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APRESENTAÇÃO
“Se torturarmos os dados por bastante tempo, eles acabam por admitir qualquer coisa.”
O historiador Andrew Lang disse que algumas pessoas usam a estatística “como um bêbado utiliza
um poste de iluminação – para servir de apoio e não para iluminar”.
Estas são algumas das perguntas que servirão de base para os seus estudos sobre o tema em ques-
tão.
As principais razões para a produção de impressões distorcidas da realidade a partir das estatísticas
são:
• O uso de pequenas amostras
• Distorções deliberadas
• Perguntas tendenciosas
• A elaboração de gráficos enganosos
• Pressões políticas
Este curso tem como propósito a construção de um alicerce que amplie a formação de analistas
criminais no Brasil. Dessa forma, a perspectiva é contribuir para que novos conteúdos relacionados às mo-
dernas técnicas de análise sejam agregados em futuro próximo.
Aqui você estudará os conceitos básicos da análise estatística que fundamentam o processo de
análise criminal.
Objetivos do Curso
Ao finalizar o curso, você será capaz de:
• Reconhecer a importância da análise criminal;
• Descrever os principais conceitos e aplicações da estatística criminal;
• Identificar as técnicas e instrumentos que possibilitam a coleta de informações;
• Aplicar os conceitos básicos relacionados à estatística para compreender melhor as técnicas
utilizadas na análise criminal; Identificar os diferentes tipos de mapas, relacionando-os às suas
informações; Compreender os elementos conceituais e metodológicos necessários para a ope-
racionalização da análise criminal.
2
• Identificar os diferentes tipos de mapas relacionando às informações que reúnem;
• Compreender os elementos conceituais e metodológicos necessários para a operacionalização
da análise criminal.
Estrutura do Curso
O curso está dividido nos seguintes módulos:
Bom curso!
3 ead.senasp.gov.br
MÓDULO
POR QUÊ FAZER ANÁLISE CRIMINAL?
1
Apresentação
Seja bem-vindo(a) ao primeiro módulo deste curso!
Neste módulo, você estudará a importância da análise criminal frente à nova perspectiva de
policiamento e a sua contribuição para a gestão das ações de segurança pública.
Objetivos do módulo
Ao final do módulo, você deverá ser capaz de:
Estrutura do módulo
O conteúdo deste módulo está dividido nas seguintes aulas:
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1.2 Definição
• A definição de análise criminal abrange muito mais que um simples traçado de gráficos, tabelas
e mapas. Constitui-se no uso de uma coleção de métodos para planejar ações e políticas de
segurança pública, obter dados, organizá-los, analisá-los, interpretá-los e deles tirar CONCLU-
SÕES.
• A realização da análise criminal envolve, principalmente, o uso de métodos estatísticos, por
meio dos quais tratam as informações para tentar conhecer as causas que determinam o fenô-
meno da segurança pública, buscando identificar, no resultado final, quais influências cabem a
cada uma dessas causas.
Você concluiu a primeira aula! Vamos prosseguir?
O modelo atual de alocação eficiente dos gastos públicos cria a necessidade de repensar a forma
como a segurança pública é feita. Os profissionais dessa área devem se questionar sobre os resultados es-
perados de sua atividade profissional, assim como sobre a forma de agir para cumprirem essa expectativa:
como fazer mais com menos recursos?
Para responder a questão levantada no slide anterior – como fazer mais com menos recursos? – é
preciso passar da reação para a ação. Ao invés de apenas reagir diante de uma cadeia de incidentes, a
principal estratégia para quebrar esse ciclo é a execução de ações preventivas para a criação de ambientes
seguros.
Importante!
Essa é a nova perspectiva que contrasta com a forma tradicional de pensar policiamento. A atitude
mais comum é o pronto atendimento à vítima, mas dessa forma, o alcance de resultados depende somente
do aumento do efetivo e da compra de armas e viaturas.
• A polícia examine de modo detalhado cada um dos problemas a serem abordados, identifica do
suas causas;
• Leve em consideração um conjunto bastante amplo de opções para intervir sobre essas causas;
e
• Escolha a opção a ser utilizada com base em uma relação de custo e benefício, pautada no al-
cance de resultados.
