente no nosso diagrama de blocos
da Figura 1, temos um latch (pois não há uma entrada de clock)
do tipo RS, ou latch reset – set. Entendida essa diferença entre
latches e flip-flops, podemos, a partir de agora, como na maio-
ria das literaturas, nos referenciarmos ao nosso dispositivo como
flip-flop.
As estradas do flip-flop são os terminais S (Set) e R (Reset)
e as saídas são os terminais Q e /Q.
Como já mencionamos, o estado das saídas Q e /Q vai de-
pender do que ocorre com as entradas, no nosso caso S (Set) e
R (Reset).

Funcionamento flip-flop RS (Reset-Set)


Vejamos, a seguir, o funcionamento do flip-flop RS.
A saída /Q (lê-se Q barrado) sempre estará em nível lógico
oposto à saída Q. Quando a entrada S (Set) é levada para nível ló-

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 173


UNIDADE 4 – CIRCUITOS PRÁTICOS E GERADORES DE FORMAS DE ONDA COM CI555

gico 1, a saída Q vai para nível 1 e /Q para nível 0. E, mesmo que


a entrada S volte para o nível 0, o estado das saídas permanece
inalterado, justamente, o efeito de memorização obtido por in-
termédio dos flip-flops.
De outra maneira, se agora colocarmos a entrada R (Reset)
em nível lógico 1, ocorrerá o oposto da situação anterior, pois a
saída Q vai para nível lógico 0 e a saída /Q para nível 1 e, mesmo
que o sinal nível 1 seja retirado da entrada R, a saída do flip-flop
permanecerá inalterada.
Existe no flip-flop RS uma situação proibida, que é a colo-
cação das entradas R e S simultaneamente em nível 1; se isso
ocorrer, podemos ter um resultado de saída em que tanto Q,
quanto /Q ficarão no mesmo nível lógico, contrariando o que é
desejado do dispositivo. Devido a esse tipo de problema, temos
outros modelos de flip-flops que não possuem essa deficiência
e, mesmo assim, o flip-flop RS é funcional e bastante usado, a
exemplo do CI 555 que o emprega.
Além das entradas R e S, no nosso flip-flop, temos também
a entrada Reset, que não deve ser confundida com a entrada “R”
do par “R-S”.
A entrada Reset de qualquer que seja o flip-flop tem a fi-
nalidade de “resetar” (zerar) a saída, no caso, a saída Q. Outro
ponto é que a entrada Reset é mandatória, ou seja, se for ativa-
da, a saída Q vai para nível lógico 0 independentemente do que
ocorrer nas entradas funcionais, no nosso caso, R e S.
Uma observação importante é a de que o Reset do nosso
flip-flop RS é ativo em nível 0, devido à presença da porta inver-
sora no terminal de reset. Uma porta inversora tem a finalida-
de de realizar lógica inversa nos circuitos digitais. Por isso, ela

174 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 4 – CIRCUITOS PRÁTICOS E GERADORES DE FORMAS DE ONDA COM CI555

simplesmente lê sua entrada e, na saída, apresenta o oposto, ou


seja, entra nível lógico 0 e saí nível 1 ou entra nível 1 e saí nível
lógico 0.
Podemos representar a lógica ou porta inversora em ele-
trônica digital com o exemplo de um terminal de saída ou entra-
da, quando houver uma pequena bolinha, como ocorre no nosso
caso. É bastante útil se, agora, desenharmos a tabela verdade
para o flip-flop RS que foi representado na Figura 1. Confira:

Figura 2 Tabela verdade flip-flop RS com entrada Reset.

Agora que você conhece a tabela da Figura 2 e compreen-


de todos os elementos do diagrama em blocos do CI 555, de-
monstrado na Figura 1, é possível dizer que já entende o funcio-
namento do CI 555 por completo.
Vamos à explicação:
• As entradas do flip-flop RS são ativadas e desativadas
pelos comparadores Comp1 (entrada R) e Comp2 (en-
trada S).

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 175


UNIDADE 4 – CIRCUITOS PRÁTICOS E GERADORES DE FORMAS DE ONDA COM CI555

• A saída Q do flip-flop RS é justamente a saída do CI 555


(pino 3), e é desse terminal que obteremos os sinais que
queremos gerar em qualquer que seja a configuração
empregada (astável, monoastável, biestável).
• Os pinos 1 e 8 são os pinos de alimentação negativo e
positivo, respectivamente.
• Interligando convenientemente os pinos 6 (limiar), 5
(controle), 2 (trigger) e 7 (descarga), obteremos as fun-
cionalidades desejadas do CI555.
Vamos, agora, entender como obter as configurações de-
sejadas por meio dos terminais do CI. Começaremos pela confi-
guração monoestável, que será discutida no próximo bloco.

Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas


no Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas no Tópico
3. 3. para aprofundar os conteúdos estudados nesta unidade.

2.2. MULTIVIBRADOR MONOESTÁVEL COM 555

O multivibrador monoestável é um dispositivo caracteriza-


do pela presença de dois estados de saída, sendo que um deles
é estável, e o outro, instável. É uma configuração particularmen-
te útil na construção de circuitos temporizadores, na qual uma
grande gama de ajuste de tempo pode ser obtida.
Conforme Boylestad e Nashelsky (2004, p. 534), “[...] pe-
ríodos de tempo para esse circuito podem variar de microsse-
gundos a vários segundos, tornando o CI útil para uma vasta
gama de aplicações”.

176 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 4 – CIRCUITOS PRÁTICOS E GERADORES DE FORMAS DE ONDA COM CI555

A Figura 3, a seguir, mostra a polarização do 555 para tra-


balhar na configuração monoestável e o comportamento da saí-
da do CI, pino 3:

Fonte: Boylestad e Nashelsky (2004, p. 533).


Figura 3 Operação monoestável do 555.

Analisando a Figura 3:
Quando uma borda negativa (transição de +Vcc para 0V) é
levada à entrada de disparo (Trigger – pino 2), a saída do compa-
rador 2 do CI 555 vai para +VccSAT.
A saída do comparador 2 ativa a entrada S do Flip-flop, fa-
zendo com que a saída Q vá para nível 1 e /Q para nível 0. Como
a saída Q do flip-flop está em nível lógico 1, a saída do CI pino 3
está, agora, ativa.
Ao mesmo tempo em que a saída (pino 3) do 555 foi ativa-
da, o transistor de descarga (Qd) entrou em corte, pois a saída /Q
do flip-flop RS, que excita a base desse transistor, está em nível 0.
Imediatamente após a mudança de estado de saída, o ca-
pacitor C (ligado ao pino 6 – Limiar), começa a se carregar com a
tensão do terminal de saída, por intermédio do resistor RA.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 177


UNIDADE 4 – CIRCUITOS PRÁTICOS E GERADORES DE FORMAS DE ONDA COM CI555

Quando a tensão no pino 6 ultrapassar 2/3Vcc, a saída do


comparador 1 vai para +VccSAT ativando a entrada R do flip-flop,
que faz com que a saída Q vá para nível lógico 0, desativando a
saída do 555.
Como a saída /Q do flip-flop está em nível 1, ele agora sa-
tura o transistor de descarga (Qd), que descarrega e mantém o
capacitor C descarregado e o pino 6 (limiar) do 555 próximo a 0V,
fazendo com que a saída do comparador 1 vá também para nível
0, retirando o Reset do flip-flop.
O 555 permanecerá nesse estado (nível 0 na saída) até que
uma nova borda negativa de gatilho seja percebida pelo pino 2
(trigger).
Como você deve ter observado, a saída do 555 ficou em
nível 1 por um tempo limitado, voltando, posteriormente, para
nível 0, que é seu estado natural.
Podemos, agora, compreender o afirmado anteriormente
sobre o monoestável: o estado estável representa o nível 0 de
saída (pino 3) do 555, pois é o estado permanente. Já o instável
representa o nível 1 de saída, pois permanece por somente um
intervalo de tempo.
O tempo de duração do estado instável dependerá do ca-
pacitor C e do resistor RA, sendo determinado pela equação:

• THigh: tempo de em segundos, da saída em nível 1.


• RA: valor do resistor em ohms.
• C: valor do capacitor em farads.

178 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 4 – CIRCUITOS PRÁTICOS E GERADORES DE FORMAS DE ONDA COM CI555

Um ponto importante é referente ao valor do resistor RA.


A maioria dos fabricantes do CI 555 adverte para que o valor mí-
nimo desse resistor seja 1KΩ, pois, dessa forma, a corrente do
transistor interno de descarga não atinge valores perigosos que
possam danificar o CI.
Como exemplo, vamos admitir que desejamos construir
um circuito temporizador para 15 segundos. Podemos iniciar
adotando empiricamente um valor comercial para o capacitor C
de 10uF. Basta, então, colocarmos o resistor RA em evidência na
equação que acabamos de conhecer, para obter o seu valor. Veja:

Obviamente, alguns valores de resistores não são comer-


ciais, mas podemos conseguir valores bem próximos do deseja-
do por meio de associações.

