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PARA LER MELHOR

Geralmente as pessoas que leem bem gostam de ler, ao passo que as que não
leem direito detestam a leitura. Na universidade, você terá que fazer mais leituras
do que fez durante toda a sua vida pregressa e se não lê bem, terá que se esforçar
para melhorar sua leitura. Quando você melhorar, também gostará mais de ler.
Mesmo que seja um bom leitor, é provável que ainda possa aperfeiçoar algum
aspecto de suas habilidades de leitura.

Os alunos de faculdade, em sua maioria, não sabem como ler bem. A


maioria lê demasiadamente devagar, gasta tempo em excesso, e não aprende, nem
de longe, tanto quanto podia e devia. Esta situação decorre de hábitos errados de
leitura.

LER COM UMA FINALIDADE

Há um tipo de estudante que, diante de um dever por cumprir, diz com seus
botões: “Tenho de ler este capítulo”. Senta-se, então, e lê o capítulo – lê
simplesmente. Tudo o que ele lê é lido da mesma maneira, seja inglês, história ou
química. Avança através das sentenças como um homem em esforçada labuta, e
quando termina exclama: “Já o li”.

Isso não é correto em hipótese alguma. Há diversas maneiras de ler, como


diversas matérias para ler. Ao estudar deveres da faculdade, você deve “ler” o
mesmo material duas, três, ou quatro vezes, cada vez com objetivo diferente.

Extraindo a ideia principal – Isso é o que você faz na primeira etapa do estudo,
como parte de uma primeira visão geral. Ao terminar certo trecho você deseja uma
sentença que expresse seu ponto essencial, que o sintetize.

Como achar as ideias principais? Isso depende do local de onde quer extraí-
la – capítulo, seção, subseção ou parágrafo. Geralmente o parágrafo contém uma
ideia fundamental, e somente uma. A maioria dos autores de livros didáticos tem
por hábito colocar uma ideia em cada um dos parágrafos. Sua tarefa é descobri-la.

O autor pode começar o parágrafo com uma sentença-chave sobre o tópico,


depois explicá-la, ilustrá-la, dá-lhe apoio com outras sentenças, e finalmente
terminar com uma sentença-sumário, que poderá servir de transição para o
parágrafo seguinte. Conseguir que a sentença-tópico, a sentença-ideia, seja a
primeira do parágrafo, nem sempre, porém, é praticável. Pode haver uma
introdução, uma sentença de transição, entre a ideia do último parágrafo e a que se
lhe segue. Tal sentença mostra como uma ideia tem conexão com outra, mas não
deve ser confundida com a ideia principal.
Ao procurar a ideia principal, não procure sempre períodos completos, pois
há probabilidade de que ela seja apenas a oração principal, e você pode, em regra,
condensá-la, em duas ou três palavras mentalmente. Alguns adjetivos e advérbios
não lhe alteram o sentido, precisando reter apenas o sujeito, o verbo e o
complemento. Se você se lembrar das palavras-chaves, poderá sempre fornecer,
você mesmo, as palavras de apoio. Mas tenha cuidado: algumas vezes os adjuntos
são essenciais ao sentido. Se dissermos, por exemplo, “o leitor rápido
habitualmente aprende mais rápido”, não se pode omitir o “habitualmente”. Não
queremos dizer que leitores rápidos sejam sempre aprendedores rápidos, ou que
leitura rápida é sinônimo de aprendizagem rápida. Queremos dizer que, na maioria
das vezes, ou na média, os leitores rápidos conseguem aprender mais depressa.

Você poderá encontrar parágrafos nos quais a ideia mestra não está explícita
em sentença simples, ou mesmo de qualquer outra forma. Nesse caso você terá de
elaborar seu próprio sumário para o parágrafo.

Crie o hábito de encontrar a ideia principal em cada parágrafo. Mantenha a


ideia em mente enquanto continua a ler, e compare-a com a sentença sumário. Se
tiver dúvidas a respeito de sua seleção, releia o parágrafo, dessa vez olhando-o
bem, para se certificar de que captou a ideia correta. Nem sempre você poderá
encontrá-la numas poucas palavras dadas; talvez tenha de refraseá-la com palavras
suas (o que é uma boa prática) para a captar com exatidão.

Se os estudantes leem para captar as ideias principais, podem desenvolver


consideravelmente a compreensão para aquilo que leem e, por conseguinte, elevar
seus graus nos exames. O ler para aprender as ideias principais é fator essencial
para resumir, pois um resumo consiste de tópicos e ideias principais de
determinado trecho. E resumir é sistema de incalculável valor para a leitura e
revisão de um assunto.

Procure adquirir prática na busca da ideia principal dos parágrafos. Se o


fizer, poderá tornar-se tão eficiente que o fará inconscientemente, sem pensar no
assunto. Fazer isso é dominar um dos aspectos mais importantes de uma leitura
eficiente.

