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RESULTADO DE APRENDIZAGEM 2

Elaborar projecto de investigação tomando em, conta todos os seus elementos e a norma
APA em vigor no ISDB

Toda a pesquisa a desenvolver inicia sempre com um problema a ser resolvido; o estudante-
pesquisador identifica um problema e supõe uma solução possível e depois coloca uma
explicação racional da situação a ser compreendida ou aperfeiçoada – a hipótese; depois disto,
deve-se procurar comprovar a hipótese, fazendo a sua verificação; para isso, devem-se colher as
informações inerentes à hipótese, e com os resultados obtidos neste processo, tirar-se as
conclusões (Laville e Dionne, 1999).

Propôr e Elaborar
Verificar a
Definir um uma Concluir
hipótese
Problema hipótese

Figura 1. O Processo de Pesquisa

Fonte: Laville e Dionne (1999)

A forma como estas fases serão desenvolvidas, (que instrumentos, ferramentas, teorias…), é
prevista no Projecto de Pesquisa.

O PROJECTO DE PESQUISA

1. O que é um projecto
Sempre que se tem um tema para estudo, deve-se antes elaborar um plano, um projecto que possa
garantir a sua viabilidade. Um projecto é um plano, é uma projecção que vai prever e
providenciar recursos necessários para se atingir os objectivos propostos e solucionar o problema
identificado.

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Colocam-se nele as diferentes tarefas a serem executadas, dentro de um cronograma a ser
observado (Cervo e Bervian, 1999). O projecto de pesquisa deve ser organizado em forma de um
documento através do qual se articula e se organizam uma actividade da pesquisa que se vai
desenvolver.

2. Qual é a importância de um projecto


Benjamin Franklin, renomado cientista e filósofo, é autor de mais de 160 pensamentos, um dos
quais é:
AO FALHAR NA PLANIFICAÇÃO (PREPRAÇÃO) JÁ ESTA A PLANIFICAR PARA FALHAR!

Pergunta: Qual é o sentido desta afirmação?


Franklin Morreu em 1790, mas esta expressão é usada ainda hoje. Isto mostra a importância que
tem o processo de planificação de uma actividade para que ela seja realizada com sucesso. Lair
Ribeiro, autor de vários livros sobre educação empresarial, também usa bastante esta expressão
de Franklin: “falhar em planear é planear para falhar”. Na verdade, o que estes autores querem
dizer com esta frase tão curta, mas importante, é que, não planificar uma determinada actividade,
é meio caminho andado para não se cumprir com os objetivos propostos.

A existência de um projecto de pesquisa é importante, porque vai ajudar-nos a concretizar os


nossos objectivos, a prever e providenciar recursos necessários para se atingir tais objectivos, e
consequentemente a solucionar o problema identificado.

3. Objectivos de um projecto
Os principais objectivos de um projectos, dentre tantos outros, são:
 Mapear todo o percurso que iremos seguir no processo de investigação do nosso
problema;
 Servir de instrumento orientador para o investigador.

4. Elementos de um Projecto
Um projecto de pesquisa pode ser elaborado de diferentes formas, mas não devem faltar os
seguintes elementos:
1. O tema delimitado
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2. O problema bem definido e delimitado
3. As hipóteses ou subquestões de pesquisa
4. Os objectivos: gerais e específicos
5. A justificativa da escolha do tema
6. A metodologia
7. O levantamento da literatura (revisão bibliográfica – quadro teórico)
8. O cronograma
9. Os recursos
10. Os livros que serviram de referência na elaboração do projecto (bibliografia ou
referências bibliográficas).

Estes elementos podem ser classificados da seguinte forma:


Referenciais teóricos Referenciais metodológicos Elementos complementares
-Tema Metodologia: Referências bibliográficas
-Problema -Abordagem Previsão orçamental
-Hipóteses/Subquestões de pesquisa -Tipo de pesuisa Cronograma de actividades
-Objectivos gerais e especificos -Metodo
-Justificativa -População e amostra
-Instrumentos de recolha de dados
-Validade e fiabilidade
-Modelos para análise de dados
-Questões éticas
Fonte: Reis e Frota (n.d)

No tópico a seguir, vamos abordar cada elemento do projecto.