Temporizador com reset e ajuste de tempo


Uma variação pequena do circuito anterior pode torná-lo
muito mais interessante, conforme mostra a figura a seguir:

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 179


UNIDADE 4 – CIRCUITOS PRÁTICOS E GERADORES DE FORMAS DE ONDA COM CI555

Figura 4 Temporizador com reset e ajuste de tempo.

Nesse circuito adicionamos um potenciômetro para o ajus-


te do tempo e, em série com ele, o resistor R3 impede a sobre-
carga do transistor de descarga do CI 555 quando o potenciôme-
tro for ajustado na posição mínima.
O início da contagem de tempo é efetuado pela chave de
pulso SW1. Já a chave SW2, se pressionada, interrompe a conta-
gem do tempo e desativa instantaneamente a saída.
Os resistores R1 e R2 são de pull-up (puxar para cima),
cujo objetivo é impedir o acionamento indevido das entradas de
Reset e Trigger do temporizador.
A saída do temporizador (pino 3) pode ser utilizada para
excitar um circuito de potência, ligando, por exemplo, um relé
que ativa um sistema de iluminação ou motor elétrico.
O conhecimento da configuração monoestável tornará o
aprendizado das outras configurações mais simples, como você
verá no próximo tópico.

180 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 4 – CIRCUITOS PRÁTICOS E GERADORES DE FORMAS DE ONDA COM CI555

2.3. MULTIVIBRADOR BIESTÁVEL COM 555

O multivibrador biestável é um dispositivo caracterizado


pela presença de dois estados de saída estáveis. Apesar de ser
um uso bastante racionalizado das funcionalidades do 555, é
interessante que você conheça mais essa possibilidade de con-
figuração para esse CI, pois, basicamente, estamos falando da
utilização somente das funcionalidades do flip-flop RS interno do
CI 555. Confira:

Figura 5 Biestável com o CI 555.

Ao acionarmos o botão SW1 a entrada de Trigger recebe


potencial negativo, fazendo com que a saída do comparador 2 vá
para +VccSAT e ative a entrada Set do flip-flop RS, que, por sua vez,
coloca a saída Q em nível 1 (a própria saída do CI 555).
A saída (pino 3) ficará ativada permanentemente, a menos
que um evento externo provoque a mudança do seu estado.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 181


UNIDADE 4 – CIRCUITOS PRÁTICOS E GERADORES DE FORMAS DE ONDA COM CI555

O botão de pulso SW2 está conectado ao pino 4, que é a


entrada de Reset do CI555, a qual, como sabemos, é ativada em
nível 0. Ao pressionarmos esse botão, ocorre o Reset do flip-flop
RS, provocando o desligamento da saída (pino 3).
Os dois estados de saída, nível alto e nível baixo, são está-
veis, ficando seu controle por conta dos botões SW1 e SW2.
Essa configuração pode ser útil para um simples controle
liga-desliga, por exemplo.
Note que nessa configuração não há temporização alguma,
tanto o nível 0 quanto o nível 1 de saída são permanentes. Para
que esse CI execute uma tarefa de temporização, é necessária a
presença de um circuito RC – série, como ocorre com a configu-
ração monoestável. Vejamos, então, outra configuração caracte-
rizada pela presença do circuito RC.

2.4. MULTIVIBRADOR ASTÁVEL COM 555

O multivibrador astável é um dispositivo caracterizado pela


presença de dois estados de saída instáveis e é uma configuração
utilizada na construção de circuitos osciladores.
Essa costuma ser a configuração de uso mais frequente
para o CI 555, inclusive, segundo Bolestad e Nashelsky (2004, p.
532), "uma aplicação conhecida do CI temporizador 555 é como
um mutivibrador astável ou circuito de clock".

Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas


no Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas no Tópico
3. 1. para aprofundar os conteúdos estudados nesta unidade.

182 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 4 – CIRCUITOS PRÁTICOS E GERADORES DE FORMAS DE ONDA COM CI555

Multivibrador Astável Simétrico


A Figura 6 mostra como é a ligação do 555 para operar
como multivibrador astável simétrico. Veja:

Figura 6 Multivibrador Astável – semiciclos simétricos.

