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Superior Tribunal de Justiça

AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.175.205 - GO


(2017/0248843-0)

RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER


AGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS
AGRAVADO : FERNANDO CARLOS DE VASCONCELOS
AGRAVADO : SABURO HAYASAKI
ADVOGADO : RUI DE SOUZA FERREIRA - GO041615

EMENTA

PENAL. PROCESSO PENAL. INQUÉRITO POLICIAL.


ARQUIVAMENTO. PREFEITO E SECRETÁRIO MUNICIPAL.
DESCUMPRIMENTO DE ORDEM JUDICIAL EM MANDADO DE
SEGURANÇA. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO. COMINAÇÃO DE
MULTA DIÁRIA. ART. 1°, XIV, DO DECRETO-LEI 201/67. CRIME DE
RESPONSABILIDADE. DESOBEDIÊNCIA À ORDEM JUDICIAL.
ATIPICIDADE.
I - Com efeito, nos termos da jurisprudência desta eg. Corte Superior de
Justiça, "[...] O crime de desobediência é subsidiário e somente se caracteriza
nos casos em que o descumprimento da ordem emitida pela autoridade não é
objeto de sanção administrativa, civil ou processual " (AgRg no HC 345.781/SC,
Quinta Turma, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, DJe 31/05/2016).
II - A jurisprudência do STJ e do STF têm por consolidada a aplicação
dessa orientação ao delito previsto no art. 1º, inc. XIV, do Decreto-lei 201/67. A
respeito e em casos análogos aos dos autos, ou seja, em que se imputou a Prefeito
a conduta prevista no art. 1º, inc. XIV, do Decreto-lei 201/67 por
descumprimento de liminar em ação civil pública ou madamental, para o qual a
autoridade judicial estipulara multa diária, destaca-se precedentes dessa col.
Corte Superior e do Pleno do Supremo Tribunal Federal: HC 92.655/ES, Quinta
Turma , Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho , DJ 25/02/2008; HC
68.144/MG, Quinta Turma , Rel. Min. Gilson Dipp, DJ 04/06/2007; Inq 3155,
Tribunal Pleno , Relª. Minª. Cármen Lúcia , DJe 11/10/2011.
Agravo Regimental não provido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima


indicadas, acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça,
por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental.
Os Srs. Ministros Jorge Mussi, Reynaldo Soares da Fonseca, Ribeiro
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Dantas e Joel Ilan Paciornik votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília (DF), 12 de dezembro de 2017 (Data do Julgamento).

Ministro Felix Fischer


Relator

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AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.175.205 - GO
(2017/0248843-0)

AGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS


AGRAVADO : FERNANDO CARLOS DE VASCONCELOS
AGRAVADO : SABURO HAYASAKI
ADVOGADO : RUI DE SOUZA FERREIRA - GO041615

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO FELIX FISCHER: Trata-se de agravo


regimental (fls. 287-294) interposto pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO
DE GOIÁS contra decisão de fls. 277-281, de minha lavra, na qual conheci do agravo
para negar provimento ao recurso especial.

Consta dos autos que o Prefeito e o Secretário de Saúde do Município de


Goiatuba/GO, ora agravados, teriam descumprido medida liminar concedida em
mandado de segurança (Processo nº 201402954179) deixando de fornecer
medicamento a Carlos André Rodrigues Rosa, razão pela qual o Ministério Público
estadual requereu instalação de inquérito policial contra as autoridades municipais a
fim de apurar delito previsto no art. 1º, inc. XIV, do Decreto-lei 201/67, em relação a
Fernando Carlos de Vasconcelos, Prefeito, e no art. 330 do Código Penal, em relação a
Saburo Hayasaky, Secretário de Saúde (fls. 76-79).

A 1ª Câmara Criminal do eg. Tribunal a quo, por unanimidade, negou


provimento ao agravo regimental interposto pelo Parquet estadual, para manter a
decisão que não autorizou a instauração de inquérito para apurar a conduta ventilada
na inicial acusatória e determinou o arquivamento do feito em relação ao Prefeito
municipal (fls. 109-115). Eis a ementa do julgado:

"AGRAVO REGIMENTAL EM INQUÉRITO. NÃO


PROVIMENTO. Não basta o descumprimento de ordem judicial para a
configuração do crime de desobediência. Além do não cumprimento
injustificado, é necessário que a decisão não tenha estabelecido sanção
específica para o descumprimento, a menos que tenha previsão legal
para cumulação das sanções civil e penal. Recurso conhecido e
desprovido." (fl. 109)

Sobreveio recurso especial, com fundamento no art. 105, inciso III,


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alínea a, do permissivo constitucional, no qual se sustentou violação ao art. 1º, inc.
XIV, 2ª parte, do Decreto-lei nº 201/1967. Para tanto, argumenta que "[...] o Relator
criou uma elementar negativa do tipo não existente ou espécie de condição de
punibilidade (inexistência de fixação de sanção extrapenal) para configuração do art.
1º, XIV, do Decreto-lei 201/67, resultando no entendimento pela atipicidade do fato,
motivo pelo qual determinou o arquivamento dos autos em relação ao Prefeito "
(fl. 126).

