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GT 38 | Psicologia Social e Saúde: os desafios das práticas profissionais na atenção à saúde de populações

em situação de vulnerabilidade social e na execução de políticas de saúde em contextos neoliberais

Coordenadores: Camila Claudiano Quina Pereira, UNIVÁS | Carlos Roberto Zamora Bugueño, PUC de Valparaíso |
Vanda Lúcia Vitoriano do Nascimento, UNIP

Este Grupo de Trabalho – GT– tem por objetivo propiciar um espaço de dialogia, discussões e problematizações sobre
as práticas profissionais na atenção básica à saúde de populações socialmente vulneráveis, frente aos desafios
cotidianos de execução das políticas de saúde em contextos neoliberais.
Desde o final do século passado, sob influência da Organização para o Crescimento e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), a gestão das políticas públicas na América Latina tem sido executada, principalmente, em uma perspectiva
neoliberal. Com foco na eficiência econômica, por vezes, a eficiência (alta cobertura e pouco gasto) é priorizada em
detrimento as necessidades e demandas da população, especialmente se está em alguma situação de vulnerabilidade.
Nessa linha, também têm sido promovidos os sistemas de avaliação de desempenho, em diversos níveis e formas, para
o controle e alcance de maior do desempenho econômico dos estados.
Na atualidade, os estados têm tido mudanças importantes em relação à gestão das políticas públicas, incluindo as
políticas de saúde; em alguns deles as políticas de gestão neoliberais foram fortalecidas. Assim, as mudanças nos
governos da América Latina têm tido um grande impacto nas prioridades e ações em saúde, acrescentando-se ainda os
sistemas e dispositivos de controle, o accountability, acarretando em maior distanciamento de ações que se voltem às
necessidades da comunidade, ainda que aqueles sistemas de saúde se proponham a incluir ações coletivas e
comunitárias de participação na gestão de saúde, geral e local.
Nesses contextos, o trabalho das/dos profissionais de saúde é ainda mais complexo, pois eles/elas têm que fazer
múltiplas tarefas ao mesmo tempo para cumprir com as exigências laborais, implementar as políticas, responder a
obrigações éticas e a necessidades das/os usuárias/os e comunidades destinatárias das políticas de saúde,
especialmente para pessoas, grupos e populações que vivem em situação de maior vulnerabilidade.
Entre as diversas disciplinas que trabalham nos sistemas de saúde, a Psicologia tem colaborado ativamente com os
processos democráticos de luta pela saúde, entendida como um direito de cada cidadão e cidadã. No Brasil,
psicólogos/as tiveram uma participação exemplar na criação e implementação do SUS e em diversos outros momentos
do processo de democratização do país. Assim como hoje, nas ações concretas das políticas de saúde coletiva,
especialmente no que se refere à participação da comunidade, ao planejamento e gestão de serviços, programas e
ações.
Com base na concepção ampliada de saúde, em que a saúde das populações está atrelada a determinantes sociais,
estilos de vida e à relação com o mundo em que vivemos, a Psicologia Social tem relevante responsabilidade na
contínua construção de ações: clínicas, terapêuticas, comunitárias, sociais e políticas, tanto no âmbito geral como local
e cotidiano. Em uma perspectiva teórica e metodológica, as práticas devem se voltar para ações que assegurem o
direito fundamental à saúde, tal como previsto no artigo 196 da Constituição Federal de 1988.
Portanto, faz-se necessário considerar as especificidades de cada população, tais como localização geográfica,
características culturais e econômicas, corroborando para efetivar os princípios da universalidade, equidade,
integralidade e participação social na saúde e para assegurar o direito de todos e de todas à saúde.
Partindo-se também do pressuposto de que algumas populações não têm o acesso à saúde, devido às distintas
vulnerabilidades as quais estão submetidas, ressalta-se a necessidade de considerar a diversidade da população
brasileira, reconhecendo os distintos segmentos, tais como as características étnico-raciais, gênero, condições de
moradia, segmentos geracionais, além das diferentes condições de saúde. Portanto, as práticas públicas de saúde
precisam considerar as especificidades de cada população: LGBT, em situações de rua, indígena, quilombolas, negra,
do campo, floresta e das águas, outras.
Entende-se ainda que a prática profissional, na perspectiva da Psicologia Social, tem como características: o
compromisso com os direitos sociais; uma ótica coletiva voltada para a compreensão dos processos de saúde e de
doença e de seus determinantes; um enfoque social e interdisciplinar, ações predominantemente na atenção básica e
que contemplem o contexto comunitário; a compreensão da saúde como um fenômeno coletivo sujeito às forças
ideológicas da sociedade. Associado a isto, salienta-se a participação destes profissionais nas esferas públicas de
saúde, tais como espaços de para criação, deliberação e controle das políticas de saúde (Conselhos, fóruns,
conferências, dentre outros).

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Nesse cenário, entende-se que as ações de psicólogos e de psicólogas podem ser atravessadas por dificuldades na
gestão, no trabalho interdisciplinar e de rede, bem como na garantia dos cuidados éticos e de direitos da população
assistida. Desta maneira, dada as ameaças de perdas de direitos vividas atualmente em nossa sociedade, considera-se
fundamental a discussão sobre os trabalhos que possam protagonizar resistências a modelos de programas e ações
neoliberalistas que ameacem direitos da população assistida. Devem-se criar alternativas para efetivar e implementar
as políticas públicas de saúde, tais como aquelas relacionadas a gênero, raça, orientação sexual ou que tratam do
impacto da violência no contexto da saúde.
Nessa perspectiva, encontram-se as políticas de saúde e práticas sociais que têm como centro populações assistidas na
atenção básica, com práticas voltadas para prevenção e promoção da saúde. Como também, ações de profissionais da
saúde e, principalmente de psicólogos/as, a comunidade pode fazer parte ativa das políticas de saúde e resistir às
politicas de saúde neoliberalistas.
Para discussão das práticas profissionais, em congruência com as proposições do eixo Práxis da Psicologia Social na
Saúde em contextos neoliberais, considera-se relevante acolher trabalhos realizados em equipes multidisciplinares
desenvolvidos em sistemas de saúde na América Latina, que sejam dirigidos a populações consideradas socialmente
mais vulneráveis no que se refere aos cuidados cotidianos com a saúde, tanto na promoção, como na prevenção e
recuperação, e que estejam vinculadas a questões de raça, idade, gênero, estigma, preconceito, discriminação social,
violência, bem como à participação social na luta pelo direito à saúde. Bem como, pesquisas acadêmico-científicas que
explorem os efeitos das políticas de saúde neoliberais sobre os profissionais de saúde por meio de práticas e
ferramentas de controle da gestão e do trabalho.
Deste modo, o trabalho do grupo focará no relato e diálogo sobre experiências profissionais, estágios acadêmicos e
pesquisas científicas fundamentadas em posicionamentos e reflexões críticas sobre a atuação de psicólogos e de
psicólogas no contexto das políticas e sistema de saúde na América Latina.

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A Atuação do Psicólogo nos Programas de Redução de Danos - Internveções para a Cidadania
Autores: Daniela Fernanda Simioni Vieira, UNIP
E-mail dos autores: daani-vieira@hotmail.com

Resumo: A Atuação do Psicólogo nos Programas de Redução de Danos Intervenções para a Cidadania
Daniela Fernanda Simioni Vieira Universidade Paulista
A interface da Psicologia com o contexto da Saúde Pública trata-se da inserção do psicólogo no debate sobre modos
de intervenção para além do enquadres clássicos de uma clínica individual e privada. Refere-se a uma atuação que
tem como prioritária em suas ações o compromisso ético-político próprio da Psicologia, bem como a construção de
políticas públicas comprometidas com a produção de autonomia e emancipação social.
Diante das possibilidades de atuação do psicólogo na saúde pública, especialmente no que tange ao trabalho
interdisciplinar, caracterizado por um grau de adesão a um paradigma que pense o processo saúde, doença e
intervenção de modo mais complexo e dinâmico , ou seja, integração entre as disciplinas , surge a proposta da
Redução de Danos (RD), visando à promoção da saúde e prevenção de doenças.
Este programa caracteriza-se como uma abordagem ao fenômeno das drogas que visa minimizar danos sociais e à
saúde associados ao uso de substâncias psicoativas. A Psicologia enquanto ciência está diretamente ligada ao trabalho
de Redução de Danos, pois entende a importância de um indivíduo consciente e protagonista da sua história, dando
voz e escolhas para os usuários, devolvendo ao usuário seu lugar existencial e de fala.
Esta Investigação Científica teve por objetivos identificar as práticas psicológicas aplicadas aos Programas de Redução
de Danos, bem como as contribuições da Psicologia para a política de drogas e os desafios enfrentados pelos
psicólogos que atuam com RD. Objetivou-se ainda analisar de que modo as práticas dos psicólogos junto aos
Programas de Redução de Danos podem ser caracterizadas enquanto práticas que favorecem o exercício da cidadania
de seus usuários.
Através de uma metodologia qualitativa, foi realizada a coleta de dados por meio de entrevistas semidirigidas
aplicadas a cinco psicólogos que trabalham ou trabalharam com os Programas de Redução de Danos, contribuindo,
essencialmente, com a implantação e processo de consolidação da política e das práticas de RD.
Por meio da análise de dados por categoria, A Redução de Danos possui práticas psicológicas que visam não somente à
diminuição de riscos e à prevenção com o uso de drogas, como também visam a resgatar e promover a cidadania do
usuário, por meio da inclusão social, da asseguração de seus direitos e liberdade de escolha, e do respeito a sua
individualidade. Algumas das práticas que visam a questão da cidadania ao usuário de drogas são: a assistência aos
usuários, como também à sua família, levando à integração e à reinserção ao meio familiar, como a garantia de
assistência à saúde, orientação, educação e aconselhamento, e o mais conhecido, a disponibilização de instrumentos
de proteção.
Considerar todas as dimensões da Redução de Danos implica numa concretização da cidadania do usuário, contribui
para o resgate da sua autonomia e ressignificação do seu mundo, fortalecendo assim, suas relações sociais e o
tornando sujeito ativo, com potencial para lidar com o seu consumo e com as consequências do uso das substâncias
psicoativas.
Palavras-chave: Saúde Pública, Políticas de Drogas, Redução de Danos.

