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QUEM FOI HITlERP

Numa das conversas aqui na redação, o repórter Luiz Alberto Moura disse
o seguinte: "Já imaginou se, durante a Primeira Guerra Mundial, alguém tivesse

acertado o então mero soldado Adolf Hitler? Com certeza, o mundo hoje seria

outro". E seria mesmo. Depois do final da Segunda Guerra Mundial, que foi

incitada por Hitler, o mundo foi praticamente dividido em dois, cada parte cabendo

a uma das potências que se firmaram com o fim do conflito: EUA e URSS. Teve

início a Guerra Fria e aí tudo foi se desenrolando até chegar à configuração do

planeta atualmente.

Éfato que Adolf Hitler foi uma pessoa decisiva para o século em que vivemos.

Sua figura pessoal, sua vida pública, seus atos, tudo é absurdo e intrigante. Ele

promoveu uma das maiores atrocidades de que se tem notícia na história da

humanidade com o apoio (mesmo que, em muitos casos, passivo) de milhões

de pessoas que acreditaram em suas idéias racistas e autoritárias. Mas como ele

conseguiu incitar as massas a acreditarem numa idéia tão radical, a crerem na

superioridade absoluta de uma raça e na necessidade da exterminação de outra?

Costumo dizer que Hitler era um gênio do Mal, pois, analisando friamente,

percebe-se que ele e sua "equipe" conseguiram manobrar populações com artimanhas

muito eficazes a partir de idéias inconsistentes que não encontravam respaldo lógico.

E é repugnante perceber que ele conseguiu levar a cabo suas intenções, matando

milhões de pessoas, especialmente judeus inocentes, e praticando um dos crimes mais

repulsivos da história.

Hitler é, portanto, uma figura que jamais pode ser esquecida para que todos

nós, seres humanos, lembremo-nos do que nossa espécie é capaz de fazer e jamais

repitamos episódios como foram a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto.

Confira a seguir a trajetória de Adolf Hitler, competentemente esmiuçada por

Lucas Pires, que se debruçou durante meses sobre diversas fontes para trazer até

você uma visão ampla de como foi e o que significou a existência de Adolf Hitler

para a história da humanidade.

Um grande abraço,

kt2k,
redacao@editoraonli~

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11::-- SUMÁRIO

INFÂNCIA, FAMíLIA E ADOLESCÊNCIA 05


O pai, a mãe e a vida de Hitler até sua ida para Viena

PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL 10


A participação de Adolf Hitler na guerra e o princípio
da ideologia nazista

ASCENSÃO DO PARTIDO NAZISTA 16


A entrada do futuro Führer para o partido
e o crescimento da ideologia

PREPARATIVOS PARA A GUERRA 22


O cenário que se armou para que a Segunda
Guerra Mundial acontecesse

A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL 28


As alianças, as lutas e os horrores do período

A POLÊMICA MORTE 34
O que se diz a respeito das mortes de Hitler e Eva Braun

HERANÇA DE AUSCHWITZ 38
Holocausto: a "Solução Final"

V,DA AMOROSA 42
O lado pessoal de um dos mais temíveis vultos históricos

ENTREVISTA: O NAZISMO E O BRASIL 44


Maria Luisa Tucci Carneiro, professora de história da USp, fala
sobre o período Vargas

DEMÔNIO ENCARNADO? 46
Quem foi este homem que marcou a história da
humanidade com sangue

Gu~ 48
Livros e filmes sobre o tema

4 Grandes líder s da História


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~~Da vila de Braunau a Viena,


UMA INFÂNCIA CONTURBADA
Nascido em 1889, filho de Klara e Alais, Adolf Hitler
cre ceu num ambiente familiar dominado pela figura tirânica .. :~

do pai e pelo amor à mãe e às artes


Por Lucas Pires

alar sobre Adolf Hitler é falar sobre o nazismo, e A primeira mulher de Alois, Anna Glasl-Horer, era mais
falar sobre ambos é mexer no que talvez seja a maior prova velha que ele 13 anos e já estava doente quando eles se ca­
de crueldade da qual o ser humano foi capaz, A figura el',ig­ saram. Quando ela morreu, Alois logo oficializou a união
mática e c tivante de Hitler, com seu bigodinho ralo e curto e com a copeira da casa, Franciska Matzelberger, com quem já
.'
gestos firmes enquanto proferia discursos coléricos, conquis­ vinha tendo um caso amoroso. Alguns historiadores apon­
tou o post de maior representação do Mal de que se tem no­ tam que, mesmo nessa época, a bela e jovem Klara já teria
tícia. O século 20, o século de Hitler, foi o mais sangrento e um relacionamento com o futuro marido. Só que, quando
abominável da história da humanidade. Portanto, falar dele, Alois casou-se com Franciska e ela quis se livrar de Klara,
buscar res atar a trajetória desse homem e de suas ações, que pois sabia o risco que corria. No entanto, Franciska contraiu
culminaram com Holocausto e seis anos de guerra, é delica­ tuberculose e foi se tratar em outra cidade, deixando a casa
do e exige responsabilidade. As feridas abertas pelo nazismo para que Alois e Klara pudessem voltar à rotina anterior - de
continuam sem cicatrizar, tanto na Alemanha, quanto em ju­ serviços prestados por ela tanto na casa quanto na cama. , 1 ••

deus ou q alquer ser humano consciente do que foi a Segun­ Franciska acabou morrendo também e, enfim, os dois pude­
da Guerra Mundial. Talvez elas nunca cheguem a fechar, tal­ ram oficializar o casamento no começo de 1885. Mas, para
vez algum dia cicatrizem, mas suas marcas não se apagarão, isso, tiveram que redigir uma petição ao bispo local, pedin­
Eis o intuit de to a cicatriz - permanecer para sempre relem­ do permissão para realizarem a união, pois havia um laço
brar. Eis por que estudamos a História. consangüíneo entre eles. O bispo, então, enviou o pedido a
As atrocidades cometidas por Adolf Hitler são o lado mais Roma, que concedeu a permissão.
conhecido desse austríaco nascido em Braunau, próximo à di­
visa com a lema ha, no dia 20 de abril de 1889. Era filho da
jovem Klar Pôlzl, de 28 anos, com Alois Hitler, que tinha mais
de 50 anos e estava prestes a se aposentar. A história da união
deste casal é curiosa.

-,1 OCAS MENTO


Alois era 23 an s mais velho que Klara, filha de um primo­
irmão 'dele. o entanto, antes de se casar com a mãe de Adolf,
Alois fora c.asado outras duas vezes e Klara trabalhava como
empregada em sua casa.

o futuro dita ordaAlemanhafoi uma


criançé solitaria e independente, de poucos
amigos _ div rsões. Suas leituras baseavam-se
em istárias de guerras e
averturas militares, assuntos que
o fascinaram desde pequeno
Adolf Hitler na infância

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o PERFIL DOS PAIS
Alois Hitler era funcionário público e trabalhava como inspe­
tor-chefe num escritório alfandegário. Como seu emprego exigia
viagens costantes, a mudança de endereço tornou-se rotina para
a família. Na década de 1890, de Braunau, onde nascera o filho
Adolf, a família Hitler mudou-se para Passau, na Alemanha, pas­
sando por Halfeld, Fischlham, Lambach e Leonding, todos pe­
quenos vilarejos na região da cidade de Linz, onde se estabelece­
ram em definitivo com a aposentadoria de Alois. Adolf Hitler, em
"Minha Luta", relembra a trajetória do pai com admiração, ape­
sar de não querer para si a mesma vida no funcionalismo público,
algo que geraria enormes desavenças entre pai e filho. Confira o
que Hitler escreveu sobre o pai: " ... o jovem de dezessete anos,
insistiu na sua resolução e tornou-se funcionário público. Depois
de vinte e três anos, creio eu, estava atingido o seu objetivo. Pa­
recia assim estar cumprida a promessa que o rapaz havia feito,
isto é, de não voltar para a aldeia paterna sem que tivesse me­
lhorado de situação". Enquanto isso, a mãe, Klara, estava "ab­
sorvida nos afazeres domésticos e, sobretudo, sempre dedicada
Klara Hitler era 23 anos aos cuidados da família" .
mais nova que o marido
e tinha Adolf como seu
filho predileto
Historiadores reforçam a

relação confiituosa de Hitl er com

seu pai, tido como um tirano, que

impunha a lei e a ordem sob castigos físicos.

Relatos de SU rras que Adolf teria levado do

pai na infância são freqüentes e muitos usam

esse trauma para explicar a

psique maligna que Hitler

viria a desenvolver

EDUCAÇÃO RíGIDA E MORTE DOS PAIS


Numa típica família alemã, a educação dada aos filhos era a
mais rígida e dura possível. Klara deu à luz outros dois filhos an­
tes de Adolf, Gustav e Ida, que morreram com poucos meses de
vida por causa de difteria. Quando Adolf tinha cinco anos, nas­
ceu Edmund, que também não resistiu e morreu de sarampo, e,
dois anos depois, Paula, que se tornou a única irmã por parte de
pai e mãe viva de Hitler (com Franciska, Alois havia tido dois fi­
lhos - Alois Jr. e Angela).
O futuro ditador da Alemanha foi uma criança solitária e
independente, de poucos amigos e diversões. Suas leituras ba­
seavam-se em histórias de guerras e aventuras militares, coi­
sas que o fascinaram desde pequeno. Em "Minha Luta", ele
relembra que sua leitura favorita na infância era compos­
ta pelos dois volumes de uma revista ilustrada que falava da
guerra franco-alemã, ocorrida em 1870-71 (guerra em que
Bismarck, então chanceler alemão, unificou a Alemanha e inau­

6 Grandes líderes da História


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gurou o II Reich). "Daí em diante, eu me entusiasmava cada que, logo de começo, pouca esperança de cura oferecia. Não
vez mais por tudo ue, de qualquer modo, se relacionasse com obstante, isso atingiu-me atrozmente. Eu respeitava meu pai,
a guerra OL com a vida militar". mas por minha mãe tinha verdadeiro amor", recorda Hitler no
A autoridade paterna prevalecia sempre e as decisões de final do primeiro capítulo de "Minha Luta". Sozinho na cida­
Alois eram incontestáveis. Historiadores reforçam a relação de grande, sem a mãe, ele, enfim, teria de encarar a vida com
conflituosa de Hitler com seu pai, tido como um tirano, que os próprios punhos.
impunha a lei e a ordem sob castigos físicos. Relatos de surras
que Adolf, que m is tarde assassinaria milhões de judeus, teria VIENA E AS ARTES
levado do ai na i fância são freqüentes e muitos usam esse Outro golpe que marcou a decepção de Adolf Hitler com
trauma para explicar a psique maligna que Hitler viria a desen­ a vida foi a sua reprovação na prova para ingressar na Aca­
volver. Est dos de psicologia sobre o efeito de quando adultos demia de Belas-Artes em Viena. Crendo que seria facilmente
dão surras em crianças trazem a história de Hitler como mode­ admitido, pegou a herança deixada pelo pai, retirada quando
lo, como o exemplo extremo a que esta educação, chamada de completou 18 anos, e rumou para a capital austríaca ao lado -­
"educação destrutiva", pode chegar. do único amigo que tinha em Linz: August Kubizek. O deslum­
Em contrapartida, o próprio Hitler não fala de ter apanhado bramento inicial de Hitler com a cidade deve ter sido o oposto
do pai. Diz apenas sobre brigas e discussões com ele, mas não da miséria e da fome com que passaria seus próximos anos no
relata nenhum c so de castigo físico. local. Ele mesmo escreveu que Viena va­
Sua maior discussão com o pai aconte­ lia a ele "como uma viva lembrança dos
Para Ad O If H itl e r, a perda
ceu quand ,aos 11 anos e diante de um
talento pai a o d senho, Hitler decidiu -
da mae seria comparável a
mais tristes tempos da minha vida. Cinco
anos de misérias e de sofrimentos, eis o

-' que seria pintor. m artista! Essa postu­


ra era demais para um rígido educador e
conservadc.r como Alois, para quem sua
outro eve nto que marcaria sua
que significa a minha estadia nessa cida­

de de prazeres" .

