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Alexander Meurer
RESUMO
Introdução
1 – O Inquérito Policial
O Inquérito Policial, como visto, tem conteúdo informativo. Ele visa fornecer
ao Ministério Público ou ao ofendido os elementos necessários para a propositura da
ação penal. Seu valor probatório, conforme Reis (REIS, 2012, p. 51), é relativo, haja
vista que os elementos de informação não são colhidos sob a égide do contraditório
e da ampla defesa, tampouco na presença do juiz de direito.
Não repetíveis são as que não podem ser coletadas ou produzidas na fase
judicial em virtude de desaparecimento da fonte probatória. Como exemplo tem-se a
perícia realizada em crime de estupro, cujos vestígios desaparecem com passar do
tempo. Por regra, tais provas independem de autorização judicial.
O art. 333 do CPC dispõe que cumpre ao autor a prova dos fatos constitutivos
do seu direito e cumpre ao réu a prova da existência de fato impeditivo, modificativo
ou extintivo do direito do autor.
Vigora a regra geral do art. 332, do CPC, em que “Todos os meios legais,
bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, são
hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação ou a defesa”.
Nesse sentido, o STJ afirmou que o art. 364 do CPC “não estabelece a
presunção ‘juris tantum’ da veracidade das declarações prestadas ao agente
público, de modo a inverter o ônus da prova” (STJ RT726/206).
4- Prova Emprestada
Por conta disso, as provas feitas no Inquérito Policial, por regra, devem ser
refeitas na fase processual penal. Isso se aplica também para as provas cautelares
e não repetíveis. Porém, as provas antecipadas tem um tratamento diferenciado,
pois contam com um verdadeiro contraditório real ainda na fase inquisitiva, com a
presença do magistrado (REIS apud GRECO FILHO, 2012, p. 251).
Por conta disso, compreende-se que não há nada que impeça seu uso como
prova emprestada em processos civis, administrativos ou criminais, haja vista que os
requisitos basilares do uso da prova emprestada foram respeitados.
Para exemplificar, veja-se o seguinte caso: João mata seu pai, Mario. A única
testemunha do ocorrido é a mãe, Maria, que possui uma grave doença e encontra-
se em estado terminal. As chances de ela morrer antes do início da fase processual
penal são grandes. É instaurado um Inquérito Policial pela autoridade policial, a qual
solicita a produção antecipada da prova. A oitiva de Maria então é feita na presença
do Magistrado e de João, junto de seu advogado, sob o crivo do contraditório e da
ampla defesa.
João tem um irmão legítimo, José. Este, preocupado com a inevitável morte
de sua mãe e a distribuição da herança, promove uma ação judicial solicitando a
exclusão do autor do delito por indignidade, baseado no art. 1.814 do Código Civil:
6 – Considerações Finais
Referências
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Processo, vol. 202, dez. 2011.
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DIDIER Jr, Fredie; OLIVEIRA, Rafael; BRAGA, Paula Sarno. Curso de Direito
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STJ – Súmula n.º 455. - 25/08/2010 - DJe 08/09/2010
REIS, Alexandre Cebrian Araújo. Direito Processual Penal Esquematizado.
1 ed. São Paulo: Saraiva, 2012.