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As redes de atenção às crianças vítimas de violência intrafamiliar no município de Uberlândia
Autores: Emerson Piantino Dias, PUC Minas/UFU; Maria Ignez Costa Moreira, PUC Minas
E-mail dos autores: emersonpiantino@ufu.br,maigcomo@uol.com.br

Resumo: Este estudo busca conhecer como ocorre o processo do atendimento dos casos de violência intrafamiliar
contra crianças no município de Uberlândia, sob a ótica dos profissionais que atuam na Estratégia Saúde da Família
(ESF) como componentes da Rede de Atenção à Saúde (RAS), ou seja, buscamos compreender os atravessamentos
subjetivos vividos pelos profissionais da saúde envolvidos no atendimento de crianças que sofrem violência
intrafamiliar.
Quando falamos da violência intrafamiliar, devemos salientar que a dinâmica do trabalho em rede, através da
articulação de diferentes setores e distintas áreas do saber, busca uma interlocução que possibilite efetivar a
integração entre a assistência social, educação, saúde, esporte e lazer, defesa social e cultura, fortalecendo a proteção
social às crianças e adolescentes. O trabalho interdisciplinar reúne várias disciplinas diferentes e de diversos níveis,
trocando experiências de forma integrada e coordenada, com um objetivo comum.
As violências cometidas contra crianças e adolescentes parecem estar ligadas a uma questão cultural enraizada em
nossa sociedade, ela ocorre devido às relações de desigualdade de poder entre elas e os adultos que têm o poder de
usar a sua força para violentar. As formas de agressões são múltiplas, e podem acarretar sérios danos na vida dessas
crianças.
Neste sentido destacamos que por se tratar de um estudo dentro da Psicologia Social, faz ligação com o Eixo Temático
de número 10 intitulado de: Práxis da Psicologia Social na Saúde em contextos neoliberais , e com o GT intitulado:
Psicologia Social e Saúde: os desafios das práticas profissionais na atenção à saúde de populações em situação de
vulnerabilidade social e na execução de políticas de saúde em contextos neoliberais e que também pode se encaixar
com o GT A Psicologia social além das fronteiras disciplinares , que versão sobre essas questões.
O Objetivo geral desta pesquisa foi analisar a assistência em saúde prestada às crianças vítimas de violência
intrafamiliar, pelos profissionais que atuam na ESF, como componentes da RAS do município de Uberlândia.
Os objetivos específicos foram:
a) Analisar o atendimento prestado pelos profissionais de saúde que atuam na ESF, com relação aos casos de violência
intrafamiliar contra crianças;
b) Descrever a tipificação da violência contra as crianças e as metodologias de reconhecimento das marcas físicas e
psíquicas;
c) Conhecer as ações preventivas dos profissionais da ESF, em relação ao combate da violência infantil;
d) Identificar as dificuldades existentes para as intervenções nos casos identificados;
e) Levantar as metodologias de registro dos casos atendidos.
Trata-se de uma pesquisa qualitativa que foi realizada com profissionais da ESF, através de uma entrevista
semiestruturada, com a finalidade de conhecer as experiências cotidianas dos profissionais de saúde. As narrativas
foram gravadas, transcritas e submetidas à Análise de Conteúdo na modalidade Análise Temática, na busca de
compreender o discurso dos entrevistados.
A partir do material obtido a partir das narrativas, foi possível traçar um perfil dos profissionais entrevistados através
de um roteiro de entrevista, e posteriormente foi realizada a análise das narrativas em três etapas, sendo elas: 1-
Ordenação de dados com a transcrição das gravações, releitura do material e organização dos relatos; 2- Classificação
ou exploração dos dados para a elaboração das categorias temáticas; 3- Análise final ou tratamento dos resultados
obtidos, quando são estabelecidas as articulações entre os dados e as teorias.
A classificação para identificar as falas dos entrevistados neste trabalho foi feita da seguinte forma:
A1- para o primeiro entrevistado da equipe mais antiga, e R1 para o primeiro entrevistado da equipe mais recente; A2-
para o segundo entrevistado da equipe mais antiga, e R2 para o segundo entrevistado da equipe mais recente e assim
sucessivamente até A7 e R7, utilizando ainda a categoria profissional de cada um dos entrevistados.
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Durante a exploração dos dados, foram elaboradas seis categorias e duas subcategorias, derivadas do conteúdo
extraído das entrevistas, que neste caso são categorias não definidas a priori, pois emergiram das falas, dos discursos,
e do conteúdo das respostas. São elas:
a) O comportamento;
b) Os tipos de violência;
c) O trabalho em rede;
d) A prevenção da violência;
e) As dificuldades;
f) O sucesso e o fracasso;
Subcategoria 1 : Sucesso
Subcategoria 2 : Fracasso
Ressalva: trata-se de uma tese de doutorado em andamento onde a análise do conteúdo das entrevistas já foram
realizadas, porém ainda não chegamos a uma conclusão.

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Construindo sentidos: profissionais da saúde da família e o trabalho em equipe
Autores: Thais Silva Cintra, UNIFRAN; Carla Guanaes Lorenzi, USP
E-mail dos autores: thais_cintra@hotmail.com,carlaguanaes@gmail.com

Resumo: Nas últimas décadas, críticas ao modelo de saúde hegemônico marcado pela lógica biomédica emergiram,
impulsionando transformações na compreensão de saúde e em suas práticas. No Brasil, a Saúde da Família se destaca
como estratégia para reorganização do modelo assistencial na Atenção Básica, buscando a implementação de práticas
baseadas numa visão ampliada de saúde, sustentadas em uma compreensão biopsicossocial do processo saúde-
doença. Tendo a integralidade do cuidado como horizonte, compreende-se essencial que o trabalho em equipe ocorra
de forma interdisciplinar. Porém, para se construir um novo modelo de prática há que se construir também uma nova
lógica de relação, na qual a noção de co-responsabilidade faz-se central. Nesta apresentação, relataremos uma
pesquisa que teve como objetivo compreender s sentidos construídos por profissionais de saúde da família acerca do
trabalho em equipe, a partir de reflexões sobre o seu próprio processo de trabalho. A pesquisa foi realizada a partir da
análise de um banco de dados, que foi constituído através da gravação em áudio e transcrição integral de quinze
encontros de grupo de discussão com profissionais de três Unidades de Saúde da Família de uma cidade do interior de
São Paulo. A análise do material foi realizada com base em procedimentos qualitativos de análise temática, com base
nas contribuições do movimento construcionista social em Psicologia. Essa análise privilegiou a compreensão do
processo conversacional entre os participantes da pesquisa, por meio de uma análise temático sequencial, focalizando
tanto os sentidos produzidos (conteúdo), como o próprio processo de construção dos mesmos nas interações grupais.
Através dessa análise, destacou-se três modos particulares de organização do trabalho em equipe, sendo estes
nomeados através de metáforas. Na equipe A, a metáfora Equipe como construção conjunta sinaliza o envolvimento
conjunto dos profissionais para o desenvolvimento das atividades na unidade, sendo que para estes favorecem a
criação de espaços de diálogo para pensarem sua prática. Na equipe B, a metáfora Equipe como uma família ,
significa que a relação de afeto existente entre os profissionais de saúde é capaz de solucionar qualquer tipo de
problema ou conflito relacionado ao trabalho, como também favorecer a realização das atividades propostas. Na
equipe C, a metáfora Equipe como um time de futebol representa a idealização e busca dos profissionais para que a
atuação da equipe aconteça da mesma forma que a de um time de futebol, sendo destacada a importância da
solidariedade e da confiança para que o trabalho ocorra de forma eficiente. Esta equipe valoriza a conversa sobre as
dificuldades e conflitos para pensar uma prática mais integrada. Compreendemos que as metáforas produzidas
representam o modo como cada equipe realiza seu trabalho em equipe na saúde da família. A partir desses resultados,
problematizamos se essa compreensão da equipe sobre a organização de seu processo de trabalho é presente em
todos os contextos. Entendemos que, a possibilidade de se conversar sobre trabalho em equipe durante a pesquisa
favoreceu aos profissionais a construção de sentidos sobre como se relacionam e atuam. Houve um investimento na
relação e as equipes tiveram um espaço para pensar sobre si, para trocar suas diferentes compreensões sobre
trabalho em equipe. Sabemos que nem sempre a relação é algo destacada como parte central do processo de
trabalho, embora muito se afirme sobre a importância da interdisciplinaridade nas equipes de saúde. Dessa forma,
compreendemos que se na prática profissional não se legitimar o diálogo como parte do trabalho, dificilmente, as
equipes conseguirão se fortalecer como equipe interdisciplinar e atuar dentro desta premissa. (Apoio financeiro:
Capes).

