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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS - DEPARTAMENTO DE MINERALOGIA E PETROLOGIA

Geo 03028 – GEMOLOGIA

PRINCIPAIS MÉTODOS DE SÍNTESE DE CRISTAIS

Notas de aula do Prof. Pedro Luiz Juchem


PRINCIPAIS MÉTODOS DE SÍNTESE DE CRISTAIS
HISTÓRICO

- Primeiros registros de uso de minerais e fragmentos de animais


como adorno e proteção  25.000 A.C. (Paleolítico).

- Desde a Antiguidade, o homem vem tentando “reproduzir” gemas:

1. Inicialmente as gemas eram enterradas

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2. Primeiros registros de reprodução de gemas - Egito

Bracelete e peitoral com escaravelho em lápis-lázuli - Tutankhamon

- Pedra-sabão vitrificada em tons de azul para imitar lápis-lazuli


Egito (4.000 A.C.)

Pedra-sabão Turquesa
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-Faiance – (porcelana) quartzo pulverizado + óxidos de Al, Ca, Fe,
Mg, K e Na + vitrificação (com compostos de Cu).

Mesopotânia, 3.000 A.C. Utilizada também no Egito e China.

Amuleto (Egito)

Tinteiro (Egito)

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-Faiance – (porcelana) quartzo pulverizado + óxidos de Al, Ca, Fe,
Mg, K e Na + vitrificação (com compostos de Cu).

Mesopotânia, 3.000 A.C. Utilizada também no Egito e China.

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- Vidro - Egípcios utilizaram vários objetos de adorno, adicionando
elementos químicos para obter diferentes cores:
- púrpura (Mg) - preto (Fe)
- azul (Co) - verde (Cu ou Fe)
- vermelho (óxido de Cu) - amarelo (Pb e Antimônio)

Máscara mortuária de Tutankhamon

10,23 kg – 54 cm
Ouro e pedras (lapis-lázuli, quartzo
turquesa, cornalina, obsidiana,
feldspatos e vidro).

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- Não há registros de outros materiais sintéticos importantes
até os tempos modernos.

- Séculos XVIII e XIX  conhecimentos da composição química dos


minerais.

- Em 1837, Narc Gaudin (químico francês) obteve cristais microscópicos


de rubi por fusão de sulfato de Al e K e cromato de K a T ± 2000 ºC.

- Em 1877, Edmund Frény (França) produziu rubi pelo método de


“fusão na chama” - cristais minúsculos e com muitas impurezas.

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- Entre 1887 e 1890, August Verneuil desenvolveu a produção de cristais
de rubi (1/3 ct) , pelo método de “fusão na chama”.

- Em 1902, Verneuil publicou o método “fusão na chama” para produção


de rubis  início da síntese de gemas em escala comercial.

- As primeiras sínteses tiveram objetivo industrial e/ou de pesquisa.

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PRINCIPAIS TÉCNICAS DE CRISTALIZAÇÃO PARA A OBTENÇÃO
DE GEMAS SINTÉTICOS

A maioria das técnicas utilizam dois processos:

1. Cristalização a partir de uma fusão

Composto químico + fusão + resfriamento  cristalização

Al2O3 + fusão + resfriamento  coríndon

2. Cristalização a partir de uma solução

Soluto + solvente + fusão = solução + resfriamento  cristalização

Sólido = crescimento em fluxo

Solução aquosa = processo hidrotermal

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Principais técnicas de cristalização para a obtenção de materiais
sintéticos em tamanho e qualidade adequados para lapidação.

Técnicas por fusão


Verneuil  Rubi, safira, espinélio, rutilo e fabulita
Czochralski  Rubi e safira, espinélio, YAG e GGG, alexandrita
Bridgman  Safira
“Skull melting”  Zircônia cúbica, safira

Técnicas por solução


Fluxo  Esmeralda, rubi, safira, espinélio, YAG e GGG, alexandrita
Hidrotermal Esmeralda, quartzo (cristal de rocha, fumê, amarelo
esverdeado, citrino e ametista)

Técnica de alta pressão  Diamante

Outras técnicas
Fase gasosa  Rubi e safira
Cerâmica  Turquesa, lápis-lazuli, coral
Outras  Opala, vidro, plásticos

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1. Técnicas de cristalização por fusão
1.1 Fusão na chama
a) Verneuil  Rubi, safira, espinélio, rutilo e fabulita
b) Czochralski  Rubi e safira, espinélio, YAG e GGG, alexandrita

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1. Técnicas de cristalização por fusão


1.1 Fusão na chama
a) Verneuil  Rubi, safira, espinélio, rutilo e fabulita

Diagrama de um “forno Verneuil"

Fusão de pó de Al2O3 a 20000C

Material fundido cai sobre uma


cerâmica refratária que gira
lentamente e tem um movimento
descendente  pera
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1. Técnicas de cristalização por fusão


1.1 Fusão na chama
a) Verneuil  Rubi, safira, espinélio, rutilo e fabulita
1. Técnicas de cristalização por fusão
1.2 Fusão em cadinho
Czochralski  Rubi e safira, espinélio, YAG e GGG, alexandrita

A fusão é obtida por


aquecimento induzido
por ondas de rádio de
alta frequência.

