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PORTO GRANDE/AP
2018
ELIANA DA LUZ DOS SANTOS
KEILA PERNA COSTA
PORTO GRANDE/AP
2018
ELIANA DA LUZ DOS SANTOS
KEILA PERNA COSTA
Nota: __________
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Guajarina do Socorro Carmo de Sousa
Graduada em Letras e Artes-UNIFAP
Pós-Graduada em Linguística da Língua Portuguesa
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Uzias Gonçalves
PORTO GRANDE/AP
2018
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................7
2 METODOLOGIA..................................................................................................................8
2.1 Participantes..........................................................................................................................8
2.2 Obtenção de Informações.....................................................................................................8
3 Análise Dos Resultados E Discussão.......................................................................................9
3.1 Descrição das Participantes...................................................................................................9
3.2 Análise Dos Resultados Das Entrevistas Semiestruturadas................................................12
4 Representação Social Sobre A Síndrome De Down..............................................................12
4.1 P1 e P2................................................................................................................................12
4.2 M1 e M2..............................................................................................................................13
5 Representação social sobre a aprendizagem..........................................................................15
6 Representação social sobre a inserção de alunos com síndrome de Down............................17
em classe de ensino regular.......................................................................................................17
7 Causas da Evasão escolar do aluno com síndrome de Down................................................18
8 COSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................24
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................25
EVASÃO ESCOLAR DA PESSOA COM SÍNDROME DE DOWN NO ENSINO
REGULAR
RESUMO
Este trabalho objetivou apresentar as possíveis causas da evasão escolar da pessoa com
síndrome de down no ensino regular e suas consequências, com sua temática focada sob a
ótica da inclusão e exclusão social, conceitos latentes na sociedade capitalista. Buscando uma
reflexão acerca dos problemas das necessidades especiais, enfatizando os das pessoas com
síndrome de down, visando contribuir para romper com a dinâmica social de evasão, que
historicamente condicionam as ações nas áreas da educação. Nessa perspectiva, as
investigações recorreram das intervenções do ponto de vista das análises do contexto
educacional pressuposta pela comunidade do Município de Porto Grande no Estado do
Amapá. E para análise dos casos, empregou-se a entrevista, questionários e observação dos
participantes. Com base nessas informações pode-se dizer que não basta garantir um espaço
na sala de aula, é preciso ensinar e dar sentido aos conteúdos e promover a integração do
aluno como um todo, garantindo sua participação e permanência na instituição de ensino.
1
Keila Perna Costa, Artigo apresentado à Coordenação do Curso de Licenciatura em Pedagogia, da Faculdade
Atual, como requisito básico para obtenção do grau de Pedagogo. Macapá, 2018.
2
Eliana Da Luz dos Santos. Artigo apresentado à Coordenação do Curso de Licenciatura em Pedagogia, da
Faculdade Atual, como requisito básico para obtenção do grau de Pedagogo. Macapá, 2018.
3
Neucirene Almeida de Oliveira, Graduada em Licenciamento e Bacharelado em Ciências Sociais – FAMA,
Pós-graduada em História e Cultura Afro Brasileira e Africana-FATUAL, Pós-graduada em docência do Ensino
Superior-META
ABSTRACT
This study aimed to present the possible causes of school dropout of people with Down
Syndrome in regular education and its consequences, with its theme focused on the
perspective of social inclusion and exclusion, latent concepts in capitalist society. Seeking a
reflection on the problems of special needs, emphasizing those of people with Down
Syndrome, aiming to contribute to break with the social dynamics of evasion, which
historically suit actions in the education areas. In this perspective, the investigations resorted
to the interventions from the point of view of the analysis of the educational context
presupposed by the community of the Municipality of Porto Grande in the State of Amapá.
And for the cases analysis, interviews has been used, questionnaires and observation of the
participants. Based on this information it can be said that it is not enough to guarantee space
in the classroom, it is necessary to teach and give meaning to the contents and promote the
integration of the student, certifying their participation and permanence in the teaching
institutions.