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Consultório na rua e efetivação de direitos: avanços e desafios na perspectiva de trabalhadores
Autores: Ana Luiza Rosa Lucas, UFTM; Rosimár Alves Querino, UFTM
E-mail dos autores: analulucas9@hotmail.com,rosimarquerino@hotmail.com

Resumo: Introdução: A expressão pessoa em situação de rua (PSR) visa caracterizar o espaço principal de
sobrevivência desses indivíduos e o princípio de transitoriedade, que pode existir sim nesse processo de exclusão
social. Estudo de abrangência nacional realizado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, até
agora o único, identificou 31.922 adultos com 18 anos completos ou mais, no universo de 71 municípios brasileiros
com população superior a 300 mil habitantes, vivendo em situação de rua. Existe uma grande dificuldade no
cumprimento dos direitos dessa população que é atingida por diversas formas de vulnerabilidade, como condições
insalubres de moradia e alimentação, além de ações de repressão por parte das políticas de segurança pública.
Acolher e atender de modo integral e intersetorial as inúmeras demandas dessa população em situação de rua
expostas a tantos riscos e a uma intensa exclusão da estrutura da sociedade, torna-se um desafio para as políticas
públicas. Estudos apontam que essa população também apresenta alta prevalência de transtornos mentais, com as
situações adversas de sobrevivência podem provocar problemas mentais como abuso/dependência de álcool, déficit
cognitivo grave, esquizofrênica e depressão, tornando-se também um desafio para rede de atenção psicossocial. A
Política Nacional para a População em Situação de Rua (2009) visa a construção de mecanismos institucionais e sociais
que promovam programas e ações intersetoriais destinados à garantia de acesso aos bens públicos e efetivação da
cidadania. Neste contexto, destacam-se as ações desenvolvidas no Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e o
Sistema Único de Saúde (SUS). Objetivos: O presente estudo analisa a percepção de profissionais de equipe do
consultório na rua (CR) de uma cidade do Triângulo Mineiro sobre a população atendida, acesso ao SUS e desafios
enfrentados para a efetivação da atenção integral e concretização dos direitos humanos. Metodologia: O estudo de
caso descritivo e explicativo foi conduzido com metodologia qualitativa. Foram entrevistadas as duas profissionais do
CR: enfermeira e assistente social. A análise das entrevistas foi temática. O projeto foi aprovado por Comitê de Ética.
Resultados: O CR tem atuação ampla, focando nas diversas demandas da população em situação de rua e no acesso às
instituições. Tem como princípios o atendimento humanizado e a intersetorialidade. As profissionais demonstraram
amplo conhecimento do SUS, percepção apurada de direitos humanos e da população atendida. Dentre os desafios
enfrentados destacaram: dificuldades na composição da equipe, resistência dos profissionais para atender o público;
estigma e preconceito intenso; visão higienista; falta de conhecimento sobre o serviço; rompimento de vínculos com
famílias; inexistência de contra-referência; demora no atendimento. O serviço é ponte entre a população e o SUS.
Contribui de modo significativo para a efetivação do direito à saúde e o enfrentamento das condições de
vulnerabilidades. A construção de vínculos é elemento primordial para a consolidação do CR. Conclusão: A ampliação
das ações requer maior articulação da rede e divulgação dos serviços. Importante destacar que, no município
estudado, verificam-se diferentes posturas em relação à população, o que sinaliza para o papel de vanguarda da área
da saúde na defesa de direitos, característica oriunda da universalidade do acesso e da concepção do uso de
substâncias como uma questão de saúde e não de polícia. Romper o preconceito contra essa população, através do
conhecimento, é fundamental para o enfrentamento dos determinantes sociais da saúde dessa população.

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Crianças e adolescentes em situação de violência sexual - identificação e notificação dos casos na ESF
Autores: Vera Lucia Mendes Trabbold, UNIMONTES
E-mail dos autores: veratrab@gmail.com

Resumo: O presente trabalho versa sobre a questão da violência sexual infantojuvenil, e tem como objetivo
apresentar uma pesquisa empírica sobre a identificação e notificação, pelas equipes da Estratégia Saúde da Família
(ESF), de casos de crianças e adolescentes em situação de violência sexual, uma vez que o Ministério da Saúde
(Portaria 737/GM, 16/05/01), tornou obrigatório para todos profissionais da saúde e educação, a notificação dos casos
de suspeita ou confirmação de violência em suas diversas formas. O mesmo Ministério busca implantar também no
SUS a atenção integral e humanizada às crianças, adolescentes e famílias em situação de violência, além do sistema de
proteção e garantia de direitos humanos existentes. A ESF então, por ser a porta de entrada do SUS, abre
possibilidades de cuidados mais concretos com relação à questão da violência, em especial aqui a violência sexual
envolvendo crianças e adolescentes, costumeiramente tratada apenas de forma judicial. Esse tipo de violência
constitui crime contra os direitos humanos de crianças e adolescentes previsto no Estatuto da Criança e do
Adolescente (Lei 8.069/1990) e no Código Penal, Título VI (Lei 12.015/2009), que prevê os chamados crimes contra
dignidade sexual .
A violência sexual implica uma relação de poder desigual entre o abusador e a vítima, produzindo graves efeitos na
vida das mesmas e de seus familiares, com altos custos econômicos e sociais, tornando-se uma questão de saúde
pública para a Organização Mundial de Saúde.
A pesquisa ora relatada, foi realizada em 2014 na Universidade Estadual de
Montes Claros (Unimontes). Tratou-se de um estudo empírico, transversal, quantitativo, aprovado pelo Comitê de
Ética da Unimontes (Parecer no 890.169 em 2014).
A amostra pesquisada foi constituída por 40 equipes da ESF de Montes Claros - MG, selecionadas por amostragem
aleatória simples, representando 51% das equipes existentes até então. Participaram da pesquisa um profissional por
categoria, sendo 36 Agentes Comunitários de Saúde (ACS), 28 Auxiliares de Enfermagem (AE), 28 Enfermeiros (E), 27
Médicos (M) e 32 Cirurgiões-Dentistas (CD), perfazendo um total de 151 profissionais. A coleta dos dados se deu
através de um questionário estruturado autoaplicável. Os dados foram analisados utilizando-se o programa SPSS-
versão 21.
Quanto ao perfil socioeconômico, os resultados demonstraram que a maioria dos profissionais era jovem (entre 21 a
28 anos de idade), principalmente os médicos e enfermeiros, com predominância do sexo feminino no total dos
profissionais. Em relação ao tempo de serviço na ESF, considerando um total de 108 respondentes, 35% deles tinham
entre menos de um ano a 2 anos de serviço, 30% entre 3 a 6 anos e 35% com 7 anos ou mais. Verifica-se, assim, que
nas equipes da ESF existia, em 2014, um número expressivo de jovens profissionais devido à ampliação da Atenção
Básica em Saúde pelo Município.
Constatou-se que os profissionais pesquisados, em sua maioria, possuíam uma concepção atualizada do que vem a ser
um evento classificado como violência sexual, ao apontarem as situações que envolveriam tanto as situações
classificadas como abuso sexual, como a exploração sexual comercial. Os eventos envolvendo penetração, sexo oral,
toques e carícias foram as predominantes, dentre as identificadas pelos profissionais. Em menor proporção aparecem
outras práticas sexuais como o voyeurismo, exibicionismo, assédio por meio de material pornográfico e o
favorecimento à prostituição (exploração sexual comercial). Tal entendimento é crucial para a identificação dos casos,
uma vez que muitas formas de violência sexual não deixam vestígios, nem marcas corporais. Não foram abordados
pela pesquisa eventos de turismo sexual ou tráfico de pessoas para fins sexuais.
No entanto, 66% dos 151 profissionais pesquisados afirmaram nunca terem tido um caso de violência sexual
envolvendo crianças e adolescentes em seus territórios, e 38% relatou notificar sempre quando suspeitam ou
confirmam os casos. A maioria (cerca de 60%) de profissionais que não notifica apontou como razões para tal: o
repasse dos casos para outros Órgãos ou profissionais; não saber como fazer a notificação; só a fazem quando
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confirmam os casos e outros receiam as consequências do ato. Entretanto, 60% dos profissionais afirmam que fariam
uma capacitação por não terem informações adequadas para esse tipo de atendimento.
Conclui-se que apesar dos profissionais reconhecerem as várias formas de violência sexual envolvendo crianças e
adolescentes, constata-se uma baixa identificação e notificação de casos, sendo necessário e urgente um respaldo
institucional através de capacitações aos profissionais sobre o tema, pois a maioria desses profissionais pesquisados
admite não ter informações adequadas para o manejo adequado desses casos.

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Desafios da atuação de psicólogos/as na atenção a pessoas com ideações e tentativa de suicídio
Autores: Priscila Rocha de Moura, UNIP; Alessandra Joara da Silva Vianna, UNIP; Flávia Hauagge Sallum, UNIP; Maria
Lucia Pereira Orlandi, UNIP; Vanda Lúcia Vitoriano do Nascimento; UNIP
E-mail dos autores: prirocha.moura@gmail.com, joaravianna@yahoo.com.br, flasallum@hotmail.com,
malupereira11@gmail.com, vanda_nascimento@uol.com.br

