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Revista_Pediatria-Julho.

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HUMANIZAÇÃO HOSPITALAR INFANTIL

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■ ARTIGOS ORIGINAIS

Humanização hospitalar infantil: intervenções


musicoterapêuticas no Centro Clínico Electra Bonini
Children’s hospital humanization: music therapy
at Electra Bonini Clinical Center
Humanización hospitalaria infantil: intervenciones
músico terapéuticas en el Centro Clínico Electra Bonini
Sandra Barros da Rocha Picado1, Roger Naji El-Khouri2, Priscila Tassara Streapco3
Centro Clínico Electra Bonini da Universidade de Ribeirão Preto (URP)
1
Doutora em Pediatria pela FMUSP. Coordenadora do Grupo de Humanização
do Centro Clínico Electra Bonini da URP
Bacharelanda em Musicoterapia pelo Departamento de Música da URP
2
Mestre em Musicoterapia pela Anglia Polythecnic University, Cambridge – Inglaterra
Especialista em Psicologia no Departamento de Psiquiatria e Psicologia Médica da UNICAMP
Professor de Musicoterapia da URP
3
Especialista em Musicoterapia e Professora de Musicoterapia da URP

Resumo bem-estar dos pacientes e familiares e a integração


entre pacientes, profissionais e familiares, poden-
Objetivo: promover a musicoterapia como re- do otimizar o tratamento.
curso aplicável a crianças internadas em uma uni-
dade de pediatria hospitalar, dentro de um progra- Descritores: Humanização da assistência. Musi-
ma de humanização hospitalar infantil da equipe coterapia. Criança
multidisciplinar. Métodos: foi realizada avaliação
qualitativa de uma amostra de 304 crianças hospi- Abstract
talizadas e de seus responsáveis, no período de
março de 2005 a novembro de 2006. Todos parti- Objective: to promote music therapy as a re-
ciparam de recreações musicais e/ou sessões de source of the pediatric multidisciplinary team that
musicoterapia semanais. Os instrumentos foram can be introduced to children admitted at a Pedi-
utilizados semanalmente no refeitório e nos leitos atrics unit as a part of hospital humanization pro-
da enfermaria de Pediatria. A eficácia da musico- gram. Methods: 304 hospitalized children and their
terapia foi avaliada através de observações da caretakers were submitted to a qualitative assess-
equipe hospitalar e dos depoimentos de pacien- ment between March 2005 and November 2006. All
tes e familiares. Resultados: foram evidenciados of them took part on weekly music recreational in-
maior bem-estar e disponibilidade dos pacientes terventions and/or sessions of music therapy. Week-
bem como de seus familiares para lidar com o di- ly music therapy sessions ocurred at the refectory or
fícil período de internação; a rejeição aos procedi- at the pediatric ward using instruments that are in-
mentos e aos alimentos oferecidos reduziu-se. Os cluded in musical therapeutics routine. The efficacy
resultados sugeriram que houve colaboração para of music therapy was evaluated through hospital
obter uma rápida recuperação e alta precoce, com team observations and testimonials of patients and
possível diminuição dos custos hospitalares. Con- their family members. Results: it was observed
clusão: a musicoterapia constitui um dos recursos improvement in well-being and willingness of both
pouco utilizados nos programas de humanização patients and family members in coping with such dif-
hospitalar infantis, que promove a melhora do ficult period such as hospitalization. There was a re-
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duction in rejection procedures and diet. Results mando os efeitos positivos sobre a recuperação de
suggest that patients cooperated and attained fast pacientes. Particularmente em alguns países da
recovery and early discharge, with potential de- Europa (Inglaterra, França, Espanha) e Estados
crease in hospital costs. Conclusion: music therapy Unidos os programas de humanização já consti-
is a resource that is not so much employed in pedi- tuem parte consolidada da rotina hospitalar1-3.