Viena vivia sua "belle époque", com

decepção com a vida: o não­


própria vida era o exemplo a ser seguido a efervescência cultural e artística e ca­
pelo filho. A autondade e a vontade do ingresso naAcademia de fés, óperas e concertos às margens do
pai de que o filho fosse também funcio­ Belas-Artes em Viena Danúbio. Era um centro cultural compa­
JÍ. nário públi:o iriam se opor à rebeldia e rável a Paris, uma metrópole com cerca
ao sonho 00 menino de ser pintor. Conta Hitler: "Pela primei­ de 2 milhões de habitantes. Mas o lado bom da cidade contras­
ra vez na v da fui, ai chegado aos onze anos, forçado a fazer tava com milhares de desempregados. E mesmo os que tinham
oposição. Por mais firmemente decidido que meu pai estivesse uma ocupação trabalhavam para a mera subsistência. Assim,
·na execução de s s planos e propósitos que se formara, não uma massa de vagabundos e delinqüentes pairava pelas ruas
..
,
era menor a teimosia e a obstinação de seu filho em repelir um vienenses, configurando uma mistura de raças que possibilita­
pensamento que pouco ou nada lhe agradava. Eu não queria ria a Hitler o estudo e a formação de sua personalidade e ide­
ser funcionário público". ologia racistas.
. Segun o Hitler, essa decisão fez com que seu pai ficasse Depois da primeira recusa de admissão na Academia de Be­
contra ele, torna do-se cada vez mais irritado. No entanto, las-Artes, aconteceu outro fracasso. Adolf Hitler foi até a escola
Adolf não se refere nunca a agressões fisicas. Contrariado, aca­
bou se desinteressando em definitivo pelos estudos que não
estivessem ligados às artes. Isso culminou com o abandono da
escola dois anos depois da morte do pai, aos 15 anos. Além do
seu desinteresse, ma infecção pulmonar o derrubou, e o mé­
dico receitou que ficasse um ano sem ir à escola.
A morte do p i, em 1903, não foi dolorosa como a perda
da mãe quatro anos depois, em dezembro de 1907. O faleci­
mento de i</ara pegou Hitler de surpresa, que estava restabele­
cido em Viena desde setembro do mesmo ano. Klara teve um
câncer no seio e, desesperado, Adolf contratou os serviços mé­
dicos de E mund Bloch, médico judeu famoso e que cobrava
a/tos honorários. Diante do sofrimento da paciente, o médico
sugeriu tratar as feridas com gazes embebidas em iodo. Aler­
tou que isso pod ria, como efeito colateral, envenenar a pa­
ciente. Hitler aceitou o risco e Klara foi tratada, morrendo em
seguida ef tivamente por intoxicação de iodo. Sua morte era
tida como certa, mas o tratamento a antecipou. O transtor­
no que to ou conta da mente do filho órfão foi imenso. "A
sua morte se deu epois de uma longa e dolorosa enfermidade

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questionar os motivos e ouviu do diretor que sua vocação era Reinhold Hanish, o tal conhecido, os venderia em cafés, óperas
para a arq itetura, não para a pintura e o desenho. De fato, as e igrejas. Mas a parceria não durou muito, pois Hanish sumiu
pinturas de Hitler de edifícios eram primorosas, mas as que exi­ com um dos quadros, deixando Hitler furioso.
giam carac.terização humana ficavam muito a dever. "Estava Nesse ínterim, Adolf foi tendo contato maior com livros e
'. tão conve cido do êxito do meu exame que a reprovação que com as idéias anti-semitas, além de periódicos que ressalta­
. me anunciaram feriu-me como um raio que caísse de um céu vam a raça ariana e colocavam a mistura racial como o grande
sereno", r cordaria ele depois. Assim, aquele jovem desiludido problema do Império Austro-Húngaro. Tudo ajudou a moldar
estava livre e sem ocupação na capital do império. seu pensamento. Em Viena, Hitler descobriu os dois perigos
Até os 21 anos, Hitler recebia uma pensão de órfão, com a que tinham "horrível significação para a existência do povo
qual mal conseguia comer. Quando chegou de Linz, ele e Kubi­ germânico": o marxismo e o judaísmo. Seus cinco anos na ci­
., zek alugaram um quarto de pensão, mas, após a morte da mãe dade, até 1912, fariam com que consolidasse seu ódio à de­
e uma visita do amigo aos pais, Adolf deixou a pensão e desa­ mocracia (" É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma
pareceu na mass vienense, não dando mais notícias ao ami­ agulha do que ser descoberto um grande homem por uma
go. Nesse tempo em que passou perambulando, sem residência eleição"), ao governo imperial dos Habsburgo ("Se o Parla­
ou ocupação fixas, Hitler fez de tudo um pouco: foi ajudante mento nada valia, menos ainda valiam os Habsburgo"), aos
de operário e carregador de malas na estação, removeu neve posteriores socialistas, sindicalistas e a todas as raças que não
e pintou uadro. Ele e um conhecido fizeram parceria num fossem arianas. A ideologia nazista estava formada. Era ques­
negócio: dolf pintaria pequenos quadros e cartões-postais e tão de tempo para ele a pôr em prática.

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Por Lucas Pires
Logo após ter feito seu requerimento

soldado, Hitler foi aceito e

para ser
estadia de Hitler em Viena acabou em maio incorporado ao ,16 Regimento

de 1912, quando ele se mudou para Munique, a metrópole das


artes alemã. Há dois motivos de sua partida: o ainda sonho de
de Infantana da Reserva da Baviera.

ser artista e a fuga do alistamento militar. Como o montante de Alguns meses depois, partiu junto a

desempregados e desocupados em Viena era enorme naquela


seus companheiros para o

época, o governo austríaco resolveu garimpar os pendentes


com o serviço militar, e Hitler era um dos que não havia se alis­ front ocidental
tado. Com a polícia em seu encalço, foi para a Alemanha a fim
de evitar servir um governo que odiava. Em "Minha Luta", ele
escreveu que foi atraído para Munique porque era uma cidade riza, mas, pelo país alemão, pela glória da pátria que ainda não'
alemã, livre da mistura de raças que ele havia presenciado em era sua (pois ainda não era um cidadão alemão), ele estava dis­
Viena, e que contava com uma vida artística agitada. De fato, posto a dar a vida se necessário. "Começou então para mim,
Hitler co sidero o período em que viveu em Munique, até es­ como provavelmente para todos os outros alemães, a mais
tourar a guerra, o mais feliz de sua vida. inesquecível e a maior época da minha vida. Com orgulho e sau­
Mas nem mesmo a fuga foi capaz de evitar a polícia aus­ dade, recordo-me das primeiras semanas daquela luta heróica
tríaca. Oito mes s depois de sair de Viena, Adolf foi localizado do nosso povo, na qual graças à benevolência do destino, me
e preso como d sertor. Em vez de ser enviado a Linz, acabou foi dado tomar parte", escreveu Hitler sobre esse momento.
levado para Salzburgo, onde foi examinado e liberado do ser­ Logo depois de ter feito o requerimento para ser solda­
viço militar por s r considerado inapto para atividades militares. do, Adolf Hitler foi aceito e incorporado ao 16° Regimento de
Devido à vida penosa dos últimos anos, seu físico não era avan­ Infantaria da Reserva da Baviera. Alguns meses depois, partiu
tajado ne forte e, por isso, concluíram que ele era fraco de­ junto a seus companheiros para o front ocidental e lutou em
mais para carregar armamentos pesados. Assim, Hitler voltou diversas batalhas, como o desastre de Ypres (quando, de 3.500
para Mu ique livre de qualquer pendência com o Império soldados, apenas 600 sobreviveram) e as batalhas em Tourco­
Austro-HG ngaro. ing e em Neuve Chapelle. Foi tido como soldado valente e es­
Desse evento até o início da Primeira Guerra Mundial, pas­ forçado, chegando a ser promovido a cabo. Mas daí não pas­
sou-se menos de um ano, período em que ele viveu de quadros sou devido à sua condição de austríaco (ou seja, não-alemão)
vendidos nas ruas e de pequenos biscates. A rotina de quartos e por diversos ferimentos que havia sofrido. Em 1916, no dia 7
de pensão sujos e baratos era compensada pela leitura de jor­ de outubro, Adolf foi ferido na perna e ficou na reserva por al­
nais anti-semitas, livros sobre política e panfletos que falavam guns meses até que voltou à frente de batalha no ano seguinte.
da conspiração judaica contra o mundo. Um deles, o mais fa­ Trabalhando como mensageiro, isto é, levando e trazendo men­
moso até hoje," s Protocolos dos Sábios de Sião", parece ter sagens entre os diversos centros de batalha, Hitler esteve sem­
sido seu c mpanheiro de cabeceira. pre exposto ao ataque inimigo, mas nunca deixou de cumprir
Hitler viveu assim até que chegou a notícia de que o ar­ seu dever, até mesmo salvando diversos companheiros que en­
quiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do Império Austro­ contrava pelo caminho. Em 14 de outubro de 1918, em uma
Húngaro, tinha sido assassinado por terroristas sérvios em Sa­ de suas incursões, ele foi atingido por bombas de gás mostar­
rajevo. Em julho de 1914, o Império declarava guerra à Sérvia. da inglesas que o deixaram cego temporariamente. Sofreu um
Era o início da Primeira Guerra Mundial. colapso e acabou internado no hospital militar de Pasewalk,
de onde ouviu a informação, em 11 de novembro, de que a
PARTIC PAÇ O NA PRIMEIRA GUERRA grande nação alemã perdera a guerra e se rendera.
OS europeus já esperavam por uma guerra, mas os alemães
a desejavam, tanto que Hitler e toda uma multidão vibraram o COMEÇO DO ÓDIO
entusiasmados na Praça Odeon, em Munique, quando a Ale­ Em 1918, Hitler recebeu por duas vezes a Cruz de Ferro,
manha declarou guerra à França. A nação germânica uniu-se uma condecoração de reconhecimento pelos valores em guer­
aos austría os contra a Sérvia, que teve ao seu lado a Rússia e a ra. Mas seu esforço pessoal não se refletiu em avanço alemão.
Europa Ocidental. Logo o incidente original - Sérvia versus Im­ Quando estava na reserva no hospital próximo a Berlim, Adolf
pério Austro-Húngaro - ficou em segundo plano. A luta era por ficou cada vez mais convencido de que teria havido um boicote
território e tre um poder imperial alemão e o resto da Europa. judeu comunista dentro da própria Alemanha. Ele chamou isso
A possibilidad de fazer parte de um momento histórico de propaganda inimiga, desencadeada pela imprensa semita
alemão e, mais ainda, de uma conquista grandiosa como a que que propagava um fim trágico à Alemanha e a culpa do Kai­
pretendia a Alemanha fez com que Hitler logo se apresentasse ser. Desenvolveu maior ódio aos judeus por crer que eles, den­
como volu tário. Pela Áustria, ele fora dispensado e nem to­ tro do esforço de guerra alemão, foram, aos poucos, tomando
maria a iniCiativa de lutar por um governo que o causava oje- conta de toda a produção e de todos os negócios do país. Isso