Resumo: Priscila Rocha de Moura, Alessandra Vianna, Flávia H. Sallum, Maria Lúcia Pereira, Vanda Lúcia Vitoriano do
Nascimento.
A presente pesquisa de Trabalho de Conclusão de Curso em Psicologia teve como tema o suicídio com ênfase nas
práticas de psicólogos/as que atendem pessoas com ideações e/ou tentativas. O suicídio tem sido considerado um
grave problema de saúde pública, devido aos altos índices tanto de mortes como de tentativas, conforme registrado
pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). A Organização Mundial da Saúde (OMS)
tem alertado para a necessidade de ações preventivas por parte dos governos, de profissionais da saúde e da
educação, como também pela sociedade civil. As proposições para a atenção a pessoas com ideações e/ou tentativas
de suicídio envolve a prevenção, na atenção primária/básica, a assistência emergencial e o tratamento, realizados por
profissionais e equipes de saúde mental, com base no princípio de integralidade e na humanização. A psicologia tem
relevante papel e responsabilidades na avaliação de riscos, definição de tratamento e orientações a familiares, seja na
clínica privada ou na rede de saúde pública. A literatura, entretanto, aponta as dificuldades enfrentadas por diversos
profissionais no atendimento a essa população e ressalta a necessidade de formação especializada e contínua. De tal
modo, buscamos conhecer as práticas de psicólogos/as no atendimento a pessoas com ideações e/ou tentativas de
suicídio; identificar as intervenções da psicologia no trabalho em equipe multidisciplinar e na clínica, bem como as
ações de prevenção e promoção da saúde; identificar a formação e a capacitação necessária de psicólogos/as para o
atendimento a pessoas com ideação e/ou tentativa de suicídio. Trata-se de pesquisa com método qualitativo, com
base no referencial teórico da psicologia sócio-histórica. Foi realizada entrevista semiestruturada com oito
psicólogos/as, na cidade de São Paulo, com no mínimo três anos de atuação, sendo quatro do setor privado e quatro
de Instituições públicas de saúde. Com a análise das entrevistas foram identificados os seguintes temas centrais: a)
demanda para a atenção psicológica; b) tipo de atendimento, intervenções e critérios utilizados; c) o trabalho
interdisciplinar; d) dificuldades, dilemas éticos e desafios da prática profissional; e) preparação, capacitação e
especialização; f) suicídio e políticas públicas. O suicídio é um tema de grande importância nas agendas das políticas de
saúde, mas mobiliza poucos e frágeis interesses em torno da perspectiva da prevenção. A formulação de uma política
pública abarca estágios a serem cumpridos de acordo com demandas sociais oriundas da própria sociedade. Há
necessidade de organizar a rede de atenção à saúde de pessoas mais vulneráveis, garantir cuidados integrais no
manejo dos casos de tentativa de suicídio e promover a educação permanente dos profissionais e equipes
multidisciplinares da saúde. Ressalta-se a importância da busca de conhecimentos teóricos e técnicos, de reflexões
acerca desse fenômeno social a fim de que possamos fomentar mudanças na constituição de intervenções psicológicas
e do preparo de profissionais e serviços para o atendimento a pessoas com ideação e/ou tentativa de suicídio. Assim,
estudar este fenômeno pode instigar e possibilitar reflexões e mudanças por parte de profissionais atuantes em um
campo que ainda é marcado por uma visão psicopatologizante, o que contribui para o reforço de ideologias
mecanicistas e impedem a análise do suicídio como um problema social.
O trabalho proposto está inserido na intersecção da Psicologia Social com a Saúde, portanto com o eixo 10 e, mais
especificamente, com o GT 38 Psicologia Social e Saúde que se propõe a discutir as práticas profissionais. Como
também com o GT 04 A Psicologia Social na Saúde (2ª opção).

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Educação Popular em Saúde no contexto das comunidades Quilombola e Indígena de Piripiri/PI
Autores: Filadelfia Carvalho de Sena, UFPI
E-mail dos autores: filadelfia.psi@hotmail.com

Resumo: O Curso de Educação Popular em Saúde no Contexto das Comunidades Quilombola e Indígena se inserem na
proposta de trabalho do GT 38 e Eixo Temático 10, é iniciativa de um conjunto de docentes e discentes da
Universidade Federal do Piauí através do Projeto Objuve-Casulo, cujo interesse se encontra nos modos de cuidado e
inclusão social da Universidade. Sua gênese se encontra no Curso Aperfeiçoamento em Educação Popular em Saúde
realizado pelo Ministério da Saúde, em parceria com a Fundação Osvaldo Cruz. O êxito das primeiras iniciativas nos
levou a estender essas ações na direção das comunidades Quilombolas e Indígenas, através de uma formação de
qualidade teórica e prática. Para os promotores do Curso de Aperfeiçoamento da EdPopSUS havia o interesse de que o
mesmo fosse multiplicado nas comunidades. Estudantes da Licenciatura em Educação do Campo - LEdoC oriundos e
residentes desses territórios e participantes do Curso de Aperfeiçoamento apresentaram suas demandas sociais e de
saúde, o que nos moveu a pensar e organizar coletivamente uma formação com o perfil dessas comunidades. Toda a
ação encontrou referência na problematização e nas experiências trazidas do campo e ao mesmo tempo, guiaram
nossos objetivos de modo a construir uma visão crítica sobre a realidade da saúde local. As vivências e os saberes da
educação popular em saúde tem oportunizado a troca experiências com os Agentes Comunitários de Saúde ACSs e a
juventude local, além de mobilizar trabalhadores e militantes de Movimentos Sociais em defesa do direito a saúde da
população Quilombola e Indígena da região. Ofereceu ainda a vantagem de atualizar a formação dos trabalhadores e
atores sociais em saúde na perspectiva da educação popular produzindo novos conhecimentos ao sistematizar saberes
a partir de perspectivas teóricas e metodológicas que consideram o cenário sociopolítico como condição primeira para
se pensar a realidade. O Curso tem carga horária de 160h teórico prática com reflexões a partir de 6 (seis) eixos com
fundamentação na perspectiva da educação popular. Uma atividade que se sustenta com o engajamento e
protagonismo das juventudes que abraçaram o compromisso como facilitadores e promotores do curso nos
territórios. Compondo esse quadro temos estudantes da LEdoC CCE/UFPI, estudantes do PPGD Mestrado e Doutorado
em Educação, docentes membros do Projeto OBJUVE-CASULO. As Comunidades participantes da primeira turma do
Curso em andamento são Oiticica II, Assentamento Residência e Sussuarana. A escolha destes territórios se deu devido
aos dados já acumulados sobre essas comunidades, quando foram identificadas demandas de ações no sentido de
promoção da saúde coletiva. Quanto às comunidades de Marinheiro, Vaquejador, Formosa, Sertão de Dentro, Lages
dos Fidelis, e Poço, situadas nestes territórios, o curso se encontra em negociação de datas e local para sua realização.
Sabemos que a Educação Popular possui uma importância histórica e estratégica para a construção do direito à saúde
e se mostra como prática contrária às formas de dominação, opressão, discriminação e violência que incidem sobre as
pessoas em geral e sobre a classe trabalhadora , como afirma Bornstein (2016 p. 13), inspirado na obra Política e
Educação (2001, p. 49), quando afirma que nossa luta é como um nadar contra a correnteza com uma dinâmica que
jamais separa do ensino dos conteúdos o desvelamento da realidade expressões que tocam o cerne do Curso em
andamento. Uma ação que enriquece o trabalho da UFPI junto às populações Quilombolas e Indígenas e promove a
valorização da vida, a participação popular e a organização da luta política pelo direito a saúde. A proposta
metodológica se insere na perspectiva da Educação Popular cujo princípio é o de que todo ser humano é detentor de
saberes que derivam de suas experiências de vida. Uma metodologia participativa na qual os temas são debatidos e
consolidados no decorrer do processo de formação e na construção mútua e dialógica da produção do conhecimento
e problematização da realidade vivenciada pelos participantes no contexto das políticas públicas de saúde e nas
experiências locais. Nesta perspectiva metodológica o Curso Educação Popular em Saúde se apresenta como uma
experiência que considera a saúde como o foco de atenção e planejamento das atividades das comunidades. O
resultado das nossas ações ao propor práticas educativas comprometidas com a transformação democrática da
realidade, e a capacitação das pessoas, é a de que essas mesmas pessoas passam a compreender o contexto social, a

823
problematizar a realidade, despertando o interesse em promover ações de transformação que trazem como
consequência a minimização das injustiças sociais e a melhoria da vida em comunidade.
Referências Bibliográficas:
FREIRE, P. Política e Educação: ensaios. São Paulo: Cortez, 2001.
BORNSTEIN, V. J. (Org.) Curso de aperfeiçoamento em educação popular em saúde: Texto de Apoio. Rio de Janeiro:
EPSJV, 2016.

824
Excelencia en la acogida: las fronteras de las emociones en el cuidado de quien cuida
Autores: Rachel Suelly Quintanilha de Castro Villar, Universidad J. F. KENNEDY/AR
E-mail dos autores: villar.rachel@gmail.com

