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ou a estrutura de uma
investigação
METODOLOGIAS DE
INVESTIGAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Métodos mistos
DUAS IDEIAS PRÉVIAS
• “If research did not matter, then we should not do it • "Se a investigação não fosse importante, então não
and taxpayers should not fund it. Assuming research a deveríamos fazer e os contribuintes não a
does matter, then we must do it well, and this deveriam financiar. Partindo do princípio de que a
means a robust approach to research from the investigação é importante, então temos de a fazer
outset…” (Gorard, 2013: 197) bem, e isso significa uma abordagem sólida à
investigação desde o início..." (Gorard, 2013: 197)
• “A good design can fail because of poor or
inappropriate data. But a poor design remains poor • "Um bom projeto pode falhar devido a dados
however good your data is, and whatever type it is. pobres ou inadequados. Mas um mau projeto
A poor design, including no design at all, means that continua a ser mau, independentemente da
you will not be able to draw the kinds of conclusions qualidade dos dados e do seu tipo. Uma má
you want to. Unfortunately, in this situation, you conceção, ou mesmo a ausência de conceção,
may still be tempted to try to draw unwarranted significa que não será possível tirar as conclusões
conclusions, which encourages dishonest appraisal que se pretendem. Infelizmente, nesta situação,
of facts, and disrespect for the research process. It pode ainda ser tentado a tentar tirar conclusões
means that your time, and the time of everyone injustificadas, o que encoraja uma avaliação
involved in or reading about the research, has been desonesta dos factos e o desrespeito pelo processo
largely wasted” (Gorard, 2013: 202) de investigação. Significa que o seu tempo, e o
tempo de todos os que participam ou lêem sobre a
investigação, foi em grande parte desperdiçado"
(Gorard, 2013: 202)
Quais os critérios fundamentais de uma boa pesquisa?
O que
Qual o
estará na
problema, O que pode
origem
qual o ser feito
Questionar: deste
modelo, ou para ser
problema/
qual a melhorado?
situação/
tendência?
fenómeno?
A questão de Investigação (2)
Como se constroi a questão ou questões de investigação?
• Emerge de interesse pessoal e/ou de um problema social identificado.
• Deve ser fundamentada em literatura relevante e/ou dados existentes (dados
secundários).
• Deve ser contextualizada no que já se sabe acerca do problema identificado
(problematização)
• Deve ser clara, pertinente e exequível.
Construção de um mapa da literatura paralelamente à elaboração de fichas de leitura; resumos; tomada de notas;
Organização da literatura de acordo com os conceitos e abordagens encontradas e pertinentes para o tópico
orientador.
A revisão da literatura
Pós-positivismo Construtivismo
•Determinismo •Compreensão
•Reducionismo •Múltiplos significados
•Observação e medição para os/as participantes
empíricas •Construção social e
•Verificação da teoria histórica
•Geração de teoria
Participativa Pragmatismo
•Político •Consequências da ações
•Orientação para o •Centrado num problema
empoderamento •Pluralístico
•Colaborativo •Orientado para a prática
•Orientação para a no mundo real
mudança
Que tipo de evidências são
necessárias para responder a
uma determinada questão?
Os argumentos convincentes
A qualidade e a quantidade
e os resultados serem
de dados
credíveis/válidos
Escolha do método:
abordagem qualitativa; quantitativa ou mista
Analisar as características e procedimentos de cada abordagem;
Compreender o papel do/a investigador/a em cada uma;
Escolher técnicas de recolha de dados;
Escolher como analisar os dados.
Pós-positivismo Construtivismo
• Determinismo • Compreensão A. Qualitativa;
A. Quantitativa;
• Reducionismo • Múltiplos significados Narrativas; Etnografia;
Desenhos experimentais • Observação e medição para os/as participantes
empíricas • Construção social e
Estudos de caso
e quase-experimentais histórica
• Verificação da teoria
• Geração de teoria
Participativa Pragmatismo
A. Qualitativa; • Político • Consequências da ações A. Mista;
• Orientação para o • Centrado num problema Questionários;
Investigação-Ação; empoderamento • Pluralístico
Metodologias • Colaborativo • Orientado para a prática Narrativas; Entrevistas,...