Grandes líderes da História II


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France Presse

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Soldados franceses decarregando caminhões perto do campo de batalha de Verdun, no leste da França, em 1916

itL... . r judeus, dentro do esforço de guerra alemão,


acreditava que os
, .
teriam,
ao' poucos, tomado conta de toda a produção e de todos os negoClos do país.
Is o foi interpretado como traição por ele quando 400 mil trabalhadores
berlinenses entraram em greve pedindo o fim do conflito
foi interpretado como traição por Hitler quando 400 mil trabalha­ Sob instigação do então presidente norte-americano
dores berlinenses entraram em greve pedindo o fim do conflito. Woodrow Wilson, foi criada a Liga das N'1-ções, com o objeti­
Os tratados de paz entre os países aconteceram ao lon­ vo de negociar e solucionar pacificamente qualquer conflito que
go de t do o ano de 1919, mas o mais importante foi o assi­ pudesse ocorrer no cenário internacional dali pra frente. Sediada
nado n dia 28 de junho: o Tratado de Versalhes, acordo que em Genebra, a organização teve participação discreta no decor­
foi fech do entre as potências ocidentais vitoriosas no conflito, rer da década de 1920, mas não foi muito eficiente em razão da
França e Grã-Bretanha, com respaldo dos Estados Unidos, que pr6pria recusa dos Estados Unidos de se juntar à Liga.
logo saiu de cena. À Alemanha foram impostas punições que, No começo de novembro, antes mesmo de ter sido assi­
sem dú ida, seriam o motivo latente da Segunda Guerra Mun­ nada a paz com as potências ocidentais, o estado alemão ficou
dial. Sob o argumento de que aquela nação era a única respon­ em convulsão com rebeliões e tentativas de revolta. Diferentes
sável pela eclosão da guerra, as maiores limitações recaíram facções políticas disputavam o poder e entre elas havia comuni­
à Alem nha, para não permitir que o país crescesse e se tor­ stas que queriam um regime semelhante ao soviético e aqueles
nasse n vamente forte. A nação alemã estava privada de man­ que desejavam a manutenção do governo imperial. Mas nenhum
ter marinha e força aérea efetivas; teria o exército limitado ao deles prevaleceu: Guilherme II, o Kaiser, foi obrigado a renunciar,
máximo de 100 mil homens; teria parte de seu território ocu­ deixando o cargo de chanceler para Friedrich Ebert. A República
pado militarmente; e veria a extinção dos direitos sobre suas foi proclamada e, em janeiro de 1919, um complô comunista foi
até enCo colônias ultramarinas, que ficariam sob os domínios esmagado, culminando com a morte de dois de seus líderes: Karl
britânic , fran ês e japonês. Além disso, a Alemanha perdeu Lirbknecht e Rosa Luxemburgo. Berlim estava ainda um caos,
territórios, como parte da região leste (que ficou com a Polô­ com trabalhadores armados pelas ruas, quando mudaram a
nia), da Alsácia-Lorena, que voltou para a França, e teve de capital da nova república para Weimar. O exército que sobrou da
pagar i denizações de guerra exorbitantes. guerra passou a ser responsável pela contenção de revoltas.

11 Grandes líderes da História


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France Pre!se

ENCO TR COM O PARTIDO NAZISTA


Hitlel voltou a Munique em março de 1919, depois de ter
atuado como guarda em um campo de concentração de presos
russos na cidade de Traunstein. Ainda pertencente ao corpo
militar, f i designado para a comissão de inquérito do exér­
cito para buscar suspeitos de ligação com o comunismo. Fez
um curso de instrução política para se tornar oficial instrutor,
cuja função era proferir palestras promovendo o nacionalismo
e condenando o comunismo. Em seguida, passou a integrar o
corpo de espionagem do exército, trabalhando como espião em
reuniões de movimentos revolucionários e de esquerda. Muitas
das inves1igações não passavam de reuniões de amigos que se
juntavam para beber e desabafar em alguma das várias cerve­
jarias de Munique. No entanto, foi num desses encontros que
a vida de Hitler udou radicalmente, deixando para trás uma
vida de s Idado para se tornar um carismático político.
As h milhações impostas à Alemanha pelo Tratado de
Versalhes marcariam toda a carreira política de Hitler na
década de 1920. Seus objetivos, a partir dali, eram reverter
o quadro, vingar os traidores da pátria, que deixaram a Ale­
manha ser derrotada, e recuperar a glória da nação de Bis­
marck. Essa idéia era demasiadamente forte em Hitler, que
se negava a acreditar numa derrota militar alemã sem a
cooperação interna de judeus e comunistas, que teriam mina­
do a resistência civil e propagado uma paz que desencadeou na
humilhação da nação. Em "Minha Luta", Hitler descreveu um
cenário inteiramente favorável à Alemanha no fim da guerra,
afirmando que a vitória estaria muito próxima se não fosse a

Exército norte-americano sob o

comando do gen ral John Pershing

Grandes líderes da História 13


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atuação interna de judeus, que buscavam domínio sob o capi­
tal inter o, e d s comunistas. Rapidamente, difundiu-se a teo­
ria da "punhalada nas costas", que nada mais era do que essa
Adolf Hitler recebeu, no quartel do 2°
idéia fixa de Hitler de que o exército alemão fora derrotado Regimento de Infantaria, onde dOI"mia num quarto
não pel s inimigos de armas, mas pela traição de indivíduos em
seu próprio território, isto é, por judeus, socialistas e comunis­
na companhia de camundongos, um
tas. Segundo ele, "a derrota foi o primeiro resultado catastró­ cartão-postal anunciando que ele fora aceito
fico visí el, por parte do povo, de um envenenamento moral,
que consistia no enfraquecimento do instinto de conservação,
como sócio do Partido dos Trabalhadores Alemães
resultante da pr paganda de doutrinas (oriundas de grupos ju­
daicos e marxistas) que, há muito, vinham minando os funda­
mentos da nação e do Império". foi muito aplaudido e cumprimentado por todos (não mais que
Em 12 de setembro de 1919, Adolf Hitler fora designado a 20, 25 pessoas). Uma semana depois disso, Hitler recebeu,
espionar um grupo que se chamava" Partido dos Trabalhadores no quartel do 2° Regimento de Infantaria, onde dormia num
Alemãe ". Era apenas a reunião de alguns homens na cervejaria pequeno quarto na companhia de camundongos, um cartão­
Sternecker sob a liderança do fundador do partido, Anton Drex­ postal anunciando que ele fora aceito como sócio do Partido
ler. Hitler descreve que, no encontro, houve um debate livre de dos Trabalhadores Alemães. Na carta, marcavam uma reunião
idéias e que, como ele não agüentou o discurso de um dos ora­ para a ratificação de sócio. Em dúvida quanto a aceitar o con­
dores, que pregava a separação da Baviera da Alemanha, pe­ vite ou não, Hitler acabou sendo o sétimo sócio do futuro Par­
diu a pa avra e falou sua opinião sobre um dos temas que mais tido Nazista. "Eu não pensava em entrar para um partido or­
o fascinava: a união dos povos germânicos (sob essa desculpa ganizado e sim em fundar o meu próprio partido", escreveu
Hitler iria anexar a Áustria em 1937 e invadir a Tchecoslováquia ele. De fato, Hitler entrou para um partido organizado, mas
no ano seguinte). O homem a quem Hitler se dirigia foi em­ logo tratou de transformá-lo em seu partido. Em poucos me­
bora antes mesmo que terminasse sua fala. O futuro Führer ses, o partido seria ele.

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A GRANDE GUERRA, O INíCIO DE TUDO

Tudo que o homem já havia enfrentado em termos bélicos homens morreram diariamente.
e militares, a Primeira Guerra Mundial superou em todos os Mas o maior pesadelo estava nas trincheiras, na
nivei~. Pela primeira vez na história, estourava uma guerra frente ocidental. Eram buracos cavados no chão protegi­
considerada mundial, pois envolvia todas as grandes potên­ dos por sacos de areia em que homens se movimentavam
cias, em especial os Estados europeus, com exceção de Es­ enfrentando fome, frio, chuvas, doenças e o medo da morte
panha, Paises Baixos, Suiça e Escandinávia. O Japão também a qualquer momento. Frente a frente com o inimigo, sair
ent!' u na guerra, assim como os Estados Unidos e o Canadá. da trincheira era morte certa. As tentativas de tomada de
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E mais: indianos e africanos foram enviados para combater posição adversária foram quase sempre massacres, como
na Europa. o de Verdun, em 1916, quando uma ofensiva alemã que
A novidade dessa guerra não se resume ao fato de ter sido envolveu 2 milhões de soldados acabou perdendo metade
global, mas também por sua crueldade e pelo uso de armamen­ deles. O historiador inglês Eric Hobsbawm, maior autori­
tos otados de alta tecnologia. Foram utilizados, pela primei­ dade do século 20 viva, em seu livro "Era dos Extremos: O
ra vez, submarinos, armas voltadas para bloquear o abaste­ Breve Século XX", descreve como se deu a guerra de trin­
cimento do exército inimigo e matá-lo de fome, aeroplanos e cheiras: "Milhões de homens ficavam uns diante dos ou­
tanques (não muito eficientes, mas aperfeiçoados na Segunda tros nos parapeitos de trincheiras barricadas com sacos de
Guerra Mundial). Além das ferrovias surgidas no decorrer do areia, sob as quais viviam como - e com - ratos e piolhos.
século 19, estradas haviam sido construidas e facilitavam a lo­ De vez em quando, seus generais procuravam romper o im­
comoção de tropas, assim como veiculas movidos a gasolina. passe. Dias e mesmo semanas de incessante bombardeio de
As a mas de infantaria também impressionavam: os britânicos artilharia 'amaciavam' o inimigo e o mandavam para baixo
carregavam rifles que podiam atingir um homem a 800 metros da terra, até que no momento certo levas de homens saiam
de distância. metralhadoras que atiravam 600 tiros por minu­ por cima do parapeito, geralmente protegido por rolos e
to e canhões pesados que chegavam a acertar alvos distantes teias de arame farpado, para a "terra de ninguém ", um
mai~ de 10 km. Pela primeira vez na história, uma guerra apre­ caos de crateras de granadas inundadas de água, tocos de
sentou mais mortos decorrentes da ação do inimigo do que por árvores calcinadas, lama e cadáveres abandonados, e avan­
doenças. Nos quatro anos que durou a guerra, cerca de 5 mil çavam sobre as metralhadoras, que os ceifavam, como eles
sabiam que aconteceria".
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14 Grandes Líderes da História
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Grandes Líderes da História 15
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5 O IGENS DO MAL EM HITLER