Alega que "a conduta do Prefeito, consistente em 'deixar de cumprir


ordem judicial, sem dar o motivo da recusa ou da impossibilidade, por escrito, à
autoridade competente' enquadra-se no crime de responsabilidade previsto no artigo
1º, inciso XIV, 2ª parte, do Decreto-lei nº 201/1967, mesmo que haja a cominação de
sanção civil (multa diária) para o caso de descumprimento " (fl. 131).

Contrarrazões às fls. 183-191.

O eg. Tribunal de origem inadmitiu o recurso com fundamento na


Súmula 7/STJ (fls. 202/203).

No presente agravo, alega que não incide o referido óbice, pois o


recurso especial "trata tão somente de tese jurídica, baseada em elementos que o
próprio acórdão fez constar como o pano de fundo fático necessário, o que é admitido
pelo colendo Superior Tribunal de Justiça " (fls. 233-240).

Contraminuta apresentada pela Defesa (fls. 246-253 e 256-263).

O Ministério Público Federal manifestou-se pelo provimento do


recurso especial (fls. 271-274).

No presente agravo regimental, aduz o Parquet estadual não se hipótese


de aplicação da Súmula 83/STJ, ao argumento de que aplicou-se "jurisprudência que
não se amolda ao caso" (fl. 289). Afirma que "cuidou, pois, o apelo especial de
demonstrar a existência de norma específica que tipifica a conduta de
descumprimento de ordem judicial para os Prefeitos, qual seja, o artigo 1º, inciso
XIV, do Decreto-Lei 201/67, o que demonstra que o legislador teve a clara intenção
de responsabilizar o Prefeito criminalmente pelo referido descumprimento,
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independentemente de a decisão prever a cumulação de sanções civis" (fl. 290).

Requer a reconsideração do decisum ou, caso não seja esse o


entendimento, a apresentação do recurso ao Colegiado.

Por manter o decisum, trago o feito para a apreciação da eg. Turma.

É o relatório.

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RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER


AGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS
AGRAVADO : FERNANDO CARLOS DE VASCONCELOS
AGRAVADO : SABURO HAYASAKI
ADVOGADO : RUI DE SOUZA FERREIRA - GO041615

EMENTA

PENAL. PROCESSO PENAL. INQUÉRITO


POLICIAL. ARQUIVAMENTO. PREFEITO E
SECRETÁRIO MUNICIPAL.
DESCUMPRIMENTO DE ORDEM JUDICIAL
EM MANDADO DE SEGURANÇA.
FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO.
COMINAÇÃO DE MULTA DIÁRIA. ART. 1°,
XIV, DO DECRETO-LEI 201/67. CRIME DE
RESPONSABILIDADE. DESOBEDIÊNCIA À
ORDEM JUDICIAL. ATIPICIDADE.
I - Com efeito, nos termos da jurisprudência
desta eg. Corte Superior de Justiça, "[...] O
crime de desobediência é subsidiário e somente se
caracteriza nos casos em que o descumprimento
da ordem emitida pela autoridade não é objeto de
sanção administrativa, civil ou processual " (AgRg
no HC 345.781/SC, Quinta Turma, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, DJe 31/05/2016).
II - A jurisprudência do STJ e do STF têm
por consolidada a aplicação dessa orientação ao
delito previsto no art. 1º, inc. XIV, do Decreto-lei
201/67. A respeito e em casos análogos aos dos
autos, ou seja, em que se imputou a Prefeito a
conduta prevista no art. 1º, inc. XIV, do
Decreto-lei 201/67 por descumprimento de liminar
em ação civil pública ou madamental, para o qual a
autoridade judicial estipulara multa diária,
destaca-se precedentes dessa col. Corte Superior e
do Pleno do Supremo Tribunal Federal: HC
92.655/ES, Quinta Turma , Rel. Min. Napoleão
Nunes Maia Filho , DJ 25/02/2008; HC
68.144/MG, Quinta Turma , Rel. Min. Gilson
Dipp, DJ 04/06/2007; Inq 3155, Tribunal Pleno ,
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Relª. Minª. Cármen Lúcia , DJe 11/10/2011.
Agravo Regimental não provido.

