Habilitar profissionais para o exercício da docência
nas Ciências Sociais, que sejam capazes de analisar e compreender a realidade social em seus múltiplos aspectos. Preparar profissionais éticos e competentes, com sólida formação teórica e metodológica nas áreas que compõem o campo científico das Ciências Sociais – Antropologia, Sociologia e Ciência Política. Objetivos específicos
Refletir sobre o significado do “olhar sociológico” para a
compreensão da realidade. Refletir sobre as possibilidades de desenvolvimento do “olhar sociológico” com os jovens estudantes da escola básica. Explorar as possibilidades de desenvolver o “estranhamento” e a “desnaturalização”. Analisar os recortes teóricos necessários para trabalhar teorias, temas e conceitos. Esclarecimentos iniciais
Os conteúdos desta disciplina são voltados para a formação
do licenciado em Ciências Sociais que busca subsídios para a atuação na Educação Básica. Não são contempladas as particularidades do ensino em comunidades indígenas, quilombolas, educação do campo e educação de jovens e adultos. Questão central
Como criar situações de aprendizagem que possibilitem
ao ensino de Sociologia ser instigante e desafiador para os jovens? Questão inicial
O que entendemos por metodologia de ensino?
Metodologia significa um conjunto de procedimentos a serem utilizados para a obtenção do conhecimento. A metodologia de ensino diz respeito aos métodos ou caminhos traçados pelos pesquisadores para orientar os caminhos do ensino de uma disciplina. A metodologia requer junção entre teoria e método, pois implica em concepções de educação, ciência e visões de mundo. Metodologia de ensino
Não é possível conceber um modelo único de ensino das
Ciências Sociais para o Brasil. É preciso levar em conta a diversidade do país em termos culturais, econômicos e sociais. Se o sentido do ensino é partir da realidade do aluno, cabe aos professores atuarem também como pesquisadores sociais desta realidade. O processo de construção do conhecimento
O conhecimento é construído intersubjetivamente na interação
entre professor e aluno, que deve ser pautada pelo diálogo. O educando deve ser sujeito de seu processo de aprendizado, deste modo, o professor deve ter clareza de que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as condições para que o educando construa o seu próprio conhecimento. O processo de construção do conhecimento
O aguçamento da curiosidade do educando é considerado
como essencial para a construção do conhecimento sociológico. A curiosidade ingênua, quando estimulada a compreender o mundo de forma mais ampla, pode se transformar na curiosidade epistemológica e crítica. A dimensão ética
“O preparo científico do professor ou da professora deve
coincidir com sua retidão ética. É uma lástima qualquer descompasso entre aquela e esta. Formação científica, correção ética, respeito aos outros, coerência, capacidade de aprender com o diferente, não permitir que o nosso mal-estar pessoal ou a nossa antipatia com relação ao outro nos façam acusá-lo do que não fez são obrigações a cujo cumprimento devemos humilde mas perseverantemente nos dedicar.” (FREIRE, 1997, p. 08). Sob a perspectiva freireana, o ato de ensinar não se reduz ao tratamento dado ao objeto ou ao conteúdo, mas à criação de condições para que o educando desenvolva e apreenda o conteúdo de maneira crítica. A dimensão ética
A ação do professor deve ser pautada em forte senso ético.
Requer que o docente, ao aceitar ou não as concepções pedagógicas de um autor, deva ser franco com os educandos e deva indicar as razões da crítica. A ética é concebida como formação de valores e não como internalização de regras. O que não se admite é a mentira. Educação humanista
Que se apropria das formas humanas de comunicação e
utiliza os instrumentos culturais necessários para as práticas mais comuns da vida cotidiana. É a educação que se apropria do conhecimento historicamente constituído. Carta dirigida aos professores, encontrada em um campo de concentração
“Prezado Professor,
Sou sobrevivente de um campo de concentração.
Meus olhos viram o que nenhum homem deveria ver. Câmaras de gás construídas por engenheiros formados. Crianças envenenadas por médicos diplomados. Recém-nascidos mortos por enfermeiras treinadas. Mulheres e bebês fuzilados e queimados por graduados de colégios e universidades. Carta dirigida aos professores, encontrada em um campo de concentração
Assim, tenho minhas suspeitas sobre a Educação.
Meu pedido é: ajude seus alunos a tornarem-se humanos. Seus esforços nunca deverão produzir monstros treinados ou psicopatas hábeis. Ler, escrever e aritmética só são importantes Para fazer nossas crianças mais humanas.”