• Orientação para a no mundo real
participativas mudança
QUALI & QUANTI
PREOCUPAÇÃO CENTRAL É A
OS DADOS SÃO NUMÉRICOS E
NATUREZA DO FENÓMENOS, ASSENTA
USA PROCEDIMENTOS
PREDOMINANTEMENTE EM
MATEMÁTICOS NA ANÁLISE.
PALAVRAS/TEXTO
AJUDA A EXPLICAR
DIFERENÇAS OU
COMEÇA COM GRANDES
CORRELAÇÕES ENTRE
QUESTÕES. PROCURA O
VARIÁVEIS MAS NÃO O
COMO E O PORQUÊ.
PORQUÊ.
DESENVOLVE TEORIA. QUALI QUANTI
A AMOSTRA OU POPULAÇÃO INDUTIVO DEDUTIVO PROCURA REDUZIR O VIÉS
PODE SER PEQUENA
FONTES DE DADOS: QUESTIONÁRIOS
FONTES DE DADOS: COM ESCALAS DE TIPO LIKERT;
QUESTIONÁRIOS, OBSERVAÇÕES (CONTAGEM POR
ENTREVISTAS, FGD, FREQUÊNCIAS) E DADOS
ETNOGRAFIA, DIÁRIOS… ESTATÍSTICOS SECUNDÁRIOS
Qualitativo Quantitativo
Definir os instrumentos a usar para recolha de dados e definir a intervenção (‘tratamento’/ variável a manipular)
•Os instrumentos devem medir o que se pretende medir (validade) e ser fiáveis (fiabilidade)
•Definir o nível de intervenção adequado para verificar os efeitos em análise (‘dose’ adequada)
Realizar análise estatística (inferencial) para avaliar o efeito da intervenção e reportar às hipóteses definidas (rejeitar ou não a hipótese nula)
*Na pesquisa educacional o placebo pode converter-se numa outra intervenção; por outro lado, o conhecimento de estar a participar numa investigação pode, por si só, alterar os resultados
Baseado em
Muijs (2004)
Estudos quase-experimentais
Necessário considerar os fatores que podem afetar os resultados por forma a que os mesmos
estejam presentes nos dois grupos (experimental e de comparação)
Vantagens Desvantagens
Baseado em
Muijs (2004)
Estudos quantitativos não-experimentais
Survey
(pesquisa por
questionário)
Tipos de
estudos:
Análise de
Pesquisa
dados
observacional
secundários
Baseado em
Muijs (2004)
Survey/pesquisa por questionário
Recolha de dados através de um questionário administrado de variadas formas: presencial, online, telefone.
Apropriado para estudos descritivos ou para aferir relações entre variáveis (não causalidade!)
Fases:
• Definir os objetivos da pesquisa (realistas e exequíveis);
• Definir tipo de desenho (dependente dos objetivos):
• Longitudinal
• Cross-sectional (corte transversal)
• Pré-teste e pós-teste
• Métodos mistos (ex: questionário + entrevistas)
• Definir hipóteses (opcional) (estatística inferencial) ou questão de investigação;
• Definir a população em estudo, a amostra, e o processo de amostragem;
• Desenhar os instrumentos (a qualidade dos dados depende da qualidade dos instrumentos!);
• Testar os instrumentos (estudo piloto)
• Recolher e analisar os dados.