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PARTE I

Referenciais teóricos do Projecto de Pesquisa

1. O TEMA

1. O que é um tema de pesquisa?

O tema é um aspecto ou uma área de interesse de um assunto que se deseja provar ou


desenvolver, portanto, é a ideia central do trabalho; ideia que se vai procurar provar, demonstrar,
fundamentar e defender; portanto, deve ser exposto de uma forma clara, objectiva e precisa (cf.
Marconi e Lakatos, 2009). Entao, escolher um tema, significa eleger uma parcela delimitada de
um assunto.

Para escolher um bom tema:

a) Esteja atento às necessidades e problemas que existem no quotidiano;


b) Responda à seguinte pergunta: “O que pretendo abordar nesta pesquisa?
c) O assunto que escolher, deve ser do seu interesse e gosto, para que possa proporcionar-
lhe experiências de valor;
d) Lê, lê bastante, lê no mínimo três autores para que se possa familiarizar com o assunto.

2. Como delimitar o tema de pesquisa

Delimitar um tema é o acto de colocar limites a uma investigação científica (Lakatos e Marconi,
2003). É estabelecer limites quanto ao assunto, extensão e prazo, ou localização no espaço e
tempo. É seleccionar de um todo, um tópico somente a ser estudado, e sob que ponto de vista ou
que perspectivas o tópico será abordado; é também indicar o momento histórico e geográfico em
cujos limites se localiza o assunto (Cervo e Bervian, 1999). Este processo de delimitação é
importante para que você estude o tema com profundidade.

Ler, como já se disse, é uma excelente forma de começar um processo de delimitação; portanto,
reúna alguns textos básicos a partir dos quais irá reflectir sobre o assunto, tendo sempre em

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mente as linhas de pesquisa do seu departamento, ou os tópicos aprendidos em um módulos do
seu curso.

Exemplo das diferentes formas de delimitar o assunto:

a) Escolher um tópico dentro de uma área de estudo considerar a sua extensão ou a


localização espácio-temporal

Exemplo:

Etapa 1 – colocar o assunto

Estratégias de comunicação bidirecionais no processo de ensino online em instituições de


ensino superior

Pergunta de reflexão: Você pode imaginar quantas instituições de ensino superior existem no
mundo, que aplicam este tipo de estratégias em seus cursos online, para facilitar a comunicação
entre todos os intervenientes? Você teria aqui muita informação, que seria difícil de tratar e
correria o risco de dispersão e divagação.

Etapa 2
Então, vamos inserir esta acção no espaço e no tempo.
Estratégias de comunicação bidirecionais no processo de ensino online do ISDB de 2018-2020

O alvo da sua pesquisa fica um pouco mais restrito e direcionado. Do ensino superior, passou
para Moçambique, de Moçambique para Maputo, de Maputo para uma só instituição do ensino
superior – o ISDB. Neste sentido, o seu foco seria somente o EaD no ISDB. Agora resta
trabalhar a frase, para ficar mais clara e objectiva. Aqui contará com a sua imaginação e
criatividade. Para melhorar a frase; pode usar expressões tais como: Análise, avaliação, reflexão,
desenvolvimento, etc….

Neste exemplo, a frase final pode ficar assim:

Análise das principais estratégias de comunicação bidirecionais utilizadas no ensino online no

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ISDB no período de 2018 a 2020

Vá colocando várias frases, até que opte por aquela que expressa o que realmente deseja fazer
com a pesquisa que pretende levar à cabo.

b) Pode determinar a sua extensão ou abrangência

Para além de situar o tema no espaço e no tempo, também pode delimitá-lo em termos de sua
abrangência – extensão.

Por exemplo:
Estratégias de comunicação bidirecionais no processo de ensino online: Desafios e limitações

A delimitação aqui obedeceu a extensão do tema. O foco serão somente os desafios e as


limitações; e somente este aspecto será considerado na sua pesquisa.

Os tópicos que você pode considerar para ajudarem na delimitação da sua pesquisa são os
seguintes: região, cidade, bairro, grupo de pessoas, empresa específica, categoria de empresas,
estudo de caso específico, limites espácio-temporais, etc. isto significa que você tem que saber
exatamente onde aplicará a sua pesquisa. O que se está aqui a dizer, é que, para delimitar melhor
o assunto, você devera ter em mente a região, a cidade, o grupo de pessoas, etc. - que serão o seu
objecto de estudo. Isto o ajudará também na definição da sua população de estudo.