Resumo: Este trabajo objetiva analizar desafíos puntuales en la excelencia de la acogida social de niños y adolescentes
en situación de vulnerabilidad. La acogida de niños y adolescentes en situaciones de amenaza o violación de sus
derechos es medida de protección aplicable cuando hay acción u omisión de la sociedad o estado, por abusos
cometidos por los padres o responsables, o cuando las conductas de los propios niños o adolescentes están en
desacuerdo con las leyes sociales. La decisión por la acogida o no se da por medio de autoridad judicial competente,
que determina la medida a partir del análisis técnico sobre estudio-diagnóstico realizado por equipo multidisciplinario
calificado.
Se alejan de la familia de origen y esperan definición sobre su custodia asignados en espacios definidos por "institución
de refugio". La coordinación de estos espacios es elaborada por un equipo técnico multidisciplinario, compuesto por
administradores de guarderías, psicólogos, asistentes sociales, pedagogos y psicopedagogos. Un equipo
multidisciplinario que actúa paralelamente, denominado equipo de apoyo, está compuesta por padres sociales,
cuidadores, auxiliares de servicios generales, conductores, jardineros y cocineros.
De acuerdo con la ley 12.010, de 29 de julio de 2009, art. 101, párrafo 1, "la acogida institucional y la acogida familiar
son medidas provisionales y excepcionales, utilizables como forma de transición para la reintegración familiar o, no
siendo posible, para colocación en familia sustituta". El papel de la institución no implica privación de libertad, sino en
amparar al niño y al adolescente en el cumplimiento de sus necesidades básicas y en cuidados para su reinserción
social. Es un servicio de protección integral, que incluye vivienda, alimentación, higiene, educación y ocio. Las
modalidades de las instituciones de acogida varían de acuerdo con las edades y necesidades particulares de cada niño
y adolescente en: casa-hogar, casa de paso, república, albergue y familia acogedora.
La gestión de las instituciones de acogida judicial actualmente es responsabilidad del estado, de la sociedad civil y de la
comunidad. Este modelo organizacional exige una actuación profesional multidisciplinaria dirigida a mejores prácticas
con visión sistémica y gestión globalizada.
Mucha bibliografía ahonda en el tema de la vida de las personas que por algún motivo ven coartada su libertad, en el
caso de la presente investigación, por el hecho de tratarse de instituciones de menores a cargo del estado. Sin
embargo, las investigaciones acerca de los profesionales que trabajan en estas instituciones es dejado de lado o sólo
interesa cuando desarrollan el síndrome de burnout. El Síndrome de Burnout es un padecimiento que a grandes rasgos
consistiría en la presencia de una respuesta prolongada de estrés en el organismo ante los factores estresantes
emocionales e interpersonales que se presentan en el trabajo, que incluye fatiga crónica, ineficacia y negación de lo
ocurrido. Este trabajo se centrará en las narrativas de los profesionales de la equipo técnico y la equipo básica que
incluye profesionales que actúan directamiente em las necessidades básicas junto a los menores, desarrollando sus
actividades en ese lugar.
Además del desempleo, la subdición de la vida, la baja remuneración, el embarazo infantil y el uso de drogas, uno de
los factores que desencadenan el proceso de alejamiento de los hogares de origen es la pobreza. Los problemas
generados por la falta de asistencia a las necesidades básicas como: abandono, desnutrición, agresión, abusos, falta de
higiene y otras, traen consecuencias desastrosas en cuanto a las condiciones psíquicas.
La reintegración a un hogar sustituto, su vinculación socio afectada y, en el futuro, su actuación en la sociedad exigirán
cuidados extremos para la resignificación de sus identidades. Este proceso exige vinculación entre educación y reglas
sociales para su identificación sociocultural. La población de estas acogidas tiene edades entre 0 y 18 años, con
prevalencia de edades entre 07 y 12 años. Al completar la mayoría de edad, el joven es entregado a la sociedad.
El perfecto aprovechamiento de los servicios ofrecidos a los niños y adolescentes en estas instituciones exige
cualificación que prepara el desarrollo personal y profesional de los equipos. La actual formación no atiende a la
totalidad de los profesionales empleados y muchos no poseen capacitación básica necesaria por falta de entidades
825
educativas que ofrezcan entrenamientos adecuados. Todos estos profesionales contratados para realizar trabajos en
contactos directos o indirectos con los menores en vulnerabilidad son personas comunes que poseen sueños, deseos,
frustraciones y emociones naturalmente comunes a todos los individuos.
Sus sentimientos provienen de vivencias y experiencias de vida personal y profesional, sean ellas positivas o negativas,
y que habitan su modelo mental, con forma de pensar y actuar entendidas ante sus necesidades individuales. Por lo
tanto, para tratar con menores en vulnerabilidad se hace necesaria una condición psicológica de acuerdo con las
necesidades afectivas de cada uno de estos menores. Es importante la orientación y el entrenamiento permanentes
para lograr este equilibrio.

826
Formar-se psicólogo em uma Residência Multiprofissional em Saúde da Família no Rio de Janeiro: um relato de
experiência
Autores: Maíra Andrade Scavazza, ENSP/FIOCRUZ; Beatriz Zocal da Silva, ENSP
E-mail dos autores: mairaascavazza@hotmail.com,biazocal@yahoo.com.br

Resumo: Para pensar o processo formativo de profissionais para o Sistema Único de Saúde (SUS) nos propomos a
dialogar com a formação em serviço na inserção do psicólogo em Residências Multiprofissionais em saúde em
contextos neoliberais de gestão de serviços do SUS. A Residência Multiprofissional em saúde é um curso que se
inscreve na modalidade de pós-graduação lato sensu e se caracterizada pela formação em serviço e nesse caso
estamos inseridas em equipes multiprofissionais em unidades de Saúde da Família. Nesse trabalho nos colocamos a
refletir, enquanto residentes, sobre o processo de formação em saúde em serviços inseridos em território de alta
vulnerabilidade populacional e territorial e que são gerenciados por Organizações Sociais de Saúde (OSS) no município
do Rio de Janeiro - RJ.
Para a construção desse relato de experiência utilizaremos os Diários Reflexivos, ferramenta pedagógica realizada
mensalmente enquanto atividade teórica, em uma perspectiva crítica. Desse material, nos propomos a discutir os
atravessamentos desse contexto sociopolítico na formação profissional do psicólogo a partir de dois eixos: o processo
formativo em um modelo de gestão neoliberal que compreende a saúde como qualquer outra mercadoria, o que é
contraditório aos princípios do SUS e nossa inserção nos serviços na perspectiva da Educação Permanente em Saúde.
O modelo de gestão nas unidades de saúde do Rio de Janeiro tem se colocado, enquanto instituições que operam na
construção da vida social, em um sentido de alienação, dominação e controle. O trabalho, enquanto relação, capilariza
o poder em todos os sujeitos ativos nesse processo: gerência, trabalhadores e usuário. Há uma captura de uma lógica
dominante que se institui em forma de opressão e precarização do trabalho que implica, consequentemente, no
cuidado do usuário. O papel do gerente das unidades de saúde se afasta do apoio técnico, há cada vez menos espaços
de co-gestão nas unidades e o vínculo, tão precioso à Política da Estratégia da Saúde da Família, tem servido para
fiscalizar os corpos dos usuários, como ferramenta do biopoder. Além da pouquíssima participação dos sujeitos em
seu processo de adoecimento e cuidado.
Ao discutir a gestão, Onocko (2003) propõe considerar os aspectos intersubjetivos que considere a experiência da
diferença, da grupalidade e, assim, que se coloque na gestão a perspectiva do suporte, que deixe circular os afetos e
ao mesmo tempo manejo responsável para assegurar a oferta que acolha os entraves do coletivo. Percebemos, em
nossa experiência, alguns espaços em que, em ato, operam a circulação do afeto e construção coletivo, no entanto,
percebemos o quanto é difícil para um grupo exercer co-governo quando não existe tradição para isso, sobretudo,
tratando-se de espaços hierarquizados das profissões.
Enquanto residentes, profissionais inseridos na rede mas não enquanto trabalhadores nessas unidades, somos núcleo
frágil na perspectiva de poder institucional dos processos do trabalho mas que, por isso, nos permite operar na
perspectiva da produção de desejo, na produção de vida com propostas de intervenção que não respondem a
burocratização de encaminhamentos ou de protocolos de cuidado, mas sim, na perspectiva de que o cuidado, citando
Mehry, é, antes de tudo, uma ética sobre a vida do outro.
A residência, que se configura enquanto Educação Permanente para o SUS, se propõe a repensar o serviço, orientada
por uma lógica reflexiva e dialógica, que coloca em questão a relação do trabalhador com seu processo de trabalho.
Nos inserimos nos serviços de saúde com a perspectiva de criar brechas, furos, linhas de fuga em práticas enrijecidas e
cristalizadas, construindo intervenções a partir do referencial da autonomia e da co-gestão.
Assim, o lugar de residente nos serviços de saúde pública é também um potente lugar de resistência, que possibilita
pensarmos maneiras outras de construir cuidado, que não está regulado a partir da perspectiva mercadológica da
produção de saúde. No cotidiano isso se dá quando olhamos para além dos sujeitos das linhas de cuidado, para
aqueles sujeitos que estão em processos de adoecimentos mas que são invisibilizados pelas metas estabelecidas pela
Secretaria Municipal de Saúde; quando ampliamos e construímos redes de cuidados para usuários que eram
827
entendidos pelas equipes como casos impossíveis ; em propostas de grupos que tenham a co-gestão como
orientação. Sobretudo, entendemos que a inserção da Residência Multiprofissional nas unidades de saúde por si só já
provoca um reposicionamento do serviço por colocar em questão o espaço enquanto formação, pensando que a
Educação Permanente é intrínseca a sua prática.
Por fim, ressaltamos que a formação do psicólogo em Residências Multiprofissionais nesses contextos se dá em um
espaço de contradição, pensando o modelo de gestão e a integralidade no cuidado. Assim, a problematização de nossa
experiência, bem como das relações de poder no trabalho, têm sido constantes na luta por uma saúde pública de
qualidade que se dá nas resistências e criação de espaços de produção de vida, nos serviços de saúde, acreditando
nisso, enquanto postura ética do psicólogo.