Observa-se uma mudança na lógica de gestão, pois o objetivo prioritário deixa de ser apenas a
solução dos crimes que já ocorreram e passa a ser a manutenção de um ambiente social onde não ocorra
nenhum crime, as pessoas possam andar nas ruas tranquilamente e a sensação de segurança seja com-
partilhada por todos e todas, independentemente de suas características culturais, econômicas e naturais.
5 ead.senasp.gov.br
Essa situação fica ainda mais precária quando se questiona o uso das conclusões dessas análises na
gestão das ações e políticas de segurança pública. Os processos de tomada de decisão baseados na rotina
e na autoridade, marcados pela indiferença quanto aos resultados a serem alcançados em perspectiva sistê-
mica, ainda prevalecem.
Uma das explicações para essa situação é a grande falta de analistas criminais bem treinados
e compromissados com sua atividade.
Importante!
O bom analista criminal não espera uma demanda de informação para iniciar seu trabalho. Esponta-
neamente, ele passa todo seu tempo de trabalho buscando identificar problemas que devem ser resolvidos,
avalia as principais causas do problema para identificar as respostas com o maior potencial de efetividade e
traça um projeto de execução que sempre parte da diretriz que é preciso aprender com os resultados alcan-
çados, quer sejam positivos ou negativos.
Outro importante ponto a ser destacado no trabalho do analista criminal é a existência, entre esses
profissionais, de uma concepção modesta sobre a importância do seu trabalho, visto sempre como um tra-
balho de bastidores. É preciso repensar essa concepção.
O analista criminal tem importância fundamental na garantia do sucesso do trabalho dos órgãos
de segurança pública, pois tem influência direta sobre o processo de tomada de decisão, assim como
sobre a forma de resolver o problema.
Mais que uma fonte de informações, o analista criminal deve assumir o papel de conselheiro. Mais
que um técnico especialista em análise de dados, o analista criminal deve agir como um pesquisador que
visa trazer as melhores contribuições possíveis da ciência para o aperfeiçoamento do trabalho policial.
No quadro funcional dos órgãos de segurança pública, o analista criminal é a pessoa com
maior conhecimento sobre o processo de produção e coleta de informações, a análise de dados e sobre a
avaliação de resultados. Além disso, é a pessoa com maior capacidade de encontrar fontes alternativas de
dados e relatórios que podem ser utilizados para dar sustentação e aperfeiçoar as análises a serem empre-
endidas e as conclusões a serem alcançadas.
A importância do trabalho do analista criminal foi demonstrada em uma pesquisa sobre a efetivida-
de das estratégias de ação policial desenvolvida nos Estados Unidos, em 2003.
Veja na figura 1 um quadro de avaliação de resultados de diferentes estratégias de policia-
mento. As estratégias selecionadas pela pesquisa foram distribuídas considerando dois eixos principais: a
focalização do objeto alvo da ação (eixo horizontal) e a ampliação do conjunto de estratégias de po-
liciamento utilizadas (eixo vertical).
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A partir da Figura 1, percebe-se que a perspectiva restrita apenas ao reforço da lei foi trocada por
uma perspectiva mais abrangente que inclui uma aproximação da polícia com a comunidade, além da reali-
zação de ações sociais.
Observe que, no contexto da estratégia tradicional, a focalização é baixa e a estratégia envolve
apenas o reforço da lei (perspectiva jurídica).
A pesquisa conclui que não existem evidências empíricas de um resultado efetivo das ações em
relação à redução da incidência criminal. Por outro lado, no policiamento orientado para o problema (Clarke
& Eck, 2007), marcado pela focalização da ação e pelo uso de um conjunto diversificado de estratégias orien-
tadas para a solução dos problemas abordados, a pesquisa identificou fortes evidências empíricas de um
resultado efetivo em relação à redução da incidência criminal.
O policiamento orientado para o problema tem como principal estratégia de intervenção a pro-
moção de mudanças nas condições que fazem do crime um problema repetitivo. Ele apresenta um grande
avanço em relação à estratégia tradicional de policiamento, pois objetiva um resultado mais efetivo do que
o alcançado pelas respostas reativas aos incidentes e pelas patrulhas policiais preventivas.
Nesta aula, você viu vários aspectos sobre o trabalho do analista criminal frente à nova perspectiva
de policiamento!
Vamos prosseguir para a próxima aula?