atric hospital humanization program, although it Os programas de humanização consistem em
promotes improvement in the well-being of patients atividades de valorização do ser humano, com o
and their relatives and the integration between pa- desenvolvimento de aptidões pessoais de vivên-
tients, health professionals and family members, op- cia, solidariedade e relacionamento entre fami-
timizing treatment. liares, profissionais, funcionários e pacientes. No
Brasil, baseiam-se nas diretrizes do programa
Keywords: Humanization of assistance. Music the- Humaniza SUS4-5. Estes programas devem contar
rapy. Child com a participação efetiva dos pais e parentes da
criança e nos últimos anos vem se estruturando
Resumen em diversos hospitais e/ou unidades de saúde,
em diferentes locais do mundo6-17. Nos progra-
Objetivo: promover la músico terapia como re- mas de humanização hospitalar a Arte tem sido
curso aplicable a niños internados en una unidad empregada a serviço dos objetivos de promoção
de pediatría hospitalaria, dentro de un programa de da auto-estima18 e extravasamento de emoções,
humanización hospitalaria infantil del equipo mul- com identificação de manifestações psicológicas
tidisciplinar. Métodos: fue realizada evaluación como raiva, alegria, tristeza e serenidade19.
cualitativa de una muestra de 304 niños hospitali- São quatro as possibilidades de desenvolvi-
zados y de sus responsables, en el período de mar- mento e experimentação musicais – a audição, a
zo de 2005 a noviembre de 2006. Todos participa- composição, a recriação e a improvisação20, como
ron de recreaciones musicales y/o sesiones de divulgado desde a criação do primeiro curso de
músico terapia una vez por semana. Los instrumen- graduação no Brasil em 197220. A utilização da
tos fueron utilizados en el comedor y en las camas música pode ser feita através de intervenções mu-
de la enfermería de Pediatría. La eficacia de la mú- sicoterapêuticas, com profissionais conhecedores
sico terapia fue evaluada a través de observaciones de técnicas, procedimentos e metodologias. Des-
del equipo hospitalar y de las observaciones de pa- ta forma, a utilização da música nesses processos
cientes y familiares. Resultados: fue evidenciada é de competência do musicoterapeuta21-24.
mayor bien estar y disponibilidad de los pacientes A musicoterapia tem influência favorável sobre
como de sus familiares para lidiar con el período os distúrbios psiquiátricos como a neurose, psico-
difícil de internación; con el rechazo a los procedi- se, quadros depressivos25, e esquizofrenia4, e nas
mientos y a los alimentos ofrecidos. Los resultados diversas doenças com influência emocional26-8,
sugieren que hubo colaboración para obtener una como a asma29, enxaqueca30, estresse31-3, hiperati-
rápida recuperación y alta precoz con posible dis- vidade34, e autismo35-42. Há influência favorável
minución de los costos hospitalarios. Conclusión: também sobre quadros orgânicos variados como
la músico terapia constituye uno de los recursos as cardiopatias1, alterações gastrintestinais crôni-
utilizables en los programas de humanización hos- cas43, doença onco-hematológicas44, síndrome de
pitalaria infantiles, que promueve la mejora de los Down, síndromes neurológicas, seqüelas de anó-
pacientes y familiares y promueve integración entre xia perinatal e/ou de complicações da prematuri-
pacientes, profesionales y familiares pudiendo opti- dade com atraso no desenvolvimento neuropsico-
mizar el tratamiento. motor45, e síndromes genéticas diversas46,47. Ainda
há efeito positivo sobre as limitações de comuni-
Palavras clave: Humanización de la atención. Mu- cação como a surdez48, distúrbios da fala e lingua-
sicoterapia. Niño gem49, cegueira50, e diversos tipos de dificuldade
de aprendizado51.
Introdução O acolhimento nas sessões de musicoterapia
em grupo ou individual, nas situações descritas,
Nos últimos anos a humanização hospitalar possibilita a abordagem criativa52, estando a mu-
vem assumindo crescente importância e reafir- sicalidade de cada criança na dependência do seu
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perfil musical22. A musicoterapia21-24,53,54, é fruto médica e alberga pacientes com variadas doenças
do encontro entre saberes ligados à arte e à ciên- clínicas próprias da faixa etária. O grupo de pa-
cia. É uma técnica de tratamento nova55-58, inter- cientes na unidade de Pediatria era heterogêneo
disciplinar, que foi sistematizada somente depois quanto à idade e às manifestações nosológicas.
da Segunda Guerra Mundial, quando foram regis- Isso acarretou implicações no comportamento das
trados os primeiros resultados de sucesso com a crianças e das famílias, e, portanto, na forma de li-
aplicação da musicoterapia20. Isto possibilitou o dar com elas, sobretudo diante da exposição à mú-
desenvolvimento progressivo, com quebra de pa- sica. Na grande maioria das vezes, os familiares,
radigmas terapêuticos tradicionais. Este progres- notadamente as mães, integraram as atividades.