Extraindodetalhes importantes – A segunda grande finalidade da leitura é


localizar detalhes importantes. Porque os estudantes nem sempre são capazes de
fazer isso, pensam que os professores procuram maliciosamente as minúcias triviais
ou sem importância para pedir nas provas. Essa queixa, no entanto, é muitas vezes
uma racionalização para a leitura malfeita. Embora alguns estudantes possam ser
bons em recordar as ideias principais e serem incapazes de se lembrar dos detalhes
importantes, as duas coisas geralmente estão ligadas. Os estudantes, em sua
maioria, são maus em ambas as coisas, porque não aprenderam a localizar nem
uma nem outra. A ideia principal segue de mãos dadas com o pormenor
importante; uma sem o outro equivale a uma estrutura sem apoio. O pormenor é
base para a ideia principal. Pode ser um fato ou um conjunto de fatos, um exemplo
da ideia principal ou a prova que torna esta digna de confiança ou aceitação.

Há ocasiões em que tantos são os pormenores, que torna difícil selecionar o


mais importante. No entanto, aquele ou o conjunto daqueles que o autor salienta,
pela linguagem ou pelo espaço que lhe reserva é de hábito o mais importante. O
pormenor importante sempre está ligado à ideia principal de forma mais íntima
que os outros exemplos ou ideias.

A primeira vez que você lê uma passagem, deve concentrar-se nas ideias
principais, e anotar tantos pormenores importantes quantos lhe seja possível. Na
segunda vez, poderá simplesmente rever e certificar-se sobre as ideias principais,
mas concentrar-se na localização e memorização de detalhesimportantes. Na
terceira e, porventura, última vez que fizer tal leitura, poderá fazê-lo para rever
ambas as coisas.

SUBLINHAR UM LIVRO DIDÁTICO

Muitos estudantes não fazem apontamentos quando leem os livros


didáticos. Limitam-se a sublinhar passagens no livro. Isso é realmente útil, mas não
tem o mesmo extraordinário valor que representam os apontamentos ordenados
num caderno. Consideremos alguns aspectos sobre quando e como sublinhar um
livro didático.

O protótipo da prática do mau estudante é sentar-se com um texto à frente,


ler tudo indiferentemente, e então, cobrir com o marca-texto as palavras
proeminentes, quando julga ter encontrado algo importante.

Ele faz isso sem pesquisar o capítulo nem fazer perguntas. O resultado é um
acerto-desacerto das passagens que selecionou, as quais representam aquilo que o
estudante considera de seu interesse ou que supõe ser importante, sem qualquer
base firme para julgar se o é ou não. Infelizmente, ele fica atrapalhado depois com o
que fez, sem conseguir desmanchá-lo.

Pensa que sublinharam os pontos importantes, mas deixaram passar muitas


coisas importantes e escolheram outras que não o eram. No entanto isso vai ter
consequências mais tarde, quando o estudante se preparar para um exame. Ao
rever a matéria, não lhe ocorre conferir as passagens, que sublinhou, a fim de
verificar se o fez corretamente; e se o faz, acha-se diante da dificuldade de apagar as
linhas e substituí-las por outras, especialmente se sublinhou a tinta, como tantos
estudantes tolamente fazem. Quando vai fazer uma prova confiado nas passagens
que sublinhou, é quase certo que estudou muita coisa desacertadamente.
O ato de sublinhar pode ter seu lugar, mas deve ser praticado com
inteligência, no momento oportuno, e de acordo com um plano. O plano é este:
primeiramente examine o capítulo; depois formule a si mesmo perguntas sobre ele
e tente responder a elas à medida que vai lendo. Nessa primeira leitura é melhor
não sublinhar. À medida que suas perguntas forem sendo respondidas ou vá
localizando ideias principais e detalhesimportantes, faça um sinal à margem das
linhas. Na releitura, procure ideias principais e detalhesimportantes e também
termos técnicos. Essas as partes que precisa sublinhar.

Mesmo quando fizer a segunda leitura cuidadosamente, não sublinhe as


sentenças à medida que for lendo, mas apenas depois de ter lido um ou dois
parágrafos. Então, volte atrás e decida exatamente o que julga que deve sublinhar.
Como guia, use as marcas previamente feitas. Se agora não se lhe afigurarem como
importantes os pontos que assinalou, sinta-se à vontade para mudar de opinião. De
qualquer maneira, selecione com cuidado o que pretende sublinhar, fazendo-o só
depois de ter lido todas as sentenças vizinhas.

Não sublinhe sentenças por atacado. Muitas palavras nas sentenças que
contêm a ideia principal ou o detalhe importante são, como dissemos antes,
relativa-mente despidas de importância. Verifique quais são, e deixe-as de lado.
Sublinhe apenas determinadas palavras e frases que considere essenciais, a fim de
que, quando voltar mais tarde para o trabalho de revisão, possa ler apenas as
palavras sublinhadas e compreender prontamente as ideias, os pormenores
importantes e as definições.

Se você observar essas regras, provavelmente não sublinhará tanto nem tão
desnecessariamente como faz a maioria dos estudantes. Em média, mais ou menos
meia dúzia de palavras por parágrafo será o suficiente, embora o número total
dependa da natureza da matéria. Terá assim sublinhado o melhor conjunto de
palavras, e nas provas não se achará naquela situação de “ter estudado as coisas
erradas”. Sublinhe levemente. Livro demasiadamente sublinhado é difícil de ler e
algumas vezes confuso. Uma linha fina e leve feita com lápis grafite é o bastante.

Adaptado de:

DEESE, James; DEESE, Ellin K. Como estudar.


Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1986.p. 38-43; 63-
64.

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