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HISTÓRIA

O caminho entre os direitos das mulheres e as lutas para a igualdade das minorias em
geral estiveram sempre entrelaçados. Na época do Brasil Colônia (1500-1822), pouco
foi conquistado. Vivia-se uma cultura enraizada de repressão às minorias, desigualdade
e de patriarcado . As mulheres eram propriedade de seus pais, maridos, irmãos ou
quaisquer que fossem os chefes da família. Nesse período, a luta das mulheres era
focada em algumas carências extremamente significativas à época: direito à vida
política, educação, direito ao divórcio e livre acesso ao mercado de trabalho.

Durante o Império (1822-1889), passou a ser reconhecido o direito à educação da


mulher, área em que seria consagrada Nísia Floresta (Dionísia Gonçalves Pin, 1819-
1885), fundadora da primeira escola para meninas no Brasil e grande ativista pela
emancipação feminina. Até então não havia uma proibição de fato à interação das
mulheres na vida política, visto que não eram nem mesmo reconhecidas como
possuidoras de direitos pelos constituintes, fato que levou a várias tentativas de
alistamento eleitoral sem sucesso.

Algumas mudanças começam a ocorrer no mercado de trabalho durante as greves


realizadas em 1907 (greve das costureiras) e 1917, com a influência de imigrantes
europeus (italianos e espanhóis), e de inspirações anarco-sindicalistas, que buscavam
melhores condições de trabalho em fábricas, em sua maioria têxtil, onde predominava a
força de trabalho feminina. Entre as exigências das paralisações, estavam a
regularização do trabalho feminino, a jornada de oito horas e a abolição de trabalho
noturno para mulheres. No mesmo ano (1917), foi aprovada a resolução para salário
igualitário pela Conferência do Conselho Feminino da Organização Internacional do
Trabalho e a aceitação de mulheres no serviço público.

Ainda no início do século XX, são retomadas as discussões acerca da participação de


mulheres na política do Brasil. É fundada então, em 1922, a Federação Brasileira pelo
Progresso Feminino, onde os principais objetivos eram a batalha pelo voto e livre
acesso das mulheres ao campo de trabalho. Em 1928, é autorizado o primeiro voto
feminino (Celina Guimarães Viana, Mossoró-RN), mesmo ano em que é eleita a
primeira prefeita no país (Alzira Soriano de Souza, em Lajes-RN). Ambos os atos foram
anulados, porém abriram um grande precedente para a discussão sobre o direito à
cidadania das mulheres.
Alguns anos depois, em 24 de Fevereiro de 1932, no governo de Getúlio Vargas, é
garantido o sufrágio feminino, sendo inserido no corpo do texto do Código Eleitoral
Provisório (Decreto 21076) o direito ao voto e à candidatura das mulheres, conquista
que só seria plena naConstituição de 1946. Um ano após o Decreto de 32, é eleita
Carlota Pereira de Queiróz, primeira deputada federal brasileira, integrante da
assembleia constituinte dos anos seguintes.

Durante o período que antecede o Estado Novo, as militantes do feminismo divulgavam


suas ideias por meio de reuniões, jornais, explicativos, e da arte de maneira geral. Todas
as formas de divulgação da repressão sofrida e os direitos que não eram levados em
consideração, eram válidas. Desta forma, muitas vezes aproveitam greves e periódicos
sindicalistas e anarquistas para manifestarem sua luta, conquistas e carências.

Entre os dois períodos ditatoriais vividos pelo Brasil, o movimento perde muita força.
Destacando conquistas como a criação da Fundação das Mulheres do Brasil, aprovação
da lei do divórcio, e a criação do Movimento Feminino Pela Anistia no ano de 1975,
considerado como o Ano Internacional da Mulher, realizando debates sobre a condição
da mulher. Nos anos 80 foi criado o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, que
passaria a Secretaria de Estado dos Direitos da Mulher, e passou a ter status ministerial
como Secretaria de Política para as Mulheres.

A partir da década de 60, o movimento incorporou questões que necessitam


melhoramento até os dias de hoje, entre elas o acesso a métodos contraceptivos, saúde
preventiva, igualdade entre homens e mulheres, proteção à mulher contra a violência
doméstica, equiparação salarial, apoio em casos de assédio, entre tantos outros temas
pertinentes à condição da mulher.

MOVIMENTO FEMINISTA: O QUE


BUSCA?
O movimento feminista traz em sua trajetória grandes conquistas que muitas vezes
passam despercebidas aos nosso olhos. Porém, a caminhada ainda é grande quando se
pensa em respeito aos direitos da mulher e igualdade entre os gêneros.