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1. Técnicas de cristalização por fusão
1.2 Fusão em cadinho
Czochralski  Rubi e safira, espinélio, YAG e GGG, alexandrita

Rubi com 4,2 kg e safira


incolor com 10 kg
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1. Técnicas de cristalização por fusão
1.3 Fusão “a frio” – skull melting – década de 1970
Zircônia cúbica (ZrO2), safira

Fusão a 2.7500 C
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1. Técnicas de cristalização por fusão
1.3 Fusão “a frio” – skull melting – década de 1970
Zircônia cúbica (ZrO2), safira

Após 12 horas de resfriamento

Fusão a 2.7500 C
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1. Técnicas de cristalização por fusão
1.3 Fusão “a frio” – skull melting – década de 1970
Zircônia cúbica (ZrO2), safira

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1. Técnicas de cristalização por fusão
1.3 Fusão “a frio” – skull melting – década de 1970
Zircônia cúbica (ZrO2), safira

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2. Técnicas de cristalização por solução
2.1 Crescimento em fluxo – década de 1930
Esmeralda, rubi, safira, espinélio, YAG e GGG, alexandrita

Crescimento de esmeralda idealizado por H. Espig (Alemanha, 1911)


na empresa IG-Farben.

Sílica sólida

Solução de Al203 + BeO3 + (Li2MoO3)

Cristais de esmeralda
Be3Al2Si6O18
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2. Técnicas de cristalização por solução
2.1 Crescimento em fluxo – década de 1930
Esmeralda, rubi, safira, espinélio, YAG e GGG, alexandrita

Componente densidade
qzo ou vidro 2,0

esmeralda 2,8

Al203 + BeO3 + (Li2MoO3) 2,9

BeO3 3,0
Al203 4,0

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2. Técnicas de cristalização por solução
2.1 Crescimento em fluxo – década de 1930
Esmeralda, rubi, safira, espinélio, YAG e GGG, alexandrita

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2. Técnicas de cristalização por solução
2.1 Crescimento em fluxo – década de 1930
Esmeralda, rubi, safira, espinélio, YAG e GGG, alexandrita

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2. Técnicas de cristalização por solução
2.1 Crescimento em fluxo – década de 1930
Esmeralda, rubi, safira, espinélio, YAG e GGG, alexandrita

Rubi “flux-growth” e “flame-fusion”

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2. Técnicas de cristalização por solução
2.2 processo hidrotermal - Esmeralda, quartzo (cristal de rocha,
fumê, amarelo esverdeado, citrino e ametista)

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Processo hidrotermal quartzo Spezia (Itália – 1898-1908)
Nackem (Alemanha – 1940)
Bell (EUA) e Clevite (Inglaterra) – 1950
Ametista – Rússia (1969)

T2= 3800C Sementes de qzo


(Germes de cristalização)

Solução hidrotermal + mineralizador


NaOH
Na2CO3
Nutriente
(pedaços de qzo puro)
T1= 4000C

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Processo hidrotermal

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Processo hidrotermal

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Processo hidrotermal

Ametista
Produzida desde 1969 na Rússia

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DIAMANTE SINTÉTICO
1. Altas pressões
HPHT (High Pressure High Temperature) growth
2. CVD ou Plasma
CVD (Chemical Vapor Deposition)

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DIAMANTE SINTÉTICO
1. Altas pressões
HPHT (High Pressure High Temperature) growth

Pressão de 50 a 70 kBar
Temperaturas de 1300 a 18000 C

Produzido pela primeira vez pela ASEA (Allmanna Svenska


Elektriska Aktiebolaget Laboratory) – Estocolmo, Suécia

em 1953

Em 1970, pela GE (General Electric) nos EUA


DIAMANTE SINTÉTICO
1. Altas pressões
HPHT (High Pressure High Temperature) growth

Pressão de 50 a 70 kBar
Temperaturas de 1300 a 18000 C

Bigorna

Bigorna

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Bigorna

Bigorna

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DIAMANTE SINTÉTICO
2. CVD ou Plasma
CVD (Chemical Vapor Deposition)

Diamante é cristalizado em uma câmara a pressão baixa


10 a 200 Torr (0,01316 a 0,2632 atm) e temperaturas
entre 700 e 10000 C

Produzido pela primeira vez pela Union Carbide Corporation


em 1952 nos EUA

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DIAMANTE SINTÉTICO
2. CVD ou Plasma
CVD (Chemical Vapor Deposition)

CH4

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DIAMANTE SINTÉTICO
2. CVD ou Plasma
CVD (Chemical Vapor Deposition)

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DIAMANTE SINTÉTICO
2. CVD ou Plasma
CVD (Chemical Vapor Deposition)

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