Um multivibrador astável com semiciclos simétricos gerará


um sinal de onda quadrada, cujos tempos em nível baixo e
nível alto serão iguais. O sinal gerado é semelhante ao que um
oscilador astável com OPAMP produziria conforme você verá na
Figura 7. No entanto, as tensões de saída obtidas no pino 3 não
apresentarão valores negativos em relação ao GND.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 183


UNIDADE 4 – CIRCUITOS PRÁTICOS E GERADORES DE FORMAS DE ONDA COM CI555

Figura 7 Multivibrador Astável Simétrico – forma de onda de saída.

A frequência do sinal gerado dependerá do resistor RA e


do capacitor C. Aqui também é importante obedecer um critério
para a escolha do valor mínimo do resistor RA.
Como sabemos, a capacidade máxima da saída (pino 3) do
555 é de 200mA. Então, o resistor escolhido não deve permitir
uma corrente de carga no capacitor que exceda esse valor, e é
ideal que a corrente que circulará por esse resistor seja a menor
possível, ficando toda a capacidade de corrente do terminal de
saída dedicada à carga que será ligada a esse terminal.
Uma questão que fica no ar é: conhecendo a carga que será
conectada na saída do CI, como calcularemos a corrente que será
fornecida pela saída do 555?

184 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 4 – CIRCUITOS PRÁTICOS E GERADORES DE FORMAS DE ONDA COM CI555

Do ponto de vista DC, precisamos conhecer a tensão de


saída (pino 3) para calcularmos a corrente, e ela está ligada à
tensão de alimentação do 555. Se estivéssemos tratando de um
circuito integrado perfeito, o 555 forneceria 0V em nível baixo e
+Vcc em nível alto.
Na prática, existem pequenas variações nesses valores que
mudam de acordo com a corrente de saída, mas, tipicamente,
temos quedas de tensões da ordem de 0,1V a 2,5V em relação
à tensão de alimentação. Os valores exatos das tensões de saída
podem ser facilmente obtidos pelo datasheet do 555.
Voltando à questão do oscilador, a frequência do sinal de
onda quadrada gerado na saída do 555 nessa configuração é de-
terminada pela equação dada a seguir:

• FHZ: frequência do sinal gerado em hertz.


• RA: valor do resistor em ohms.
• C: valor do capacitor em farads.
É evidente que o denominador da equação é o período do
sinal gerado. Novamente, se desejarmos gerar um sinal de uma
determinada frequência, fica mais simples se escolhermos o ca-
pacitor de maneira empírica e calcularmos o resistor.
Colocando o resistor RA em evidência, temos:

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 185


UNIDADE 4 – CIRCUITOS PRÁTICOS E GERADORES DE FORMAS DE ONDA COM CI555

Como exemplo, vamos admitir que desejamos construir


um oscilador para 1KHz, usando um capacitor de valor comercial
de 100nF. Basta, agora, calcularmos o resistor RA, conforme o
exemplo a seguir:

Um resistor de 7213Ω não é de valor comercial, mas po-


demos obter esse valor por associação simples ou, até mesmo,
usando um resistor ajustável tipo Trimpot para obter esse valor.
Se quisermos, ao invés de empregar um resistor fixo (RA),
podemos utilizar um potenciômetro para obter um oscilador de
frequência variável.
Portanto, é conveniente mantermos um resistor de um mí-
nimo valor em série com esse potenciômetro para limitar a cor-
rente drenada da saída (pino 3).

Funcionamento Multivibrador Astável Simétrico


O princípio funcional é simples e, de início, é importante
saber que o transistor de descarga (pino 7) não está sendo usado
e que os terminais trigger (pino 2) e limiar (pino 6) estão conec-
tados ao mesmo ponto.

