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6, Nº 2, 187-202
RESUMO
O presente estudo avaliou os efeitos de um programa de intervenção com o objetivo de ensinar práticas parentais a oito mães
de crianças com queixa clínica de problemas de comportamento. O programa é uma replicação de estudo anterior, consistindo de
10 sessões de intervenção para avaliar adesão e resultados em população diferente. Foram utilizados Child Behavior Checklist (CBCL),
entrevista com as mães e Inventário de Estilos Parentais (IEP). Vários temas foram trabalhados, como o estabelecimento de limites,
regras e análise funcional dos comportamentos inadequados dos filhos. Os dados foram comparados com o estudo anterior no qual
foram baseados, que consistiu em seis sessões com os mesmos temas, acrescidos de dois instrumentos de avaliação (Inventário de De-
pressão e Escala de Autoestima), e foi conduzido com mães de adolescentes infratores. Das oito participantes, somente três terminaram
o programa, indicando baixa adesão. Os resultados indicaram diminuição nos problemas de relacionamento com os filhos (pré-teste
médio no CBCL de 76,8 e pós-teste de 66,3; pontuação média pré-teste no IEP de –1,57 e pós-teste de 5,33). Esses resultados são
próximos aos encontrados anteriormente (pré-teste médio no CBCL de 67,4 e pós-teste de 52,2; pontuação média pré-teste no IEP
de –21 e pós-teste de –11,5).
Palavras-chave: práticas parentais, intervenção em grupo, problemas de comportamento.
ABSTRACT
The present study evaluated the effects of an intervention program to teach parenting skills to eight mothers of children with
behavioral problems. The program is a replication of a previous study, comprising ten intervention sessions to access adherence and
effects in different population.We used the Child Behavior Checklist (CBCL), interview with mothers, and Parenting Skills Inventory
(IEP). Several subjects were accessed as limits establishment, rules and functional analysis of inadequate children behaviors. Data were
compared to earlier study that this one was based, that had six sessions with same subjects, plus two evaluation instruments (Depres-
sion Inventory and Self-Esteem Scale) and applied to young offenders’ mothers. Among the eight participants, only three finished the
program, indicating low adherence. Results indicated decrease on problems dealing with children (average 76.8 on CBCL pretest and
66.3 on posttest; average –1.57 on IEP pretest and 5.33 on posttest). Results are close to those found previously (pretest of 67.4 on
CBCL and posttest of 52.2; –21 on IEP pretest and –11.5 on posttest).
Keywords: parenting skills, group intervention, behavior problems.
Padovani e Williams (2005) avaliaram um quais foram ensinados, além das técnicas de
programa de intervenção, baseado na promo- resolução de problemas, relaxamento, análi-
ção de habilidades de resolução de problemas, se de pensamentos disfuncionais, análise do
com quatro adolescentes em conflito com a comportamento impulsivo/agressivo, treino
lei. O programa consistiu em 10 sessões, nas de controle de raiva, treino de assertividade e
1
Este estudo teve apoio da Fundação Araucária, Convênio no 233/2010. Endereço para correspondência: Departamento de Psicologia Geral
e Análise do Comportamento. Universidade Estadual de Londrina, Rod. Celso Garcia Cid, km 380 (Caixa postal 6001). Londrina/PR. CEP:
86055-900. Tel.: (43) 3371-4227.
2
Laboratório de Análise e Prevenção da Violência/Universidade Federal de São Carlos. Departamento de Psicologia Geral e Análise do Com-
portamento. Universidade Estadual de Londrina. E-mail: aedgallo@uel.br
3
Mestrado em Análise do Comportamento.
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A. E. GALLO ET AL.
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INTERVENÇÃO EM PRÁTICAS PARENTAIS
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A. E. GALLO ET AL.
Tabela 1
Dados das participantes, instrumentos de coleta de dados e procedimento nos dois estudos
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INTERVENÇÃO EM PRÁTICAS PARENTAIS
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A. E. GALLO ET AL.