Disponível em http://www.cafecomsociologia.com/2014/01/carta-dirigida- professores-encontrada.html. Acesso em 20/09/2014. Educação humanista
Para Severino, coloca-se a necessidade do sistema educacional
questionar o próprio processo civilizatório do país. Discutir sobre o significado da dignidade humana, sobre a liberdade, a igualdade, sobre a vida comunitária e sobre as perspectivas dos nossos destinos comuns. O professor como pesquisador
A prática docente deve ser fundada numa postura investigativa,
voltada para a produção de conhecimento, para a reflexão sobre a sua prática pedagógica, que possa construir sua própria metodologia e que contribua para que seus alunos avancem na busca do conhecimento e da autonomia. Interatividade
A ética no exercício pedagógico é concebida por
Paulo Freire como: a) distanciamento da reflexão política; b) respeito às regras sociais estabelecidas; c) defesa da moral e dos costumes; d) respeito aos princípios liberais da sociedade moderna; e) defesa da integridade dos seres humanos. O olhar sociológico
O sentido do ensino da Sociologia não é formar cidadãos que
tenham domínio teórico e metodológico das Ciências Sociais. O que se coloca é a necessidade de desenvolver uma nova forma de olhar a realidade. É uma forma de olhar a realidade que se diferencia do olhar do historiador, do geógrafo ou do filósofo. Na obra “As Regras do Método Sociológico”, Durkheim analisa como o olhar humano sobre a realidade é constituído inicialmente por prenoções, que significam impressões e juízos de valor. O olhar sociológico
No lugar de observar as coisas, descrevê-las, compará-las,
é usual que os homens e mulheres tomem as noções mais próximas como expressão da verdade. As prenoções que desenvolvemos sobre as coisas são vistas como produtos da experiência vulgar que visa “harmonizar nossas ações com o mundo que nos cerca.” (DURKHEIM, p. 14). Se as nossas prenoções não representam a realidade, elas acabam por constituir um véu que separa as coisas observadas da realidade objetiva. Assim, as prenoções desfiguram as próprias coisas. O olhar sociológico
Para melhor entendimento do papel das prenoções na nossa
compreensão da realidade, vamos exemplificar tendo como referência a primeira pesquisa de campo de Durkheim, a análise do suicídio. Aparentemente, o suicídio é um problema individual, pois a regra social básica é que devemos lutar pela vida. Os suicidas são considerados como exceções à regra. O olhar sociológico
Durkheim analisou os prontuários policiais de suicidas
e encontrou certa regularidade na ocorrência de suicídios. Após análise, concluiu que os índices de suicídio aumentam nos contextos de crise social, portanto, não se trata de uma ação individual extrema, desconectada do social. A prática do suicídio expressa uma forma de relação dos indivíduos com a sociedade. Portanto, se a prenoção indica que trata de um fato isolado e particular, a análise detalhada indica que se trata de um fenômeno social. O olhar sociológico
O olhar sociológico requer um forma de olhar a realidade livre
das prenoções. Pois o nosso olhar não é neutro, ele carrega as prenoções que construímos sobre a realidade. Para a pesquisa sociológica, Durkheim afirma ser necessário tratar os fenômenos estudados como coisas. Para ele, é coisa “tudo que é dado, tudo que se oferece ou antes se impõe à observação” . Portanto, a formação do olhar sociológico requer afastamento das prenoções sobre a realidade. O olhar sociológico
O desenvolvimento do olhar sociológico com alunos implica
em levá-los a observar a realidade com espírito questionador, se despojando das prenoções. A observação e a descrição são os primeiros passos, tanto para a formação do olhar sociológico, como para a iniciação à pesquisa. Distanciamento do senso comum, por ser uma forma de conhecer a realidade simplista, que não se submete a uma reflexão mais cuidadosa. É um conhecimento marcado pela superficialidade, pois fica circunscrito ao aparente, sem submetê-lo à análise mais rigorosa. O olhar sociológico
É preciso considerar que não existe uma única forma de olhar