so ao longo do tempo é lento, pela dificuldade em A avaliação das técnicas de musicoterapia na
avaliar o impacto desta nova técnica sobre dife- presente pesquisa compreendeu a análise qualitati-
rentes doenças e situações, pois estas têm uma va das opiniões e informações colhidas junto à
evolução temporal própria e são tratadas simulta- criança, aos familiares e à equipe hospitalar, em
neamente com outros recursos55,57. A dança, que entrevistas regulares, durante o processo de inter-
também possibilita a expressão emocional e cor- venção, no período estudado. Buscou-se abranger
poral, é um outro recurso terapêutico em desen- todos os aspectos de vantagem e desvantagem de-
volvimento que apresenta a mesma dificuldade correntes das atividades musicais, que envolveram
de avaliação de eficácia60,61. pacientes, familiares, e profissionais que cuidavam
A base da musicoterapia está no fato do som da criança hospitalizada62. Foram consideradas
ritmado fazer parte do ser humano desde o início pela equipe as manifestações de melhora ou piora
da vida, com os batimentos cardíacos, com a pas- do comportamento, emocional, da aceitação ali-
sagem de ar pelas vias aéreas, e o choro desde o mentar, e da aceitação do tratamento e da perma-
nascimento. Há evidências da estimulação musi- nência no hospital.
cal sobre o metabolismo cerebral com a produção As recreações musicais e as intervenções musi-
de endorfinas, que trazem bem estar e aliviam a coterapêuticas foram realizadas no refeitório e
dor. Por estes motivos e por termos observado junto ao leito das crianças internadas nas enfer-
empiricamente a melhora clínica de muitos pa- marias. As atividades recreativas foram iniciadas
cientes, idealizamos um programa sistematizado no refeitório e incorporaram a música como for-
de humanização hospitalar onde a musicoterapia ma de trabalho desde seu início. Foi identificada
constituiu um pilar. Neste artigo, são relatados já nessa fase a demanda por maior freqüência e in-
esta experiência e os resultados do programa. tensidade de atuação musical, por parte dos pa-
cientes e familiares, à medida que se acostuma-
Metodologia vam e aceitavam a abordagem. As intervenções
terapêuticas respeitavam os horários e rotinas da
O estudo constou de duas fases, na inicial foi prática médica e de outras atividades hospitalares,
realizada a recreação musical com as crianças in- sendo exercida quando autorizada em cada caso21.
ternadas e na segunda era realizada uma possível
intervenção musicoterapêutica, nos casos neces- Instrumentos, aparelhos acústicos
sários. A equipe envolvida foi constituída não só e outros recursos
pelas musicoterapeutas autoras, como por toda a
equipe muldisciplinar – médicos, enfermeiras, Foram utilizados na primeira fase (recreação
nutricionistas, psicólogos e assistentes sociais. A musical) e na segunda (intervenção musicotera-
programação e o conteúdo dos procedimentos pêutica) vários aparelhos para reprodução sono-
foram submetidos e aprovados pela direção ad- ra: um aparelho microsystem de CD, vários CDs
ministrativa e pela comissão de ética. com cantigas infantis e músicas populares, CD de
Foram avaliados 304 pacientes com idade entre música de cordas (para relaxamento), e um gra-
dois meses e 14 anos, hospitalizados na unidade vador pequeno com várias fitas cassetes (prático
pediátrica do Centro Clínico Electro Bonini em Ri- para musicoterapia no leito).
beirão Preto, SP, entre março de 2005 e novembro Os instrumentos musicais utilizados foram:
de 2006. Todos participaram de alguma atividade 10 chocalhos coloridos, 2 pandeiros, 2 tambores,
musical recreativa, ao menos uma vez por semana. 2 caxixis, 1 pau de chuva, 1 violão, 2 flautas, 2
O serviço possui um nível secundário de atenção coquinhos, 1 xilofone, 2 pares de marimbas.
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Foram também utilizados brinquedos sono- o conjunto dos outros cuidados gerais oferecidos à
ros: pianinho, xilofone, borboleta musical e sapo criança enferma.
cantante. Adicionalmente, a equipe multidisci- À semelhança do que foi feito na fase inicial, as
plinar utilizou dois fantoches (Piu-Piu e Pato), manifestações de familiares e pacientes, e a verifica-
bolinhas coloridas, casinha de brinquedo, caixi- ção das condições físicas e emocionais das crianças,
nhas coloridas de papelão, pendulo de letrinhas pela equipe, serviram de elementos para avaliação.
e rodinhas coloridas, além de sucatas.
