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DISCIPLINA DE DIMENSIONAMENTO DE MERCADOS

FAE/CDE

ELASTICIDADE

RECEITA MARGINAL, ELASTICIDADE DE DEMANDA E LUCRO SOB


MONOPÓLIO

Freqüentemente é interessante se considerar a variação relativa da variável


dependente, resultante de uma pequena variação na variável independente. A razão entre
essas variações é denominada de elasticidade. Assim, elasticidade de Y em relação a X,
mede a maneira como Y responde às variações que ocorrem em X. A elasticidade é,
portanto, uma grandeza adimensional por definição.
Existem dois tipos de mensuração da elasticidade : no arco e no ponto. A
elasticidade no arco mede a elasticidade entre dois pontos sobre uma curva e é, como
veremos, um pouco ambígua. Entretanto, a elasticidade no ponto pode ser definida, sem
ambígüidade para qualquer função contínua de variável contínua.
Se y  f (x ) , a elasticidade de y com relação a x é definida por

y
Ey y x y y dy
   , onde quando x  0 ,  . A elasticidade é denotada também
Ex x y x x dx
x
pela letra  . Em geral, a elasticidade de uma função varia ao longo de sua curva.
A elasticidade é definida como uma propriedade de qualquer função diferenciável.
Entretanto, na teoria econômica é mais frequentemente usada para as funções de demanda,
oferta, preço, custo e receita. Ela é usada, por exemplo, para medir a maneira como a
demanda ou a oferta respondem às variações no preço ou na renda, ou ainda, para medir a
maneira pela qual o preço, o custo total ou a receita respondem às variações na quantidade
demandada.
Exemplo 1 – A função de demanda para um determinado artigo é dada por

20  x y é o preço por unidade e x é a quantidade


y p/ 0  x  20 , onde
2
demandada. Considere o ponto y  2, x  12 . Se o preço diminuir em 6%, determine o
acréscimo resultante na quantidade demandada e uma aproximação para a elasticidade
demanda no mesmo ponto. Compare esta última com o valor exato da elasticidade de
demanda nesse ponto. Em seguida, calcule uma aproximação para a elasticidade de
demanda e o valor exato para a mesma, no ponto que esta representa os valores do preço e
da quantidade após a variação. Calcule também a elasticidade no arco, com base no preço e
quantidades médios.
Solução :
y1  2, x1  12 e y 2  2  (0,06.2)  1,88, x 2  20  2(1,88) 2  12,94 
y  0,12 e x  0,94

A elasticidade no arco de demanda em y  2, x  12 é


Ex y1 x 2  0,94 
      1,31
Ey x1 y 12   0,12 

A elasticidade pontual de demanda em y  2, x  12 é


Ex y1 dx 2
      4 y1   1,33
Ey x1 dy 12

A elasticidade no arco de demanda em y 2  1,88, x 2  12,94 é


Ex y 2 x 1,88  0,94 
      1,14
Ey x 2 y 12,94   0,12 

A elasticidade pontual de demanda em y 2  1,88, x 2  12,94 é


Ex y 2 dx 1,88
      4 y1   1,09
Ey x 2 dy 12,94

A elasticidade no arco baseada no preço e quantidades médios é


Ex y1  y 2 x 3,88  0,94 
      1,22
Ey x1  x 2 y 24,94   0,12 
Exemplo 2 – Qual a elasticidade do preço com relação à demanda, quando a
quantidade demandada varia de 1 para 2, para a curva de demanda y  3x 2  6 x  2 ?
(calcular a elasticidade média no arco).
Solução :
y1  5, x1  1 e y 2  2, x 2  2  y  3 e x  1

Elasticidade média no arco


Ey x1  x 2 y 3   3 
      1,29
Ex y1  y 2 x 7  1 

Exemplo 3 – A demanda pela margarina está relacionada com o preço da manteiga,


como segue : q  5 2 p , onde q é a demanda pela margarina (centenas de quilos) e p é o
preço da manteiga (reais por quilo). Ache a equação para a elasticidade cruzada (pontual)
da demanda pela margarina relativamente ao preço da manteiga. Qual é a demanda pela
margarina, quando a manteiga custa R$ 0,81 por Kg ? Qual é a demanda pela margarina,
quando a manteiga custa R$ 1,00 por Kg ? Qual é a elasticidade cruzada de demanda para a
margarina quando o preço da manteiga varia de R$ 0,81 para R$ 1,00 por Kg ?

