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Arte contemporânea

O Kobra do graffiti

A Galeria ProArte, em São Paulo, acaba de realizar uma exposição individual do artista
Carlos Eduardo Fernandes Leo, mais conhecido pelo nome artístico de Kobra, que
recentemente ganhou mais projeção nacional criando cenários para o programa
"Fantástico" da Rede Globo de Televisão. Foi notícia também na grande mídia ao
realizar fabulosas pinturas em 3D nas ruas de São Paulo. Sobre o artista, assim escreveu
o crítico de arte e curador da mostra Paulo Klein, da Associação Brasileira de Críticos
de Arte e da Association Internationale Des Critiques D'Ar - Paris:

Bonde Camarão - Técnica mista 2,50 x 1,20 m

"Kobra é um expoente do que chamo de neo-vanguarda paulista. Seu talento brota por
volta de 1987, no bairro do Campo Limpo com o pixo e o graffiti, caros ao movimento
Hip Hop, e se espalha pela cidade. Com os desdobramentos, que a arte urbana ganhou
em Sampa, ele derivou - com o Studio Kobra, criado nos anos 90 - para um muralismo
original - inspirado nos pintores mexicanos e no design mural do norte-americano Eric
Grohe - beneficiando-se das características de artista experimentador, bom desenhista e
hábil pintor realista. Nesse caminho desenvolve o projeto Muros das Memórias, com
pinturas cenográficas, algumas monumentais, realizadas em pontos estratégicos da
capital paulista. Através delas recupera cenas antigas da cidade, mesclando-as, às vezes,
a interferências atuais..."
Transposição técnica mista s tela 0,70 x 1, 20 m

Sobre a referida exposição na ProArte, Paulo Klein afirma que ela "é síntese de seu
modo de criar, através do qual pinta, mas também adere, interfere, sobrepõe
personagens e cenas das primeiras décadas do século XX (de Gaensly e fotógrafos de
sua época) com tags, tramas da Op Art, elementos da Arte Concreta. Ou, ainda, sobre-
adesiva transparências em camadas que se harmonizam em cores, em preto e branco.
Tudo arranjado, para encantar aos olhos e mentes, resgatar flashs nostálgicos
condimentados com fragmentos soltos da História, pintura executada com aerógrafo ou
pincel sobre suportes inusitados (portas, janelas, refrigeradores antigos, placas e
luminosos descartados) ou não (madeira, tela ou lona de caminhão). Inquieto e
irrefreável em suas buscas criativas, Kobra é, hoje, um fenômeno da arte brasileira, da
neo-vanguarda que "já" não se pode ignorar".

O que é o graffiti
Viaduto do Chá - técnica mista 2 x 1,20m

Para contar a história do graffiti, os especialistas nos remetem à arte pré-histórica,


afirmando que os desenhos feitos nas paredes das cavernas, aquelas pinturas rupestres,
são os primeiros exemplos de graffiti que encontramos na historia da arte. Se naquela
época imemorial os materiais utilizados na pintura eram terras de diferentes tonalidades,
sucos de plantas, ossos fossilizados ou calcinados, misturados com água e gordura de
animais, hoje os adeptos desse estilo de arte usam tintas em spray ou mesmo em latas, e
não pintam cervos e bisões, mas sim idéias, signos, que passam a compor o visual
urbano, talvez o contexto atual, decorrente de uma evolução, participante da arte
também.
A palavra usada e a grafia adotada (graffito), vem do italiano, e significa "inscrição ou
desenhos de épocas antigas, toscamente riscados a ponta ou a carvão, em rochas,
paredes etc. Graffiti é o plural de graffito. No singular, é usada para significar a técnica
(pedaço de pintura no muro em claro e escuro). No plural, refere-se aos desenhos (os
graffitis do Palácio de Pisa - por exemplo)".

Av. São João técnica mista s/ geladeira


O geocities.com/culturahiphop2002/grafitti, que não indica o autor do texto, explica
mais o graffiti: "Considerando pós-moderno, não podemos confundi-lo com pinturas em
muro que, não advindo do novo, se enquadram, de uma forma ou de outra, nos padrões
convencionais de pintura e não possuem uma produção considerável. Vale lembrar que
toda manifestação artística representa a situação histórica em que esta ocorre, não por
que necessariamente toda arte deva ser engajada, mas porque é realizada pelo sujeito
histórico dentro de um contexto histórico-social e econômico. No entanto, o graffiti
utilizando-se da cidade como suporte, a de retratar a situação, nesse meio presenciada
ou vivida, assim relaciona automaticamente com a pichação também, cujo seu veiculo
de existência também é o espaço urbano. Assim como o graffiti, a pichação interfere no
espaço, subverte valores, é espontânea, gratuita, enfim. Mas há diferenças entre o
graffiti e a pichação: é que o primeiro (graffiti) advém das artes plásticas e o segundo da
escrita, ou seja, o graffiti privilegia a imagem, a pichação a palavra ou a letra ".
O graffiti pode ser feito legal ou ilegalmente, com tinta de spray em locais públicos ou
privados. É uma forma de expressão que se pode visualizar nas áreas urbanas e
suburbanas. O conceito de graffiti surgiu nos bairros mais estigmatizados dos EUA,
mais precisamente em Nova York, durante a década de 70. As formas mais antigas de
graffiti são os tags, que eram utilizados por diversas gangs americanas nos anos 30
como forma de limitação do território. O fenômeno atingiu a Europa nos anos 80.

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