Resultados
1 fase: recreações musicais
a

Do ponto de vista qualitativo, após as etapas


Durante uma primeira etapa, a música consti- de trabalho desenvolvidas, nossos resultados po-
tuiu parte da recreação geral proposta aos pacien- dem ser enumerados da seguinte forma:
tes e familiares. As sessões foram realizadas no 1. A musicoterapia não foi considerada preju-
refeitório ou no leito em horários compatíveis dicial pelos familiares e equipe, e mostrou-
com a administração de medicamentos e de refei- se exeqüível e plenamente integrada a um
ções. Organizamos os diversos instrumentos ce- programa de humanização hospitalar.
didos pelo Departamento de Música para que a 2. A música sem fins terapêuticos compôs de
atividade de recreação pudesse ser desenvolvida forma positiva as atividades recreacionais,
dentro de padrões éticos e sem prejudicar a roti- também não houve oposição à intervenção
na das crianças em tratamento médico nas várias musicoterapêutica. Foram muito repetidas e
enfermarias. O horário da recreação musical foi espontâneas as manifestações de familiares e
estabelecido conforme esquema das refeições ofe- das próprias crianças quanto à satisfação
recidas, medicamentos a serem administrados e com os procedimentos musicoterápicos.
outras atividades pertinentes aos pacientes ali in- 3. Foi possível, de forma lúdica, tornar com-
ternados, após aprovação por parte da adminis- preensível para as crianças as noções de hi-
tração e comitê de ética médica. giene e de cuidados elementares de saúde.
A escolha das peças musicais procurou ba- 4. A musicoterapia pôde ser coadjuvante de
sear-se em temas que pudessem promover ações métodos de tratamento convencionais e
básicas de saúde, tais como higiene pessoal, ali- propiciou maior grau de aceitação pelas
mentação correta, aleitamento materno, entre crianças das modalidades mais desconfor-
outras. A expressão corporal foi também incenti- táveis de cuidados hospitalares.
vada durante os processos, bem como técnicas 5. A musicoterapia foi benéfica ao estimular a
de relaxamento, a exemplo de massagens em cer- participação mais efetiva de familiares e
tas partes do corpo e de ambiente propício, com acompanhantes nos períodos de internação.
pouca luminosidade. Além disso, procurou-se 6. Houve a observação, pela equipe, de que a
oferecer elementos recreativos com o fim de esti- musicoterapia contribuiu de alguma forma
mular a motricidade e a mecânica respiratória. no sucesso dos tratamentos médicos, tanto
O interesse na atividade de recreação musical para a parte física quanto no que concerne
pelas nutricionistas, enfermagem, psicólogos, a aspectos emocionais. Alguns pontos es-
médicos, farmacêuticos e outros funcionários pecíficos foram citados, como a melhoria
ensejou um amplo engajamento dos profissio- de aceitação alimentar e a postura frente
nais no Grupo de Humanização, que passou a aos procedimentos hospitalares.
desenvolver a segunda parte do programa – a in-
tervenção musicoterapêutica. Discussão

2ª fase: intervenções musicoterapêuticas Na atual fase da medicina, baseada em evi-


dências, é difícil a aceitação de experimentos
Após seis meses de uso da música como ele- qualitativos como o realizado no Centro Clínico
mento recreacional, passou-se a instituí-la como Electra Bonini. Há elementos que parecem auxi-
modalidade de tratamento, moldada dentro do liar na comprovação favorável observada. Ob-
conceito de psicoterapia breve63-77. Com isso, as in- tém-se o alívio da dor através da música78, e há
tervenções musicoterapêuticas passaram a integrar evidências relacionadas à diminuição de estresse
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e menor sensibilidade à dor durante os tratamen- A percepção e aceitação destas características da
tos odontológicos79. Ainda é necessário ampliar criança no ambiente hospitalar é muito recente.