1 INTRODUÇÃO
O interesse por esse estudo surgiu mediante o estágio supervisionado das
integrantes do grupo, em uma escola na qual estudava um aluno com síndrome de Down, a
partir de então a linha de pesquisa deste trabalho versa sobre a evasão escolar da pessoa com
síndrome de Down no ensino regular.
Essa linha de pesquisa subsidiou a elaboração deste artigo e tem enquanto
objetivo geral identificar os reais fatores que impossibilitam o acesso e permanência dessa
clientela as salas de aula, bem como a análise das consequências que a evasão trará à vida do
aluno, na perspectiva de compreender o processo de inclusão, visando investigar mecanismos
que contribua para a integração do indivíduo no espaço escolar. A inclusão de crianças com
síndrome de Down em escolas regulares tem sido
Tema de muitas outras pesquisas e os resultados têm apontado a existência de
muitos estigmas e estereótipos sobre o processo de aprendizagem e desenvolvimento das
mesmas. Esse fato vem gerando muita preocupação no meio científico e educacional, uma vez
que essas crianças, assim como as demais, são detentoras de identidades tanto biológicas
quanto sociais que precisam ser consideradas e valorizadas.
Para exemplificar, destacamos as experiências vivenciadas em duas escolas
públicas do município de Porto Grande no Estado do Amapá, onde através da pesquisa de
campo observou-se que a maioria dos alunos com síndrome de down enfrentam dificuldades
para permanecerem na instituição de ensino regular, assim como alguns educadores não
conseguem estimular o desenvolvimento e a permanência desses alunos em sala de aula.
Partindo dessa premissa, surgiu o seguinte questionamento: porque que alunos
com síndrome de down não estão concluindo seus estudos? A hipótese desse estudo é que a
evasão escolar estar se tornando cada vez mais frequente nas escolas de ensino regular, uma
vez que tanto a família quanto os professores, encontram-se pautados no enfoque clínico
conservador que responsabiliza apenas a deficiência orgânica pelo aprendizado e
desenvolvimento dos mesmos.
O artigo foi dividido em quatro itens: o primeiro trata da introdução, que
apresenta o problema da pesquisa, a justificativa e os objetivos propostos no trabalho, o
segundo item trata-se da metodologia que especifica como o trabalho de pesquisa foi feito, o
terceiro item é a análise dos dados: relaciona os dados coletados com as bibliografias
consultadas e o quarto item, que ficou para as considerações finais com a avaliação da
pesquisa como um todo.
8
2 METODOLOGIA
2.1 Participantes
Por último, será apresentada uma tabela com informações gerais sobre as crianças
com síndrome de Down, filhos (as) e alunos (as) das respectivas mães e professoras
participantes da pesquisa. As mesmas serão identificas com a nomeação “S” seguida de uma
numeração específica colocada aleatoriamente e assim foram denominados S1 e S2. As
informações presentes na tabela abaixo são de caráter informativo, uma vez que as crianças
com síndrome de Down nela apresentada não se constituem enquanto sujeitos participantes de
diretos da pesquisa.
Para melhor analisar as representações sociais que mães e professoras têm sobre a
aprendizagem e desenvolvimento de crianças com síndrome de Down, as informações obtidas
a partir das entrevistas semiestruturadas foram categorizadas em: 1) Representação social
sobre a síndrome de Down; 2) Representação social sobre aprendizagem; 3) Causas da evasão
escolar de alunos com síndrome de Down no ensino regular.
4.1 P1 e P2
dessa visão cartesiana, que compara homem a um relógio bem feito e que precisa ser
eficiente, a representação da deficiência é construída sob o enfoque de homem neoliberal, que
precisa se adequar para atender um mercado que a partir de critérios pré-estabelecidos
determina quem serve ou não a esse sistema, assim a pessoa com síndrome de Down por ser
considerada um relógio “mal feito” não é vista como um indivíduo ativo e produtivo.
Logo, a escola que busca atender as necessidades desse modelo hegemônico, não
considera a educação de pessoas em condição de deficiência como importante, visto que as
mesmas não são consideradas produtivamente capazes de atender um mercado competitivo
(FRIGOTTO, 1995; NIDELCOFF, 1989).