Nota importante: O tema da pesquisa deve ser claro, sucinto, objetivo e deve retratar o
problema em questão, no espaço e tempo

2. PROBLEMA

A definição de um problema de pesquisa é uma tarefa complexa, mas imprescindível para o


sucesso do trabalho que se pretende realizar; sem problema não há investigação. A formulação
do problema, nesse caso, é a primeira fase do processo de pesquisa, pois, enquanto o assunto
permanecer assunto, não se iniciou a investigação propriamente dita; o assunto deve ser
questionado pelo investigador/estudante, transformando-o em problema (Cervo e Bervian, 1999).
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1. O que é um problema de pesquisa?

Problema é uma questão não resolvida e que pode ser discutido em qualquer domínio do
conhecimento. Formular o problema é dizer de uma forma explícita, clara e compreensiva:
o Qual a questão ou a dificuldade que se pretende resolver?
Essa questão deve ser muito bem definida e enunciada.

2. Tipos de problema

Os problemas podem ser teóricos ou práticos.

i) Problema teórico - Direcionado para a exploração de um objeto pouco conhecido;


procura obter mais conhecimentos sobre um determinado objecto pouco estudado.
ii) Problema prático - Direcionado para respostas que ajudem a subsidiar acções; visa
resolver um problema prático.

Nota: Se o estudante já escolheu o tipo de problema que vai estudar, já escolheu também o tipo
de pesquisa que irá desenvolver; estes dois aspectos devem estar bem alinhados.

3. Características de um problema
Dentre muitas características existentes, as mais importantes são:

a) Um problema deve ser formulado como pergunta


Esta pergunta deve ser de natureza científica. Um problema é de natureza científica quando
envolve variáveis que podem ser passíveis de teste, ou seja, deve estar explícita nesta pergunta
científica, a relação de dois ou mais fenómenos (factos, variáveis) entre si, e estas variáveis
devem ser testáveis, observadas e manipuladas; sendo assim, perguntas retóricas, especulativas, e
afirmativas (valorativas), não são perguntas científicas, e não podem constituir um problema de
pesquisa (Lakatos e Marconi, 1991).

b) Um problema deve ser claro e preciso.


O problema de pesquisa deve ser claro e preciso; deve revelar exactamente o que se quer estudar.

c) O problema deve ser suscetível de solução

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No processo de formular o problema de pesquisa, é necessário que se conheçam os recursos
tecnológicos que serão envolvidos na solução do problema. Pois, corre-se o risco de estabelecer
problemas para os quais não haja instrumentos e técnicas desenvolvidas e apropriadas para
resolvê-los. Deve ser possível a recolha de dados necessários para a sua solução.

iii) Como formular um problema de pesquisa

Para se formular bem o problema, supõem-se conhecimentos prévios do assunto; isto quer dizer,
que, ler, é fundamental para se definir claramente um problema de pesquisa. O qie vai iluminar a
identificação, definição e delimitação do seu tema e problema (da sua pesquisa), são os autores
que você deve ler, para entender melhor o seu problema. Sem isso, você andará às escuras, e
dificilmente alcançará os objectivos propostos. Portanto, não tenha pressa, ganhe tempo,
seleccione, através de uma leitura de reconhecimento, dois ou três autores que falem do seu
problema, de preferência, autores da área (seu supervisor ou professor podem ajudar a identificá-
los), e lê; lê bastante, abra fichas de leitura e tome nota dos aspectos que o ajudam a entender o
seu problema. A seguir formule com segurança o seu problema de pesquisa.

Lembre-se que “Os passos que o pesquisador terá que percorrer a seguir, até ao término da
pesquisa, dependerão deste passo inicial: a formulação do problema” (Cervo e Bervian, 1999,
p.67).

O problema pode ser apresentado em forma de afirmação, mas o mais usual, é que seja
apresentado em forma de uma interrogação. Para Richardson (2009), as melhores perguntas são
formuladas utilizando as expressoes: Como, Que, Quando, etc.; mas para melhor ajudá-lo neste
processo de formulação do seu problema de pesquisa, vamos recorrer ao método de Douglas
Tybel. Segundo este método, a pergunta de partida ou problema de pesquisa, deve ser elaborada
através do seguinte esquema:

Articulador Qualificador + Articulador solução + Proposta - tese + Articulador ligação +


Problema
Observe o exemplo abaixo:

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Articulador Articulador Proposta - tese Articulador Problema
Qualificador solução ligação
De que forma Aplicar Estratégias de melhora Rendimento
comunicação pedagógico dos
bidireccionais cursos online
Problema: De que forma aplicar (ou a aplicação) de estratégias de comunicação bidirecionais,
melhora o rendimento pedagógico dos estudantes dos cursos online do ISDB?
Nota: Exemplo de articuladores que podem ser utilizados, veja em anexo no final deste texto.