D 'ntro dL literatura que marcou os estudos sobre Hitler, A buscapor um trauma ligado ajudeus nessas explicações é níti­
um dos temas mais suscitados é aquele cuja pretensão é expli­ da e talvez insincera. Muita coisa virou folclore, outras se perderam
car as L rigens do anti-semitismo assassino do Führer. Diversos diante do absurdo das divagações. Os judeus são também afonte do
autores apoiaram-se emfatos da vida dele, muitos duvidosos ou mal de Hitler em outras versões. Além daquele de um judeu sedutor
pouco (ríveis, e em muitas conjecturas para transformá-lo no que engravidou a avó paterna de Adolf, há uma que coloca o mesmo
Mal em amado. judeu sedutor, agora um professor de música, que noivou e engravi­
As razões para seu comportamento são diversas, mui­ dou Geli Raubal, a sobrinha-amante de Hitler. Diante da descobe­
tas abs Irdas ( cómicas, mas nenhuma traz uma explicação rta, ele teria forçado Geli a se matar ou mesmo providenciado sua
satisfatúria. Alem do motivo citado anteriormente sobre um morte. Seria a dor da perda e a vingança que levariam ao Holocaus­
possívei sangue judeu vindo do avó, uma das razões mais comu­ to. Uma terceira teoria envolvendo osjudeus coloca a culpa nafigu­
mente citadas é aquela que coloca a educação excessivamente ra de um médico desastrado que, por erro ou omissão, teria deixado
rígida n'cebida por Adolf corno motor-propulsor de seu mal. Seu que Klara, mãe de Hitler, morresse. O sofrimento pela perda da mãe,
pai seric um tirano inconseqüente que surrou por diversas vezes o causada por um judeu, seria a explicação para seu anti-semitismo.
filho. A obediência cega seria obrigação e qualquer forma de re­ Uma das teorias mais cómicas, mas que recebeu certo crédi­
beldia 0'1 desobediência geraria represálias. A psicologia explica to na década de 1980 é a da mordida de bode. Ela veio à tona
certas d'sfimções em adultos como seqüelas de castigos físicos e através das memórias de um advogado que defendeu um soldado,
humilhal'ões quando crianças. Devido à educação destrutiva, as em 1943, acusado de difamação ao Führer. Esse soldado afirma­
crianças maltratadas tendem a reprimir e negar todos os maus tra­ va ter sido colega de Hitler na escola na Austria. A difamação em
tos e agr 'ssões recebidas, pois, caso contrário, elas não resistiriam questão seria a informação de que Adolfnão teria um dos testícu­
à dor. & ÇQ dor seria represada quando adultos em forma de força los porque fora arrancado por uma mordida de bode. Segundo o
destrutiva. Seria deste modo, negando a dor e seus sentimentos, soldado, quando criança, Hitler apostou que conseguiria urinar
ou seja, encobrindo mentalmente a verdade a que era submetido, na boca de um bode e, na tentativa de ganhar a aposta, o bicho o
que Hitlpr teria se transformado no ditadorquefoi e no estopim do teria mordido e arrancado um dos seus testículos. Para reforçar
genocídi J, insen~ível a qualquer sentimento de humanidade. essa teoria, quando encontrado o cadáver de Hitler carbonizado,
Ouh a explic ção, cujos boatos vinham desde o pré-guerra, é em 1945, constatou-se que ele não tinha o testículo esquerdo. Essa
a teoria da sífilis, a qual alega que Hitler teria adquirido sífilis, mordida consistiria nafonte da posterior insanidade do Führer.
uma do(cnça sexualmente transmissível, com uma prostituta ju­ Toda essas teorias não passam de buscas de explicação para
dia de VIena. Aí estaria a origem do anti-semitismo dele, sendo a algo que talvez não tenha explicação. Ou será que alguém em sã
"Soluçãl Final" resultado de efeitos perturbadores na mente do consciência diria que Hitler matou milhões de judeus porque um
doente n 1m estágio adiantado da enfermidade. Essa teoria expli­ bode o mordeu ou porque um médico judeu deixou acidentalmente
caria aU mesmo o suposto suicídio da sobrinha de Hitler, Geli sua mãe morrer? Buscar explicações é típico dos homens, ainda mais
Raubal, em 1931 cam quem ele mantinha uma relação ambígua: para algo tão abominável quanto o queAdolfHitlerfez na Alemanha.
ela teria ~e mat do porque fora contaminada com a sífilis. Mas explicar e entender não pode significar compreender e perdoar.

Hitler faz a saudação


nazista durante a abertura
as Olimpíadas de Berlim,
em agosto de 1936

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,; éJas-:Olirnpíadas de~B'erli;;:{ F;':ám,3~73~ ho~énsr;'34li fnu-~./ ,um diJes geá o,.,maiq,r exymplo.~d'e r,éspeito'e ~sporj:í)/idade
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UERRA
tlca
o
A invasão da Polôn ia
m termos mais simples, a pergunta sobre
ese cadeou uma guerra quem o que causou a Segunda Guerra Mundial pode ser

euro éia contra Inglaterra respon uas palavras: Adolf Hitler" , afirma Hobsbawm
em "Era os Extremos". De fato, é quase um consenso que
Fra ça, mas, à medida as maiores potências européias não queriam o conflito, mas
acabaram arrastadas a ele pela agressão ultrajante dos países
ue as tropas de Hitler que formavam o Eixo: Alemanha, Itália e Japão. Estas nações
estavam descontentes com as resoluções pós-Primeira Guer­
vançavam, o receio de um
ra Mundial e com a partilha de territórios e de influências ­ a
i pério nazista tomava conta Alemanha pela humilhação da derrota e pelo excessivo rigor
do Tratado de Versalhes; a Itália e o Japão por insatisfação
o undo. Tudo parecia soar pela pouca parte que lhes coube e desejos imperiais não rec­

fav r do Führer, até que ompensados pela participação na Primeira Guerra.


Hitler tinha noção de seu poderio militar e da competên­
Je resolveu invadir a Rússia cia de seus exércitos quando, em apenas três semanas, sub­
jugou a Polônia. No fim de setembro, o país polonês não
viu os Estados Unidos passava de uma região anexa à Alemanha. Parte desse ter­

ntrarem na guerra ritório foi ocupada pela então URSS em decorrência do tra­
tado de não-agressão entre os países. Com o pacto, foi pos-

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Tropa alemã no ataque à URSS, em 1941

de '940; Portugal e Espanha, governados por líderes fas­ glaterra, numa operação apelidada de "Leão-Marinho". Os
cistas (Salazar e Franco), permaneceram neutros. Hitler até ataques aéreos da Luftwaffe, a Força Aérea Alemã, intensifi­
que tentou egociar a presença espanhola ao lado das for­ caram-se em julho contra navios ingleses no Canal da Man­
ças alemãs, mas o general Francisco Franco, após três anos cha e, posteriormente, a diversas cidades, incluindo Lon­
de ma guerra civil que destroçara o país (guerra na qual dres. A Real Força Aérea Britânica (RAF) era relativamente
armament s alemães e italianos foram testados ao lado recente e inexperiente, contando com a maioria de pilo­
das forças franquistas), considerou inoportuna uma parti­ tos na base dos 20 anos, mas a tecnologia dos equipamen­
cipação espanhola e "declinou" o convite de Hitler. tos, com radares eficazes, possibilitou uma guerra defensi­
Winston Churchill, primeiro-ministro inglês nomeado va e de desgaste por parte dos ingleses. O combate mos­
, em 'llaio d 1940 e que prometeu ao povo "sangue, cansa­ trou-se decisivo para o desenrolar do conflito, pois Hitler
ço, _uor e lágrimas", viu-se isolado e em inferioridade mili­ teve de abandonar a Operação Leão-Marinho depois que
tar. A frente de batalha em terra, que avançou para conter viu, em agosto, aviões britânicos furarem o espaço aéreo
as forças nazistas em conjunto com as francesas, foi rapi­ alemão e bombardearem Berlim. Foi o primeiro grande gol­
damente r pelida e só se salvou pela retirada de Dunquer­ pe sofrido por Hitler em uma série de triunfos.
que o que evitou o massacre e a perda de consideráveis
con .ingentes humano e bélico ingleses. Um ano depois PRÓXIMO PASSO, A URSS
de iniciada a guerra, as forças antagônicas resumiam-se Apesar disso, a Grã-Bretanha tinha uma política mais
ao novo império alemão, que havia tomado quase todo defensiva, sem um efetivo de guerra que abrisse caminho
o c ntinente europeu, contra a pequena ilha britânica ao para uma contra-ofensiva sobre a Alemanha. Assim, com a
norte do continente. Recuado em seu território, Churchill Inglaterra fora de controle, Hitler pôde se preparar para sua
poderia facilmente chegar a um acordo de paz com grande cartada, o objetivo maior de seu ímpeto imperialis­
Hitler, o q e foi proposto, pois o líder alemão queria for­ ta : a "Operação Barba Roxa", ou seja, a invasão da URSS,
mar uma frente contra a União Soviética, mas o ímpeto foi país que, até então, estava fora do conflito pelo pacto de
exclusivamente o de resistir, incitando o povo ao esforço não-agressão. Adolf Hitler resolveu invadir a Rússia comu­
de uerra e ao sacrifício. Ciente de uma derrota caso ten­ nista, onde esperava encontrar recursos naturais e mão-de­
tasse um ataque aos nazistas por terra, Churchill conden­ obra escrava para o golpe final do III Reich. Este é tido como
so seus esforços de guerra em o maior erro do Führer e aquele
desenvolver uma força aérea
H itler teve de ab~ndonar a Operação que marcou a virada do pêndulo
co siderá el e manter o pode­ da Segunda Guerra.
rio naval que, historicamente, Leão-Marinho depois que viu, A Europa Oriental também
marcou a rã-Bretanha. Nisso
em agosto, aviões britânicos havia caído nas mãos do Eixo,
cor sistiam suas esperanças de deixando livre o caminho até a
resistência até que algo novo furarem o espaço aéreo alemão União Soviética. A ofensiva con­
surgisse n horizonte.
e bombardearem Berlim. tra a URSS foi programada para
De fat , a resistência in­ 22 de junho, uma data marcante
glesa aos ataques de Hitler Foi o primeiro grande golpe para Hitler que a conside-rava de
foi heróic . O ditador alemão
sofrido pelo FÜhre r sorte. No ano anterior, a França
pretendia ma invasão à In- havia se rendido naquela data e,

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em 1812, f ra o dia escolhi­ tas) não teria a mesma for­
do por Napoleão Bonaparte Hitler resolveu invadir a Rússia comunista, ça de vontade de um ari­
ano. Com essa crença, os
onde esperava encontrar recursos naturais
para invadir a me ma Rús­
sia. A idéia de Hitler era a alemães avançaram eficaz­
que marco suas conquis­ e mão-de-obra escrava para o golpe mente pelo território sovié­
tas anteriores: uma guer­ tico nas primeiras semanas
final do III Reich. Este é tido como o maior
ra-relâmpago que pegasse de combate. Prosseguiam
o adversári de surpresa e erro do Führer e aquele que marcou a rumo à capital russa sem
o subjugass o mais rapida­ muitas dificuldades, pois
virada do pêndulo da Segunda Guerra
mente possível. Previa que Stálin não esperava por
até setembro, antes do in- essa ofensiva germânica
verno russo, as for as de Stálin estariam dominadas e as que fragmentava a frente de batalha alemã em dois fronts
principais ci ades russas - Moscou, Stalingrado e Lenin­ - o ocidental e agora o oriental.
grado -, ocupadas pelos alemães. Mas, para a infelicidade de Hitler, as forças nazistas não
Mas um detalhe precisa ser colocado aqui. O suces­ conseguiram terminar a invasão antes do inverno. Subesti­
so de Hitler e sua independência em relação às ações maram o poder de resistência do povo russo e a tática de
que tomava irritaram Mussolini, que se sentia em segun­ Josef Stálin, que impôs uma política de terra arrasada (isto
do plano numa gu rra que faziam juntos. Ressentido, o é, bater em retirada deixando para trás nada que pudesse
líder italiano resolve invadir a Grécia e tomar aquele país ser usado pelos inimigos). Esta resolução foi fatal dentro
sozinho. No entanto, as tropas italianas, uma das me­ do esquema pensado por Hitler, pois suas tropas não es­
nos eficientes de toda a Europa, ficaram em apuros. A in­ tavam preparadas para uma guerra mais longa do que a
vasão à URSS havia, inicialmente, sido programada para prevista. Não tinham levado alimentos e combustível sufici­
maio, mas a ncompetência e a inveja de Mussolini fizer­ entes, além de munição e vestimentas propícias para o pior
am com que Hitler a iasse o ataque aos russos e dispusesse inverno russo de todos os tempos. As baixas temperaturas
seus homens a resolver a situação na Grécia. Com isso, a fizeram com que as correntes dos tanques congelassem e se
"Operação Barba Roxa" acabou atrasada em cinco semanas, quebrassem, além das armas enguiçarem e necessitarem de
o que foi de f ndamental importância para seu fracasso. lu brificantes constantemente.
Mesmo sim, Hitler acreditava que um ataque con­
junto pelo céu e por terra faria as forças russas capitu­ ALIADOS CONTRA-ATACAM
larem sem mito esforço. Na verdade, o Führer não co­ Alguns comandantes do exército queriam a retirada das
locava muita fé na vontade russa de resistir. Um povo tropas do território russo, mas Hitler era tão implacável em
racialmente inferior (os soviéticos eram considerados esla­ seus objetivos que, muitas vezes, cegava-se para a verdade.
vos, uma raça comp rada aos judeus, além de comunis­ Ordenou que continuassem a guerra até o fim. Foi quando