Tabela 2
Resumo das sessões de intervenção nos dois estudos
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INTERVENÇÃO EM PRÁTICAS PARENTAIS
de relaxamento muscular progressivo (Jaco- sem a relação apontada entre as figuras. Após
bson, 1964), enfatizando que o relaxamento a discussão, o material intitulado “A anato-
poderia ser utilizado a qualquer hora, com o mia de uma birra” foi utilizado para explicar
objetivo de manter a calma e evitar reações os conceitos de estímulos antecedentes, res-
agressivas. Uma cópia do roteiro de relaxa- posta e consequência. Era solicitado que as
mento foi entregue a cada participante. participantes observassem os quadros A, B e
A segunda sessão teve como objetivo C da figura, que apresentavam a relação entre
analisar as práticas parentais e a ocorrência antecedente e consequência, e identificassem
de violência doméstica. A sessão teve início semelhanças entre os comportamentos que
com a entrega do material “Prática educativa elas observavam em suas casas. Em seguida,
parental” que discutia as práticas positivas e foi utilizado o material “Recompensas” para
negativas, com ilustração. O grupo era incen- explicar o conceito de reforço. O exercício
tivado a dar exemplos de práticas positivas e “Como eu reajo” foi utilizado em seguida,
negativas e como esses exemplos se aplica- para exemplificar a análise funcional. Era so-
vam a suas próprias práticas. Em seguida, foi licitado que as mães ligassem com uma li-
feita uma discussão sobre violência domésti- nha os círculos apresentados, à medida que
ca, levantando os seguintes pontos para dis- ia sendo discutido. Esperava-se que as mães
cussão: quais as formas de violência que po- pudessem utilizar esse conhecimento para
dem ocorrer em casa; quem ou o que pode analisar o que controla seus comportamentos
ser alvo da violência em casa. As participantes e o que controla os comportamentos agressi-
eram instruídas a sugerir formas de violên- vos dos filhos em casa.
cia (física, sexual, psicológica, entre outras) e A quarta sessão teve como objetivo en-
apontar possíveis alvos (elas mesmas, os filhos, sinar a importância dos limites. A sessão teve
animais de estimação, objetos da casa, obje- início com o material “Limite e sua impor-
tos pessoais etc.). Ao final da sessão, foram tância” para subsidiar a discussão. Em seguida,
fornecidas informações de locais nos quais foram utilizados os materiais ilustrados “Pais
as vítimas de violência doméstica pudessem que não prestam atenção”,“Pais que ficam no
procurar ajuda. As participantes eram incen- blá-blá-blá” e “Pais que agridem seus filhos”.
tivadas a sugerir outras fontes de apoio que A quinta sessão, no estudo de Gallo e
conhecessem, assim como dicas pertinentes Williams (2010), teve como objetivo discu-
ao tema. tir o uso da disciplina. A sessão teve início
A terceira sessão teve como objetivo en- com o material “Como estabelecer limites”,
sinar as mães a analisar as contingências que com dicas para ajudar na discussão do grupo.
poderiam manter os comportamentos inade- Em seguida, foi utilizado o material ilustra-
quados dos filhos. Para tanto, a sessão teve do “Exemplo dos pais” para fundamentar a
início com o material “Meu filho se com- discussão. Os materiais “Estabelecer regras
porta mal, por qu��������������������������
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?”, ilustrado para funda- em acordo”, “Regras razoáveis” e “Pais de
mentar a discussão. O material é como uma acordo” foram utilizados para exemplificar
história em quadrinhos, e era esperado que situações de estabelecimento de regras e li-
as participantes fizessem perguntas e discutis- mites, que podem ajudar o grupo nas dis-
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cussões. No presente estudo, a quinta sessão elogiadas e serviam como modelo para as de-
foi continuação da anterior, em que as mães mais; as que não obtiveram resultados espe-
discutiram as maneiras como elas estabele- rados eram revistas e novas estratégias eram
ciam limites em casa. Cada participante foi sugeridas.
incentivada a relatar o que fazia e as demais A nona sessão teve como objetivo rever os
discutiam, apontando estratégias mais efica- conceitos discutidos. A sessão teve início com
zes com base em suas experiências. A função o material “Exemplo de castigo”, seguido por
do coordenador do grupo era incentivar as “Exemplo de diálogo” e “Exemplo de recom-
participantes a propor estratégias a partir do pensas” para ilustrar situações adequadas.
que foi abordado na sessão anterior. A décima sessão era continuação da an-
A sexta sessão, para Gallo e Williams terior, na qual as participantes discutiam suas
(2010), teve como objetivo rever os con- experiências e aproveitamento do programa.