Portanto, o problema correctamente delimitado e formulado na perspectiva de Koche (2001),


deve traduzir a possível relação que existe entre pelo menos duas variáveis conhecidas.

Perguntas como:
a. O que é que provoca divórcios no seio das famílias da cidade de Maputo?
b. Como fazer para melhorar a mobilidade urbana?
c. Qual a melhor técnica de psicoterapia?
Não podem ser consideradas perguntas científicas, pois revelam uma dúvida, não estão
completas para se tornarem numa pergunta de pesquisa, num problema científico, pois não
contém a possível resposta do problema. “O seu formato expressa a relação de uma incógnita
com uma variável conhecida” (Koche, 2001, p.106). Portanto, as frases acima citadas, só se
tornarão em pergunta de investigação (pergunta científica) quando se eliminar a incógnita e
substitui-la por uma variável conhecida.

“A delimitação do problema define, então, os limites da dúvida, explicitando quais variáveis


estão envolvidas na investigação e como elas se relacionam” (Koche, 2001, p.108).

Posto isto, faz-se a avaliação do problema:


Resolve-se com eficiência, somente por meio da pesquisa?
Vai trazer algo de novo?
Insere-se no estado actual da evolução científica?
Pode-se estudar e chegar-se a conclusões válidas?

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iv) Como contruir a problemática

Antes de mais, importa tentar distinguir aqui problema de problemática; são duas palavras que
parecem iguais, mas não são. Toda a pesquisa parte de um problema e se insere numa
problemática; “a fase do estabelecimento e de clarificação da problemática e do problema é
frequentemente considerada como a fase crucial da pesquisa” (Laville e Dionne, 1999, p.85).
Problemática, é o quadro no qual se situa o problema e não o próprio problema. Depois de tomar
consciência do problema, o investigador/estudante, deve construir uma problemática. As leituras
feitas, vão ajudar muito neste momento da construção da sua problemática.

3. HIPÓTESES

Uma pesquisa começa sempre com um problema solucionável. Depois de identificar e definir
este problema, deve-se oferecer ao problema uma solução possível, mediante uma proposição, ou
seja, uma expressão verbal susceptível de ser considerada verdadeira ou falsa – a hipótese.

1. O que é uma hipótese?

A hipótese é, uma proposição que pode ser testada; “ela orienta o estudante, colocando-o na
direcção daquela que é a provável resposta do seu problema, a resposta que ele procura” (Koche,
2001, p.106).

Tanto o problema quanto a hipótese devem ser enunciados em forma de factos ou fenómenos. O
que difere o problema da hipótese é que o problema é enunciado, no geral, em forma de sentença
interrogativa, e a hipótese em forma de sentença afirmativa.
2. Formatos para a colocação das hipóteses

Há várias maneiras de se formular uma hipótese, a mais usual é “se X, então Y” (Lakatos e
Marconi, 1991). Veja o exemplo a seguir:

Exemplo:
Problema: A má alimentação influi no fraco desempenho escolar?
Hipótese: Se se melhorar a qualidade da alimentação, então o desempenho escolar será melhor

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Ou
Hipótese: um bom desempenho escolar depende de uma adequada dieta alimentar.

Existem várias formas de se colocar as hipóteses, vejam-se algumas:

i) Hipóteses com variáveis relaccionadas ou dependentes (como no exemplo acima).


ii) As hipóteses de causa e de solução
a. Hipóteses de causa, são aqueles fenómenos que provavelmente estarão na origem
do problema.
b. A(s) hipótese(s) de solução é uma solução provisória para um determinado
problema levantado
iii) Hipótese básica e hipóteses secundárias
a. Hipótese básica - é a principal resposta ao problema colocado
b. Hipóteses secundárias – são afirmações complementares e significam outras
possibilidades de resposta ao problema. Podem ser detalhes da hipótese básica
iv) Hipótese nula e hipótese alternativa
a. Hipótese nula – É uma alegação inicial baseado em análises anteriores ou
conhecimentos especializados;
b. Hipótese alternativa - é aquela que você acredita que pode ser verdadeira ou
espera provar ser verdadeira.
v) hipóteses 1, 2, 3….