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Pearl Harbor

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ATENTADO CONTRA HITLER
tro as de Hitler, na URSS, não A guerra já estava perdida em quase todas as frentes de bat­
e avam preparadas para uma guerra alha. Os russos haviam tomado, aos poucos, todos os territórios
ocupados pelos alemães nos dois primeiros anos de guerra. Cami­
mais longa do que a prevista, Não tinham
nhavam para Berlim enquanto a frente ocidental, no dia 6 de jun­
levado alimentos e combustível ho de 1944, via o desembarque na Normandia, fato chamado de
.­ o "Dia D". Dali, os Aliados libertariam a França e os demais países
suficientes, além de munlçao e
, . do oeste europeu. Mas, nada fazia Hitler perder as esperanças.
estimentas propicias para o pior Ele demonstrava que era a vitória total ou a derrota total. Assim,
ordenou que todos continuassem a luta, até a morte, se necessário.
Inver O russo de todos os tempos Por mais incrível que pareça, quase nenhum alemão contestava as
decisões do Führer. Confiavam cegamente em suas palavras, tanto
cheg u deze bro e, de fato, a história da guerra mu­ que não houve baixa no ímpeto da população.
dou e rum . O exército russo deu início à sua con­ Mas alguns conselheiros e homens do partido tinham exa­
tra-ofensiva que os levaria até Berlim, e o Japão ata­ ta noção de que o caminho para o qual o Führer os levava era
cou a base naval americana de Pearl Harbor em 7 de o da completa destruição. Queriam um acordo de paz com as
deze bro, f rçando os Estados Unidos, até então fora potências ocidentais, mas também sabiam que, com Hitler no
da g erra, a entrarem no conflito. De Stalingrado, as poder, isso seria impossível. Assim, planejaram um atentado, que
forças alemãs começaram a cair. Em pouco mais de dois se desenvolveu em 20 de julho de 1944. O coronel Klaus von
mese , meio milhão de soldados nazistas haviam mor­ Stauffenberg foi até o quartel-general do Führer com uma bom­
rido r o combate. Sem muito pensar no que a decisão ba dentro de uma pasta de couro. No gabinete de Hitler, de­
acarr taria, itler declarou guerra aos Estados Unidos positou-a ao chão junto ao pé da mesa, a menos de dois metros
em 11 de dezembro, assim como a Itália. O presidente de seu alvo, e saiu da sala mediante uma desculpa qualquer. Ou­
RoosE:velt, enfim, tinha uma motivação para entrar na viu-se a explosão e alguns minutos se passaram até que Adolf Hit­
guerra ao lado dos Aliados: o conflito chegava ao seu ler saísse, de entre a fumaça e destroços, ferido e tonto. O atenta­
estágio global. do fracassou e o que se viu em seguida foi o banho de sangue de
A partir de 1942, os rumos da guerra pareciam já ter quase 5 mil pessoas consideradas oposicionistas ao regime.
um lado para o qual pender. A praticamente produção A saúde de Hitler piorava dia após dia. Sedentário, tinha cor­
ilimitada dos Estados Unidos seria fundamental para minar rentes dores de cabeça, cãibras e dores pelo corpo. E o atentado
as forças de itler, que buscou intensificar a produção bé­ serviu para acentuar um tremor nervoso no braço e na perna es­
lica, f rçand os povos conquistados a trabalharem em querdos. Cada vez mais, ele permanecia trancado na Chancela­
camp s de concentração. Ao mesmo tempo, ele decidiu ria de Berlim. A insanidade parecia estar tomando conta de Hitler
pela' Soluçã Final", começou o transporte maciço de ju­ cada vez mais, pois a cada dia suas atitudes atrozes aumentavam.
deus para os campos na Europa Oriental e pôs os campos A guerra ia chegando ao fim. Num movimento contrário ao
de extermíni para funcionar pra valer. expansionismo alemão de 1939 até 1941, os territórios conquis­
A derrota da Alemanha era apenas uma questão de tados eram reconquistados e iam espremendo o exército alemão.
tempo. Na África, um dos melhores generais de Hitler, Em 1945, nada mais poderia salvar a Alemanha, nem a morte de
Erwi Rommel, que havia mantido as tropas inglesas no Roosevelt conseguiu dar forças para resistir. Em abril daquele ano,
norte africano longe da batalha na Europa, encontrava Mussolini foi preso e assassinado por rebeldes, que penduraram
o início de sua derrocada, que teria fim com a rendição seu corpo como troféu e o espancaram brutalmente. Hitler, no fi­
'em aio de 1943 na Tunísia. Hitler prendeu-se mais e nai de abril, enfim sentiu que a derrota estava próxima quando os
mais na frente contra os russos, deixando o front oci­ russos tomaram Berlim. No dia 30 de abril, cometeu suicídio ao
dent I descoberto. Logo forças anglo-americanas entra­ lado de Eva Braun, sua fiel amante por 16 anos. No dia 7 de maio
ram o território italiano pela Sicília e o Grande Consel­ de 1945, a Alemanha assinava a rendição incondicional. Era o
ho F cista a Itália exigiu a renúncia de Mussolini por fim do nazismo, o fim de Hitler.
sua conduta uma guerra que não levou a Itália a lugar
algu . Em seguida, foi preso pelo governo provisório de
Pietr Badoglio e, em 3 de setembro de 1943, a Itália
assinou a rendição. Uma semana depois, Hitler enviou
uma tropa para libertar Mussolini. Apesar da incom­
petê cia em termos militares, o duce italiano fascista
sempre foi eu modelo e acreditava que ainda poderia
ajud r na guerra. Livre, Mussolini fundou a República de
Saló e prometeu ao Führer que reorganizaria a resistên­
cia f scista na Itália.

líderes da História
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~- POLÊM ADA MORTE

As últimas horas de vida de


Ad If H itler foram marcadas
pela de ilusão com a derrota e
pela insanidade. Com um tiro
na cabeça, o Führer se matou,
te do eu corpo em segu ida
queimado enquanto os russos
inv diam Berlim. No entanto,
há ai da aqueles que alimentam
um ito de que ele sobreviveu

morte de Adolf Hitler ainda é tema de discus­


sões e desconfianças pelo mundo. Diversas versões surgiram a
cada nova possibilidade - suicídio, envenenamento - e houve
mesmo quem diss sse que o Führer fugira de Berlim e que sua
morte fora criada para enganar os Aliados. Mas fato é que,
hoje, tem-se certeza da morte dele, mais precisamente de seu
suicídio, no dia 30 de abril de 1945.
Em 20 e abril de 1945, Hitler completou 56 anos. Nesse
mesmo dia, depois de ser cumprimentado por todos aqueles
que permaneciam no bunker da Chancelaria de Berlim, para
onde forarr depois que Berlim passou a ser atacada, ele se
reuniu com seus principais homens - Martin Boorman, Goe­
bbels, Himmler, Gõring, Speer e Ribbentrop - para deliberar
sobre os andamentos da guerra. Conscientes da derrota, pro­
puseram a Führer que deixasse a cidade e fosse para outro
refúgio mais seguro, o de Berchtesgaden. Hitler teria se recu­
Segundo jornais
sado a deixar a capital. Entre todos ali, apenas ele mantinha a
americanos da década de
idéia de ainda vencer a guerra. 1980, Hitler teria vivido
A morte do presidente Roosevelt soou-lhe como um sinal até os 100 anos e aqui na
de esperan a. Depois disso, acreditou que dois exércitos ale- América do Sul

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ra abatida, que constantemen­
te recorria a injeções de estimu­
lantes. Num de seus surtos pós­
estimulantes, anunciou a todos
sua decisão de cometer suicí­
dio, acentuada pela notícia de
que Himmler abria negociações
de paz com o conde sueco Ber­
nadotte. Informou que morreria
em Berlim quando a cidade esti­
vesse próxima a ser totalmente
tomada pelo exército vermelho.
Himmler foi logo declarado trai­
dor e condenado à morte, mas
foi o auxiliar do chefe da Ges­
tapo, de nome Fegelein, casado
com uma irmã de Eva Braun, que
foi morto.
A idéia do suicídio veio a Hi­
tler por duas razões: a primeira
era não ser capturado vivo pelos
Aliados e a outra era o medo de
que acontecesse a ele o mesmo
que haviam feito com seu cole­
ga Mussolini. O líder italiano fora
preso e assassinado. Receoso de
morrer como um traidor ou um
delinqüente, e não querendo ser
exibido em nenhum museu de
cera (como Lênin, o líder da re­
volução russa de 1917) como tro­
féu, ordenou a seus homens que,
após morto, fosse queimado.
Depois de tais resoluções,
Publicação da época afirma que Hitler e Eva teriam fugido de Berlim falou a todos que estavam no
bunkerque quem 'quisesse pode­
mães pudes em libertar Berlim e isso significar à guerra o que ria partir a qualquer momento. Não mais precisariam ficar.
foi a batalha de Stalingrado para os russos - o ponto de vira­ Goebbels e alguns outros decidiram continuar com ele até
da. Mas suas orde s para os tais dois exércitos nunca foram o fim. Então, Hitler distribuiu ampolas de cianureto (um
cumpridas, pois eles não mais existiam. Mesmo assim, Hitler veneno poderoso que matava em instantes depois de to­
permaneceu incólu e, proibindo que a palavra derrota fosse mado) a todos que permaneceram e tratou de providen­
sequer pronunciada. ciar seu casamento com Eva Braun. Num ato que poucos
No entanto, sua saúde es­ compreenderam, ele desposara
tava demasiadamente afeta­ a mulher que lhe dedicara mais
da, ainda mais após o atenta­
suicídio
A idéia do Hitler veio a por de 16 anos de vida. Goebbels e
do de julho de 1944. Seu cor­ razoes:
duas a primeira era não ser Boorman foram as testemunhas,
e houve champanhe para a co­
po já não andava ereto e tinha
capturado Aliados
vivo pelos e memoração. Era 29 de abril e,
tumores no braço e nas pernas
que aparentavam mal de Pa­ outra medo
era o de que acontecesse logo em seguida ao casamento,
Hitler se recolheu ao seu gabi­
rkinson. Escondido há semanas fizeram
a ele o mesmo que com seu nete com a secretária Frau Lan­
no bunker sem mesmo ver a luz
do sol, empalidecera muito e o
colegaMussolini. o líder italiano fora ge para ditar seus testamentos
- um pessoal e outro político.
olhar, antes brilha te, perdera assassinado
preso e Foram feitas três cópias dos do­
sua força. Tornara-se uma figu­ cumentos, enviadas uma para a