Baseado em
Muijs (2004)
Análise de dados secundários
Uso de bases de dados construídas e disponibilizadas por outros (ex: Eurostat; INE, DGEEC;
IEFP;…)
Ter em consideração que tais bases de dados obedecem a uma racionalidade exterior à da
v/investigação
Serve especialmente para explorar um fenómeno e depois expandir os Serve especialmente para explicar e interpretar relações
resultados (generalização)
Promove resultados bem fundamentados e validados Obter perspetivas mais abrangentes dos resultados e/ou estudar diferentes níveis
num mesmo estudo
Desvantagens: Desvantagens:
Requer muito esforço e experiência Os dados precisam de ser transformados para poderem ser analisados de forma
integrada
Pode ser difícil comparar os resultados de dois tipos de análise advindas de dados
de tipo diferente Pode ser difícil resolver discrepâncias entre os dados
Pode ser difícil resolver discrepâncias entre os resultados Tendo as duas abordagens prioridades diferentes, pode resultar em evidências
desiguais na interpretação dos resultados
Parte 1.2 (trabalho em grupo)
Formular questão de investigação para o trabalho de grupo (se ainda
não realizado)
• a questão de investigação,
• opções paradigmáticas,
• abordagens teóricas,
• método,
• ferramentas de recolha de dados,
• método de análise de dados
RESEARCH DESIGN
ou a estrutura de uma
investigação
METODOLOGIAS DE
INVESTIGAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Parte 2.1
Abordagens qualitativas
• Etnografia
• Estudo de caso
• Estudos biográficos/ narrativas
• Investigação-Ação/ Metodologias participativas
• Grounded theory
Abordagem qualitativa
Um debate epistemológico e técnico
A investigação qualitativa compreende uma série de paradigmas metodológicos e epistemológicos.
A abordagem qualitativa foca-se no particular, no construído, e na ideia de que os fenómenos são dependentes do contexto.
CONTUDO... Também pretende gerar quadros teóricos e hipóteses para compreensão sistemática de fenómenos.
Metodologias qualitativas
O/a investigador/a posiciona-se de um modo geral em perspetivas em que procura os diferentes
significados que os sujeitos atribuem a uma situação ou fenómeno. Estes significados são construídos
social e históricamente. O objetivo do/a investigador/a é construir uma teoria ou um modelo de
análise.
• Etnografia
• Estudo de caso
• Estudos biográficos/ Narrativas
Tipos • Investigação-ação / Metodologias participativas
• Grounded-theory
• (…)
Etnografia Baseado em
Creswell (1998)
Tem o propósito de descrever e interpretar um determinado sistema ou grupo cultural e/ou social
A recolha de dados é extensiva: implica tempo prolongado de permanência no terreno (contexto em estudo)
A observação participante é a forma principal de recolha de dados e é registada em notas de terreno (ou notas de campo)
Fases:
•Selecionar contexto/grupo em estudo
•Construir grelha de observação (opcional; de acordo com os objetivos)
•Negociar entrada no terreno e identificar informantes-chave
•Participar no contexto/grupo por tempo suficiente para realizar a recolha de dados (observação participante; também é possível incluir entrevistas ou
outras formas de recolha de dados)
•Registar as notas de terreno logo que possível (fora do contexto em estudo)
•Analisar as notas de terreno e outros materiais empíricos recolhidos
O resultado da etnografia deve implicar uma perspetiva holística onde são incorporadas as perspetivas das pessoas que compõem o grupo
(emic) e a interpretação dos dados, por parte do/a investigador/a, enquadrada na perspetiva das ciências sociais/da educação (etic)
Estudo de caso Baseado em
Creswell (1998)
Trata-se do estudo aprofundado e detalhado de um “sistema delimitado” (caso) (ou de vários – múltiplos casos) no tempo e no espaço:
•Programas
•Eventos
•Atividades
•Organizações (etc.)