ceitos discutidos. A sessão teve início com Ao final, houve uma confraternização com
o material “Exemplo de castigo”, seguido bolo e refrigerantes.
por “Exemplo de diálogo” e “Exemplo de
recompensas” para ilustrar situações ade- Delineamento experimental
quadas. No presente trabalho, a sessão teve Foi utilizado um delineamento do tipo
como objetivo discutir o uso da disciplina, AB (Cozby, 2003). Esse delineamento con-
tendo início com o material “Como estabe- siste em uma medida de pré-teste, antes da
lecer limites”, com dicas para ajudar na dis- aplicação do procedimento, e em uma medi-
cussão do grupo. Em seguida, foi utilizado da de pós-teste, ao final do estudo.
o material ilustrado “Exemplo dos pais” para
fundamentar a discussão. Os materiais “Esta- Resultados e discussão
belecer regras em acordo”, “Regras razoá-
veis” e “Pais de acordo” foram utilizados para Caracterização das participantes
exemplificar situações de estabelecimento de As idades das participantes, no estudo de
regras e limites, que podem ajudar o grupo Gallo e Williams (2010), variaram de 35 a 47
nas discussões. anos, sendo a média de 40 anos (desvio-pa-
A sétima sessão foi continuação da an- drão de 4,189). Em relação à etnia das par-
terior, em que as participantes discutiam o ticipantes, cinco eram negras, quatro eram
estabelecimento de regras com base em suas brancas e uma, oriental. A maioria das parti-
experiências. Foram utilizados os materiais cipantes (70%) tinha o ensino básico (até a 4a
da sessão anterior para ilustrar possíveis estra- série de escolaridade). No presente estudo, a
tégias que as mães poderiam usar quando do idade das participantes variou de 32 a 50 anos,
estabelecimento de regras. sendo a média de 40 anos (desvio-padrão de
A oitava sessão foi continuação da ante- 6,094). Duas se declararam pardas, uma ne-
rior, na qual as mães relatavam suas tentativas gra e as demais, brancas. As participantes ti-
de estabelecimento de regras e limites, com nham nível educacional mais alto em relação
base no que fora discutido, e havia feedback ao estudo de Gallo e Williams (2010): duas
do grupo. As tentativas bem-sucedidas eram tinham nível superior e uma, especialização.
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INTERVENÇÃO EM PRÁTICAS PARENTAIS
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INTERVENÇÃO EM PRÁTICAS PARENTAIS
C F C F
100 73 100 10 10
52 58
50 47
50 -5 -5
-5
0
0 -20 -17 -20 -17
Problema de Ausência
Conduta Ausência Ausência
-35 -28 -35
H J H J
100 100 73 10 10
67 56
54
50
50 -5 -5
0 -9
0 Problema de Ausência -20 -15 -20
-22 -20
Limítrofe Ausência Conduta
-35 -35
LU CA
LU CA
103 100 95 81
100 74 7 6
10 10
50 50
-5 -1 -5
-3
0 0
Problema de Problema de Problema de Problema de -20 -20
Conduta Conduta Conduta Conduta
-35 -35
MA
MA
100
10 3
44
50
-5
0
0
-20
Ausência Ausência
-26
-35
Figura 1. Escores atribuídos por cada participante a seus
filhos no Child Behavior Checklist antes (barras escuras) e
Figura 2. Escores obtidos por cada participante no Inven-
depois da intervenção (barras hachuradas) (Gallo).
tário de Estilos Parentais antes (barras escuras) e depois da
intervenção (barras hachuradas) (Gallo).
no estudo anterior (duas participantes indi-
caram que os filhos ainda apresentavam es-
cores limítrofes e clínicos para problemas de vas do total de práticas positivas, o resultado
comportamento). A média inicial foi de 76,8, pode ser um valor negativo quando as práti-
e a final foi de 66,3. cas negativas ocorrem com mais frequência
A Figura 2 apresenta os escores obtidos do que as positivas.