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sede do partido e as demais para os generais D6nitz e Sch6r­
ner. Neles, Hitler nomeou D6nitz como presidente, Goeb­
bels o novo chanceler e Boorman, ministro do partido. An­
tes de dormir, o Führer testou, com sucesso, o cianureto em
seu cão Blondi.
Hitler e Eva Braun recolheram-se para o quarto logo de­
pois do alm ço do dia 30 de abril e de terem cumprimenta­
do as pesso s presentes. Minutos depois, às 15h30, os cria­
dos ouviram um disparo e correram em direção ao quarto de
Hitler, enco trando-o sobre o sofá com a cabeça estourada.
Ao seu lado, estava Eva Braun, morta e com uma pistola na
mão. Ela tomou o cianureto. Hitler manteve uma cápsula do
veneno na boca, mas preferiu morrer com a honra dos mili­
tares. Imedi tamente após verem que seu líder havia de fato
se matado, o criado de quarto, de nome Linge, Boorman e
o Dr. Stumpefegger cobriram os corpos com um cobertor e
trataram de levá-los para fora do bunker. As ordens finais de
Hitler foram que fossem queimados e, para tanto, encomen­
dou uma re essa de 200 litros de gasolina para o motorista
Kempka, qu conseguiu reunir apenas 170 litros de veículos
abandonados nas ruas. Os corpos de Hitler e Eva Braun fo­
ram depositados numa vala no jardim da chancelaria, cober­
tos por gaso ina e ateados fogo. Quando acabaram as cha­
mas, os rest s fora enterrados.
Goebbel enviou, então, uma mensagem a D6nitz infor­
mando da morte do Führer. Depois, como indicou que faria,
envenenou os seis filhos e ordenou a um soldado que execu­
tasse a ele e sua esposa. O mais fiel dos seguidores de Hitler
seguiu-o até na morte. Os demais presentes no bunker ten­
taram fugir e alguma forma, mas quase todos foram cap­
turados pelos russos, que estavam a duas quadras do local
quando ocorreu o suicídio. O único de que não se soube
mais foi Martin Boorman, fato que alimentou diversas lendas
em torno de sua fu a.
O exército russo chegou ao bunker nos dias seguintes
e, em 4 de aio, u soldado, Ivan Curakov, encontrou os
corpos de Hitler e Eva queimados. Os soviéticos tinham em
mãos a verdade sobre a morte de Hitler - os restos humanos
e as principais testemunhas que estavam com ele até o fim.
Em 23 de maio, um médico informou o resultado da autóp­
sia. Era de fato o cadáver de Hitler, pois a arcada dentária e
uma palite identificavam-no, além de uma cápsula de cianu­
reta, que foi acusada como a causa da morte. Prontamente,
os russos propagara a idéia de que Hitler morrera envene­
nado e não c m um tiro, o que provaria uma morte covarde.
Mas a verdac e parece ter vindo à tona com uma investiga­
ção realizada por autoridades anglo-americanas no decor­
rer daquele ano. A conclusão foi de que Adolf Hitler havia
morrido com tiro na cabeça disparado por ele mesmo. Essa
investigação irou um livro, escrito pelo próprio responsável
pelo caso, H.R. Trevor-Roper. "Os Últimos Dias de Hitler"
tornou-se um best-seller desde então, mas foi muito critica­
do na época. Já hoje, é quase um consenso.
No testamento de Hitler, uma última ordem à nação:
"Continuem a comb ter os judeus". Morreu convicto de seus
ideais, admirável se não fosse tendente ao mal.

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Por Lucas Pires cumento que descreve uma conspiração judaica para conqui­
star o mundo. Esse livro inspirou muito Hitler em suas idéias e
era levado a sério pela população. Assim, quando o nazismo
ada é mais erróneo do que acreditar que o iniciou sua política de perseguição e, posteriormente, de elimi­
preconceito e a perseguição aos judeus começaram com o na­ nação, já havia enraizado na mentalidade popular um senti­
zismo. Não foi Hitler que criou o anti-semitismo, ele apenas mento de repulsa aos judeus. Em outras palavras, havia uma
levou tal d utrina ao seu grau extremo - o do extermínio. pré-disposição a aceitar a perseguição, acentuada pela debili­
Quando est va no poder, elevou o anti-semitismo a uma políti­ dade económica e moral pela qual passava a população.
ca de Estado que visava, num primeiro momento, expulsar to­
dos os judeus dos territórios ocupados pelo Reich e construir TRÊS ESTÁGIOS DA PERSEGUIÇÃO
uma Alemanha" limpa", com apenas a população ariana. A partir de 1933, todo um aparato institucional de violência
Mas é p ssível afirmar que Hitler não conseguiria provocar e terror tomou conta da Alemanha. O pensamento anti-semita
o Holocausto sem o consentimento da população. A teoria cor­ no período do III Reich pode ser dividido em três estágios de
rente é de que a população alemã nada sabia sobre os campos crescente recrudescimento da violência. Num primeiro momen­
de extermínio e o assacre de judeus, mas uma história revi­ to, que vai de 1933 a 1938, percebeu-se a tentativa de banir
sionista provou que, de fato, o povo alemão não só sabia como os judeus de todos os campos sociais - económico e político
apoiava o g nocídio. Claro que a interiorização de um com­ essencialmente - através de leis, como as de Nuremberg, que
portamento terrorista, capaz de aceitar a morte do outro como impunham a proibição do casamento entre judeus e arianos,

anti-Senil ita

natural, só poderia acontecer com um incessante bombardeio boicotes económicos, prisões e espancamentos. Exemplos de
de propaganda anti-semita. Os nazistas foram especialistas em ações nessa direção: demissão de funcionários públicos judeus
criar e espalhar cartazes, filmes, livros e panfletos denegrindo a em 7 de abril de 1933; programa de confisco de bens perten­
imagem dos j deus, muitas vezes retratados como insetos, co­ centes a judeus em 1934; médicos judeus proibidos de exercer
bras e outras pragas pestilentas. À imagem do homem de pele, sua profissão em hospitais públicos a partir de março de 1936
olhos e cabelos c1aro~ do ariano, contrastavam as vestes sujas, e o expurgo de toda arte e literatura não-alemãs, que culmi­
o nariz encorpado, a barba longa e a feição diabólica do judeu. nou com a queima de livros proibidos pelo regime na Praça da
"Enquanto as Imagens dos arianos expressavam beleza, docili­ Ópera de Berlim. O resultado dessa primeira ofensiva foi que
dade, pureza e inocência, aquelas que se referiam aos judeus 150 mil judeus deixaram a Alemanha no período de 1933 a
representavam a falsidade, a mesquinharia, a luxúria e a agres­ 1938, sendo 2 mil deles jornalistas e intelectuais.
sividade", confirma a historiadora Maria Luiza Tucci Carneiro. Um segundo estágio teve início em 1938, com a "Noite dos
Mesmo antes da propaganda nazista, o espírito contra ju­ Cristais", quando mais de 7,5 mil lojas e quase 200 sinagogas
deus já existia e era muito forte não só na Alemanha. Panfletos foram pilhadas e incendiadas, 300 judeus foram assassinados e
e livros anti-semitas foram lançados aos montes no decorrer do outros 30 mil, levados a campos de concentração. Durou até
século 19, tanto que, em 1893, o Partido Anti-Semita do Povo 1941, com a decisão pela "Solução Final". Nesse período, au­
conquistou 16 cadeiras no Parlamento alemão. mentaram as prisões e os judeus dos países invadidos eram en­
Entretanto, o mais divulgado libelo anti-semita surgiu na viados para os campos de trabalho forçado e de concentração.
Rússia em 1905. "Os Protocolos dos Sábios de Sião" é um do­ Um programa de eutanásia, conhecido como "Aktion 4", foi

Grandes Líderes da História 39


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implantado para matar doentes mentais crônicos. No final de
1941, cerca de um milhão de judeus haviam morrido por diver- .
sas motivos sob domínio nazista.
O terceiro estágio foi marcado pela radicalidade da per­
seguição, que foi exatamente o momento em que o regime
adotou o extermínio como solução para a questão judaica. A idé­
ia era matar cerca de 11 milhões de judeus de toda a Europa. A
execução em massa começou com a invasão da então URSS e
a deportação dos judeus para os guetos e campos da Europa
oriental. Antes das câmaras de gás, o fuzilamento era uma
das formas de extermínio. No entanto, era considerado len­
to e pre-judicial à moral dos atiradores. Então, as câmaras de gás
foram aprimoradas (primeiramente funcionando com monóxi­
do de carbono, depois com o gás Cyclon B, um ácido prussiano
fabricado originalmente para combater vermes e com efei­
to mais acelerado) e enormes fornos crematórios foram
construídos para dar fim aos corpos. Em muitos campos, os corpos
eram usados na fabricação de sabão, e dos cabelos confecciona­
vam-se chinelos para os tripulantes dos submarinos.
No julgamento de Nuremberg, em abril de 1946, Rudolph
Hess, um dos diretores de Auschwitz, o campo de concentração
que mais matou judeus - entre 1,5 e 2,5 milhões - descreveu alguns
procedimentos: " ... o bafo e o fedor nauseabundos, produto da
perpétua combustão dos corpos, invadiram a região toda, de modo
que os habitantes das comunidades das redondezas sabiam muito
bem que em Auschwitz processavam-se extermínios C..) Esperáva­
mos habitualmente meia hora antes de reabrir as portas para reti­
rar os cadáveres. Depois de transportados, nosso comando especial
apoderava-se dos anéis e dos dentes de ouro dos cadáveres".

o LEGADO DO HOLOCAUSTO
A matança generalizada contra os judeus nos campos de ex­
termínio foi considerada segredo de Estado pelo regime nazista,
que não queria que tais informações vazassem para o mundo,
pois isso só acarretaria num recrudescimento no combate aos
alemães. Mas, conforme os exércitos russos iam libertando os
países invadidos e ocupados, deparavam-se com a realidade da
crueldade destinada aos judeus. Os quase 8 mil sobreviventes
presos em Auschwitz só encontraram a liberdade em janeiro de
1945, quando foram libertados pelos soviéticos em um estado
tal de miséria que, dificilmente, diria-se que eram seres humanos.
Até maio, quando descobriram o campo de Mauthausen, prisio­
neiros de outros cinco campos haviam sido libertados. As auto­
ridades aliadas ordenaram que a realidade das atrocidades fosse
documentada no próprio local. Tais documentos foram essenciais
para a condenação de nazistas no Julgamento de Nuremberg.
a resultado final da guerra para os judeus chegou à casa
câmaras de gás,

Antes das dos 6 milhões de mortos. Livres das garras nazistas, não tinham
para onde ir e nem em quem se apoiar. a retorno à vida, como
o fuzil menta era uma das formas
o despertar após um longo inverno, contrastava duas realidades:
de e ermínio. No entanto, era considerado
a felicidade da libertação e a incógnita do futuro, que era ainda
mais desanimador quando detectado que eles não podiam se
um método muito lento e prejudicial
dirigir a lugar algum e tinham de permanecer em campos or­
à moral dos atiradores
ganizados pelos Aliados esperando alguma resolução. Desprovi­
dos de qualquer bem material ou lar, além do trauma da perda
de parentes e do sofrimento vivido, acabaram buscando abrigo