Desse modo, levada por uma representação mecanicista e determinista da
deficiência, P1 dificilmente oferecerá a sua aluna com síndrome de Down uma educação bem
estruturada no sentido de possibilitar o desenvolvimento das funções
psicológicas superiores, e que irá impulsionar seu desenvolvimento. A fala de P2
mostra que sua aluna com síndrome de Down, ao contrário do exposto por P1, apresenta um
comportamento mais agitado, de subir na mesa, ás vezes, até mesmo agressivo, relatando,
portanto, situações comportamentais diferentes daquelas apresentadas por P1, mas
conduzindo à mesma representação do enfoque clínico conservador, onde a condição genética
é determinante no comportamento.
Para Voivodic (2008) essas características, atribuídas as pessoas com síndrome de
Down, relatadas por P1 e P2, não estão relacionadas à deficiência orgânica, mas sim ao meio
sócio-cultural ao qual a criança está inserida, por esse motivo não se pode traçar um perfil de
comportamento previsível a todas elas.
4.2 M1 e M2
Desse modo, infere-se que a representação que tanto mães quanto professoras têm
a respeito da criança com síndrome de Down, está pautada num enfoque clínico conservador,
que responsabiliza a deficiência pelos comportamentos apresentados. Portanto, são
determinados geneticamente.
Portanto, as crianças com síndrome de Down não possuem um padrão
comportamental previsível, e essas características como afetividade, docilidade, birra e
agressividade, atribuídas com frequência as mesmas, não são comportamentos que
identificam essa síndrome. Mas, são decorrentes do ambiente sociocultural da criança e
heranças genéticas, afinal, assim como qualquer sujeito, as pessoas com síndrome de Down
também herdarão características dos seus familiares e crescerão adquirindo uma
personalidade diferente (SILVA; KLEINHANS,2006).
Outra ideia que permeia o imaginário social é a existência de graus da síndrome
de Down e isso pode ser verificado, quando M1 ao longo de sua fala evidencia, acreditando
que as diferenças existentes, no que diz respeito ao desenvolvimento cognitivo e motor das
crianças com síndrome de Down, são decorrentes de graus “mais” ou “menos” elevados dessa
condição genética.
M2: me orientaram para colocar ela (S2) numa instituição especializada né, mas
eu não achei bom colocar porque geralmente, teve uma conhecida minha que colocou uma
filha dela lá e lá eles não a colocaram certo com as crianças que são da mesma idade dela ou
mesmo grau né.
M2: (...) porque a síndrome dela (S2) é pouca, então ela (S2) tá incluída como
uma criança quase que normal.
M1 em sua fala, afirma não ter colocado sua filha com síndrome de Down numa
instituição, pela preocupação de não fazer parte de uma classe com crianças do seu mesmo
“grau”. Enquanto que na fala de M2, verifica-se que a presença da criança com síndrome de
Down numa instituição escolar regular está relacionada ao fato dela ter um grau menor da
síndrome.
De acordo com as explanações de M1 e M2, podemos observar que as
participantes atribuem o fato de uma criança com síndrome de Down ser mais desenvolvida
que a outra ou apresentar diferentes comportamentos, exclusivamente por conta de aspectos
inerentes a condição genética, o que leva essas participantes a acreditarem na existência de
graus da síndrome. Essa visão estereotipada, que M1 e M2 têm sobre a síndrome de Down, é
decorrente de uma representação social que responsabiliza sempre a deficiência orgânica pela
aprendizagem e desenvolvimento das pessoas. Desse modo, quando crianças apresentam um
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P1 e P2, ao longo de suas falas, afirmam oferecer aos seus alunos com síndrome
de Down uma educação diferenciada, que consiste em atividades e conteúdos diferentes,
daquela oferecida aos seus alunos comuns. Enquanto os alunos com síndrome de Down
trabalham somente com pintura, colagem, entre outras atividades, que estimulam somente a
coordenação motora, os alunos comuns realizam atividades habituais, seguindo os conteúdos
programáticos da escola.