Solução : A elasticidade cruzada de demanda pela margarina em relação ao preço da

Eq p dq
manteiga é :   se q  5 2 p  5  2( p ) 1 / 2 , temos que
Ep q dp

dq 1 1 Eq p 1 p
  2  p 1 / 2  p 1 / 2  , resultando daí    ;
dp 2 p Ep q p 52 p

Por outro lado, quando p = 0,81.....q = 680 quilos e quando p = 1,00.....q = 700 quilos e

Eq p 0,9
finalmente, a elasticidade cruzada para p = 0,81 é ....    0,13 e
Ep 52 p 5  2.(0,9)

Eq p 1
para p = 1,00 é ...    0,14 .
Ep 5 2 p 5 2

ELASTICIDADE CONSTANTE DE DEMANDA


Como foi observado previamente, em geral, a elasticidade de uma função não é
constante ao longo do domínio da função. Entretanto, um tipo de função, a hipérbole
equilátera, tem elasticidade constante ao longo do seu domínio. Em muitas análises
teóricas, a função de demanda é representada por uma hipérbole equilátera, porque é
conveniente que esta função tenha elasticidade constante ao longo de seu domínio.
a
Se a função de demanda é dada pela hipérbole equilátera generalizada x  ,
ym

dx  m 1 Ex y dx ym
então dy   a.m. y e    y  (  a.m. y  m 1 )   m .
Ey x dy a

Portanto, a elasticidade de demanda é a constante –m. Em termos das variações


aproximadas no preço e na quantidade demandada, um acréscimo de 1% no preço, resulta
num decréscimo de m% na demanda em qualquer faixa de preço e de quantidade. Apenas a
hipérbole equilátera tem elasticidade constante ao longo do seu domínio. Para qualquer
outro tipo de função, a elasticidade varia para diferentes pontos sobre a curva.
25
Exemplo 4 – A função de demanda é dada por x  para 1  y  5 . Determine a
y4

elasticidade de demanda.
Ex y dx y  100
Solução :    4
  4 , para qualquer ponto no domínio
Ey x dy 25. y y5

enumerado.

RECEITA, RECEITA MARGINAL E ELASTICIDADE DE DEMANDA

Para qualquer função de demanda y  f (x) , a receita total R é igual ao produto de


x, que é o número de unidades demandadas, por y, que é o preço por unidade demandada :
dR dy
R  x. y  x. f ( x ) e a receita marginal com relação à demanda é  x.  y. A
dx dx

Ex y dx
elasticidade de demanda com relação ao preço é Ey  x  dy ou, de outra maneira,

Ex y 1 dy y  
     
dr x. y y  1 
Ey x dy dx  Ex  , portanto,   y  y  y 1
 Ex 
x.  dx  Ex 
x.
Ex
dx  Ey   Ey  Ey



Ey 
 

ou seja, a receita marginal é igual ao produto do preço por unidade de quantidade


demandada, pela soma de 1 mais o recíproco da elasticidade de demanda.
Uma vez que x e y são iguais a zero ou positivos, a receita total R = x.y também é
igual a zero ou positiva. Entretanto, a receita marginal pode ser positiva ou negativa.
Exemplo 6 – A demanda de um determinado artigo é dada por
y  (12  x ) 1 / 2 para 0  x  12 , onde x é a quantidade demandada e y, o preço por

unidade. Determine o preço e a quantidade para os quais a receita é máxima. Para essa
função de demanda, mostre que a relação entre a receita marginal e a elasticidade de
demanda permanece válida.
Solução :
a) demanda ... y  (12  x ) 1 / 2 para 0  x  12

Receita... R  x.(12  x) 1 / 2
dR 1 1 x
 x. (12  x) 1 / 2 .(1)  (12  x) 1 / 2 .1  (12  x) 1 / 2  .x.(12  x ) 1 / 2  (12  x) 1 / 2 
dx 2 2 2(12  x) 1 / 2

dR 2(12  x) 1 / 2 .(12  x) 1 / 2  x 2(12  x)  x dR 24  3 x 3(8  x)


      0 x  8
dx 2(12  x) 1/ 2
2(12  x) 1/ 2
dx 2(12  x) 1/ 2
2(12  x) 1 / 2

d 2 R   16  x  3 d 2R
   para x 8 0  máximo para x  8 e R  16.
dx 2  (12  x) 3 / 2  4 dx 2

Ex y 1 Ex (12  x) 1 / 2 1  2(12  x)
     
b) Ey x dy Ey x 1 x , porém,
 (12  x) 1 / 2
dx 2
 
 
dR
 y.1 
1   (12  x ) 1 / 2 1  x  3(8  x )
 Ex    c.q.d .
dx  2(12  x )  2(12  x) 1 / 2
 
