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à movimentação de falhas transformantes e também a depositados do Campaniano ao Mioceno Médio, que formam
intrusões vulcânicas, bastante comuns no segmento entre uma espessa plataforma carbonática proximal (Formação
Ceará e Potiguar. Amapá), ladeada por areias proximais (Formação Marajó), e
em direção ao eixo da bacia, em sedimentação regressiva,
Bacia da Foz do Amazonas ocorrem sedimentos pelágicos distais (Formação Travosas). O
terceiro intervalo inclui sedimentos depositados do Mioceno
A Bacia da Foz do Amazonas situa-se na porção oeste da ao Recente e é representado por uma expressiva cunha
margem equatorial brasileira. Limita-se a noroeste com o platô sedimentar clástica progradante (Grupo Pará), que forma uma
de Demerara e a sudeste com a Bacia Pará–Maranhão, na grande espessura sedimentar na Foz do Amazonas. Na parte
parte oeste da Ilha de Santana (Fig. III.3a e Fig. III.22). central da bacia, na região do talude conhecida como Cone
Abrange uma área de aproximadamente 350.000 km2, incluindo do Amazonas, observa-se uma intensa tectônica gravitacional
a plataforma continental, talude e região de águas profundas, que estrutura toda a seção cenozóica por meio de falhas
até o limite entre as crostas continental e oceânica (Tab. extensionais e falhas de empurrão na direção da bacia profunda
III.1a). (Silva e Rodarte, 1989; Silva et al. 1999; Mello et al. 2001).
Os primeiros registros sedimentares desta bacia A Fig. III.39 apresenta o arcabouço estratigráfico e
compreendem clásticos da megasseqüência pré-rifte, estrutural com base em seção sísmica regional na região da
representados pela Formação Calçoene, de idade triássica, Foz do Amazonas (Silva e Maciel, 1998). A Fig. III.40 apresenta
inferida a partir da datação radiométrica (entre 186 e 222 uma seção geológica baseada em dados sísmicos e de poços,
Ma) de basaltos intercalados com sedimentos arenosos mostrando vários compartimentos tectônicos, desde o domínio
(Brandão e Feijó, 1994a). Esses sedimentos são recobertos extensional na plataforma até o domínio de empurrões além
pelas megasseqüências sinrifte e pós-rifte. A megasseqüência da quebra da plataforma. A seção sísmica e a seção geológica
sinrifte relaciona-se à abertura final do Atlântico e na região sugerem que a movimentação do embasamento e dos
equatorial desenvolveu-se entre o Cretáceo Inferior e o Albo- sedimentos terciários pode estar relacionada à presença da
aptiano, correspondendo a sedimentos siliciclásticos da zona de fratura de São Paulo. Algumas linhas sísmicas
Formação Caciporé. A megasseqüência pós-rifte (ou marinha) adquiridas na região de águas profundas da margem equatorial
pode ser subdividida em três intervalos estratigráficos brasileira indicam que as zonas de fratura associadas às falhas
principais: o primeiro inclui sedimentos depositados entre o transformantes estão tectonicamente ativas até o presente,
Albiano Superior–Cenomaniano e o Santoniano (Formação afetando a cobertura sedimentar do Terciário e perturbando o
Limoeiro), sendo caracterizado por uma sedimentação clástica fundo do mar, com movimentos compressionais e extensionais
marinha transgressiva. O segundo intervalo inclui sedimentos (Silveira, 1993).
Figura III.39 – Seção sísmica na Foz do Amazonas, mostrando grande Figure III.39 – Seismic section in the Amazon Cone Basin, showing
espessamento estratigráfico na plataforma continental e falhas stratigraphic thickening in the continental platform and extensional
extensionais e compressionais na região de águas profundas and compressional faults in the deep water region
132 Parte I – Geologia
Figura III.40 – Seção geosísmica na Foz do Amazonas, mostrando Figure III.40 – Geoseismic section in the Amazon Cone Basin, showing
seqüências estratigráficas e domínios tectônicos na plataforma stratigraphic sequences and tectonic domains in the continental
continental e na região de águas profundas platform and in the deep water region
Figura III.41 – Seção sísmica na Bacia Pará–Maranhão, mostrando Figure III.41 – Seismic section in the Pará–Maranhão Basin, showing
seqüências estratigráficas e ocorrência de altos vulcânicos associados stratigraphic sequences and occurrence of volcanic ridges associated
a zonas de fraturas transformantes with the transform fracture zones
Figura III.42 – Seção sísmica na Bacia Pará–Maranhão, mostrando Figure III.42 – Seismic section in the Pará–Maranhão Basin, showing
cinturão de dobramento na região da quebra da plataforma, talude fold belt in the shelf-edge, slope and deep basin
e bacia profunda