Conforme segue falas abaixo:
(P1): com ela (S1) é mais recorte e colagem e pintura (...). já com os alunos
comuns eu trabalho as atividades normais.
(P2): Olha a aprendizagem dela (S2) é tudo com o concreto. Trabalho mais
pintura e coisas concretas. Tem que ser o concreto se você dá um trabalho rodado pra ela (S2),
ela não faz, não adianta.
As duas professoras, através de suas enunciações demonstram um comportamento
diferenciado diante dos alunos com síndrome de Down, oferecendo uma educação
minimalista, que pouco contribui para a aprendizagem dos conceitos trabalhados em sala de
aula. Desse modo, entende-se que o comportamento dos professores, a forma como ensinam,
as atividades diferenciadas que utilizam em sala de aula está diretamente ligada a
representação social que estes têm dos seus alunos. E essa representação ainda está arraigada
na ideia de que esses alunos em condição de deficiência, não têm condições de
desenvolverem-se cognitivamente.
É necessário compreender que a facilitação, o qual trata o paradigma da inclusão,
não significa oferecer as crianças com necessidades educacionais especiais tarefas que
estejam no seu nível real, mas sim facilitar para que as mesmas se apropriem do
conhecimento. Conforme afirmam Vigotski (1996) e Mantoan (2004), essas diferenças no
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processo ensino e aprendizagem, devem ser oferecidas de tal forma que cada criança se
aproprie do conhecimento, levando em consideração a especificidade da cada uma. Portanto,
facilitar a aprendizagem consiste em possibilidades de estruturar pedagogicamente o objeto de
conhecimento tornando-o acessível a todos e não somente oferecer ao aluno tarefas simples
que estejam no seu nível real (MANTOAN, 2004; VIGOTSKI,1996).
(M1): a outra professora não acompanhava. Do jeito que ela (a professora)
passava pros outros alunos ela (a professora) queria que (S1) acompanhasse do mesmo jeito
né? então chegava aqui em casa você tinha que pegar na mão dela (S1) pra fazer e ela não
tinha esse costume de fazer. Já com a outra (P1) não, ela esta trabalhando a parte de pintura de
coordenação, pra ela (S1) fazer, musiquinhas, muitas coisas que ta ajudando muito ela a se
desenvolver.
M1, em sua fala explica que transferiu sua filha com síndrome de Down para
outra escola, porque a primeira professora adotava a mesma prática com todos os alunos
(práticas homogeneizadoras), tanto em termos de conteúdo quanto de metodologias. No
entanto, se refere positivamente ao trabalho da professora atual (P1), pois a mesma trabalha
com atividades que não requerem auxílio durante sua realização, ou seja, trabalha no nível
real da criança.
Levando em consideração, a atitude da mãe, em ter retirado sua filha da escola em
virtude da primeira professora trabalhar em sala de aula como se todos fossem iguais e
tivessem de aprender no mesmo tempo e do mesmo jeito. O que ocorre é que a mãe minimiza
o potencial de sua filha com síndrome de Down por acreditar que a criança não tem condições
de aprender o que os outros colegas aprendem.
Porém, é válido mencionar que ao se reconhecer que a criança com síndrome de
Down tem condições de se apropriar de conceitos mais complexos, isso não significa que a
professora, deva trabalhar de forma homogeneizadora, mesmo porque assim como as crianças
comuns, a aluna com síndrome de Down, têm uma maneira particular de se apropriar do
conhecimento, por isso, é necessário trabalhar em sala de aula, de forma que atenda a
especificidade de cada um, sem com isso diminuir o que se pode ensinar subestimando o
aluno e suas reais possibilidades (MANTOAN, 2004).
Desse modo, ao tratar todos os alunos de forma homogênea, a professora anterior
realizava atividades que estavam além do nível potencial de sua aluna com síndrome de
Down, ignorando a especificidade da mesma, por esse motivo a criança não conseguia
acompanhar a turma.