a realidade. Nosso olhar é dado pelo lugar que ocupamos na estrutura social. Existem inúmeras possibilidade de se observar a realidade. Tudo depende do ângulo adotado. Não estamos aqui querendo reproduzir o relativismo do senso comum, que não vislumbra a possibilidade do conhecimento objetivo, pois tudo seria relativo ao ponto de vista de quem analisa. O desenvolvimento do olhar sociológico requer uma análise da realidade o mais isenta possível, por isto requer que os eventos sejam analisados sob o maior número de ângulos possíveis. Pensar sob a perspectiva sociológica
“Aprender a pensar de maneira sociológica – olhar, em outras
palavras, o quadro mais amplo – significa cultivar a nossa imaginação. Estudar sociologia não é apenas um processo rotineiro de adquirir conhecimento. Um sociólogo é alguém que consegue se libertar da imediatez das circunstâncias pessoais e colocar as coisas em um contexto mais amplo. O trabalho sociológico depende daquilo que o autor americano C. Wright Mills, em uma expressão famosa, chamou de imaginação sociológica”. (MILLS, 1970 apud GIDDENS, 2012). Pensar sob a perspectiva sociológica
É necessário enfatizar que o sentido do ensino da Sociologia
no Nível Médio não é formar sociólogos, mas possibilitar ao cidadão comum pensar sociologicamente. Pois, como afirma Souto (1987), “pensar sociologicamente é pensar não só de modo racionalmente rigoroso, como também de maneira comprovável pela observação controlada dos fatos sociais”. Desnaturalização e estranhamento
O olhar de senso comum sobre a realidade conduz ao
processo de naturalização de fenômenos, que para a reflexão sociológica requer o lançar um olhar de dúvida, marcado aqui pela desnaturalização. Mas o que significa o processo de desnaturalização dos fenômenos sociais? Desnaturalizar significa “perder a naturalidade” do modo de enxergar a realidade. Desnaturalização
As OCN’s exemplificam a desnaturalização pela análise da
economia, particularmente pela ideia de mercado, que tende a ser visto como algo que se coloca acima dos homens e mulheres, que possui vontade própria à qual os cidadãos devem obedecer. O mercado financeiro não é regido por leis naturais da economia, mas pelos interesses de grupos sociais.
O ensino de Sociologia no Nível Médio deve ser capaz de
suscitar no jovem a capacidade de questionar verdades que são vistas como naturais, mas que não passam de construção social. Estranhamento
O estranhamento pode ser compreendido como a capacidade
de “admiração, espanto diante de algo que não se conhece”. É o recurso metodológico que permite problematizar e interrogar a realidade. “[...] espantar-se é não achar normal, não se conformar, ter uma sensação de insatisfação perante fatos novos ou do desconhecimento de situações e de explicações que não se conhecia”. (MORAES, 2010, p. 48). Desnaturalização
Observe a recorrência de frases como a que segue: “Pobres
sempre haverá: bem aventurados os pobres”. Este tipo de expressão, recorrente no senso comum, possui o caráter de naturalizar a pobreza e consequentemente escamoteia a percepção de que a pobreza é expressão das relações sociais que os indivíduos estabelecem em sociedade e torna natural o que é criação social. Desnaturalização e estranhamento
Concluímos que o desenvolvimento de um olhar de
desnaturalização e estranhamento da realidade podem ser conduzidos em sala de aula a partir do despertar da curiosidade, que nos tira da aceitação pacífica da realidade e nos conduz à reflexão e quiçá à pesquisa. Interatividade
Pensar sociologicamente significa:
a) afastar-se do cotidiano e ver as coisas de maneira mais ampla; b) tomar o senso comum como parâmetro para a análise social; c) considerar a experiência cotidiana como fonte exclusiva de saber sobre o social; d) estabelecer juízos de valor sobre os eventos cotidianos; e) afastar-se do convívio social para estabelecer análise crítica. O currículo escolar e o ensino de Sociologia
A seleção de conteúdos está ancorada no debate essencial
da educação, que gira em torno de qual projeto cultural queremos. A questão que deve nortear a seleção de conteúdos é: em quais concepções de sociedade, educação, ciência e ensino deve se apoiar o currículo de Sociologia? O currículo escolar e o ensino de Sociologia
A escola é a instituição social responsável pela transmissão de