esta comprovação para se admitir uma ação dire- Um marco, como o filme “O Amor é Contagioso”,
ta de estímulos musicais sobre a fisiopatologia da que retratou a história do estudante de medicina
dor, em estudos quantitativos e populacionais. Patch Adams, interpretado por Robin Williams, re-
Mas está estabelecido que os indivíduos têm di- flete esta nova abordagem. Os recursos lúdicos,
versa sensibilidade à mesma dor, na dependência teatrais (como os “Doutores da Alegria”), musicais
de fatores sociais (sexo), e culturais (ocidentais e outros passam a integrar o arsenal terapêutico,
versus orientais), assim como emocionais (pes- com a denominação de técnicas de humanização
soas traumatizadas). A dor mensurada em esca- hospitalar. Parecem ser mais do que isto, em espe-
la, através de expressões faciais, movimentos cial quanto à musicoterapia.
corporais e choro, pode alterar-se no mesmo pa- A metodologia da musicoterapia adequa-se
ciente e situação, durante uma atividade lúdica aos conceitos de psicoterapia breve, como reali-
ou artística80. É da observação cotidiana o relaxa- zado neste estudo. Na maioria das vezes encon-
mento da criança, mesmo com dor, diante de di- tramos com a mesma criança apenas por duas ou
versas atividades lúdicas, inclusive musicais – três vezes, pois as internações duram habitual-
durante a atividade musical a sensação e harmo- mente até duas semanas, para a maior parte das
nia auditivas podem sobrepujar (e alterar) a sen- doenças. Neste período são freqüentes as expres-
sação dolorosa. Especula-se que haja produção e sões - “foi bom enquanto durou”, e “sempre se
distribuição de neuroreceptores, em particular leva alguma coisa para casa”. A introdução da
endorfinas, induzida pela abordagem musical. harmonia musical, assim como das cores, e as
Outras alterações fisiológicas no sistema nervoso histórias de vida de músicos e pintores (para os
central, provocadas pela música, parecem ocor- maiores), gera um processo transformador inte-
rer, como o aumento da aceitação alimentar, e a rior. No mínimo, a expressão dos sentimentos é
melhora da resposta imunológica, o que pode in- catártica frente ao risco de morte vivenciado, e
fluir positivamente na recuperação de alguns melhora o relacionamento com a equipe.
distúrbios nosológicos. A musicoterapia, como terapia breve, para surtir
A arte ajuda qualquer ser humano a se desen- efeito depende do sujeito e também da consciência
volver, e pode ser utilizada mesmo quando há li- do problema, neste caso, da consciência que a crian-
mitações da criança, do meio social, e até da cir- ça tem de sua internação, constatada por nós atra-
cunstância como o meio hospitalar. A música vés da observação de expressões faciais, e movimen-
adequada pode relaxar o paciente facilitando a tos corporais. A terapia breve adequada hospitalar
abordagem terapêutica. A milenar Medicina chi- pode ser utilizada para promover a saída de uma po-
nesa utiliza há muito a música para minimizar a sição passiva ou do choro infantil, tão comum nes-
dor. Comprovamos este fato a partir de uma ex- sas internações, podendo ajudar a criança a ver a si-
periência iniciada há dez anos com um grupo de tuação de outro jeito. Por exemplo, através da
crianças carentes em bairro de periferia de Ribei- variação no ato de mexer no instrumento ou de pro-
rão Preto, através do Programa de Arte Infantil duzir sons pode haver promoção da atitude ativa.
Foquinha. Havia crianças com vários tipos de A terapia breve aplicada em musicoterapia
comprometimento, tais como limitações moto- hospitalar é adequada para abordar os problemas
ras, sociais, dificuldade de relacionamento, hipe- situacionais da internação, mas outros proble-
ratividade, dentre muitas outras, que podiam ser mas existentes mais antigos emergem, e há maior
desenvolvidas com sucesso. Limitações de outra dificuldade para se lidar com eles no curto perío-
natureza são encontradas no ambiente hospitalar, do de hospitalização. Temos, além disso, a per-
mas possivelmente também possam ser melhora- cepção de que a abordagem muitas vezes neces-
das com a musicoterapia e a recreação musical. sita ter um prolongamento. Isso foi constatado
A criança tem uma peculiar propensão à natu- após readmissões hospitalares da mesma criança,
reza, aos sons, às cores, o que torna mais propícia com perguntas do tipo “Desta vez também vai ter
a abordagem pela música, mesmo na criança doen- música?”. Revela-se, portanto, através dessa per-
te. Quando mais estimulada e saudável é mais fá- gunta, a importância do encaminhamento poste-
cil a interação com a arte, mas a criança caren- rior para continuação de uma musicoterapia for-
te/doente também mostrou-se acessível, no estudo. mal ou outra forma de terapia.