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO FELIX FISCHER: Trata-se de agravo


regimental interposto pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DE GÓIAS, no qual, em
síntese, defende que o delito previsto no inc. XIV do art. 1º do Decreto-lei 201/67, na
modalidade de descumprimento de ordem judicial, ao contrário do que consignado no
r. decisum, se perfectibiliza ainda que a autoridade judicial, da qual emanou a ordem,
tenha imposto sanção de natureza civil, como as astreites.
Pois bem.
Consta dos autos que o Ministério Público requereu autorização para
instauração de inquérito policial contra o Prefeito e o Secretário de Saúde do
Município de Goiatuba/GO, para a apuração dos delitos previstos no art. 1º, inc. XIV,
do Decreto-lei 201/67, em relação ao Prefeito, e no art. 330 do Código Penal, em
relação ao Secretário de Saúde (fls. 76-79), tendo em vista o descumprimento de
medida liminar concedida em mandado de segurança (Processo nº 201402954179) que
determinava o fornecimento de medicamentos a Carlos André Rodrigues Rosa.

O crime de responsabilidade dos prefeitos municipais, previsto no artigo


Io, inciso XIV, do Decreto-Lei 201/67, prescreve:

"Art. 1º São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipal,


sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente do pronunciamento
da Câmara dos Vereadores:
XIV - Negar execução a lei federal, estadual ou municipal, ou deixar de
cumprir ordem judicial, sem dar o motivo da recusa ou da impossibilidade, por
escrito, à autoridade competente;"

Sobre o delito em comento, assinala Leandro Paulsen:

"Nota-se que as condutas descritas nesse artigo são as mais diversas,


muitas das quais configuram também crimes funcionais e crimes comuns descritos no
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Código Penal, passível de serem cometidos por qualquer servidor público ou até
mesmo por qualquer pessoa. Quando restarem praticados por Prefeitos, terá a
aplicação o art. 1º do Decreto-lei n. 201/67 enquanto lei especial. O descumprimento
de ordem judicial, por exemplo é crime de desobediência, tipificado no art. 330 do
CP; quando praticado por Prefeito, porém, dará lugar à aplicação o art. 1º, XIV, do
Decreto-lei 201/67 que, todavia é mais amplo, pois também se refere a negativa de
execução de lei." (Crimes federais. São Paulo. Saraiva: 2017. Pág. 175)

Com efeito, nos termos da jurisprudência desta eg. Corte Superior de


Justiça, "(...) O crime de desobediência é subsidiário e somente se caracteriza nos
casos em que o descumprimento da ordem emitida pela autoridade não é objeto de
sanção administrativa, civil ou processual " (AgRg no HC 345.781/SC, Quinta
Turma, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, DJe 31/05/2016).

Ressalte-se, por oportuno, que a jurisprudência do STJ e do STF têm por


consolidada essa orientação ao delito previsto no art. 1º, inc. XIV, do Decreto-lei
201/67.

A respeito e em casos análogos aos dos autos, ou seja, em que se


imputou a conduta prevista no art. 1º, inc. XIV, do Decreto-lei 201/67 por
descumprimento de liminar em ação civil pública ou madamental, para o qual a
autoridade judicial estipulara multa diária, destaco os seguintes precedentes:

"HABEAS CORPUS. PREFEITO MUNICIPAL. CRIME


DE DESOBEDIÊNCIA DE ORDEM JUDICIAL PROFERIDA EM
MANDADO DE SEGURANÇA COM PREVISÃO DE MULTA DIÁRIA
PELO SEU EVENTUAL DESCUMPRIMENTO. TRANCAMENTO DA
AÇÃO PENAL. ATIPICIDADE DA CONDUTA. PRECEDENTES DO
STJ. ORDEM CONCEDIDA.
1. Consoante firme jurisprudência desta Corte, para a
configuração do delito de desobediência de ordem judicial é
indispensável que inexista a previsão de sanção de natureza civil,
processual civil ou administrativa, salvo quando a norma admitir
expressamente a referida cumulação.
2. Se a decisão proferida nos autos do Mandado de
Segurança, cujo descumprimento justificou o oferecimento da
denúncia, previu multa diária pelo seu descumprimento, não há que se
falar em crime, merecendo ser trancada a Ação Penal, por atipicidade
da conduta. Precedentes do STJ.
3. Parecer do MPF pela denegação da ordem.
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4. Ordem concedida, para determinar o trancamento da
Ação Penal 1000.6004. 2056, ajuizada contra o paciente." (HC
92.655/ES, Quinta Turma, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJ
25/02/2008, p. 352, grifei).

