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(Continuação do Acórdão referente ao Processo nº 29.515/2015....................................................)
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acondicionado a bordo. Tal operação foi realizada sem o conhecimento do comandante do N/M
“MSC MAGNÍFICA” (fl. 106).
De acordo com o Laudo de Exame Pericial de fls. 511/514, foi verificado o
seguinte:
I) que no navio os procedimentos de coleta de lixo estavam sendo feitos da maneira
correta.
II) que o MSC “MAGNIFICA” possui um sistema de coleta e separação de lixo
organizado e feito de forma eficiente, há placas, indicadores e latas de lixo específicas para cada
grupo de lixo e resíduo gerado por um navio de passageiros do tipo cruzeiro.
III) que o navio possui cozinha com indicações em vários locais sobre a separação e
os procedimentos que devem ser tomados com os restos de alimentos, além de toda pia possuir
uma trituradora e sistema de sucção que chega direto ao compartimento de armazenamento de
lixo (Garbage Storage). Neste compartimento os restos de alimentos são triturados e somente
são despejados fora do limite de 12 milhas náuticas, os papéis são queimados e as cinzas
separadas para que sejam recolhidas no próximo porto; plásticos e alumínios são separados e
compactados em blocos de l m3 e os demais são postos em sacos plásticos marcados para serem
recolhidos.
IV) que foram registrados através de fotos os locais de onde foram jogados os sacos
de lixo, o primeiro lançamento de lixo foi realizado a partir do compartimento de amarração de
popa do navio e depois, próximo ao local de permanência das balsas de sobrevivência.
V) que foi realizada verificação no Diário de Bordo (Log Book) (fl. 528) do
passadiço e foram plotados os pontos escritos no livro em mapa para verificar a posição e
coerência das posições registradas. O mesmo procedimento foi realizado para o livro de registro
de descargas de lixo (fl. 529) e depois foram sobrepostas a fim de realizar a verificação. O
resultado presente no Anexo 05 (fl. 534) mostra que de fato os dados conferem. Foi verificado se
as coordenadas nos livros conferem com o traçado na carta náutica, de número 4215, utilizada no
navio na época, o resultado é visto no Anexo 06 (fl. 535). vi) que foi verificado a que distância o
navio estava da costa brasileira quando ocorreram as filmagens. No Anexo 07 (fl. 540) mostra as
posições do navio nesse período, evidenciando que a partir do dia 02/12/2013, as 13h10min a
embarcação já encontrava-se dentro das 200 milhas da costa, a contar do arquipélago de São
Pedro e São Paulo. Foi verificado na denúncia que sacos de lixo plásticos estavam sendo
despejados no mar, mesmo não havendo certeza de seu conteúdo, o fato contradiz o Anexo V da
MARPOL, Regra 3 sobre Alijamento de lixo fora das áreas especiais, item (1), sub-item (a), em
que diz “é proibido o lançamento no mar de todos os tipos de plásticos, inclusive, mas não
restringindo-se a estes,..., sacos plásticos para lixo e ...”, visto no Anexo 08.
Os peritos concluíram que a causa determinante do incidente sob análise foi o
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despejo de sacos plásticos no mar determinada pelo oficial responsável pelo lixo do navio
(Environmental Officer).
O Encarregado do IAFN, em seu relatório de fls. 630/642, apontou no “Plano de
Gestão do Lixo” consta que a pessoa responsável pela implementação da gestão do lixo a bordo
é do Environmental Officer, ou seja, em que pese a recomendação expressa da empresa MSC
Crociere S.A. sobre os procedimentos de gestão de lixo o Environmental Officer descumpriu
com as determinações, que, em consequência, houve poluição ambiental, não mensurada.
A conclusão do Encarregado foi de que é possível responsável direto pelo presente
incidente o Environmental Officer a bordo do N/M “MSC MAGNIFICA”, Zidaric Vieri.
A Procuradoria Especial da Marinha, em uniformidade com o relatório, ofereceu
representação em face do indiciado com fulcro nos arts. 14, alínea “a”e 15, alínea “e”, da Lei nº
2.180/54.
Citado o representado foi regularmente defendido.
A defesa baseou-se na negativa geral.
Na fase de instrução nenhuma prova foi produzida.
Em alegações finais, manifestaram-se as partes.
É o relatório.
De tudo o que consta nos presentes autos, verifica-se que a causa determinante do
fato da navegação, caracterizado pela poluição causada por N/M decorreu de ação intencional do
representado, descumprindo os procedimentos do próprio navio.
O presente processo é de fácil solução, uma vez que o fato da navegação está
provado por prova material incontroversa, produzidas por pessoas desinteressadas, quais sejam
as gravações apresentadas pelos passageiros, demonstrando o lançamento do lixo no mar.
E mais, o próprio representado reconheceu sua responsabilidade, afirmando sua
decisão de jogar os sacos plásticos com lixo no mar porque acreditava que o navio sofreria uma
inspeção da ANVISA, ao chegar no porto e o lixo não se encontrava regularmente acondicionado
à bordo.
Assim, com a referida operação era realizada sem conhecimento do comandante ou
do armador do navio, deve ser julgado totalmente procedente a representação, responsabilizando-
se o representado devido às suas condutas dolosas.
Assim,
ACORDAM os Juízes do Tribunal Marítimo, por unanimidade: a) quanto à natureza
e extensão do fato da navegação: poluição causada por lançamento de sacos de lixo de N/M; b)
quanto à causa determinante: ação dolosa do representado; c) decisão: julgar o fato da
navegação, como decorrente da ação intencional do representado, condenando-o à pena de multa
de R$ 1.000,00 (mil reais), acumulada com a pena de suspensão para o exercício profissional,
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como marítimo, em águas brasileiras, pelo prazo de 6 (seis) meses, além do pagamento das
custas processuais, na forma dos artigos 15, alínea “e” e 121, inciso VII, da Lei nº 2.180/54; e d)
medidas preventivas e de segurança: oficiar o Ministério Público sobre o fato, dando ciência do
acórdão.
Publique-se. Comunique-se. Registre-se.
Rio de Janeiro, RJ, em 19 de outubro de 2017.
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COMANDO DA MARINHA
c=BR, st=RJ, l=RIO DE JANEIRO, o=ICP-Brasil, ou=Pessoa Juridica A3, ou=ARSERPRO, ou=Autoridade Certificadora SERPROACF, cn=COMANDO DA MARINHA
2018.05.10 10:10:39 -03'00'