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Com relação ao trabalho realizado por P1, M1 considera positivo, pois percebeu
um avanço no desenvolvimento de sua filha com síndrome de Down, que apresentava uma
dificuldade na coordenação motora. Porém, quando M1 afirma que sua filha com síndrome de
Down está se desenvolvendo, porque consegue realizar as atividades sozinha, mostra
indicadores de uma representação pautada na ideologia do “aprender a aprender”, pois M1
acredita que o desenvolvimento cognitivo de sua filha ocorre a partir de uma resolução
independente, ou seja, aquilo que ela realiza por si própria (DUARTE, 2001).
de Down numa classe regular, não é sinônimo de inclusão, pois incluir significa dar condições
para que a criança com necessidades educacionais especiais, se aproprie do conhecimento e
passe por transformações essenciais, que a torne capaz de desenvolver as estruturas humanas
fundamentais do pensamento, através das interações sociais em seu ambiente escolar
(MANTOAN, 2003; VIGOTSKI, 1996).
P1 e P2, ao falarem sobre as causas da evasão escolar das crianças com síndrome
de Down, desobrigam-se completamente da responsabilidade, atribuindo essa
responsabilidade aos familiares das mesmas. Conforme as enunciações abaixo:
(P1): nós professores, fazemos o possível para que os alunos não desistam dos
estudos, procuramos inclui-los da melhor forma possível, mas a família dela (S1) não tem
ajudado, estão sempre distantes da escola, não apresentam interesse em manter ela na escola.
(P2) Olha eu acho que se a família colaborasse em estimular ela (S2) ela não teria
desistido. Pois a família também é muito pobre e talvez por isso não apresente interesse em
lutar para ajudar a criança a permanecer na escola.
P1 e P2, ao se reportarem as causas da evasão de seus alunos com síndrome de
Down da escola, eximem-se completamente da responsabilidade, em contribuir para que essas
crianças tenham um futuro promissor, não se evadindo da escola. Desse modo, atribuem à
família da criança a total responsabilidade sobre a evasão dos mesmos. Além de
responsabilizar a família, P2 ainda parte de uma representação determinista, própria do
pensamento mecanicista, delegando também essa responsabilidade, quanto ao futuro de seu
aluno com síndrome de Down, as condições socioeconômicas do meio social em que a criança
está inserida, como se o aluno não aprendesse por culpa da sua condição financeira.
Vale mencionar que o meio influencia no comportamento e desenvolvimento de
qualquer pessoa, mas isso não quer dizer que as crianças terão o mesmo futuro, ou
comportamentos idênticos de seus familiares, tampouco das pessoas com as quais convive em
sua comunidade. Mesmo porque desenvolvimento e aprendizagem não são determinados
geneticamente e mesmo sendo resultados da interação com o meio social, este não é um
processo determinista, uma vez que o indivíduo participa ativamente da construção de seu
círculo de interações modificando-o e provocando modificações nesse contexto (VIGOTSKI,
1996).
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Quanto ao segundo caso, a evasão tem causas bem mais difusas, embora
normalmente estejam relacionados ao fracasso escolar. Os alunos abandonam a escola por
repetirem por vários anos a mesma série, causando o fenômeno da distorção idade e série,
além de enfrentarem como obstáculo seus sentimentos de autoestima negativa.
Os pais e às vezes, as escolas percebem que a criança está se isolando demais e
acreditam que o melhor é colocá-las com outros alunos “semelhantes” a ela. Outros já
observam sinais de estresse em seus filhos e atribuem que isso decorra da pressão para
acompanhar o ensino e aprender, ou da rotina movimentada e complexa demais da escola.
Outra razão apresentada pelos pesquisados, principalmente no âmbito de sala de aula, foi o
progresso lento da criança, causando ao professor um sentimento de que falhou com o aluno e
não supriu a necessidade do educando.
Além desses motivos, foi detectado no período de investigação que, para não
integração ou transferir a criança para uma escola especial, é que a escola regular acredita que
não consegue controlar o comportamento da criança. Geralmente isso acontece quando a
criança com síndrome de down tem problema de atenção e de concentração e é hiperativo.