186 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 4 – CIRCUITOS PRÁTICOS E GERADORES DE FORMAS DE ONDA COM CI555

Ao ligarmos o circuito vamos assumir inicialmente que a


saída (pino 3) esteja em nível 0 e o capacitor C descarregado.
Nessa situação, a saída do comparador 2 do 555 estará em +Vcc-
SAT
e vai ativar a entrada Set do flip-flop do CI, ativando a saída.
Uma vez que a saída foi alterada para nível lógico 1, o capa-
citor C começa a se carregar por RA. Quando a tensão no capa-
citor passar de 1/3Vcc, o comparador 2 deixa de ativar a entrada
de Set do flip-flop e a tensão no capacitor continua a subir.
Quando a tensão do capacitor ultrapassar 2/3Vcc, a saída
do comparador 1 vai para +VccSAT ativando a entrada de Reset do
flip-flop que irá desligar a saída.
Quando a saída é alterada para nível lógico 0, começa a
ocorrer a descarga do capacitor C por intermédio de RA. A saída
do comparador 1 é imediatamente desligada e o Reset na entra-
da do flip-flop deixa de existir.
A descarga do capacitor continua até que a tensão nele
caia para menos de 1/3Vcc, fazendo com que novamente o com-
parador 2 ative a entrada de Set do Flip-Flop ligando novamente
a saída.
Esse ciclo de carga e descarga do capacitor e de Set e Reset
do flip-flop RS interno do CI ocorre indefinidamente e a saída
(pino 3) permanece alternando de nível alto a nível baixo en-
quanto houver alimentação no circuito.
O multivibrador astável de semiciclos simétricos não é a
única configuração astável possível, veja sobre isso no próximo
tópico.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 187


UNIDADE 4 – CIRCUITOS PRÁTICOS E GERADORES DE FORMAS DE ONDA COM CI555

Multivibrador Astável Assimétrico


De toda as configurações que vimos até agora, esta é a que
melhor usará os recursos disponíveis do 555, pois:
A análise seguinte da operação do 555 como circuito astável
engloba detalhes das diferentes partes da unidade e de como as
várias entradas e saídas são utilizadas (BOYLESTAD; NASHELSKY,
2004, p. 532).

Essa configuração nos permitirá gerar sinais de onda qua-


drada, cujos tempos em nível alto e nível baixo sejam diferentes.
É útil lembrarmos dos circuitos de controle PWM vistos na
Unidade 3, nos quais ajustávamos os tempos high e low do si-
nal PWM, de modo que pudéssemos variar o valor de tensão
RMS que os circuitos de potência forneciam para as cargas. Além
da implementação de circuitos geradores de sinal PWM com
OPAMPs, uma implementação com o CI 555 também pode ser
obtida.
Um sinal onda quadrada com períodos high e low diferen-
tes teria o aspecto apresentado na figura a seguir:

188 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 4 – CIRCUITOS PRÁTICOS E GERADORES DE FORMAS DE ONDA COM CI555

Figura 8 Multivibrador Astável Assimétrico – forma de onda de saída.

A seguir, temos o circuito multivibrador astável com o 555


para gerar esses tipos de sinais. Confira:

Figura 9 Multivibrador Astável – semiciclos assimétricos.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 189


UNIDADE 4 – CIRCUITOS PRÁTICOS E GERADORES DE FORMAS DE ONDA COM CI555

O tempo de permanência do sinal gerado pelo astável em


nível baixo é determinado pelo capacitor C e pelo resistor RB,
segundo a equação

• TLow: tempo do semiciclo em nível baixo em segundos.


• RB: valor do resistor em ohms.
• C: valor do capacitor em farads.
O tempo em nível alto é determinado pelo capacitor C, e
pelos resistores RA e RB, segundo a equação:

• THigh: tempo do semiciclo em nível alto em segundos.


• RA: valor do resistor em ohms.
• RB: valor do resistor em ohms.
• C: valor do capacitor em farads.
A frequência, neste caso, será o inverso das somas dos pe-
ríodos THigh e TLow do sinal gerado, conforme a equação:

A definição dos componentes para a geração de um de-


terminado sinal terá um número maior de passos do que o caso
anterior, mas nada difícil de se determinar, pois seguirá uma me-
todologia semelhante ao que fizemos antes.

190 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 4 – CIRCUITOS PRÁTICOS E GERADORES DE FORMAS DE ONDA COM CI555

Como exemplo, vamos definir que desejamos gerar um si-


nal com frequência base de 2KHz, em que o tempo em nível alto
corresponda a 75% do período do sinal, ou seja, TON de 75% e TOff
de 25%. Inicialmente, calculamos o período desse sinal:

Agora, por simples proporção, definimos os tempos em ní-


vel alto e baixo:

A exemplo do que fizemos com o circuito anterior,


definimos de maneira empírica o capacitor C.
Novamente, adotaremos 100 nF e, como o tempo em nível baixo
depende somente de um dos resistores, no caso RB, vamos
começar pelo cálculo desse resistor. Para isso, basta colocar RB
em evidência na equação de TLow.