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Cabe ressaltar, no entanto, que os autores consideraram os gastos em segurança pública sem sepa-
rá-los e sem analisar as possibilidades de distribuição e aplicação desses recursos efetivos na própria área.
Para alcançar resultados reais, não basta aumentar o volume de recursos financeiros investidos.
É preciso analisar as alternativas de intervenção e investir os recursos conforme as relações entre custo
e benefício de cada alternativa.
Essa questão aponta para a importância do analista criminal, que fornece o subsídio tanto para
a tomada de decisão quanto para o investimento. Por fim, a pesquisa destaca a necessidade de trabalhar
com estratégias de intervenção que ultrapassem o âmbito das ações tradicionais de polícia, pois a melhor
perspectiva de resultado foi observada quando reunidas todas as estratégias de ação de forma conjunta:
• Ações policiais;
• Redução da desigualdade social; e
• Aumento da renda per capita.
SAIBA MAIS...
Antes de prosseguir, leia o texto em anexo: Recorte 1: “A análise criminal contribuindo para mudan-
ças na política nacional.”, que está nos anexos do curso.
Nota: Há na REDE EAD um curso de Policiamento Orientado para o Problema. Matricule-se para
o próximo ciclo, caso ainda não tenha cursado.
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4.2.1 A valorização de uma perspectiva local de ação
Ao focalizar uma perspectiva mais local, o analista criminal faz com que sua instituição seja mais
bem informada, eficiente e capaz de usar seus recursos para reduzir o crime.
A perspectiva local atribui ao analista criminal maior capacidade para investigar e identificar as
causas do problema abordado.
Essa orientação do trabalho numa perspectiva local propõe que o analista:
Converse com os policiais sobre como eles concebem seu trabalho; participe diretamente de ativi-
dades desenvolvidas pelos órgãos de segurança pública; troque informações com profissionais das empresas
de segurança privada; crie uma rede com analistas criminais das regiões vizinhas; colete informações direta-
mente com agressores e vítimas; e busque contribuir para aprimorar os processos de coleta de informação.
A focalização nos tipos criminais permite ao analista especificar as causas particulares, os atores e as
dinâmicas de cada tipo de crime, permitindo uma análise mais apurada do fenômeno criminal.
Caso essa focalização não seja realizada e uma categoria criminal ampla (roubo, por exemplo) seja
considerada como problema, torna-se difícil identificar as causas do problema. Cada tipo de roubo – em
estabelecimento comercial, residência, transporte coletivo, de carga, dentre outros – possui suas causas
específicas, resulta de diferentes motivações e envolve atores distintos em termos de conhecimento, habili-
dade e organização.
Importante!
Cada tipo criminal específico tem causas particulares e recomenda-se que as intervenções sejam
focalizadas em cada um deles separadamente.
Parabéns, você está quase no fim deste módulo! Vamos prosseguir para a última aula?
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fluências a longo prazo. Dentre seus principais focos estão:
• Formulação de políticas públicas;
• Produção de conhecimento para redução da criminalidade;
• Planejamento e desenvolvimento de soluções;
• Interação com outras secretarias na construção de ações de segurança pública;
• Direcionamento de investimentos;
• Formulação do plano orçamentário;
• Controle e acompanhamento de ações e projetos; e
• Formulação de indicadores de desempenho.
Exemplificando...
Se o analista identifica que o fenômeno criminal apresenta uma tendência ascendente, essa infor-
mação será utilizada para formular e determinar prioridades das ações dos operadores do sistema de segu-
rança pública.
• Fornecimento de informações sumarizadas para seus diversos públicos – cidadãos, gestores pú-
blicos, instituições públicas, organismos internacionais, organizações não-governamentais, etc.;
• Elaboração de estatísticas descritivas;
• Elaboração de informações gerais sobre tendências criminais;
• Comparações com períodos similares passados; e
• Comparações com outras cidades similares.
Finalizando...
Parabéns! Você finalizou este módulo!
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Aqui, você aprendeu que:
• A realização da análise criminal envolve, principalmente, o uso de métodos estatísticos. Por
meio deles, as informações são tratadas para que se possa conhecer as causas que determinam
o fenômeno da segurança pública, buscando identificar, no resultado final, quais as melhores
ações para cada uma dessas causas;
• O modelo atual de alocação eficiente dos gastos públicos cria a necessidade de pensar melhor
a forma de como se faz segurança pública;
• O analista criminal tem importância fundamental na garantia do sucesso do trabalho dos órgãos
de segurança pública, pois tem influência direta sobre o processo de tomada de decisão, assim
como sobre a forma de resolver o problema.