828
O desenvolvimento do poder de agir em profissionais do programa Consultório na rua: considerações preliminares
Autores: Daniel Rangel Curvo, UEPB; Francinaldo do Monte Pinto, UEPB
E-mail dos autores: danielcurvo@gmail.com,montejour@gmail.com

Resumo: O programa Consultório na rua (CnaR) é um serviço da Atenção Básica do Sistema Único de Saúde (SUS) que,
desde 2012, visa promover cuidado integral a um dos grupos populacionais mais estigmatizados da
contemporaneidade: as pessoas em situação de rua (PSR). Foi a partir das reivindicações das PSR, enquanto
movimento social, somadas aos princípios e diretrizes do SUS, como equidade e universalidade, que o programa foi
criado tendo função estratégica na superação dos estigmas e constrangimentos que afastam as PSR do SUS,
promovendo acesso. Composto por equipes multiprofissionais itinerantes, o programa propõe realizar busca-ativa de
PSR, ofertando cuidados de saúde in loco e mediação com outros serviços da rede SUS e intersetorial. A atividade de
trabalho é desenvolvida tanto em espaços institucionais, como em locais abandonados e insalubres da cidade,
distantes das normas instituídas pelo poder público. Constantemente esses profissionais são requisitados para
(re)inventar suas formas de ação, tendo que superar os mais diversos tipos de imprevistos. O caráter de
enfrentamento ético-político do programa é potencializado afetivamente pelas características próprias da Atenção
Básica que, entre outras, faz da vinculação uma importante ferramenta de cuidado e busca estabelecer cuidado
longitudinal e territorializado. Nesse contexto de enfrentamento, os profissionais são atravessados pela precarização
das políticas públicas de cunho neoliberal, que degradam as condições de trabalho bem como o vínculo empregatício,
gerando maiores dificuldades e insegurança profissional, assim como sofrimento e adoecimento no trabalho. O
fenômeno das PSR, vale dizer, constitui uma das mais radicais expressões dos desarranjos capitalistas, e é
consideravelmente agravado com a reestruturação produtiva neoliberal. Os pontos apresentados indicam a
complexidade e mobilização subjetiva que o trabalho no CnaR demanda e implica. Nessa comunicação pretendemos
expor os resultados parciais da nossa pesquisa de mestrado, realizada pelo programa de Psicologia da Saúde da
Universidade Estadual da Paraíba, sobre os impactos da atividade de trabalho na saúde dos profissionais do CnaR. Das
possibilidades de Grupos de Trabalho, a número 38, intitulada Psicologia Social e Saúde... , foi a que nos pareceu mais
apropriada. Tal GT propõe […] propiciar um espaço de dialogia, discussões e problematizações sobre as práticas
profissionais na atenção básica à saúde de populações socialmente vulneráveis, frente aos desafios cotidianos de
execução das políticas de saúde em contextos neoliberais . Coerentes à proposta crítica do GT, adotamos a orientação
teórica da Clínica da Atividade para pensar os impactos da atividade de trabalho na saúde dos profissionais do CnaR.
Essa perspectiva propõe uma psicologia do trabalho que seja também uma psicologia geral, pois entende a atividade
de trabalho como espaço do desenvolvimento humano. Um conceito chave é o conceito de Poder de agir. Conceito de
inspiração espinosista, é atrelado ao conceito de saúde enquanto normatividade vital, desenvolvimento por
Canguilhem. De forma rápida, podemos dizer que o conceito de poder de agir se refere à capacidade que o indivíduo
tem de perceber e interagir em seu ambiente de trabalho (ou não) de forma tal que ele sinta-se alegre e satisfeito com
seu agir. Orgulha-se de seu trabalho ao mesmo tempo que contribui na construção de um contexto de trabalho,
propício não apenas ao seu desenvolvimento individual, mas também do seu coletivo de trabalho. Um sujeito
apropriado de seu poder de agir é um sujeito saudável. Para investigar o desenvolvimento do poder de agir dos
profissionais do CnaR, optamos pelas seguintes técnicas de coleta de dados: 1) Diário de Campo; 2) Entrevista
individual tipo Instrução ao sósia; 3) Oficina de Fotos. A metodologia proposta pela Clínica da Atividade busca fazer
dos profissionais pesquisados, co-analistas e, com isso, proporcionar espaços em que esses profissionais possam
repensar suas atividades por ângulos diferentes, apropriando-se mais inteiramente de seu agir e sentir em situação de
trabalho. Na atual fase da pesquisa, já realizamos a maioria das entrevistas e oficinas. Dos resultados parciais
destacamos que situações de entrosamento entre a equipe, de conhecimento técnico para resolução de demandas, de
vinculação afetiva favorecem o desenvolvimento do poder de agir. Esse desenvolvimento extrapola a esfera
profissional, alterando valores morais e concepções não apenas sobre esse grupo estigmatizado, mas sobre a auto-
imagem profissional e pessoal. Por outro lado, podemos perceber que a fragilidade do vínculo empregatício, as baixas
829
condições de trabalho em ambientes de intrigas e distanciamento entre os membros das equipes (ou entre esses e
seus superiores) somadas às demandas de extrema complexidade das PSR, tendem gerar um alto grau de sofrimento,
levando os profissionais a adoecerem e trabalharem em esquemas estereotipados com baixa implicação ético-política
atrelada conscientemente à atividade de trabalho. Podemos concluir reafirmando o forte componente afetivo nessa
atividade de trabalho e a importância capital de um sentir-agir situado na imanência do encontro com o outro como
potência criadora de caminhos e práticas profissionais que fortaleçam os direitos humanos e uma sociabilidade menos
tecnificada e estigmatizada.

830
O que a atenção à saúde da população em situação de rua tem a ensinar à psicologia?
Autores: Anna Carolina Vidal Matos, FACEP; Isabel Maria Farias Fernandes de Oliveira, UFRN
E-mail dos autores: annacarolvidal@yahoo.com.br,fernandes.isa@gmail.com

Resumo: A população em situação de rua no Brasil apresenta-se num contexto paradoxal: por um lado, vem ganhando
corpo e densidade política como um movimento social (Movimento Nacional da População em Situação de rua -
MNPR) e ocupando espaços políticos importantes no controle social. Por outro lado, temos sua visibilização
majoritariamente por meio de práticas higienistas do Estado voltadas para este segmento. Tais práticas refletem sobre
as ações de saúde para com essa população. Um dos ganhos do MNPR foi a consolidação das equipes do Consultório
na Rua (CnaR) - equipes especializadas da Atenção Básica que trabalham com população em situação de rua (PSR) -
mas que ainda se mostram incipientes com o manejo e trabalho nesse campo. A psicologia é um das áreas que
compõem essas equipes. O objetivo deste trabalho é discutir como o contexto, as demandas e as práticas de atenção à
saúde da população em situação de rua levantam questões para a própria prática do profissional de psicologia. A PSR
traz como marca fundamental a negação do acesso a direitos básicos, como moradia, trabalho, educação, assistência
social e saúde, apresentando-se como expressão radical da questão social. Esses elementos são manifestações da
condição estrutural da desigualdade social nos marcos do capitalismo, o que faz dessa população um elemento
inerente à própria reprodução da ordem societária capitalista. Nesse sentido, há uma dupla direção no
questionamento do Estado na relação com a PSR. Em primeiro lugar, é fundamental a problematização e pressão para
o desenvolvimento de políticas sociais que atendam às demandas dessa população. Contudo, o próprio Estado é
elemento central na garantia da reprodução do modo de produção capitalista, o que impõe limites às suas ações no
sentido de uma real transformação da vida dessas pessoas. Nessa direção, para garantir acesso a condições mais
dignas de vida, às demandas do contexto da PSR trazem a necessidade da articulação entre diferentes setores do
Estado e sociedade civil. Este trabalho é um recorte de uma pesquisa de mestrado finalizada em 2016 em que foram
realizadas entrevistas com os profissionais das equipes de CnaR, além de observação participante junto a uma dessas
equipes, no município de Natal/RN. Eram três equipes distribuídas em duas regiões de saúde, sendo duas equipes com
sete profissionais e uma composta por cinco profissionais. Somando-se a esses profissionais, acrescenta-se um
coordenador para as três equipes, totalizando vinte profissionais. Desses profissionais, quatro eram psicólogos. A
análise teve como pressupostos teóricos a teoria social de tradição marxista, e foi feita uma análise de conteúdo das
entrevistas e diários de campo. A partir da análise dos dados é possível retirarmos reflexões acerca da atuação da
psicologia no campo das políticas sociais. Por um lado, ao lidar com as demandas e o contexto da PSR, o profissional
mostra um lado inventivo, que tenta desenvolver trabalhos fugindo ao modelo clínico tradicional, perseguindo formas
de intervenção que contemplem de forma mais integral os sujeitos e levem em conta seus contextos de vida. Essa
busca por práticas alternativas tem a ver com as demandas do público atendido, mas também com as dificuldades
geradas com relação ao entendimento de seu papel nas práticas desenvolvidas dentro das políticas públicas. Além
disso, os relatos apontam para a necessidade de se pensar uma prática que supere o olhar para as demandas mais
imediatas e individualizadas, e que leve em conta os aspectos políticos dessa realidade. A partir da atuação junto à PSR
mostra-se como fundamental para as práticas dos psicólogos nesse contexto uma atuação pensada a partir da práxis
interdisciplinar, crítica e politicamente implicada, uma vez que trata-se de tomar posição frente à realidade dessa
população. Por outro lado, essa atuação aponta desafios. Esse novo fazer da psicologia mostra uma permeabilidade
entre os mais diversos campos de conhecimento, causando assim o incômodo sobre o que seria a especificidade da
psicologia. Isso pode culminar no enrijecimento do fazer profissional, sem possibilitar a superação e criação de novas
formas de atuação. Outro desafio seria o limiar entre a garantia do acesso aos direitos básicos e o caráter
assistencialista das práticas destes profissionais para a PSR. Esse aspecto aparece como questionamento recorrente na
avaliação da própria atuação dos psicólogos. Por fim, podemos perceber o quanto é necessário para psicologia se
recriar e ocupar novos espaços para atuar junto à PSR. Assim, faz-se importante refletirmos que uma atuação crítica e
politicamente implicada deve considerar que papel vem cumprindo e quais as potencialidades para este profissional
831
no desenvolvimento de uma práxis voltada para a garantia de direitos e transformação social. Nesse cenário, a
interdisciplinaridade tensiona a prática psicológica, colocando o desafio e a possibilidade de dialogar com e incorporar
os saberes trazidos pelos outros profissionais, movimentos sociais e pessoas em situação de rua, reafirmando o olhar
complexo sobre o fenômeno da PSR, sem se apoiar nas barreiras estabelecidas pelas especialidades.