Fases:
•Escolher o caso ou casos a estudar
•Escolher os métodos de recolha de dados
•Realizar a análise:
•Análise holística do caso como um todo | Multicasos: Descrição detalhada e por temas para cada caso (análise intra-caso)
•Análise incorporada de um aspeto específico do caso | Multicasos: Análise temática entre casos (análise transversal)
•Reportar os resultados:
•Apresentar uma descrição detalhada do caso
•Apresentar uma análise e interpretação por temas
•Apresentar as “lições aprendidas” com o(s) caso(s)
Trata-se do estudo de um indivíduo e da sua experiência como contada ao/à investigador/a; ou tendo por base documentos em arquivo
•Histórias de Vida
•Narrativas biográficas
•Retratos sociológicos (Bernard Lahire)
São recolhidas informações objetivas sobre experiências e fases do percurso de vida que são organizadas cronologicamente (p.e.: educação,
emprego, relações, etc.), geralmente pelo uso de entrevistas de carácter biográfico
Estas experiências são recontadas pelos/as participantes sob a forma de uma narrativa (história) e depois organizadas por temas que indicam
acontecimentos decisivos da vida dos/as participantes
O/a investigador/a explora os significados das histórias recorrendo aos/às participantes para fornecer explicações e procurar os seus múltiplos
significados
O/a investigador/a procura explicar, interpretar e situar os significados das histórias individuais no contexto sócio-histórico-cultural
Necessário que o/a investigador/a tenha conhecimento que lhe permita situar e interpretar as histórias no contexto sócio-histórico-cultural
Baseado em:
Investigação-Ação
Gabriot B. (sd). A propos de la recherche-action existentielle de René Barbier Compte-rendu de
lecture du livre Barbier R [1996 ]La recherche-action. Document électronique. https://recherche-
action.fr/labo-social/download/M%C3%A9thodologie/A%20propos%20de%20la%20recherche-
action%20existentielle%20de%20Ren%C3%A9%20Barbier.pdf
A Investigação-Ação é uma metodologia (participativa) que visa a transformação de uma realidade e simultaneamente produzir
conhecimento relativo a essa mesma realidade e às suas transformações
É realizada em conjunto com os/as participantes, que se tornam co-investigadores, formando um investigador-coletivo
A identificação do problema a investigar é realizada com a (ou pela) comunidade com a qual se realiza a investigação-ação
A comunidade participante tem de estar aberta (querer) à mudança/transformação que decorre do processo de investigação-ação
É imprescindível uma relação de confiança entre todos/as os/as participantes (comunidade e investigador/a)
Fases:
Existem várias ‘modalidades’ dentro das metodologias participativas (cf. Vaughn & Jacquez, 2020)
Retirado de
(Vaughn & Jacquez, 2020)
Grounded-theory Baseado em
Creswell (1998)
Pretende gerar ou descobrir uma teoria acerca da forma como as pessoas agem e reagem face a um determinado fenómeno e que está proximamente relacionada
com o contexto em que o fenómeno está a ser estudado
Para tal, o/a investigador recolhe entrevistas, visita frequentemente o campo, desenvolve e relaciona categorias de informação e propõe proposições teóricas ou
hipóteses
São realizadas entrevistas até que os dados se encontrem saturados, ou seja, até que não seja possível encontrar informação nova
A análise decorre ‘simultaneamente’ à recolha de dados (processo zigzag: recolha de dados-análise-recolha de dados-análise,…)
Os/as participantes são escolhidos teoricamente – amostragem teórica – para que seja possível melhor construir a teoria (p.e.: heterogeneidade de características)
O resultado deste processo de análise é uma teoria de nível substantivo (gerada a partir de um contexto)
Desafios:
•É necessário colocar de parte ideias e conceitos teóricos prévios para permitir a emergência da teoria de nível substantivo
•Torna-se difícil determinar quando as categorias estão saturadas ou a teoria detalhada o suficiente
Diagrama de codificação axial em Grounded Theory
• Questão de investigação
• Objetivos
• Escolhas teóricas
• Escolhas metodológicas
• Técnicas de recolha de dados
• Técnicas de análise de dados
Bibliografia
Creswell, J. W. (1998). Qualitative inquiry & research design: Choosing among five approaches (2nd ed.). Sage Publications.
Creswell, J. W. (2002) Research Design: Qualitative, quantitative, and mix-method approach. London: Sage.
Gorard, S. (2013) Research Design. Creating a robust approaches for the Social Sciences. London: Sage.
Muijs, D. (2004). Quantitative research. In Doing quantitative research in education with SPSS. Sage Publications.
https://doi.org/10.4324/9780203703588-9
Tashakkori, A., & Teddlie, C. (1998). Mixed methodology : combining qualitative and quantitative approaches. Sage.
Turner, S. F., Cardinal, L. B., & Burton, R. M. (2017). Research design for mixed methods: A triangulation-based framework and roadmap.
Organizational Research Methods, 20(2), 243–267. https://doi.org/10.1177/1094428115610808
Vaughn, L. M., & Jacquez, F. (2020). Participatory research methods – Choice points in the research process. Journal of Participatory
Research Methods, 1(1). https://doi.org/10.35844/001c.13244
White, P. (2009) Developing research questions: a guide for social scientists. London: Palgrave.