Agora que conhecemos o valor do resistor RB, podemos


calcular RA, colocando-o também em evidência na equação de
THigh.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 191


UNIDADE 4 – CIRCUITOS PRÁTICOS E GERADORES DE FORMAS DE ONDA COM CI555

Perceba que, novamente, os valores não comerciais dos


resistores podem ser obtidos por associação ou por resistores
ajustáveis do tipo Trimpot.
Como já dito, essa configuração usa muito bem os elemen-
tos internos do CI 555, o que será evidenciado pela explicação do
seu funcionamento no tópico a seguir.

Funcionamento Multivibrador Astável Assimétrico


Vamos assumir que acabamos de ligar o circuito e o capaci-
tor C esteja descarregado. Nessa situação, teremos 0V no pino 2
(trigger) e o comparador 2 vai ativar a entrada de Set do flip-flop,
ativando a saída. Ao mesmo tempo, o transistor de descarga en-
trará em corte, pois a saída /Q do flip-flop RS mudou para nível
lógico 0.
A partir desse ponto, o capacitor C começará a se carregar
por intermédio de RA e RB. Quando a tensão no capacitor alcan-
çar 1/3Vcc, a saída do comparador 2 deixará de ativar a entrada
de Set do flip-flop. Alguns instantes depois, a tensão no capacitor
alcançará o limiar de 2/3 de Vcc e, a partir daí, a saída do compa-
rador 1 vai para +VccSAT, ativando a entrada de Reset do flip-flop
e desativando a saída (Pino 3).
Ao mesmo tempo em que a saída do 555 foi desativada,
a saída /Q do flip-flop RS faz com que o transistor de descarga
sature e o capacitor comece a ser descarregado pelo resistor RB.

192 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 4 – CIRCUITOS PRÁTICOS E GERADORES DE FORMAS DE ONDA COM CI555

Imediatamente após o transistor de descarga entrar em


ação, a saída do comparador 1 deixa de ativar a entrada de Reset
do flip-flop e a descarga do capacitor continua.
Quando a tensão do capacitor cair abaixo de 1/3Vcc, o
comparador 2 ativa novamente a entrada Set do flip-flop, ligando
novamente a saída (pino 3) e colocando o transistor de descarga
em corte. Assim, o capacitor volta a se carregar por intermédio
de RA e RB.
Desse momento em diante, todo o ciclo se repete com a
carga e descarga do capacitor e a ativação e desativação da saída
do 555.
Ficou clara, agora, a dependência da carga do capacitor
(TON) dos resistores RA e RB e da sua descarga (TOff) do resistor
RB?
Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas
no Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas no Tópico
3. 2. para aprofundar os conteúdos estudados nesta unidade.

Após ver os conteúdos desta unidade, é importante que


você assista ao vídeo complementar para aprofundar seus co-
nhecimentos. Confira no quadro a seguir.

Vídeo complementar ––––––––––––––––––––––––––––––––


Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.
• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula,
localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso
(Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar).
Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.

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UNIDADE 4 – CIRCUITOS PRÁTICOS E GERADORES DE FORMAS DE ONDA COM CI555

• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e selecione:
Eletrônica e Laboratório de Eletrônica II – Vídeos Complementares –
Complementar 4.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição
necessária e indispensável para você compreender integralmen-
te os conteúdos apresentados nesta unidade.

3.1. MULTIVIBRADOR MONOESTÁVEL COM 555

As notas de aula do professor Elnatan Chagas Ferreira, da


Unicamp, tratam dos circuitos multivibradores monoestável e
astável e explicam, de maneira muito didática, os conceitos que
envolvem cada um desses multivibradores. Além disso, explicam
o funcionamento de circuitos monoestáveis e astáveis que fazem
uso de portas lógicas.
A partir da página 11, ele explica a constituição interna do
CI 555 e seu funcionamento como multivibrador monoestável.
Vale a pena conferir!
• FERREIRA, E. C. Aula 10 – Circuitos Multivibradores.
Unicamp [s.d.]. Disponível em: <http://www.demic.fee.
unicamp.br/~elnatan/ee610/10a%20Aula.pdf>. Acesso
em: 23 ago. 2017.