Aptiano, constitui o pacote geneticamente relacionado com a Maranhão, também pode ser subdividida em dois intervalos,
Bacia de Barreirinhas propriamente dita (Feijó, 1994a). Teve conforme discutido anteriormente, englobados no Grupo Caju,
início com a tectônica extensional que atingiu o clímax no representado por clásticos e carbonatos de alta e baixa energia
Aptiano (Azevedo, 1986), sendo representada pelos sedimentos albo-cenomanianos. O Grupo Humberto de Campos,
clásticos de um complexo flúvio-deltaico (Grupo Canárias). A representado por uma seção progradante nerítica e batial
megasseqüência pós-rifte ou marinha, como na Bacia Pará– (Turoniano–Oligoceno) é coberto por carbonatos de alta energia
134 Parte I – Geologia
da Formação Pirabas (Mioceno–Recente) e finalmente ocorre À semelhança de outras bacias da margem continental,
a cobertura de clásticos plio-pleistocênicos da Formação podem ser reconhecidas três megasseqüências tectonossedi-
Barreiras (Feijó, 1994a). mentares: a primeira (megasseqüência sinrifte) reúne rochas
A Fig. III.43 mostra uma seção geológica esquemática na de natureza continental, correspondendo clásticos continentais
Bacia de Barreirinhas, caracterizando notável cinturão de meso-aptianos da Formação Mundaú. A megasseqüência transi-
dobramentos na região além do talude, associado à tectônica cional, acima da discordância break-up, é representada pela
gravitacional (Caldeira et al. 1991). A bacia é caracterizada Formação Paracuri, que inclui carbonatos e evaporitos localiza-
por grande espessura sedimentar e presença de feições dos de idade neoaptiana/eoalbiana, marcando a transição do
vulcânicas além da quebra do talude (Guimarães et al. 1989). ambiente continental para o marinho restrito. A megasse-
qüência pós-rifte ou marinha, tipicamente de margem passiva,
Bacia do Ceará – parte oeste é associada aos sedimentos siliciclásticos da Formação Ubarana
(Sub-Bacias de Piauí–Camocim, Acaraú, Icaraí) (Cretáceo Superior a Terciário), depositados em ambiente
essencialmente marinho (Beltrami et al. 1994). O Terciário
As sub-Bacias de Piauí–Camocim, Acaraú e Icaraí constituem Superior é marcado pela deposição dos carbonatos progradantes
a parte oeste da Bacia do Ceará, que engloba ainda a sub- e rochas siliciclásticas das formações Guamaré e Tibau.
Bacia de Mundaú, que será discutida posteriormente. Estas Destaca-se nas bacias de Piauí–Camocim o hiato entre o
sub-Bacias localizam-se na margem equatorial brasileira, em Cenomaniano e o Eoceno, devido à inversão de bacia,
frente ao litoral dos estados do Piauí e do Ceará (Fig. III.22) caracterizando-se um hiato com mais de 50 milhões de anos
e são limitadas, a oeste, pelo Alto de Tutóia, que as separa de duração (Beltrami et al. 1994). A notável transpressão
da Bacia de Barreirinhas, e a leste a separação entre as sub- observada em linhas sísmicas (Beltrami et al. 1989; Costa et
Bacias de Icaraí e Mundaú se dá na plataforma de Aracati al. 1990) é responsável pela inversão estrutural de baixos do
(Beltrami et al. 1994). O limite entre a sub-Bacia de Mundaú rifte, soerguendo os sedimentos anteriormente depositados e
e a Bacia Potiguar se dá no Alto de Fortaleza. A área total resultando em estruturas anticlinais e falhas de empurrão.
das sub-Bacias é de aproximadamente 30.100 km2, sendo Em termos estruturais, a principal feição da bacia corresponde
1.000 km2 na região emersa. ao Alto Atlântico, uma feição positiva de direção E–W
As sub-Bacias mais a oeste (Piauí–Camocim, Acaraú, Icaraí) relacionada a grandes falhas transpressionais (wrench)
são caracterizadas por feições associadas a transcorrência e envolvendo o embasamento (Zalán e Warme, 1985). É possível
compressão, que invertem depocentros anteriormente formados que ocorram sedimentos paleozóicos na seqüência pré-rifte,
(Zalán e Warme, 1985; Costa et al. 1990), enquanto a sub- ainda não-atingida por perfurações na plataforma continental
Bacia de Mundaú, no extremo leste da bacia do Ceará, é (Beltrami et al. 1994).
menos influenciada pelos esforços ligados à movimentação A Fig. III.44 mostra uma seção sísmica ilustrando o estilo
dextral entre as placas africana e sul-americana (Matos e estrutural desse segmento da margem equatorial,
Waick, 1998; Matos, 2000). caracterizando a parte leste da estrutura em flor positiva do
Figura III.43 – Seção geosísmica na Bacia de Barreirinhas, mostrando Figure III.43 – Geoseismic section in the Barreirinhas Basin, showing
falhas extensionais e compressionais na borda da plataforma, extensional and compressional faults near the shelf break, forming
formando cinturão de dobramento em águas profundas deep water fold belts