Algumas bandeiras em particular do movimento merecem grande atenção, como


a violência contra a mulher, a diferença salarial entre gêneros, pouca inserção feminina
no meio político, casos de assédio e preconceito contra a mulher, necessidade de
exames preventivos e maior informação, acesso a métodos contraceptivos gratuitos
e amamentação em lugares públicos.
Uma grande parte do movimento feminista luta também pela descriminalização do
aborto, entendendo que muitas mulheres perdem a vida, submetendo-se a
procedimentos clandestinos executados por pessoas que poucas vezes possuem
formação profissional adequada para realizá-los.
Violência contra a mulher: dados
 13 mulheres são assassinadas por dia no Brasil (Fonte: MS/SVS/CGIAE –
Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM).
 A cada cinco minutos uma mulher é agredida no Brasil (Mapa da Violência
2012 – Homicídio de Mulheres).
 A cada 2 horas uma mulher é vítima de homicídio, 372 por mês. (Instituto
Avante Brasil – IAB a partir de dados do DataSUS, do Ministério da Saúde – Mapa
da violência 2012)
 Os homens ganham aproximadamente 30% a mais do que as mulheres com
mesmo nível de instrução e idade. (Dados adquiridos através do relatório “Novo
século, velhas desigualdades: diferenças salariais de gênero e etnia na América
Latina”, escrito pelos economistas do BID Hugo Ñopo, Juan Pablo Atal e Natalia
Winder.)

Lei Maria da Penha


Analisando o ordenamento jurídico atual, a Lei Maria da Penha (11.340/2006) foi uma
das grandes vitórias do movimento feminista. O nome homenageia a farmacêutica
Maria da Penha Maia Fernandes, que ficou paraplégica após anos de violência
doméstica, a lei visa punir de forma mais efetiva os homens – normalmente
companheiros – agressores no âmbito familiar e doméstico, e contribuiu para a
diminuição em 10% sobre os casos de assassinatos contra mulheres, segundo dados do
IPEA de 2015. Entre a punição para agressão física, se enquadram violência
psicológica, sexual, patrimonial, além de proteção à mulher denunciante.
Durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, foi sancionada a Lei 13.104/15,
que torna qualificado o homicídio quando realizado contra mulheres em razão do
gênero, e o incluindo no rol de crimes hediondos.

Em seu artigo 5, a CF prevê que homens e mulheres são iguais em relação a direitos e
obrigações, uma conquista de imenso valor quando comparada ao Código Civil de
1916, que determinava a mulher como incapaz para realizar diversos atos sem
autorização do marido.

Outro grande avanço conquistado pelo movimento feminista, foi o direito à licença
maternidade remunerada, previsto na CF em seu artigo 7, inciso XVIII, recentemente
alterado de 120 para 180 dias.

Além de todas as determinações expressas no ordenamento jurídico brasileiro, a ONU


determina 12 direitos fundamentais à mulher:

 Direito à vida;
 Direito à liberdade e a segurança pessoal;
 Direito à igualdade e a estar livre de todas as formas de discriminação;
 Direito à liberdade de pensamento;
 Direito à informação e a educação;
 Direito à privacidade;
 Direito à saúde e a proteção desta;
 Direito a construir relacionamento conjugal e a planejar sua família;
 Direito a decidir ter ou não ter filhos e quando tê-los;
 Direito aos benefícios do progresso científico;
 Direito à liberdade de reunião e participação política;
 Direito a não ser submetida a tortura e maltrato.
MAIORES DEBATES RELACIONADOS
AO FEMINISMO
Pensando em todo o histórico do movimento feminista, mesmo quando assim não o era
reconhecido, seus atos sempre polemizaram a sociedade tradicional, independentemente
da época em que ocorriam. Atualmente, observa-se uma grande relutância de parte da
sociedade brasileira em aceitar a existência de uma cultura do estupro; grande rejeição
às manifestações de grupos feministas (tendo por exemplo o conhecido movimento
organizador de protestos “Marcha das Vadias”), normalmente atrelados à esquerda
política no país, e discussões dos mais diversos tópicos em redes sociais. Até mesmo a
amamentação em lugares públicos foi alvo de ataques de grupos contrários ao ato.

Atualmente, uma das grandes rixas entre o movimento feminista e os políticos da


bancada evangélica do Congresso Nacional, está relacionada à questão da
descriminalização do aborto, que há algum tempo passou a ser uma das mais discutidas
bandeiras do feminismo no Brasil.

Outra questão levantada por vozes do feminismo, é a pouca inserção feminina na


política e de políticas destinadas à mulher. A questão sempre será que, de direita ou
esquerda, conservador ou não, os direitos da mulher devem ser respeitados. Políticas
públicas devem ser elaboradas para atender às carências da população feminina, para
impor a igualdade de gênero, assegurar a vida da mulher, garantir sua participação em
espaços onde não estão presentes ou sofrem preconceito, combater o assédio velado ou
explícito, entre tantas outras questões

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