3.2. MULTIVIBRADOR ASTÁVEL COM 555

Neste material do professor Fabrício, da Universidade


Federal de Juiz de Fora, você lerá sobre práticas de laboratório

194 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 4 – CIRCUITOS PRÁTICOS E GERADORES DE FORMAS DE ONDA COM CI555

com o CI 555 nas configurações monoestável e astável. Contudo,


há uma boa introdução teórica antes da execução de cada uma
delas.
É um material simples, mas que constitui uma boa fonte
de consulta, pois, entre os temas, aborda o desenvolvimento das
equações que regem o comportamento do 555 em ambas confi-
gurações. Acesse:
• CAMPOS, F. P. V. Aplicações do CI 555. Universidade
Federal de Juiz de Fora – Laboratório de Eletrônica [s.d.].
Disponível em: <http://www.ufjf.br/fabricio_campos/
files/2011/08/P3_Aplica%C3%A7%C3%B5es-do-CI-555.
pdf>. Acesso em: 23 ago. 2017.

3.3. CIRCUITO ANALÓGICO-DIGITAL (CI) 555

O tutorial técnico de autoria do professor Charles Borges


de Lima, do Instituto federal de Santa Catarina, é altamente ins-
trutivo e constitui um ótimo material de estudo.
Nesse material são abordados constituição interna em dia-
grama de blocos, pinagem, aspecto físico do CI com diferentes
encapsulamentos, fabricantes, princípio funcional, diagrama es-
quemático interno, descrição dos terminais, configurações tradi-
cionais, como monoestável e astável e circuitos práticos. Confira
no link indicado a seguir:
• LIMA, C. B. Tutorial Técnico: o temporizador 555. Revista
Ilha Digital, vol. 2, n. 106, 97 p., 2010. Disponível em:
<http://ilhadigital.florianopolis.ifsc.edu.br/index.php/
ilhadigital/article/view/25/25>. Acesso em: 23 ago.
2017.

© ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II 195


UNIDADE 4 – CIRCUITOS PRÁTICOS E GERADORES DE FORMAS DE ONDA COM CI555

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteú-
dos estudados para sanar as suas dúvidas.
1) O que é um multivibrador monoestável?

2) Qual a utilidade de um circuito monoestável?

3) O que é um multivibrador astável?

4) Qual a utilidade dos circuitos astáveis?

5) Explique de maneira resumida o que vem a ser o circuito integrado 555.

6) Qual é a utilidade do CI 555 e onde pode ser usado?

7) Explique os principais blocos internos que constituem o CI 555.

8) Explique o funcionamento do CI 555 na configuração monoestável.

9) Explique o funcionamento do CI 555 na configuração astável.

5. CONSIDERAÇÕES
A melhor maneira de conhecermos e entendermos como
alguns circuitos integrados funcionam é através da construção
ou simulação de circuitos práticos, e o CI 555 é um exemplo claro
dessa afirmação.
A partir da configuração biestável, que é a que menos utiliza
as ferramentas internas do 555, gradativamente passamos a nos
familiarizar com esse pequeno, mas versátil, circuito integrado.

196 © ELETRÔNICA E LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA II


UNIDADE 4 – CIRCUITOS PRÁTICOS E GERADORES DE FORMAS DE ONDA COM CI555

Iniciando com os circuitos clássicos como o multivibrador


monoestável e o astável, podemos obter diversas funcionalida-
des e circuitos práticos muito úteis. É interessante saber que po-
demos, por exemplo, fabricar e comercializar um temporizador e
internamente não teremos nada muito além do que um poten-
ciômetro de ajuste, um comutador de potência como um transis-
tor ou relé, alguns capacitores e, é claro, o CI 555.
Em circuitos nos quais mais de um CI 555 seja necessário,
temos, ainda, a possibilidade de utilizar o CI 556, que nada mais
é do que dois CIs 555 em um mesmo invólucro, constituindo um
CI de 14 pinos.
Esperamos que esta última unidade tenha servido para
dar a você, aluno, uma visão das funcionalidades do 555, abrin-
do seus horizontes para a sua utilização e o projeto de novos
circuitos.

6. E-REFERÊNCIAS
ALLDATASHEET.COM. LM555 Datasheet (PDF) – national semiconductor. Disponível
em: <http://pdf1.alldatasheet.com/datasheet-pdf/view/8979/NSC/LM555.html>.
Acesso em: 23 ago. 2017.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOYLESTAD, R. L.; NASHELSKI, L. Dispositivos eletrônicos e teoria de circuitos. 8. ed. São
Paulo: Pearson Prentice Hall do Brasil, 2004.

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