cultura. Apenas alguns elementos de determinada cultura são selecionados para compor o currículo de uma escola ou sistema de ensino. Quem seleciona estes elementos? Gimeno Sacristán (1999) analisa os conteúdos de escolarização na contemporaneidade e afirma que estes se voltam para as urgências sociais e concebe que os conteúdos devem ir além da seleção de disciplinas e conteúdos. O currículo escolar e o ensino de Sociologia
“Não se sabe mais o que deve e o que merece ser ensinado,
pois a função de transmissão cultural da escola não é identificada. Soma-se a isso o fato de terem emergido, nos anos de 1990, discursos pedagógicos de caráter instrumental, cujo objetivo consistia em formar espíritos ágeis, flexíveis, adaptáveis e preparados para as eventualidades. Como lembra Pablo Gentili (1995), a escola também sofreu com o assédio neoliberal e os discursos da qualidade total e a mercantilização da educação”. (BRIDI, 2009, p. 77). O currículo escolar e o ensino de Sociologia
É preciso considerar que o ensino das Ciências Sociais
no Ensino Médio não significa a transposição imediata dos conteúdos científicos da área desenvolvidos no meio acadêmico. Tendo como referência a análise dos campos desenvolvida por Bourdieu, compreende-se que as Ciências Sociais, como campo científico com assento reconhecido no meio acadêmico, não é o mesmo que a disciplina Sociologia, presente no Ensino Médio. Critérios de seleção de conteúdos
O conhecimento sofre recortes e adaptações para ter sentido no
contexto escolar. Esta questão está descrita nas OCN’s, como: “[...] os limites da ciência Sociologia não coincidem com os da disciplina Sociologia, por isso falamos em tradução e recortes. Deve haver uma adequação em termos de linguagem, objetos, temas e reconstrução da história das Ciências Sociais para a fase de aprendizagem dos jovens – como de resto se sabe que qualquer discurso deve levar em consideração o público-alvo”. (OCN’s, p. 107). Critérios de seleção de conteúdos
Observa-se que se faz necessário que o professor de
Sociologia estabeleça os recortes a partir da realidade social em que está inserido e estabeleça a mediação pedagógica. A capacidade de mediação pedagógica constituiu elemento primordial para o trabalho do professor que atua em meio a um sistema de ensino de massas. A ascensão das camadas populares à escola requer que o professor crie os seus próprios caminhos para estimular a aprendizagem e a reflexão. Critérios de seleção de conteúdos
O Brasil não possui hoje um currículo nacional que norteie
o ensino de Sociologia no Nível Médio. As Orientações Curriculares Nacionais não propõem um conjunto de conteúdos, por considerar que não existe atualmente um conjunto de conteúdos que sejam consensuais para o país. A ausência de um currículo nacional permite uma ampla liberdade para os Estados elaborarem os seus próprios currículos estaduais de acordo com suas realidades regionais. Critérios de seleção de conteúdos
Segundo os dados levantados pelas pesquisadoras Eras e
Ribeiro, os principais temas desenvolvidos por professores da Educação Básica são: identidades étnico culturais; religiosas; sexuais e políticas (processos de afirmação e reconhecimento das diferenças); meio ambiente e sociedade; movimentos, mobilizações e participação; mass media e vida social; violência. Critérios de seleção de conteúdos
Para o sociólogo Octávio Ianni, um tema fundamental é a
questão do trabalho, concebido como atividade central do ser humano. Propunha um currículo baseado na sociologia brasileira, que abordasse a relação cidade x campo, urbanização, industrialização, classes sociais, raças e etnias, movimentos sociais, partidos, sociedade civil, formas de Estado. Interatividade
Como é a organização do currículo de Sociologia na Educação
Básica no Brasil? a) Os professores possuem liberdade de organização dos seus currículos de acordo com a realidade local. b) A maioria dos Estados do país possui os seus próprios currículos. c) O currículo nacional é estabelecido pelas OCN’s. d) O currículo nacional vigente é o mesmo de 1942. e) O currículo é estabelecido pelos órgão representativos dos professores de Sociologia em cada Estado. O trabalho com conceitos
Segundo Severino (2007), o conhecimento humano inicia-se
com a formação de conceitos. O conceito é concebido como uma imagem mental que procurar representar um objeto. Em outras palavras, o conceito é a representação intelectual da essência de um objeto.