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A estruturação da atividade musical deve aten- de alguma forma, deve chegar ao leito da criança.
tar às características locais, às práticas hospitala- Isto reduz a possibilidade de atividades grupais,
res, à doença em tratamento, e às características mas esta abordagem deve ser contemplada para
do doente e da equipe hospitalar. É fundamental não promover a exclusão de uma criança em tra-
nesse trabalho respeitar os critérios hospitalares tamento, o que seria deletério. Quando iniciamos
quanto à contaminação e o risco de perda de vias nosso trabalho de musicoterapeuta junto ao leito
de acesso, assim como atentar aos acidentes, pos- da criança, principalmente na situação de dificul-
síveis. Por exemplo, qualquer tipo de instrumen- dade de locomoção, sentimos a necessidade de
to de sopro deve ser evitado nas sessões, e os ou- utilizar um instrumento que permitisse um con-
tros devem ser higienizados individualmente após tato mais íntimo com a criança. Para tal, o violão
o uso, através de critérios estabelecidos pela co- é muito adequado pela praticidade de carregar,
missão local de prevenção de infecção hospitalar. por ser um instrumento da cultura popular e por
Junto com os brinquedo estes objetos podem car- permitir o canto de modo simples, através de
rear infecções a pacientes imunodeprimidos. Da- cantigas infantis. Estas cantigas infantis trazem
mos preferência a objetos de fácil limpeza e a hi- histórias de vida na maioria das vezes vivenciadas
gienização é feita com álcool, água e sabão, após pelas crianças e suas mães e, dependendo das his-
cada utilização dos mesmos. O mesmo se aplica a tórias, possibilita a abordagem de terapia breve.
outras atividades – recortes, colagens e pintura No momento da atividade musical, as crian-
durante o período de internação71. ças podem estar febris, com tosse ou vômitos,
O tipo de doença de uma criança, sua idade e impedindo o início da atividade ou a interrom-
seu desenvolvimento podem definir técnicas, pendo. Isto deve ser explicado às outras crianças
procedimentos e instrumentos a serem utiliza- para não assustá-las e remarcar a oportunidade
dos nas intervenções musicoterapêuticas, mas com o paciente acometido. Há, portanto, neces-
nenhuma precisa ser excluída deste programa de sidade de se dirigir à atividade de modo que cada
humanização hospitalar infantil, como este que uma possa tomar parte à sua maneira, contor-
atualmente desenvolvemos. Todas podem bene- nando problemas com muita criatividade.
ficiar-se de alguma forma com a música, algumas Cada faixa etária tem seu nível de integração
de modo mais fácil, outras nem tanto, dependen- entre os participantes da atividade musical. Con-
do da doença de cada criança e da sua resposta à siderado o grupo dos internados, diferentes ati-
música. As crianças com grandes limitações físi- vidades são desenvolvidas, procurando agrupar
cas ou mentais podem beneficiar-se da audição, as crianças de mesma faixa etária. Para se propo-
e de outros tipos de estimulação. Estão nesta si- rem diferentes atividades com as crianças devem
tuação comumente as crianças portadoras de ser respeitados os limites neuro-motores para
Síndrome de Down, que estão internadas por in- cada idade, desde o período neonatal72-6. Para os
fecções secundárias à deficiência de imunidade lactentes, a participação física no colo da mãe é
por vezes presente, por complicações hematoló- essencial, em atividade de recreação musical es-
gicas, e/ou cardiológicas inerentes à síndrome. pecífica, trazendo bem estar. Para isso, a audição
Tais crianças se beneficiam sobremaneira com a musical é um dos principais recursos e a adesão
musicoterapia hospitalar. com expressão corporal desta faixa etária de crian-
Os portadores de doenças pulmonares estão ças está muito vinculada à participação de seus
prejudicados no manuseio de instrumentos de familiares queridos. Quando se trabalha com re-
sopro, no cantar e na expressão corporal dinâmi- creação musical de lactentes, os estímulos vi-
ca. Pode haver agravo da dispnéia e crises de tos- suais e auditivos são muito benvindos. Na maio-
se, com desconforto nestas práticas. Como estes ria das vezes os bebês prestam muita atenção,
casos são predominantes em uma enfermaria ge- principalmente se houver um movimento com
ral, é conveniente serem evitados exercícios res- som não agressivo.