 Ey 
RECEITA DE TRIBUTAÇÃO

Se o governo decreta um imposto sobre as vendas de uma dada mercadoria, supõe-


se que o preço para o consumidor venha a aumentar e, correspondentemente, a quantidade
demandada venha a decrescer. O que se pretende esclarecer é o efeito dos impostos sobre o
equilíbrio de mercado, nas seguintes condições : a) existe concorrência pura, na qual a
demanda do consumidor depende apenas do preço; b) a função de demanda não varia; c) o
produtor ajusta a curva de oferta com o novo preço, que inclui o imposto; d) um imposto de
t unidades monetárias é fixado sobre cada unidade da quantidade produzida.
Se representarmos a curva de oferta por y  g (x ) onde x é o número de unidades
do artigo ofertado e y é o preço por unidade, e fixarmos um imposto de t por unidade, a
função de oferta após a tributação é y t  g ( x)  t . Se a função de demanda é y  f (x) ,
então o ponto de equilíbrio antes da tributação é dado pela solução do sistema formado

y  g ( x)
pelas equações : y  f ( x ) e o ponto de equilíbrio após a tributação é dado pela solução do

y t  g ( x)  t
sistema : . Geometricamente, isto equivale a mover a curva de oferta original t
y  f ( x)

unidades para cima. Exceto no caso do preço constante, onde o preço não depende da
quantidade produzida, o acréscimo no preço de equilíbrio é menor do que o valor do
imposto. Observe que um subsídio pode ser considerado como um imposto negativo, onde
a curva de oferta se deslocaria para baixo de tantas unidades quantas as que dão o valor do
subsídio, com o preço para o consumidor caindo e a quantidade demandada aumentando. A
receita total recebida pelo governo é T  t.x t , onde x t é a quantidade de equilíbrio após a
tributação.
Exemplo 7 – As funções de demanda e oferta para um determinado artigo são:

3 x
2 y  x  14 e y  . Determine a máxima receita de tributação possível que pode ser
4 3
obtida de um imposto t por unidade e a correspondente taxa de impostos.
Solução :
3 x
A função de oferta após a tributação é y    t . Portanto, após a tributação, no
4 3

x 3 x 25 5
ponto de equilíbrio, y 7   t  t   x, mas
2 4 3 4 6

25 5 dT 25 5 15
T  tx  x  x2    x0  x
4 6 dx 4 3 4
d 2T 5 15 25 375
Como a 2
   0  max imo em x ,t  e Tmax . 
dx 3 4 8 32

LUCRO NO MONOPÓLIO

Nas formas usuais de concorrência imperfeita, supõe-se que a função de demanda


y  f (x ) seja conhecida e que o preço que o consumidor deve pagar depende apenas da

quantidade demandada. Num monopólio, o monopolista controla o preço, regulando a


oferta do artigo – quando a oferta é limitada, o preço é relativamente elevado, e quando a
oferta aumenta, o preço diminui.
Se yc é o custo médio para produzir uma unidade de artigo ( como uma função da
quantidade produzida), então o custo total y c para produzir x unidades é y c  x. y c .

O monopolista, provavelmente, controlará a oferta x e, portanto, o preço y


(determinado pela função de demanda), de maneira a maximizar o seu lucro. A receita total
que ele aufere é R  x. y com y  f ( x ) ; o lucro total P é a diferença entre a receita total

e o custo total.
P  R  y c  x. y  x. y c ,

dP dR dy c d 2P d 2 R d 2 yc
quando  0  max . em P   e  0 ou seja  2 .
dx dx dx dx 2 dx 2 dx
Para ter um significado econômico, este máximo deve ocorrer num intervalo para o
qual as funções de custo e de demanda também tenham significado econômico.
Exemplo 8 – A função de demanda para um determinado artigo é y  26  2 x  4 x 2
e o custo médio para o monopolista produzir e comercializar o artigo é yc  x 8.

Determine o lucro máximo que o monopolista poderá obter.


Solução :
receita R  x. y  26 x  2 x 2  4 x 3
custo total y c  x. y c  x 2  8 x
lucro P  26 x  2 x 2  4 x 3  x 2  8 x  18 x  3x 2  4 x 3

Assim,

dP d 2P
 18  6 x  12 x 2  0 conduz a x 1 e  6  24 x  0 para x  1, Pmax .  11
dx dx 2

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