"CRIMINAL. HC. DESOBEDIÊNCIA. TRANCAMENTO


DA AÇÃO PENAL. ORDEM JUDICIAL DESCUMPRIDA. PENA DE
MULTA PREVISTA. ATIPICIDADE DA CONDUTA. ORDEM
CONCEDIDA.
I. Hipótese em que o Prefeito Municipal teria
descumprido liminar que determinou que fossem suspensos todos os
atos referentes à licitação pública, assim como a execução do
respectivo contrato com a empresa vencedora, tendo sido fixada multa
diária de R$ 50.000,00 pelo seu descumprimento.
II. Para a configuração do delito de desobediência não
basta apenas o não cumprimento de uma ordem judicial, sendo
indispensável que inexista a previsão de sanção específica em caso de
seu descumprimento. Precedentes.
III. Deve ser cassado o acórdão recorrido para determinar
o trancamento da ação penal, em razão da atipicidade da conduta
imputada ao paciente.
IV. Ordem concedida, nos termos do voto do Relator" (HC
68.144/MG, Quinta Turma, Rel. Min. Gilson Dipp, DJ 04/06/2007, p.
394, grifei).

Nesse mesmo sentido já se posicionou o Supremo Tribunal Federal, in


verbis:

"CONSTITUCIONAL, PENAL E PROCESSUAL PENAL.


AÇÃO PENAL. ART. 1º, INCISO XIV, SEGUNDA PARTE, DO
DECRETO-LEI 201/67. ELEMENTO SUBJETIVO. NECESSIDADE DE
INTIMAÇÃO DIRETA E PESSOAL AO ACUSADO PARA A
TIPIFICAÇÃO DO DELITO. PROCURADOR-GERAL DO
MUNICÍPIO. REPRESENTAÇÃO. LIMITES. ORDEM JUDICIAL.
PREVISÃO DE CONSEQUÊNCIAS ESPECÍFICAS EM CASO DE
DESCUMPRIMENTO. COMUNICAÇÃO AO JUÍZO SOBRE A
IMPOSSIBILIDADE MOMENTÂNEA DE CUMPRIR A ORDEM.
CONDUTA ATÍPICA. DENÚNCIA REJEITADA.
1. O art. 1º, inciso XIV, segunda parte, do Decreto-Lei
201/67 aperfeiçoa-se apenas quando a conduta assumir a forma dolosa,
traduzida na vontade de não cumprir a ordem judicial e, embora não
existam referências quanto ao elemento subjetivo explícito, é
imprescindível que se identifique no comportamento omissivo o
propósito de desobedecer e de frustrar a administração da justiça.
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2. Tratando-se de crime cujo sujeito ativo é o Prefeito,
indispensável sua inequívoca ciência da determinação judicial, pois a
mera comunicação da ordem a terceiros não é suficiente para atender às
exigências legais. Não pode ser validada, para fins de configurar o
delito tipificado no art. 1º, XIV, segunda parte, a comunicação da ordem
ao Procurador-Geral do Município, pois os seus poderes limitam-se à
representação do município e não à do prefeito. Precedentes.
3. É atípica a conduta se a ordem judicial supostamente
descumprida pelo agente estabelece outros desdobramentos, diversos
das sanções penais, sem qualquer ressalva da possibilidade de
cumulação. Precedentes .
4. Denúncia rejeitada" (Inq 3155, Tribunal Pleno, Relª.
Minª. Cármen Lúcia, DJe 11/10/2011).

Pelo exposto, nego provimento a agravo regimental.

É o voto.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUINTA TURMA

AgRg no
Número Registro: 2017/0248843-0 AREsp 1.175.205 /
GO
MATÉRIA CRIMINAL

Números Origem: 01602531420158090000 16025314 1602531420158090000 201591602530


EM MESA JULGADO: 12/12/2017

Relator
Exmo. Sr. Ministro FELIX FISCHER
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. JOSE ADONIS CALLOU DE ARAUJO SA
Secretário
Me. MARCELO PEREIRA CRUVINEL
AUTUAÇÃO
AGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS
AGRAVADO : FERNANDO CARLOS DE VASCONCELOS
AGRAVADO : SABURO HAYASAKI
ADVOGADO : RUI DE SOUZA FERREIRA - GO041615
ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes Previstos na Legislação Extravagante - Crimes de Responsabilidade

AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS
AGRAVADO : FERNANDO CARLOS DE VASCONCELOS
AGRAVADO : SABURO HAYASAKI
ADVOGADO : RUI DE SOUZA FERREIRA - GO041615

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental."
Os Srs. Ministros Jorge Mussi, Reynaldo Soares da Fonseca, Ribeiro Dantas e Joel Ilan
Paciornik votaram com o Sr. Ministro Relator.

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