832
O trabalho no Dispositivo de Cuidado no atendimento a População em situação de Rua
Autores: Pâmela da Silva Braz, Grupo Hospitalar Conceição
E-mail dos autores: pamela_ds_brazz@hotmail.com

Resumo: Introdução: Vivemos períodos difíceis de grandes golpes e ilusões da dita "crise" do capital. Crise essa
seletiva que não atinge a todos, mas sim aqueles que dependem da sua própria força de trabalho para conseguir
sobreviver. Após grandes períodos de lutas e mobilizações sociais, pelo reconhecimento dos direitos sociais,
garantidos pelo marco da Constituição Federal de 1988, infelizmente valores conservadores vem sendo cadê vez mais
impostos pela hegemonia burguesa. A realidade nos mostra a dinamicidade da desapropriação cada vez mais
constante, principalmente com a exploração do capital sob a classe trabalhadora, também reverberados nas formas de
redistribuição de renda e programas sociais, assim encontramos seus reflexos com as perdas de direitos. A
expropriação das condições mínimas de subsistência contextualiza a crescente taxa de desemprego e nas mais
diversas formas de desigualdade social, impactados no aumento da população em situação de rua, com a visível
manifestação de destruição da vida, inseparável da sociedade. Manifestado em um conjunto de pioras no acesso a
direitos, como a Política de Assistência Social, educação, saúde, geração de renda. Tendo em vista disso, o Consultório
na rua (CnaR) é um dispositivo de cuidado instituído pela Política Nacional de Atenção Básica, em 2011, formado por
equipes multiprofissionais que desenvolvem ações integrais a população em situação de rua. O CnaR Pintando Saúde
do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), situado na Zona Norte da cidade de Porto Alegre, foi implantado no ano de
2010, com a portaria N° 1.190/GM de 4 de junho de 2009, com o Plano Emergencial de Ampliação de Acesso ao
Tratamento em Álcool e outras Drogas, sendo incluído no mesmo período no Plano Integrado Nacional de
Enfrentamento ao Crack. O CnaR GHC realiza busca ativa no território referente a Zona Norte e Eixo Baltazar de Porto
Alegre, e o cuidado aos usuários de álcool, crack e outras drogas, através de atividades in loco, de forma itinerante.
Objetivo: Discutir dos processos que perpassaram o primeiro campo da residência integrada em saúde mental, no
Consultório na Rua do Grupo Hospitalar Conceição. Assim, a relação com o Eixo dos desafios das práticas profissionais
na atenção à saúde de populações em situação de vulnerabilidade social e na execução de políticas de saúde em
contextos neoliberais. Com base na concepção ampliada de saúde, cabe a problematização sobre as práticas
profissionais na atenção básica à saúde. Método: Pesquisa bibliográfica e relato de experiência vivida do período de
março a julho de 2017 da atividade profissional desenvolvida no consultório na Rua do Consultório do GHC.
Conclusões: A partir da problematização do olhar interdisciplinar e do processo de desistintucionalização o CnaR do
GHC vem mostrando que é possível e desafiador um cuidado que influi na mediação entre os dispositivos de cuidados
da saúde mental e da Atenção Básica, a partir da intersetorialidade. Para, além disso, parte da premissa que é cada vez
mais necessário reforçar essas ações intersetoriais para que se possa ofertar o acesso a direitos sociais dessa
população que é excluída e estigmatizada na rede de serviços, em articulação permanente com a política da
Assistência Social, Educação, acesso à moradia, geração de renda. Para tanto o CnaR serve também com um
importante potencializador do olhar critico. A partir da dinamicidade existente no território, promove ações de
promoção, proteção da saúde, prevenção de agravos, tratamento, redução de danos. Tendo em vista isso, hoje em dia
mais do que nunca é preciso discutir sobre os processos de que perpassa a sociedade e as forma de cuidado da
população em situação de rua.

833
Práticas de cuidado para mulheres parturientes: desafios da humanização em um hospital no Pará
Autores: Auzy Cleyce Costa Sousa, Secretaria de Saúde de Castanhal-PA
E-mail dos autores: cleycecosta@hotmail.com

Resumo: As várias modificações quanto à assistência à saúde da mulher que tem ocorrido no Brasil, em grande
medida, foi motivada pela intensa pressão dos movimentos feministas e pela grande taxa de morbimortalidade
materna, 69 mulheres para 100 mil nascidos vivos. A mortalidade materna é uma das mais graves violações dos
direitos humanos das mulheres, por ser uma tragédia evitável em 92% dos casos, e por ocorrer principalmente nos
países em desenvolvimento. Assim, a ampliação de dispositivos de assistência à saúde da mulher toma como objetivo
atendê-las em sua integralidade, em todas as fases da vida. Mesmo após todas as conquistas de modelos jurídicos de
gestão do cuidado, no que diz respeito à essa assistência, mudanças precisam acontecer. Percebe-se pelos noticiários
brasileiros cotidianos, por relatos de mulheres em vivências práticas e pesquisas sobre o tema, histórias de violências
no período de gravidez, parto ou puerpério. Essas situações que permeiam o cuidado ou a falta deste com as mulheres
durante o parto tornou-se objeto de investigação para a pesquisa que está em desenvolvimento no Mestrado, por
meio do Programa de Pós-Graduação em Psicologia na Universidade Federal do Pará.
Esta pesquisa pretende investigar, através das puérperas, como as mulheres estão sendo cuidadas durante o parto,
para tanto, objetivou-se analisar que dispositivos de humanização são identificados como práticas de cuidado para
puérperas em um hospital no interior do Pará e assim, pôr em evidência o que preconiza as políticas de humanização e
o modo como as mulheres vivenciam essas práticas. Esse trabalho dialoga com o GT escolhido na medida que
problematiza determinados dispositivos inventariados com o propósito de cuidar da saúde de mulheres. As políticas
públicas em nosso país funcionam como estratégias de governamentalidades, em que as populações acabam sendo
esquadrinhadas para melhorar a gestão das diferenças que as compõem. Relações de poder inserem-se nessas
governamentalidades a partir das vozes de diferentes atores: governo (Estado), movimentos sociais, órgãos de justiça
etc., nos fazendo questionar em que momento as reais necessidades dessas mulheres, público alvo das políticas
estudadas são tomadas como elementos importantes na construção desses dispositivos.
Nesse trabalho usamos como principais interlocutores: Emerson Elias Merhy para auxiliar nas reflexões sobre os
processos de trabalho e cuidados em saúde, bem como autores que têm ajudado com posicionamentos críticos em
relação às políticas assistenciais à saúde e sobretudo, ao parto como Verônica Ferreira, Ana Cristina Duarte, Simone
Diniz e outras.
A pesquisa foi realizada em um hospital maternidade localizado no nordeste paraense. A escolha das participantes se
deu de forma aleatória, não havendo nenhum contato delas com a pesquisadora antes da pesquisa e com a ajuda da
equipe de enfermagem, que indicavam as mulheres que haviam tido parto normal para a entrevista. Foram realizadas
entrevistas semiestruturadas com quatorze mulheres que tinham entre 18 e 39 anos e estavam internadas no hospital
durante o puerpério de um parto não agendando.
As respostas foram organizadas em três eixos temáticos. O primeiro tratou da recepção da parturiente ao local de
parto (hospital, neste caso): acolhimento, avaliação, acompanhante e informações; O segundo foi tratado o momento
durante o trabalho de parto: informações e métodos não farmacológicos de alívio de dor; E no terceiro eixo tratamos
a ocasião do parto: posição, uso de ocitocina, episiotomia/Kristeller, contato pele a pele entre mãe e bebe.
Esse trabalho permitiu encontrar um hospital em plena mudança e adequação às novas políticas de assistência ao
parto. Isso ainda não quer dizer mudança de concepção, pois adequar-se é aceitar que existe uma política a ser
cumprida, porém, sem compreender ou aceitar o real porquê da mudança. Alguns profissionais, principalmente
enfermeiros encontram-se bem adeptos às novas práticas, compreendendo a necessidade de mudança de concepção
de um modelo padronizado e intervencionista, para outro mais respeitoso, incorporando a mulher e sua subjetividade
no processo. Porém, ainda encontram-se profissionais bem resistentes as propostas atuais. Os profissionais favoráveis
tentam fazer diferente, mas como não é consenso no hospital acabam trabalhando de forma isolada, e por isso, o

834
trabalho fica prejudicado em outros pontos, como exemplificado na fala das entrevistadas pelos vários elogios à
assistência ao parto na maternidade, e as críticas ao atendimento na recepção do hospital.
Entendemos como práticas de cuidado ações baseadas em tecnologias avançadas, combinando com uma organização
dos serviços, não só local, mas como redes de serviços, e uma ação que considere o encontro entre profissional e
usuária, em uma relação horizontal, de autonomia da usuária, respeito e confiança, e com bases em evidencias
científicas, centrando o cuidado nessa relação e nas necessidades da usuária. Embora haja um esforço do poder
público no sentido de garantir políticas que atendam as necessidades de atenção à saúde da mulher no processo de
gravidez, parto e puerpério, essas informações precisam de melhor divulgação para que as mesmas possam ser
protagonistas desse processo e exerçam de fato seus direitos.