pelas participantes antes e depois da inter- No estudo de Gallo e Williams (2010), o
venção (pré e pós-teste) no Inventário de Es- índice de estilo parental médio obtido antes
tilos Parentais. O escore nesse instrumento é da intervenção foi de –21. O índice de estilo
calculado segundo a fórmula (A + B) – (C + parental médio obtido depois da interven-
D + E + F + G), na qual A significa moni- ção foi de –11,5. Nota-se que três das quatro
toria positiva, B representa comportamento participantes obtiveram uma diminuição dos
moral, C refere-se a punição inconsistente, D índices inadequados de aproximadamente 11
significa negligência, E representa disciplina pontos em seus índices de estilo parental. A
relaxada, F refere-se a monitoria negativa e G participante H foi a que obteve a menor di-
significa abuso físico. Como o escore é calcu- ferença após a intervenção (sete pontos). No
lado subtraindo-se o total de práticas negati- presente estudo, o índice médio inicial foi de
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A. E. GALLO ET AL.
–1,57 e, ao final da intervenção, essa medida tuação foram: disciplina relaxada, seguida por
foi de 5,33. monitoria negativa e depois por negligência.
A Figura 3 apresenta os índices obtidos Nota-se que essas categorias estão condizen-
por cada participante nas diferentes categorias. tes com estudos anteriores, que apontam que
No estudo de Gallo e Williams (2010), pais de adolescentes em conflito com a lei
as categorias que apresentaram maior pon- utilizam uma disciplina inconsistente com
C F
H J
LU CA
10 10
5 5
0 0
A B C D E F G A B C D E F G
MA
10
0
A B C D E F G
Figura 3. Escores obtidos por cada participante nas diferentes categorias do Inventário de Estilos Parentais, antes (barras
escuras) e depois da intervenção (barras hachuradas). Legenda: A = monitoria positiva; B = comportamento moral; C
= punição inconsistente; D = negligência; E = disciplina relaxada; F = monitoria negativa; e G = abuso físico (Gallo).
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INTERVENÇÃO EM PRÁTICAS PARENTAIS
seus filhos (Armstrong & et al., 2003a, 2003b; de problemas de comportamento. Esse dado
Berri, 2004; Jaffe, Baker, & Cunningham, pode indicar que as participantes tenham
2004; Schrepferman & Snyder, 2002). No passado a lidar de forma mais eficiente com
presente estudo, as mães apresentaram bons seus filhos, refletindo nos comportamentos
índices de monitoria positiva e de comporta- dos adolescentes. O mesmo pode ser visto
mento moral, e, dentre as variáveis negativas, por meio do Inventário de Estilos Paren-
a negligência e a monitoria negativa foram as tais. Antes da intervenção, o índice de esti-
que tiveram maior pontuação. lo parental médio foi de –21 e, ao término
Gallo e Williams (2010) apontaram que, do programa, esse índice foi elevado para
antes da intervenção, as participantes apre- –11,5, o que indica que as mães relataram
sentaram escores abaixo de cinco nas cate- que passaram a usar mais práticas educativas
gorias positivas (A e B) e acima de cinco nas positivas e menos negativas. É possível que
categorias negativas (C, D, E, F e G). Após as participantes passassem a ver os filhos de
a intervenção, as participantes obtiveram au- outra forma, valorizando mais os compor-
mento nos escores das categorias positivas tamentos adequados que eles apresentavam.
e diminuição nas categorias negativas. En- A intervenção não foi suficiente para alte-
tretanto, verifica-se que o aumento nas ca- rar o pêndulo para práticas positivas. Isso só
tegorias positivas foi pequeno (um ponto), seria possivelmente viável em projetos mais
enquanto o decréscimo nas categorias nega- abrangentes e de longa duração. Pesquisas
tivas foi mais acentuado. No presente estudo, futuras com recursos metodológicos mais
não foi observada a mesma relação, ou seja, sofisticados poderiam dar suporte a essas
as participantes já apresentavam indicadores hipóteses.