40 Grandes líderes da História


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em outros lJaíses ( edidas que exigiam pedidos de visto e certa
burocracia) ou migrando para a Palestina (legalmente ou não). o resultado final da guerra para os
Um navio repleto de sobreviventes judeus da guerra rumava ile­
galmente para a Palestina quando foi capturado pela marinha judeus chegou à casa dos 6 milhões
britânica e 1947. Do lado de fora do Exodus, nome do navio, de mortos. Livres dos nazistas, não tinham
uma faixa dizia: "Os alemães destruíram nossas famílias e nossos
lares. Não destruam nossa esperança" . para onde Ir e nem em quem se apoiar
Logo um movimento pró-criação de um estado judaico
nasceu, que culminou com a partilha da Palestina e a criação do
estado de Israel e 1948. Os judeus, considerados apátridas
até então, tinham um território para chamar de lar.
•••••••••••••••••••••••••••
O ANT -SEN ITISMO COMO IDEOLOGIA
Anti-semitism é a hostilidade ideologicamente motivada
contra o povo judeu e sua cultura. Ele é antigo e pode ser
remetido ' consolidação do cristianismo como religião do­
minante n Ocidente. Desde que o cristianismo assumiu essa
postura, o tratamento dado aos judeus varia em três formas:
conversão, expulsão ou eliminação. Há os fatores econômi­
cos, sociais, políticos e raciais, mas foi o religioso que marcou
o anti-semltismo até o século 19. Historicamente, o povo ju­
deu foi tido como culpado pela morte de Jesus Cristo.
Esse movime to anti-semita pode ser dividido em três
momentos distintos: o pensamento teológico (tradicional),
o científico (mod mo) e o neonazista (contemporâneo). O
primeiro f i corrente desde a Idade Média até o início do
século 19. Com conotação econômico-religiosa, esse anti­
semitismo baseava-se nas doutrinas pregadas pela Igreja
Católica, principalmente na Península Ibérica. Na Espanha
do século 15, leis proibiam os cristãos-novos (judeus con­
vertidos ao catolicismo) de exercer função pública ou ingres­
sar em corporaçõ s profissionais. Freqüentemente, na Idade
Média, os judeus eram responsabilizados por terremotos,
pela peste negra ou pelo envenenamento de poços d'água.
Já o científico, que apareceu no final do século 19,
não seguiu mais a fundamentação teológica, nascendo, as­
sim, um novo anti-semitismo, fundamentado em argumen­
tos científicos. Surgiram, principalmente, na França e na Ale­
manha e apoiavam-se em teorias racistas, por sua vez base­
adas numa pseudociência ligada à biologia e à antropologia
social. Foram publicados estudos de Gobineau e Chamber­
lain, por exemplo, em que "provavam" serem os judeus per­
tencentes a uma raça inferior e os consideravam agentes no­
civos à humanidade.
Por último, a terceira fase do anti-semitismo ressurgiu a
partir dos nos de 1980, após uma hibernação de pratica­
mente 30 nos, devido à divulgação dos crimes praticados
contra os judeus pelos nazistas. Essa retomada do movimen­
to anti-semita não é mais baseada em argumentos teológi­
cos nem científicos. Ganha o nome de neonazismo, pois
é um anti- emitismo mascarado pelo anti-sionismo, que é
negar ao j deu a ua liberdade e independência nacional,
ser contra I-rael. Mitos de seus seguidores chegam a negar
o Holocausto ou mesmo a inverter a ordem carrasco-vítima,
colocando s nazistas como as vítimas em questão .
••••• •••••••••••••••••••••

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oOU FICA

46 Grandes líderes da História


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- --~---
1m ossível olhar Hitler e não ver nele aquilo que mais se

aproxima do Mal em termos humanos. Jamais vai-se

e quecer da agressão à humanidade que ele promoveu

Pires

ompreender a era nazista na história alemã e que se dissiparam com a guerra. Se a lição de Hobsbawm é
uadrá-Ia em seu contexto histórico não é perdoar o compreender, não para perdoar, mas sim para julgar, relembrar
ge ocídf . De t da forma, não é provável que uma pessoa tal julgamento torna-se tarefa obrigatória para evitar que
que tenha vivido este século extraordinário se abstenha novo mal aconteça. Ainda mais em tempos como os atuais,
de julgar. O difícil é compreender". Essas palavras de Eric quando se vê movimentos neonazistas e outros que negam a
Hobsbawm servem para todos aqueles que estudam ou existência do Holocausto. A História é o maior professor que
buscam saber mais sobre quem foi Adolf Hitler e o que podemos ter, mas a memória enfraquece com o tempo. Daí a
representou o n zismo para o mundo. essencialidade de seu estudo.
Julgai e compreender, dois verbos, duas ações que, em Passados 60 anos do fim da guerra, é possível encontrar
se tratan o de Hitler, estão dissociadas. Todos julgamos, mas subsídios para saber quem foi Adolf Hitler? Um idealista,
nem tod s compreendemos. Para quem não viveu o horror um assassino, um líder carismático, um artista frustado, um
do nazismo, talvez os relatos não passem de palavras em psicopata sexual? Com certeza, ele foi tudo isso, e muito mais.
livros. Para outros, são marcas sinalizadas na própria carne. E é exatamente esse "muito mais" que se perdeu. Dentro
Nada foi mais monstruoso do que o regime nazista. E da ótica da moral e da ética cristãs, da distinção clara entre
Hitler e s us comparsas cansaram de avisar que poriam em Bem e Mal, não há como entender o genocídio. Hitler foi a
prática tudo o que de fato fizeram bem antes de iniciada encarnação do Mal, como muitos outros também o foram,
a guerra. Pelo enos desde 1926, quando foi publicado mas não há antecedentes de alguém que espalhou a morte
o livro "Minha Luta", o mundo tinha conhecimento do em escala industrial como ele.
que Hitler pensava dos judeus, da raça ariana e do que Goebbels, o ministro da Propaganda do III Reich e pessoa
pretendia empreender para recuperar a grandeza da nação mais próxima a Hitler durante todo o tempo, disse a um auxiliar
e do império alemães, perdida na Primeira Guerra. Mesmo seu certa vez: "Trabalho com ele há muitos anos, vejo-o quase
assim, Hitler chegou ao poder. todos os dias e, todavia, há momentos em que ele me escapa
Charl s Chaplin, em 1940, filmou "O Grande Ditador", completamente. Quem se pode gabar de o ter visto tal e qual
uma par' dia de Hitler em que colocou, com seu típico como ele é? No mundo da fatalidade absoluta em que ele
humor, as características de um regime autoritário baseado se move, nada mais possui sentido, nem o bem, nem o mal,
na crença de uma raça superior. Mas seu filme não foi capaz nem o tempo, e aquilo a que os homens chamam de sucesso
de prever o de fecho trágico que se veria em seguida. não pode servir-lhe de critério. Tomais-me por um doido, mas
Enquanto na ficção de Chaplin o final é um discurso escutai o que vos digo: é provável que Hitler termine numa
emocionado em que a fraternidade está acima de qualquer catástrofe. <...) Hitler tem inimigos no mundo que pressentem
raça ou credo, na vida real Hitler escolheu o caminho a sua personalidade, mas duvido que ele tenha um só amigo
inverso. E os resultados foram uma guerra em escala global que o saiba, à parte eu. E, apesar disso, o que ele é, em última
e uma carnifiCina como nunca vista antes. Definitivamente, instância, ignoro-o. Éele realmente um homem? Não o posso
Chaplin não previu Hitler. jurar. Existem momentos em que ele me faz tremer".
Assim, em termos morais, como explicar um regime Se nem Goebbels compreendia Hitler, como podemos
baseado na violência e no terror, na perseguição a minorias compreendê-lo? A nós, resta a tarefa de conhecer e julgar.
étnicas, n invas- o de países soberanos em nome de uma E, no caso de Hitler, julgar é condenar.
raça dita superior, sem que nenhuma nação se opusesse
energicamente contra? Talvez a pergunta que deva ser
formulada eque deve pautar os estudos sobre os nacionalismos Para quem não viveu o horror
atualmente seja outra: como foi possível a existência de um
do nazismo, talvez os relatos
Hitler? A explicação para esse mal é um dos enigmas mais
contunde tes do século 20. Talvez nunca cheguemos a uma não passem de palavras em
conclusão, mas o importante é que o fato deve permanecer.
livros. Para outros, são marcas
Pesquisar . conjecturar sobre os motivos que levaram Adolf . ",

Hitler a o iar os judeus a ponto de exterminá-los não pode sinalizadas na propna carne
ser mais i portante do que as mais de 60 milhões de vidas

Grandes Líderes da História 47


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I<"---OUII

LivROS E fi lM ES
Onde procurar mais informações sobre o assunto
As fontes de consulta a respeito de Hitler, do nazismo bons de historiadores sérios e outros mais sensacionalistas.
e da S gunda Guerra Mundial são das mais abundantes Há livros lançados no Brasil, mas com edição esgotada, como
da hist' ria contemporânea. Em pouco mais de 50 anos as biografias escritas por Joachim Fest, chamada "Hitler",
após o fim da guerra, o número de livros, filmes e estudos e por John Tolland, "Adolf Hitler". Outro esgotado é "Os
históric se int rpretativos ligados a ela é de impressionar. A Últimos Dias de Hitler", de H.R. Trevor-Hoper, que aborda as
bibliografia em português, como de costume, fica muito a versões sobre a morte do Führer.
dever a que há disponível em inglês e francês, por exemplo, A seguir, rastreamos uma série de obras sobre o assunto
mas, m smo assim, é possível ter acesso a trabalhos muito que está disponível em livrarias e lojas especializadas.

Llvl<GJS I

todo seu conteúdo racista e da apologia da raça ariana e


MINHA LUTA, DE do militarismo, é uma obra de interesse não só histórico
ADOLF HITLER como geral. É uma chave para compreender uma mente
(Centauro Editora) que foi a mais sanguinária do século 20.
Este é o livro que mais ódio e
paixão gerou no mundo desde seu PARA ENTENDER HITLER:
lançamento na década de 1920. A BUSCA DAS ORIGENS
Paixão dos alemães, que viam em
PAR ..

IKlI!'ii'~~R
DO MAL,
E"TI'.CO."