“Toda trajetória da escola precisa ser repensada, considerando-se os efeitos cada vez
mais nefastos das hiperespecializações dos saberes, que nos dificultam a articulação
de uns com os outros e de termos igualmente uma visão do essencial e do global.”
(Morim, 2001 Emput Mantoam, 2003, pg. 19)
refere Vigostsky, que vai consolidar as dificuldades secundárias surgidas a partir das práticas
sociais vividas por esse sujeito.
“Segundo Wernewck (1995, p. 164) (...) “Os portadores de síndrome de down tem
capacidade de aprender, dependendo da estimulação recebida e da maturação de
cada um, o desenvolvimento afetivo e emocional da criança também adquire papel
importante” (...)
8 COSIDERAÇÕES FINAIS
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Neste artigo foram abordados alguns aspectos que retratam o problema da evasão
escolar da pessoa com síndrome de down das escolas regulares tendo como foco os temas da
inclusão e exclusão social, ressaltando-se que estes não são os únicos a serem excluídos no
Brasil, as políticas públicas compreendidas na busca da inclusão ainda são muito escassas.
No entanto, estudar a não inserção dos alunos com síndrome de down no ensino
regular é relevante, pois, deve-se observar que a temática proposta em questão oferece amplas
oportunidades de reflexões para se compreender o quadro diferenciado que os alunos com
síndrome de down enfrentam na escola, que vai desde os olhares discriminatórios de alunos,
pais e demais atores que circundam no ambiente escolar, até a qualificação do professor que é
o principal agente nesse processo educacional, desenvolvimento intelectual, social desse
indivíduo.
A modificação deste contexto depende de certa disposição de mudança de postura
equivocadas dos profissionais e demais pessoas envolvidas não só no sistema educacional
como no sistema social, e isso implica em adesão a novos paradigmas que reconheça o
indivíduo como sujeito que independente de sua condição biológica devem viver com
dignidade, participando ativamente de sua história como rege os princípios da lei do direito e
da cidadania.
Mais, de pouco adiantarão leis, se no seu bojo não houver conscientização da
comunidade para os benefícios de integração e vontade política de operacionalizá-la, como a
nova LDB (lei de diretrizes e bases), lei 9394/96, que estabelece uma educação especial
inserida no sistema regular de ensino e o artigo 58, da mesma, defende a educação especial
como modalidade, segundo o qual para os efeitos dessa lei, deve ser oferecida
preferencialmente na rede regular de ensino.
No entanto percebe-se que a um equívoco com relação à interpretação e
consequentemente a ação no que se refere à lei, deixando inúmeros alunos a margem do que
deveria ser inclusão, diante do exposto, os resultados desse trabalho podem contribuir para
criar caminhos possíveis para efetivação da educação inclusiva, bem como diminuir as
barreiras atitudinais que impedem o pleno desenvolvimento das crianças em condição de
deficiência. Além de possibilitar que novas representações sejam construídas em torno das
potencialidades desses sujeitos. E com isso, mães, professoras e sociedade no geral possam ter
um novo olhar para além da deficiência e que estes tenham uma concepção de homem,
enquanto um ser constituído e constituidor de sua cultura.
25
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana, Psicogêneses da Língua Escrita. Porto Alegre: Artes
médicas, 1987.
FREIRE, P. Ousadia e medo: o cotidiano do professor, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986,
103 p.
GIANCATERINO, Roberto, Escola, professor, aluno. São Paulo: Madras Editor, 2007.
26
GUGEL, M. A. Pessoa com deficiência e o direito ao concurso público: 2º Ed. Ver. Brasília,
Secretária especial dos Direitos Humanos 2007, 226p.
MANNONE, Maud, A criança retardada e a mãe/ Maud Mannoni; tradução Maria Raquel
Duarte. 5º ed. – São Paulo: Martins Fontes1999.
MANTOAN, M. T. E. Inclusão escolar: o que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Moderna,
2003. 95p.
FACULDADE ATUAL
PROGRAMA DE EXTENSÃO UNIVERSITARIA
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Voluntário Pesquisador 1
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Pesquisador 2
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Pesquisador 3
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