piratórios e o uso dos instrumentos de sopro. As crianças aderiram às propostas com entu-
As doenças gastrintestinais, tratadas em hos- siasmo e responderam de forma especial mesmo
pitais, freqüentemente necessitam de suporte en- quando pouco se oferece. Isto é favorecido pela
dovenoso, e o aparato usado dificulta a movi- observação detalhada da natureza pela maioria
mentação da criança. Para estas e outras crianças das crianças. As crianças escutam ou sentem as
com dificuldade ou risco de locomoção a música, vibrações com muita atenção, dos mais variados
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ruídos, desde o barulho dos pingos de água da 4. Ministério da Saúde. Humaniza SUS: Política Nacio-
chuva até sons sutis como de seus próprios bati- nal de Humanização. A humanização como eixo
norteador das práticas de atenção e gestão em to-
mentos cardíacos (adoram colocar o estetoscópio das as instâncias do SUS. Brasília: Ministério da
nos ouvidos para escutarem o próprio coração!) Saúde; 2004.
ou ruídos abdominais. Tudo isso pode ser expres-
so em trabalhos artísticos infantis. 5. Ministério da Saúde. Núcleo Técnico da Política Na-
cional de Humanização. (on line). Disponível em:
Por mais simples que seja a oferta musical, quer http://www.saude.gov.br/humanizasus. (Acesso 23
através do manuseio de um “pau de chuva” (ins- set 2005).
trumento indígena utilizado em danças para cha-
mar a chuva), ou através da escultura numa bola 6. Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais. Po-
lítica de Humanização da Secretaria Estadual de
de sorvete, a arte harmoniza, acalma a criança,
Saúde de Minas Gerais. Minas Gerais: Secretaria
porque possibilita elaborar suas angústias. No caso Estadual de Saúde de Minas Gerais; 2000.
específico da relação da música com a criança, es-
tabelece-se vínculo ao conceito de ISO musical22 e 7. Hospital Pequeno Príncipe. Humanizar para cuidar
definem-se particularidades e preferências musi- melhor. Curitiba: Hospital Pequeno Príncipe; 2003.
cais sob influência de seu ambiente familiar. 8. Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Fa-
Deve ser registrada a integração crescente da culdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
equipe multidisciplinar através da musicoterapia Projetos especiais em humanização hospitalar. São
e atividade musical. O Grupo de Humanização Paulo: Instituto da Criança do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da Universidade de São
integrou em especial a musicoterapeuta, a nutri- Paulo; 2003.
cionista e a psicóloga, desenvolvendo a atividade
conjunta e centrada na criança e nos familiares. 9. Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Fa-
É possível que outras atividades artísticas logrem culdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
II Exposição de Talentos Mirins do Instituto da
efeito similar, mas isto não foi testado neste estu- Criança. Informe Criança 2005;10(113):1.
do. A musicoterapia promoveu o acolhimento
inicial, tão ressaltado por Clive Robbins1, pro- 10. Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Fa-
porcionando o bem estar da criança e de sua culdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Exposição reúne brinquedos feitos pelos pacientes.
mãe, que passam, de modo geral, a cooperar com Informe Criança 2005;10(116):1.
a equipe na própria recuperação.
11. Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Fa-
Conclusão culdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Nutrição uma tarde especial! Informe Criança
2005;10(111):1.
A musicoterapia mostrou eficácia na redução
do impacto causado pela permanência hospitalar 12. Nunes MIE. Ações de Humanização: Hospital Muni-
em crianças e familiares e constituiu terapia ad- cipal Jesus. Rio de Janeiro: Hospital Municipal Je-
juvante compatível com a condução dos planos sus; 2003.
terapêuticos das crianças internadas. Os resulta- 13. Resende AF. Coordenação Estadual de Humaniza-
dos reforçam a tendência para ampliação da mu- ção. Sergipe: Secretaria de Estado da Saúde de
sicoterapia no processo de humanização hospita- Sergipe; 2003.
lar observado em outros países81-86.
14. Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe. Comissão
Estadual de Humanização. Núcleo de Humanização
Referências da Secretaria de Estado de Saúde. Relatório Final
das Atividades de Humanização de 2004. Sergipe:
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Endereço para correspondência:


Centro Clínico Electra Bonini – URP
Dra. Sandra Barros da Rocha Picado Enviado para publicação: 10/1/2007
Tel: (16) 3635-5542; 3610-8410 Aceito para publicação: 18/4/2007

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