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Uma leitura sobre as mulheres ribeirinhas no portal do ministério da saúde
Autores: Débora Melo da Silva Brito, UFPA; Jacqueline Isaac Machado Brigagão, USP
E-mail dos autores: deboramelopsi@hotmail.com,jac@usp.br

Resumo: Políticas públicas têm sido construídas nos últimos anos contemplando as comunidades tradicionais, como
forma de reconhecê-las, garantir direitos e assegurar que necessidades específicas sejam atendidas. No âmbito da
saúde pública não é diferente e pensar a saúde das mulheres é levar em consideração gênero, raça, classe social,
geração e território. Esta investigação surgiu como aproximação do campo-tema de uma pesquisa de mestrado e o
objetivo foi identificar no portal do Ministério da Saúde as publicações relativas às mulheres ribeirinhas e à população
das águas, afim de entender as ações específicas dirigidas a essa população, bem como os modos como as mulheres
ribeirinhas são conceituadas nesses documentos. A realização desta pesquisa tem importante relação com Grupo de
Trabalho intitulado Psicologia Social e Saúde: os desafios das práticas profissionais na atenção à saúde de populações
em situação de vulnerabilidade social e na execução de políticas de saúde em contextos neoliberais por ponderar que
as políticas de saúde devem considerar os território nos quais serão executadas, bem como as necessidades dos
usuários de determinados espaços e gêneros. Desse modo, as populações das águas possuem demandas específicas e
a constituição da mulher ribeirinha é atravessada por questões diferentes de outras mulheres em outros territórios.
Metodologia: Foram realizadas buscas sistemáticas no portal virtual do Ministério da Saúde, tanto no campo da
biblioteca virtual da saúde quanto na busca ampliada (Portal da Saúde), utilizando três descritores: mulheres
ribeirinhas, população das águas, mulheres das águas. Todos os artigos encontrados foram lidos e analisados.
Resultados: Para o descritor Mulheres das águas foram encontradas 20 publicações excluídas as repetidas ou que
não possuíam relação com a temática; com os descritor mulheres ribeirinhas foram encontradas 10 publicações
excluídos os itens repetidos. Para o descritor população das águas foram encontradas 3 publicações abordando a
saúde da população que vive na região das águas. Totalizando 33 publicações. Foi possível identificar que das 20
publicações que tem o descritor mulheres das águas: 13 informações veiculadas são notícias sobre investimento
financeiro ou fornecimento de insumos necessários para assistência da população das águas, divulgação de espaços de
discussões, deliberações de grupos de trabalho ou eventos (Conferência Nacional de saúde, Marcha das Margaridas e
seminário de avaliação de formação de lideranças da Política Nacional de Saúde integral das Populações dos Campos,
da Florestas e das Águas); 05 são referentes à divulgações de publicações, materiais, relatórios e vídeos relacionados à
população das águas e às mulheres e à função do Grupo Terra; e, 01 publicação sobre premiação de trabalhados em
educação popular em saúde. Quanto ao descritor mulheres ribeirinhas 09 são notícias e discorrem sobre os
seguintes temas: a avaliação do atendimento prestado no Sistema único de Saúde através de uma ouvidoria itinerante
fluvial, inauguração de Unidade Básica de Saúde Fluvial, realização do debate Política de Gestão do Trabalho no SUS:
Desafios na fixação de profissionais de saúde", queda da mortalidade infantil e ampliação de recursos e entrega de
barcos para atender a população ribeirinha; e um é o edital de seleção para trabalhos de atenção à saúde da mulher
em vários contextos para um seminário e elaboração de material técnico com as experiências selecionadas. Ao utilizar
o descritor População das águas 03 publicações foram encontradas, dessas 02 tratam da relação saúde ambiente das
populações das águas como um todo, sendo que um deles é a Política Nacional de saúde integral das populações do
campo, da floresta e das águas. E uma cartilha trata especificamente da saúde das mulheres do campo, da floresta e
das águas. Conclusão: A análise preliminar dos documentos demonstra que há em circulação dois modos de se referir
a essa população, tanto como ribeirinhas, quanto como população das águas. A partir da leitura de um dos
documentos, tomou-se como descritor também o termo mulheres das águas . Observou-se que a mulher ribeirinha as
vezes é tida como da floresta e em outros momentos como das águas . Não foi encontrada uma noção única acerca
da mulher ribeirinha. A maioria das ações desenvolvidas englobam as três noções: campo, floresta e água, e
mencionam que os riscos às vulnerabilidades que mulheres são expostas são decorrentes de vários fatores, entre eles
a desigualdade nas relações de gênero, raça e classe social referente aos determinantes sociais das condições da
saúde, como as doenças relacionadas ao trabalho, e a violência sexuais. Como ações específicas temos duas: a) criação
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de Unidade Básica de Saúde Fluvial que tem como público alvo as populações ribeirinhas e destacam o foco na
assistência às mulheres as ações de planejamento familiar, prevenção e controle dos cânceres de mama e de colo do
útero, atendimento às gestantes. b) a ouvidoria que cria um canal de comunicação entre os agentes governamentais e
a população ribeirinha. O que nos permite concluir que há um esforço para implementação das ações de saúde
definidas nas políticas no cotidiano da população ribeirinha.

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VISIBILIDADE E CONTROLE: efeitos da noção de vulnerabilidade na atenção básica à saúde
Autores: Saulo Tavares da Mota, PUC-SP; Maria Cristina Gonçalves Vicentin, PUC-SP
E-mail dos autores: saulotmota@gmail.com,cristinavicentin@gmail.com

Resumo: INTRODUÇÃO
A noção de Vulnerabilidade foi adotada no Brasil pelo Ministério da Saúde como um dos objetos de intervenção
fundamentais da Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) de 2006, produzindo mudanças profundas no modo
de definir, identificar, intervir e priorizar a população a ser atendida, e provocando efeitos diversos nas práticas dos
trabalhadores e dos usuários de serviços de Saúde Pública no país. A noção de vulnerabilidade ganhou consistência na
década de 1990 em resposta às necessidades de saúde colocadas pela AIDS, quando buscava-se discutir as dimensões
individuais, institucionais e sócio-políticas implicadas nos comportamentos ditos de risco. A PNPS reitera tais
dimensões e ressalta, dentre outros aspectos, o dever do cidadão de gerir sua saúde evitando riscos e reduzindo sua
vulnerabilidade.
Contudo, ao mesmo tempo em que a PNPS acentua a importância da autonomia e a corresponsabilização individual e
coletiva, se configura também como uma estratégia de regulação e controle da população, através da articulação
entre ações individuais e coletivas, construindo demandas de atendimento que, muitas vezes, produzem fragilidades,
vulnerabilidades e desresponsabilização, ainda que a política tenha como objetivo reduzi-las. Muito mais do que um
jogo de palavras, a construção e a classificação do sujeito como frágil produz efeitos reais, inclusive de produção de
vulnerabilidades e de sujeitos fragilizados.
Nesse sentido, uma aproximação ao modo como profissionais atuantes nos serviços de Saúde Pública produzem
estratégias de promoção da saúde e redução de vulnerabilidades nos parece fundamental para a reflexão e constante
construção de práticas de Promoção da Saúde no Brasil. O referencial que adotamos para esta análise são os aportes
de Michel Foucault relativos à biopolítica.

OBJETIVO
Analisar estratégias de promoção da saúde e redução de vulnerabilidades propostas na Atenção Primária à Saúde na
perspectiva dos profissionais.

MÉTODO
Foram entrevistados 14 profissionais de saúde entre os que atuam na atenção básica na zona norte da cidade de São
Paulo, à qual são atribuídos altos índices de vulnerabilidade e os que atuam no plano central da gestão, na
Coordenação de Atenção Básica da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo. As entrevistas, semiestruturadas
individuais e grupais, tiveram como foco a noção de vulnerabilidade na PNPS e os modos de intervir na realidade
sanitária tendo em vista este problema. As mesmas foram realizadas com o consentimento dos profissionais
envolvidos, organizadas com base na construção de eixos temáticos. A genealogia foucaultiana orientou a escuta e a
análise.

RESULTADOS
A análise resultou na identificação de três eixos problemáticos: visibilização, estigmatização e territorialização. Nesse
trabalho, destacamos a dimensão da visibilidade. Destacou-se a importância da noção de vulnerabilidade para as
políticas de inclusão social, pois passaram a oferecer visibilidade a segmentos antes invisíveis dentro da sociedade.
Nessa perspectiva, há diferença em relação à longa história dos hábitos de esconder, por exemplo, os hansenianos, os
tuberculosos e as pessoas com sofrimento mental, presentes nas políticas implementadas nos séculos XIX e XX, como
as políticas higienistas, que buscavam retirar da vista aquilo que fere aos olhos , que cheira muito mal, que não é fácil
de conviver . Os apoiadores consideram importante assegurar a formação permanente dos agentes comunitários de
saúde (ACS) e enfermeiro(a)s para que tenham um olhar diferenciado , por exemplo, sobre as crianças. Quando os
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ACS realizam visitas domiciliares devem olhar diversos aspectos e fazer perguntas significativas para família. O intuito
é capacitar os ACS s para que olhem as crianças e consigam analisar e trazer informações relevantes para sua equipe.
Quando você começa a ter esse olhar para esse segmento, a cada minuto você descobre uma necessidade. E a cada
minuto de uma ação, como tem várias relações, até chegar na capilaridade da execução... é difícil o que seria a
implantação dessas micropolíticas (entrevistado).
A despeito de toda ideologia que se possa, ou queira, atribuir a essas estratégias de atenção à saúde, é possível
verificar na extremidade das redes de atenção um poder sobre a vida, estabelecido por meio de estratégias de
visibilidade e de controle, que se aproximam dos procedimentos biopolíticos apontados por Foucault e se concentram
na produção de instrumentos efetivos de formação, de verificação e de acúmulo de saber, por meio de métodos de
observação, técnicas de registro, procedimentos de investigação e de pesquisa.

CONCLUSÃO
A noção de vulnerabilidade permite tornar visíveis processos precarização de determinados modos de existência,
inconformes às condutas e padrões de vida urbana capitalista. Porém, em muitos casos, essa visibilidade pode servir
exclusivamente à vigilância e ao controle das populações. Por isso, é importante que as estratégias de atenção à saúde
das pessoas sejam trabalhadas de modo a viabilizar a participação ativa da população na análise e no equacionamento
de problemas, assim como das necessidades de saúde. A noção de vulnerabilidade configurar-se-á como potencial
instrumento para a transformação das práticas de saúde se exercitar tal participação ativa da população, podendo
ainda interrogar permanentemente os efeitos de precarização destas mesmas práticas.

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