Veja, por exemplo, o conceito de fato social e consciência
coletiva desenvolvido por Durkheim ou os conceitos de mais valia e ideologia elaborados por Karl Marx. O trabalho com esses conceitos em sala de aula requer uma tradução, contextualização e ligação entre a teoria e o tema da aula. O trabalho com conceitos
Para as OCN’s a opção pelo trabalho com conceitos não deve
excluir suas ligações com princípios teóricos e temas. As ciências sociais não possuem consensos sobre muitos conceitos, como o conceito de ideologia ou de classe social. Nestes casos é importante deixar claro para os alunos que não existe uma única visão sobre o conceito em questão. O trabalho com conceitos
Bridi (2009) defende que a apreensão dos conceitos não
ocorra descolada da realidade, pois os conceitos podem ser ressignificados constantemente. Deste modo, afirma que os conceitos são desenvolvidos em contextos sociais específicos e se apoiam nos valores da sociedade da época. O trabalho com teorias
Entende-se por teoria “série de proposições abstratas inter-
relacionadas sobre as questões humanas e o mundo social, que explica a regularidade e relacionamentos.” Portanto, as teorias organizam e demonstram as observações empíricas. (BELL, 2008). Uma estrutura teórica consiste em “um dispositivo explanatório que explica graficamente ou de forma narrativa as principais coisas a serem estudadas – os fatores, os constructos ou as variáveis-chave – e as supostas relações entre eles”. (BELL, 2008 ). O trabalho com teorias
“Uma teoria sobre a industrialização, por exemplo, deveria
se preocupar em identificar as principais características que os processos de desenvolvimento industrial têm em comum e tentaria mostrar quais deles são importantes para explicar esse desenvolvimento. É claro, a pesquisa factual e as teorias jamais podem ser totalmente separadas. Somente podemos desenvolver explicações teóricas válidas se formos capazes de testá-las por meio de pesquisas factuais”. (GIDDENS, 2012 p. 23). O trabalho com teorias
Pela análise do conteúdo de provas como Enem e vestibulares,
observa-se que no momento há ênfase no ensino das teorias sociológicas, particularmente as teorias produzidas pelos autores clássicos, Émile Durkheim, Karl Marx e Max Weber. O estudo das teorias clássicas coloca a necessidade de compreender o momento histórico em que foram elaboradas e o contexto social da Europa. Como clássicos, suas reflexões guardam desdobramentos que servem para a explicação da realidade contemporânea, portanto, não foram superados. O trabalho com teorias
A existência de diferentes matrizes teóricas do campo das
ciências sociais conduz o ensino desta área a ser mais reflexivo, pois coloca o estudante diante da complexidade analítica do mundo social. As questões contemporâneas, como aspectos sociais da globalização, as questões de gênero, multiculturalismo, a questão ambiental, colocam a necessidade de novas elaborações teóricas, pois não constituem problemas sociais da época em que os clássicos desenvolveram suas reflexões. O trabalho com teorias
No século XX, novas perspectivas sociológicas
são desenvolvidas procurando superar as limitações dos clássicos: o interacionismo, o feminismo, o pós-modernismo e o pós-estrutralismo. Na análise da possibilidade de teorias sociológicas no âmbito escolar, as OCN’s relembram que os clássicos produziram suas reflexões em um contexto social específico e procuram dialogar com os problemas de seu tempo. Deste modo, novos autores surgiram no campo das Ciências Sociais com teorias que podem ser considerados atualmente como fundamentais para a compreensão da realidade contemporânea. A seleção de temas
A opção de trabalhar a partir de temas permite aproximar
o ensino da Sociologia da realidade escolar. A questão que se coloca é: trabalhar com temas pode empobrecer o desenvolvimento do olhar sociológico? No caso do ensino de Sociologia, a opção pelo trabalho com temas não elimina a utilização de conceitos e teorias. Como nos lembra as OCN’s, “um tema não pode ser tratado sem o recurso a conceitos e a teorias sociológicas senão se banaliza, vira senso comum, conversa de botequim”. (OCN’s, p. 117). A seleção de temas
As OCN’s nos chamam a atenção para que a opção pelo
trabalho com temas não deve conduzir a uma análise ligeira e imediatista dos problemas sociais. Ao selecionar temas próximos da realidade do aluno ou temas emergentes na sociedade, é importante ir além do senso comum. O trabalho com temas aproxima o ensino das questões presentes no cotidiano, mas deve permitir ir além dos dados imediatos desta realidade, com a apresentação de dados e reflexões teóricas. Interatividade
Ao optar pelo trabalho com temas próximos da realidade do
aluno, como garantir que não haja reprodução do senso comum? a) Articular os temas com conceitos e teorias. b) Recorrer à análise de dados estatísticos para aprofundar compreensão do tema. c) Pesquisar a presença do tema nas mídias para que o aluno vislumbre sua relevância social. d) Dramatizar o tema pela organização de uma peça de teatro. e) Estimular que os alunos escrevam livremente o que pensam do tema, para desenvolver a reflexão. ATÉ A PRÓXIMA!