• Dos fatores considerados por Cerqueira e Lobão (2003), a redução da desigualdade social foi o
único relacionado diretamente à redução da incidência de homicídios;
• Para a análise criminal ser mais eficiente, as quatro etapas da dinâmica de trabalho do analista
precisam ser aplicadas a um problema focalizado. Dois pontos merecem destaque quando se
discute a questão da focalização das ações: a valorização de uma perspectiva local de ação e a
focalização de tipos criminais específicos para intervenção.
Agora, para fixar o conteúdo é importante que você realize os exercícios propostos a seguir.
No próximo módulo você aprenderá sobre:
Bons estudos!
Exercícios
Com base nos conhecimentos adquiridos no módulo 1, realize as atividades propostas a seguir.
a) Reativa
b) Preventiva
c) Passiva
d) Proativa
3. A produção do conhecimento de gestão em segurança pública pode ser classificada segundo três
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vertentes. Considerando estas vertentes, associe a 2ª coluna de acordo com a 1ª:
( ) Trata da atividade de produção do conhecimento voltada para o estudo dos fenômenos e suas
influências no médio prazo.
( ) Trata da atividade de produção do conhecimento voltada para o público alvo.
( ) Trata da atividade de produção do conhecimento voltado para o estudo dos fenômenos e suas
influências no longo prazo.
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Gabarito
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MÓDULO
COLETA DE INFORMAÇÕES
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Apresentação
Olá! Seja bem-vindo ao módulo “Coleta de Informações”.
Antes de iniciar o conteúdo desse módulo, que tal relembrar o que você estudou no anterior?
• Você viu a definição de análise criminal e identificou suas contribuições para a gestão da segu-
rança pública;
• Compreendeu os aspectos relacionados à nova perspectiva de policiamento e a importância do
foco nas ações de análise criminal; e
• Viu a classificação da produção de conhecimento em segurança pública de acordo com as ver-
tentes utilizadas.
Neste módulo, você estudará alguns dos métodos de abordagem dos fenômenos sociais que po-
dem ser utilizados para a elaboração de diagnósticos sobre a situação da segurança pública e monitoramen-
to de resultados das ações e políticas.
Cabe destacar que um método não exclui o outro. Muitas vezes é preciso combiná-los, pois cada um
possui vantagens e limitações; a combinação possibilita que se complementem.
Objetivos do módulo
Ao final do módulo, você deverá ser capaz de:
Estrutura do módulo
O conteúdo deste módulo está dividido nas seguintes aulas:
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1. Observação do comportamento que ocorre naturalmente no âmbito real.
• Análise de conteúdo
• Estudo de caso
• Análise de dados secundários
2. Criação de situações artificiais e observação do comportamento antes das tarefas definidas para
as situações.
• Avaliação de impacto (laboratório)
Análise de conteúdo
Alguns tópicos de pesquisa são suscetíveis ao exame sistemático de documentos, como romances,
poemas, publicações governamentais, músicas, boletins de ocorrências etc. As informações trazidas pelos
documentos são sistematizadas, buscando a existência de semelhanças.
As principais desvantagens desta técnica são:
• O tipo de documento selecionado para o exame pode não ser a medida mais apropriada da
questão ou fenômeno a ser estudado.
• A análise dos documentos sempre envolve um espaço de arbitrariedade.
Estudo de caso
O estudo de caso envolve a descrição e explicação abrangente dos muitos componentes de uma
determinada situação social.
Num estudo de caso, você busca coletar e examinar o máximo de informações possíveis sobre o
tema. Se o estudo é sobre a comunidade, você aborda a sua história, seus aspectos religiosos, políticos, eco-
nômicos, geográficos, sua composição racial etc.
Em resumo, você procura a descrição mais abrangente e tenta determinar as inter-relações
lógicas dos seus vários componentes.
Enquanto a maioria das pesquisas busca diretamente o conhecimento generalizado, o estudo de
caso busca o conhecimento abrangente de um só caso. Dessa forma, o conhecimento produzido não é ne-
cessariamente generalizável.