A enunciação segue sempre o mesmo perfil.

3. Processo de elaboração de hipóteses

Para elaborar as hipóteses você deve:

a) Observar da realidade em estudo;


b) Ver os resultados de outros estudos já realizados na área;
c) Consultar teorias; ou
d) Seguir a intuição.

Notas:

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a) A hipótese é instrumento da pesquisa quantitativa.
b) Em pesquisa qualitativa, normalmente se trabalha com questões norteadoras e não com
hipóteses.

4. Questões/Subquestões de pesquisa

Sao questões que devem ser respondidas ao longo da pesquisa. Funcionam como um roteiro para
a obtenção da resposta da questão de partida (problema). Então as questões ou subquestões de
pesquisa ajudam a responder ao problema; alinhar sempre estas questões aos seus objectivos
específicos.

4. JUSTIFICATIVA

A justificativa apresenta em mais ou menos meia página a uma, um argumento convincente,


sobre a razão de ser da pesquisa, por isso, o estudante/investigador deve argumentar de forma
lógica, clara e objectiva. Ela corresponde à defesa da pesquisa, no que concerne à sua
importância, relevância e contribuições para o progresso da ciência.

Na justificativa, diz-se em poucas palavras:


i. A razão de ser da sua pesquisa - porque vai estudar o assunto eleito; ou seja, o que levou
o autor a escolher o tema em questão - o que o motivou?

ii. A pertinência - porque esse e não outro qualquer?


iii. A relevância – tem a ver com o enquadramento na actualidade;
iv. Contribuição – o que de novo vai trazer com o estudo deste assunto. Em quê vai
contribuir para o progresso da ciência.

Explicam-se também os motivos de ordem teórica e prática que justificam a pesquisa; deve-se
responder sempre à questão: “porque se deseja fazer a pesquisa?” (Richardson, 2009, p.55). Este
texto é seu, não deve levar citações de outros autores.

5. OBJECTIVOS

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1. O que são objectivos de pesquisa?

Um objectivo é o que o pesquisador quer atingir com a realização do trabalho de pesquisa; é a


meta - o fim. Deve-se definir o objectivo geral, que é a ideia central que serve de “fio condutor”
no estudo. Ele define, de um modo geral, o que se pretende com a pesquisa que se vai levar a
cabo. Esta ideia está ligada à compreensão do todo e vinculada à tese que se vai defender. Os
objectivos específicos são de igual modo importantes; são etapas intermediárias que vão permitir
atingir o objectivo geral.

Os objectivos devem ser escritos e nunca devem ser vagos, incertos e gerais demais; quando isso
acontece, divaga-se, e rouba-se ao trabalho, a sua unidade. Eles são importantes pois, para além
de orientadores, ajudam na selecção dos métodos e na avaliação do trabalho.

Os objectivos devem estar diretamente relacionados, ou voltados ao grupo-alvo da pesquisa; as


características do grupo-alvo devem ajudar a determinar os conteúdos a serem investigados e os
objectivos a serem alcançados.

2. Como se formulam os objectivos de pesquisa

Os objectivos devem ser colocados em termos de objetivos em Gerais e Específicos. Lembrar


que:

a. Objectivos gerais – Definem de um modo geral, o que se pretende com a pesquisa


que se vai levar a cabo; Indicam processo (conhecer, compreender, analisar….),
portanto, são concretizados a longo prazo (deve-se colocar 1 somente, no geral).

Exemplo: Desenvolver mecanismos de comunicação bidireccional para garantir uma boa


aprendizagem dos estudantes em cursos na modalidade on-line

b. Objectivos específicos – São o desdobramento ou e a operacionalização dos


objectivos gerais. São formulados de modo a indicar comportamentos observáveis
nos sujeitos (Haidt, 2002). indicam acções concretas que devem ser realizados a
curto prazo; normalmente são formulados utilizando verbos que indicam acção
(indicar, identificar, apontar, explicar….). Ajudam a identificar as etapas a
ultrapassar até chegar-se ao fim último do trabalho, ou seja, garantem a

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concretização dos objectivos gerais. Deve-se colocar 3-4, para garantir que sejam
alcançados na pesquisa a realizar.

Dicas que podem ajudar o estudante a definir os objectivos:

Colocar as seguintes perguntas:


O que é que se espera alcançar com este trabalho, com este tema ou assunto?
O que é que se quer que os leitores aprendam com os argumentos e exposições?
O que é que ficarão a saber, sentir e farão, no final da leitura ou do estudo deste
trabalho?