positivos. ���������������������������������
Talvez o programa tenha propicia- No presente estudo, o escore médio an-
do que as mães reconhecessem suas práticas tes da intervenção no Child Behavior Che-
inadequadas, mas tenha sido pouco efetivo cklist foi de 76,8, o que representa uma clas-
em ensinar práticas adequadas. Talvez o uso sificação clínica para problemas de compor-
de outras técnicas, como video-feedback (Rios tamento, e, após a intervenção, esse escore
& Williams, 2008), fosse mais procedente. médio foi reduzido para 66,3, o que ainda
representa uma classificação clínica. Apesar
Conclusões desses dados, antes da intervenção, o índice
médio no Inventário de Estilos Parentais foi
Nos dois estudos, as mães participaram de –1,57 e, ao término do programa, esse ín-
ativamente das tarefas propostas durante a dice foi elevado para 5,33, o que indica que
intervenção. No estudo de Gallo e Williams as mães passaram a usar mais práticas positi-
(2010), o escore médio antes da interven- vas. A intervenção não foi suficiente para re-
ção no Child Behavior Checklist foi de 67,4, duzir problemas de comportamento, apesar
o que representa uma classificação clínica de as mães apresentarem bons indicadores de
para problemas de comportamento, e, após a práticas parentais.
intervenção, esse escore médio foi reduzido No estudo de Gallo e Williams (2010),
para 52,25, o que representa ausência clínica a maioria das participantes (80%) respondeu
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que seus filhos já foram considerados agres- enquanto as mães estivessem participando
sivos na escola, apresentando problemas des- das sessões.
de a infância, mas nunca encontraram aju- Também é possível considerar que algu-
da para esses problemas. Considerando esse mas mães podem ter deixado de participar
dado, optou-se por propor o programa de das sessões por já acreditarem que haviam
intervenção a mães que tinham queixa dos resolvido o problema. Uma vez que foi en-
filhos sendo agressivos, como uma tentativa sinado como analisar as contingências que
de prevenção da prática infracional. pudessem manter os comportamentos ina-
Fica evidente, nos dois estudos, a falta de dequados das crianças, é possível que as mães
recursos para pais que enfrentam problemas entendessem que saber como fazer isso já
com seus filhos. Soma-se a isso a falta de re- seria suficiente para manejar comportamen-
cursos públicos e a falta de profissionais pre- tos indesejáveis. Sugere-se que avaliações
parados para enfrentar os desafios de promo- contínuas sejam feitas, em relação à satisfação
ver o desenvolvimento de crianças de risco e das participantes em cada sessão do progra-
prevenir problemas mais graves. ma, assim como o quanto os comportamen-
O contexto terapêutico e o papel do tera- tos delas e dos filhos mudaram ao longo da
peuta relevam-se como aspectos centrais para intervenção. Uma proposta para isso seria a
a explicação, ao participante, das contingên- elaboração de um diário, no qual as mães re-
cias atuantes em seu contexto de vida pessoal latariam o que aconteceu dia a dia, como os
e social (Conte & Brandão, 2001), também filhos se comportaram e como elas reagiram.
conforme afirmam Armstrong et al. (2003a): Assim, seria possível identificar a eficácia das
sessões, além de manter as participantes en-
Os pais precisam expressar seu luto por muitas volvidas ativamente no programa.
perdas dolorosas: a perda do amor e respeito
dos filhos, perda de suas esperanças e aspirações Referências
quanto ao futuro dos filhos, perda da confian-
ça e intimidade com seus filhos, perda do filho Achenbach, T. M. (1991). Manual for the child be-
idealizado, perda do senso de si mesmo como havior checklist/4-18 and 1991 profile. Burlington:
pais bem-sucedidos e a perda da imagem públi- University of Vermont.
ca positiva. Assim como há raiva de terem sido Armstrong, H. A.,Wilkis, C., & Melville, C. (2003a).
abandonados, abusados e rejeitados pelos seus Clinical factors in group psychotherapy for
próprios filhos. (Armstrong et al., 2003a, p. 25) parents of adolescents with disruptive behaviour
disorders. Journal of Adolescent Mental Health,
No presente estudo, algumas mães relata- 15(1), 21-30.
ram não ter disponibilidade para comparecer Armstrong, H. A.,Wilkis, C., & Melville, C. (2003b).
a todas as sessões, porque não tinham com Evaluation of the parent group experience:
quem deixar os filhos, o que poderia ter con- What helps and what hinders. Journal of Adoles-
tribuído para a baixa adesão. Uma proposta cent Mental Health, 15(1), 31-37.
que poderia resolver essa condição seria a Bazon, M. R., & Estevão, R. (2004). A conduta deli-
criação de um espaço para acolher os filhos tuosa na adolescência: introdução à produção da
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201
A. E. GALLO ET AL.
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202