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Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Escola de Ciências da Vida

Curso de Ciências Biológicas

TANATOLOGIA

RESUMO

Sobre a Morte e o Morrer

João Batista dos Santos Neto

CURITIBA
2018
Capítulo 1

Com as transformações sociais que vêm ocorrendo, se mudou muito a


forma de pensar e o convívio social, e com essas mudanças cresce cada vez mais
na sociedade o medo de morrer, com o aumento dos problemas emocionais e
pela grande necessidade de compreender e lidar com os problemas da morte e
do morrer. Nos dias atuais, não se aceita a morte por causas naturais ou idade
avançada, a morte está ligada a algo ruim, a “perda” da vida, a incapacidade de
viver.
As crianças têm uma forma diferente de encarar a morte, têm a morte
como algo não permanente, quase não diferenciando de um divórcio entre seus
pais. As crianças também se culpam quando perdem os pais, se sente culpada
pelo desaparecimento dos pais, mas se zangam por eles a terem a abandonado.
A morte constitui um acontecimento horrendo, todos têm medo, pavor de
morrer, mesmo sabendo que muitas vezes pode ser driblado. Quando os
pacientes terminam seus dias em casa, próximo a família é nítido a aceitação de
sua condição sem muita contradição, o diálogo com a família e as crianças fazem
com que não se sintam sozinhas na perda do ente querido.
A morte é triste demais em vários aspectos, sobretudo é muito solitário e
desumano. Morrer é um ato solitário e impessoal, pois o paciente é afastado de
todo o seu cotidiano, seu lar, e levado as pressas a um hospital que é todo
blindado a relação externa.
Quando um paciente se encontra gravemente enfermo é tratado como
um objeto, que não tem opinião e apenas precisa ser curado, sem sentimentos
ou preferencias. Sempre que após a sua hospitalização nem uma decisão passa
pelo paciente mais, agora somente os parentes opinam e decidem o que

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querem, sem pensar nos sentimentos e angustias do verdadeiro paciente, que a
opinião muitas vezes é diferente das decisões tomadas. É importante lembrar
que o paciente tem gosto próprio, desejos e opiniões acima de tudo.
O paciente está sofrendo bem mais, não fisicamente, mas
emocionalmente sim. Suas necessidades não mudaram somente pelo advindo
de uma doença, somente a capacidade de satisfaze-las está prejudicada.

Capítulo 2

O relacionamento humano vem cada dia mais perdendo espaço na


sociedade, sendo substituído pelo contato cada vez menos, sendo importante
somente a seus valores, os números gerados e sua produtividade. Onde cada vez
mais é cobrado a produção, a resolução de problemas, criação de técnicas, mas
não o relacionamento interpessoal.
Com o avanço rápido da tecnologia e novas conquistas científicas, os
homens tornaram-se capazes de desenvolver novas armas aumentando seu
poder de destruição em massa, somos forçados a lidar com a morte em grande
escala em várias oportunidades, onde não paramos para refletir sobre tal
condição e muitas vezes em nosso subconsciente, agradecemos por não ter
acontecido conosco. Não pensamos em nossa própria morte não somos capazes
de enfrentar essa possibilidade.
Um ponto importante no lidar coma morte é a religião, antigamente a
morte tinha se um certo glamour, era vista como uma redenção, aonde se
cessaria todo o sofrimento terreno e que uma vida de paz e harmonia existiria
no além vida. Nos dias atuais a religião vem perdendo adeptos, que a buscam
mais pelo convívio social que pela própria crença e espiritualidade.

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Em suma, não estamos preparados para morrer, nem para lidar com a
morte ao nosso redor, evitamos no nosso dia a dia estar perto dos que
morreram, não falamos sobre a morte para assim nos protegermos, como se não
ter a morte em nossas reflexões fizesse com que ela não existisse.
Em contrapartida o livro procura descrever atitudes das pessoas em fase
terminal diante da morte, procura relatar experiências pessoais extraindo dados
que nos auxiliam na compreensão desse processo através da experiência pessoal
de cada um que enfrenta tal condição.
Nessas entrevistas foram relatadas diversas dificuldades encontradas pela
autora, uma delas é o fato de informar ao paciente sua real condição, sendo
muitas vezes esquivando desse paciente, como se essa atitude fosse diminuir tal
sofrimento, e foi descrito totalmente o contrário, o paciente deseja relatar seus
medos, angustias e experiências diante da morte.
O trabalho foi executado por uma médica com o auxilio de padres e
estudantes, fazendo entrevistas com os moribundos e analisando e discutindo
os dados coletados. Esse trabalho teve foco deixar o paciente confortável com
sua situação e com possível morte, sempre tratando com respeito e dignidade
todos os pacientes.

Capítulo 3

O primeiro sentimento relatado na pesquisa diante da informação de uma doença


terminal é a negação de sua condição, independente do modo que tomaram conhecimento,
todos passaram pelo fase de negação.
A negação é usada por quase todos os pacientes, é da negação que o paciente toma
força para lutar contra a doença e buscar a vida. Nesse estágio a negação funciona como um
amortecimento para que o paciente se acostume com a situação, porém não significa que ele

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não queira conversar sobre a possível morte, mas tem que se esperar o momento que o
paciente dará abertura para tal. É importante tratar sobre a morte e o morrer com o paciente
já no início, pois é muito mais fácil para um paciente ainda saudável aceitar a condição.
Após a fase de aceitação parcial, não se dura muito tempo essa fase de negação, é um
estado temporário do paciente do qual ele se recupera gradualmente á medida que vai se
acostumando e aceitando sua nova condição. A negação é sempre mais intensa do paciente
para com os membros da família que ele acredita que sofreram mais com sua perda, e com os
membros da equipe hospitalar que não passam confiança e credibilidade ao paciente.
É importante que a equipe hospitalar não evite esses pacientes, pois os mesmos
quando sentem que devem falar abrem a alma e partilham sua solidão para aqueles os quais
consideram interessados em seu estado, que o respeitam. Isso reflete a necessidade de
examinarmos nossas reações em nosso trabalho, pois elas se refletem em nossos pacientes
contribuindo até para o seu bem-estar ou piora.

Capítulo 4

O segundo estágio é o da raiva. O sentimento de raiva é a substituição pelo da negação,


após não ter mais forças para negar o paciente começa a ter raiva, revolta, inveja e de
ressentimento. Nessa fase a pergunta que mais descreve esse monte é: Por que eu? Por que
não poderia estar acontecendo com outra pessoa?
Para os parentes essa é a fase mais difícil, isso por que o paciente exprime sua ira em
todas as direções, até mesmo nos familiares que estão somente tentando ajuda-lo. O alvo
mais comum são os enfermeiros, pois não têm uma relação com o paciente e estão sempre
próximos ao paciente. A reação percebida pelos parentes é de choro, pesar, culpa,
humilhação, ou então, evitam futuras visitas, aumentando no paciente o sentimento de
magoa e raiva. Sempre se queixam de tudo nessa fase e não fazem esforços para que sua
situação melhore. Muitas vezes, é quando o paciente procura ter certeza de que não está
sendo esquecido, e levanta a voz, faz exigências, reclama atenção, se queixa, talvez como um
último esforço.

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O paciente que for bem atendido, respeitado e compreendido, que tem o tempo dos
que o cercam e sua atenção, logo não se queixaram tanto, pois se senti valorizado e como um
ser humano que tem seus cuidados atendidos e é permitido a ele expressar-se. Será ouvido
sem a necessidade de explosões temperamentais, visitado sem precisar tocar a campainha
com insistência.

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