Nota: Elaborar a frase colocando os verbos no infinitivo: esclarecer tal coisa; definir tal
assunto; procurar, permitir que, demonstrar, etc.
Conferir a tabela de Bloom em anexo, para ver os verbos normalmente utilizados na definição
de objectivos, nos diferentes níveis.

3. Características dos objectivos de pesquisa


 Simplicidade – devem ser simples e directos, contemplando a realidade concreta do
grupo alvo e da situação em estudo.
 Validade - demonstrar valor e utilidade para satisfazer as necessidades, interesses e
capacidade do grupo alvo.
 Operacionalidade - facilidade que um objectivo tem de ser atingido através de acções
possíveis de ser realizadas.
 Observável – é aquele que, devido a uma acção determinada, transforma-se em
resultado concreto e observável.

6. QUADRO TEÓRICO/FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O Quadro Teórico de referência, é algo que brota diretamente do levantamento bibliográfico para
a elaboração do “estado da arte” de um problema de pesquisa; é uma breve discussão teórica do
problema, na perspectiva de fundamentá-lo nas teorias existentes. São as teorias, conceitos,
autores que são utilizados no desenvolvimento de um trabalho científico; são aqueles autores que

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se utilizam para analisar um certo problema ou assunto. Convém confrontar sempre diferentes
pontos de vista de autores sobre um mesmo tema/problema.

Nota: É importante o investigador se posicione em relação às opiniões dos autores sobre um


mesmo tema, principalmente quando elas são divergentes. Nunca transformar o quadro teórico
numa compilação de pensamentos de outros autores, e muito menos em espaço para a
clarificação de conceitos.

O Quadro Teórico é importante pois indica a maneira como será visto um problema naquela
pesquisa, ou seja, sob qual perspectiva o problema será abordado; ele deve alinhar-se ao
problema, objetivos, hipóteses, etc. Se se decidir mudar o marco teórico, muda-se a pesquisa
também e vice-versa (Eiterer, 2008). Ele deve ainda servir de base para a análise e interpretação
dos dados recolhidos no campo, na fase de elaboração do Relatório Final; os dados apresentados
devem, necessariamente, ser interpretados à luz das teorias existentes (Eiterer, 2008).

ANEXO: Tabela de qualificadores para a elaboração do problema de pesquisa

ARTICULADOR ARTICULADOR- PROPOST ARTICULADO PROBLEMA


QUALIFICADOR SOLUÇÃO A - TESE R - LIGAÇÃO
De que forma Aplicação Auxilia
De que maneira Avaliação Como solução
Como Aná lise Entre
Porque A compreensão Frente a
Quais as A síntese Influencia
(características, O conhecimento No/na
semelhanças, O estudo Para
factores,…..) Etc. Pelo
Que factores, Pode (reflectir,
aspectos, efeitos, contribuir)

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técnicas…) Por
Qual a… Prejudica
Até que ponto Etc…
Etc

a) Livros
Gerhardt, T. E. & Silveira, D. T. (2009). Métodos de Pesquisa (1 edicção). Rio Grande do Sul,
Brasil: UFRGS editora
Marconi, M. A.; Lakatos, E. M; (2003). Fundamentos de Metodologia Científica. (5 edicção).
São Paulo: Editora Atlas
Cervo, A L; Bervian, P.A. (1996). Metodologia Científica. 4ª edição. S.Paulo: Mackron
Books.

Gunther. (2006). Educação e Pesquisa. vol.38 nº 1; São Paulo: Jan./Mar. 2012. Disponível em


9 de Fevereiro de 2012, em http://www.scielo.br

Koche, J. C. (2001). Fundamentos de Metodologia Científica. 19ª edição.Petrópolis: Ed.


Vozes.

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Lakatos, E. M.; Marconi, M. de A. (1991). Metodologia Científica; 2º edição. S.Paulo: editora
Atlas.
Laville, C.; Dionne, J. (1999). A construção do saber: Manual de metodologia da pesquisa em
ciências humanas. Porto Alegre: Editora Artmed.
Richardson, R. J. (2009). Pesquisa Social: Métodos e Técnicas. 3ª Edição. S. Paulo: Editora
Atlas.
b) Artigos
c) Vídeo - Disponível em https://youtu.be/4yOzZZQfjQU, em 21/9/2020

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