Hitler a figura que os livraria de DE RON ROSENBAUM

.... "$U . . . . OI"U .. S.O.a~

todos os males; ódio dos judeus e I!!!!!!I!!!!!!;]!!!:!I;;;!I!!!!I!!!!!!I[ (Editora Record)

comunistas, ue viam nele um manual de perseguição. O autor escreveu mais de


Certo é que que Hitler fez desde quando chegou a rD~A:l~.;';·~"··"'.wJ1 600 páginas em que faz uma
chanceler alemão e, posteriormente, a Führer estava investigação euma pesquisa ampla
descrito em seu livro, escrito da prisão em 1924. Nele, com historiadores e especialistas
Hitler fala de sua infância, sua vida em Viena e Munique e para tentar entender por que Hitler
sua experiência na Primeira Guerra, tudo isso entremeado fez o que fez. Suas buscas remetem
por seus argumentos de ódio ao governo austríaco pré­ aos avós de Adolf, passando por situações polêmicas
guerra, pela sua descoberta do anti-semitísmo que o sobre a v(da do fünrer, como o suicídio (ou não) de
marcaria pra sempre, pelo combate aos comunistas, sua sobrinha-amante Geli Raubal, interpretações
pela superioridade alemã, pela unicidade dos povos folclóricas e outras com certa credibilidade. Cheio de
germânicos e pela legitimidade da guerra por conquista referências a outras obras de importância histórica
aos povos considerados mais fracos e inferiores. para o estudo sério sobre Adolf Hitler e o anti­
"Minha Luta" já teve diversas traduções e edições semitismo no decorrer do século, é uma átima fonte
pelo undo todo e deve ser encarado como um para conhecer o mundo da historiografia e como
d0cumento histórico de inestimável valor para entender fazer história é um exercício subjetivo que envolve
Hitler e o nazismo. A edição atual, da Centauro Editora, ideologias e escolhas pessoais.
tem mais de 500 páginas e vem com diversas fotos. É
uma edição de luxo que qualquer leitor dificilmente o PAPA DE HITLER,
encontrará em livrarias. Isso porque há um forte lobby DE JOHN CORNWELL
judeu contra a venda do livro. Muitos donos de livrarias (Editora Imago)
são judeus proíbem que "Minha Luta" esteja em Um livro polêmico que estuda
suas prateleiras; outras, que se aventuram em pô-lo à as relações do papa Pio XII (Eugenio
venda, sofrem com ameaças judiciais. Tal história pode o PAPA DE HITLER Pacelli) com a Alemanha nazista.
A HISTÓRIA SECRETA DE

ser confirmada, pois, para este trabalho, a busca pelo P'OXII·JOHNCORNWELL Em suas pesquisas, o autor encontra
livro em livrarias foi fracassada e este só foi encontrado farto material que mostra que
direta ente na editora, que busca meios alternativos de Pacelli, quando era núncio papal em Berlim, ajudou
vender a obra, como pela internet. Hitler a chegar ao poder em 1933 e, diante do massacre
É importante frisar que "Minha Luta", apesar de de judeus no decorrer da Segunda Guerra, silenciou.

48 Grandes líderes da História


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HITLER POR ELE MESMO Fi MIS I'
(Martin Ciaret)
Considerado um livro-c1ipping, é A LISTA DE SCHINDLER,

uma obra que traz textos de diversos DE STEVEN SPIELBERG (1993)

especialistas já publicados. Éa reprodução Este filme foi aclamado pela crítica e deu a Spielberg o
de parte de obras, como as biografias Oscar de melhor diretor. Conta a história de Oskar Schindler,
de Adolf Hitler feitas por Joachim Fest um industrial membro do Partido Nazista que ajudou a salvar
e John Tolland. Além disso, traz trechos milhares de judeus. Essa história é o pano de fundo para
de "Minha Luta" e um perfil biográfico. Spielberg revisar seus antepassados e acertar contas com o
Uma boa indicação bibliográfica, estando judaísmo. Ele retrata, em branco e preto, o horror dos campos
a maioria os livr s citados esgotados. Em termos gerais, uma de concentração, sem camuflar a crueldade do tratamento
introdução ao universo de Hitler. aos judeus e nem a perversidade com que eram mortos.

HOLOCAUSTO: CRIME O PIANISTA, DE ROMAN POLANSKI (2002)


CONTRA A HUMANIDADE, Filme que retrata a vida de judeus no gueto de Varsóvia
Holo:austo DE MARIA LUIZA
Cnmr'OOl! diante da perseguição nazista. Pelo olhar de um pianista,
TUCCI CARNEIRO Wladyslaw Szpilman (o filme é baseado em livro de memórias
(Editora Ática) desse pianista), o diretor retoma uma narrativa realista,
A historiadora e pesquisadora, em mostra um retrato cru e fiel do massacre da população judia
linguagem simples e acessível a colegiais, na Polônia. Polanski ganhou o Oscar de melhor diretor e a
faz um panorama do que foi o Holocausto Palma de Ouro em Cannes por este filme.
e qual sua dimensão para o século 20.
Fala sobre cresci ento do anti-semitismo na Alemanha, como
se deu a perseguição aos judeus desde a tomada de poder pelos
o TRIUNFO DA VONTADE,
DE LENI RIEFENTAHL (1935)
nazistas e como a indústria da morte nazista se desenvolveu. A cineasta de Hitler, como ficou conhecida, filmou esse
documentário para o Partido Nazista quando da realização
ERA DOS EXTREMOS: do Congresso Nacional-Socialista de 1934. A estética
O BREVE SÉCULO XX, empregada tem sempre como finalidade a grandiosidade,
DE ERIC HOBSBAWM captando a cena de um ângulo que dê a dimensão da
(Cia das Letras) grandeza do que era o nazismo, para o qual-a aparência
Obra do famoso historiador inglês importava muito, pois seu regime era baseado no visual
que aborda o século 20, o século das e no impacto. Antes de Hitler fazer seus discursos, um
guerras. Num texto pessoal e cativante, monumental desfile acontecia com gigantescas bandeiras
Hobsbawm aborda os principais temas nazistas. Tudo era grandioso e essa sensação foi muito bem
I do século, entre os quais as duas guerras captada por essa cineasta que, acusada de propaganda
o entre elas têm destaque. nazista depois da guerra, acabou inocentada.

OS CARRAS OS VOLUNTÁRIOS DE O LONGO CAMINHO


HITLER, DE ANIEL CiOLDHAGEN PARA CASA, DE MARK
(Cia das Letras) JONATHAN HARRIS (1997)
Uma das questões que mais martelaram a História após aguerra Vencedor do Oscar de melhor
foi saber até ue ponto a população alemã tinha conhecimento do documentário de 1997, aborda o pós­
que os nazistas faziam aos judeus e até que ponto foram coniventes guerra pela ótica dos judeus. O que
com o Holo usto. Aqui, o autor busca demonstrar exatamente aconteceu a eles? Para onde foram? O
a idéia de que a população foi cúmplice de todo aquele horror, que os países vencedores - os Aliados
participando tivamente, inclusive em programas de extermínio. • ,'o '" '''' ""'1>0' _ destinaram a eles? São questões que

pouco conhecemos e o que o diretor Mark Harris mostra não

HITLER E O HOLOCAUSTO, é nada gratificante aos países aliados, especialmente Estados

DE ROB RT WISTRICH Unidos e Inglaterra. Pelo contrário, relatos de sobreviventes

(Editora Obj tiva) indicam que a vida pós-nazismo não se modificou com a

O autor faz uma análise e apresenta sua visão de como libertação. Os judeus eram alvo de racismo mesmo por parte

foi possível a instalação do nazismo. Ele busca explicar o que das tropas americanas. Uma das falas mais marcantes de "O

levou Hitler a empreender o maior genocídio da histôria da Longo Caminho para Casa", de um sobrevivente, diz que "era

humanidade, que matou 6 milhões de judeus. melhor ser um alemão derrotado do que um judeu libertado".

Grandes Líderes da História 49


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NosBRA os DE ESTRANHOS, DE
P R.f:l\;UOSDAACADEMIA
5,![üíoiiiliRItõR'lm's;;;;;;s,<lbo-g O RESG""
ATEI
DO
MARK JONATHAN HARRIS (2001) SOLDADO RVAN, DE
Outro documentário premiado do mesmo diretor de "O STEVEN SPIELBERG (1997)
Longo Caminho para Casa" abordando os judeus e o nazismo. O início, com o desembarque na
Aqui, através de arquivos fotográficos e depoimentos de Normandia no dia que ficou conhecido
sobreviventes, Harris mostra a trajetória de 10 mil crianças ............If como o "Dia D", é um dos retratos mais
judias que fora tiradas da Alemanha e levadas para lares cruéis da Segunda Guerra Mundial. A
e orfan tos britânicos. As histórias dessas pessoas estão mutilação de corpos, o sangue jorrando
entrecortadas pela narração "em off" de Judi Dench. Venceu e o mar de sangue que literalmente se
o Oscar de melhor documentário de 2000. vê chocaram muitos e abriram os olhos
daqueles que desconheciam ou ignoravam o horror que foi o
ARQ ITET RA DA DESTRUiÇÃO, combate ao nazismo. Dentro do espírito patriótico americano,
DE PETER COHEN (1994) Spielberg coloca uma questão de humanidade - resgatar um
O filme ressalta a importância que a arte teve para a soldado que perdera seus três irmãos na mesma guerra e enviá-lo
propagação do pensamento e dos intuitos de Hitler, cujo de volta à sua mãe - como contraponto à brutalidade da guerra.
princípio geral era embelezar o mundo, limpar tudo, o que incluía A resistência heróica aos tanques alemães e a satanização do
a elimin ção de um povo, no caso os judeus, considerados uma inimigo (não poderia ser diferente) elevam a participação dos
raça inferior. A marcha de Hitler sobre Paris após a capitulação homens americanos no combate, que não deixa de passar a
desta é exemplar. Amante das artes, Adolf Hitler visitou todos idéia de que um americano vale o sacrifício de até um exército.
os pont s turísticos da capital francesa, como o Arco do Triunfo
e o Mueu do Louvre. Ao mesmo tempo, a admiração pelas ~.iiiiiiiilDa>:l CONCORRÊNCIA DESLEAL,
artes faz contraponto aos campos de concentração, mostrando DE ErrORE SCOLA (2001)
..w.-:=.;:;:;
dois po tos essenciais do movimento - a busca da beleza e da Na Itália fascista de 1930, às
perfeição e a d struição. vésperas de estourar a guerra, dois
comerciantes vizinhos - um católico
o GRANDE DITADOR, DE e outro judeu - brigam pelos cliente)
em divertidas concorrências. Mas tudo
CHARLES CHAPLIN (1940)
O primeiro filme falado de Charles vai se transformando e ambos vão
Chaplin tornou-se também uma das criando uma forte amizade quando
obras mais significativas contra o o regime de Mussolini vai apertando
nazismo e o autoritarismo em geral. o cerco contra os judeus até sua expurgação final. Um filme
Aqui, Chaplin interpreta dois papéis excepcional para ver como a perseguição aos judeus acontecia
opostos - o de um barbeiro judeu no cotidiano e não apenas durante a guerra.
perseguido por tropas de choque e o
de um itador chamado de Hynkel. Uma sátira a Adolf Hitler, PEARL HARBOR, DE MICHAEL BAV (2001)
tem cenas marcantes, como a de Hynkel (Chaplin) dançando Uma superprodução que, como o nome indica, retrata o
com o lobo c mo se fosse um balão e o discurso final de ataque aéreo japonês à base naval americana de Pearl Harbor. O
redenção do p rsonagem. ataque foi o estopim para a entrada na Segunda Guerra Mundial
da maior potência até então, fato que foi decisivo para a vitória
CíRC.1JLO DE FOGO, DE JEAN­ aliada contra o Eixo. Produção ufanista norte-americana, talvez
JACQUES ANNAuD (2001) traga o retrato mais fiel do que deve ter sido o bombardeio a
A trama se passa em Stalingrado, Pearl Harbor. As cenas são incrivelmente realistas.
quando os alemães estão atacando a
cidade e impingem artilharia pesada SENTA A PUA!, DE
contra os russos. Estes, por sua vez, ERIK DE CASTRO (2000)
estão numa guerra de resistência que Documentário brasileiro que
terminaria com a expulsão dos alemães e reúne depoimentos de pilotos
posterior contra-ofensiva que levaria os brasileiros que foram combater o
Aliados à vitória. Dentro da resistência, Eixo na Itália em 1944. Estiveram
há um exímio soldado atirador, Vassili Zaitsev, tido como grande na Europa 49 pilotos e 417 homens
herói russo. Sua fama estava mantendo vivas as esperanças da de apoio. No filme, eles contam
popula -oe, diante disso, os nazistas resolvem enviar seu melhor histórias e dramas que viveram
atirador para acabar com Vassili. A partir daí, uma perseguição desde os treinamentos nos Estados
de gato e rato se faz entre os destroços da cidade. Unidos até a volta para o Brasil.

50 Grandes Líd res da História


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