Se o estudo de caso é realizado pelo pesquisador que é participante no evento ou grupo social
estudado, este é denominado de Estudo de Caso com Observação Participante.
Na prática, como observador participante, o pesquisador pode ou não se revelar como tal. Essa de-
cisão tem importantes implicações metodológicas e éticas. O pesquisador que admitir que esteja realizando
um estudo pode afetar diretamente o fenômeno que pretende estudar.
Por outro lado, a não identificação do pesquisador pode ter implicações éticas relativas ao engano.
Como estudo de caso, a observação participante busca colher informações muito detalhadas.
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A grande desvantagem desse método é que o pesquisador dificilmente consegue manter pro-
cedimentos sistemáticos de pesquisa.
A realização de pesquisas científicas não envolve, necessariamente, a coleta e análise de dados ori-
ginais (pesquisa de campo). Alguns tópicos de pesquisa podem ser estudados analisando dados já coletados
e compilados.
A análise dos dados secundários tem a grande vantagem da economia. O pesquisador não precisa
arcar com os custos de amostragens, entrevistas, codificações, recrutamento de sujeitos experimentais etc.
A principal desvantagem do método é que o pesquisador fica limitado a dados já coletados e
compilados por outros, que podem não representar adequadamente a questão que lhe interessa.
Avaliação de impacto
A avaliação de impacto procura determinar os resultados das ações e políticas. Para mensurar esses
resultados, não basta olhar o objeto de análise e ver o que aconteceu com ele depois da aplicação da política.
Para garantir que as mudanças observadas são resultantes da política empreendida, é preciso com-
parar o grupo em que ela foi implementada – chamado de tratado – com um grupo similar que não a expe-
rimentou – chamado de controle.
Quando se está trabalhando com experimento aleatório, também chamado de experimento puro, é
bastante simples medir o impacto.
Das pessoas inscritas para o teste, são selecionados dois grupos de forma aleatória, por sorteio.
Para um grupo é distribuído o placebo (grupo controle) e para o outro grupo é dado o remédio (grupo
tratado). Depois do tratamento, compara-se a condição de saúde dos dois grupos.
Se o grupo tratado apresenta melhor condição de saúde de que o grupo controle, o remédio tem
resultado positivo. Caso contrário, o remédio não tem resultado.
PARA REFLETIR...
Sendo o objetivo fazer uma política de prevenção à criminalidade em áreas de alta periculosidade
da cidade, como escolher uma área que não vai receber essa política?
Isto é justo com a população desse local?
Normalmente, as ações e políticas têm desenhos não aleatórios e as avaliações devem buscar de-
senhos não experimentais, denominados por avaliações de estudos observacionais ou quase-experimentais.
A implicação do desenho não experimental para a avaliação do impacto é que o “controle” não
pode ser comparado diretamente com o “tratado”, pois os atributos de ambos não são, necessariamente,
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equivalentes.
Para fazer essa comparação é necessário que se apliquem técnicas estatísticas que tornam o “con-
trole” equivalente ao tratado.
Existem várias técnicas para isso, as mais usadas são “pareamento com escore de propensão” e
“diferenças em diferenças”. Neste curso não serão tratadas essas técnicas, pois exigem um conhecimento
avançado em estatística. Para mais detalhes, veja Ravallion (2001; 2005) e Heckman et al. (1998).
Survey
Um survey é realizado quando se pretende construir enunciados sobre uma população, isto é, des-
cobrir a distribuição de certos traços e atributos, avaliar o impacto de alguma política ou ação etc.
Para que seja viável, em termos técnicos e econômicos, a pesquisa é realizada em uma amostra
cientificamente selecionada da população, de forma a representá-la. Essa seleção científica da amostra
permite a extrapolação dos resultados encontrados para a população, ou seja, se a amostra é composta por
50% de homens, pode-se extrapolar o resultado dizendo que nossa população é composta de 50% de ho-
mens.
A coleta de informações envolve sempre a aplicação de um questionário, que deve priorizar a cons-
trução de questões com respostas fechadas, retirando ao máximo a possibilidade de respostas abertas em
formato de texto. Assim, esses instrumentos de coleta de informação favorecem o uso de técnicas quanti-
tativas para análise dos dados.
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Pesquisas na área de segurança pública Técnicas de análise
Pesquisa que analisam informações Análises de dados secundários.
trazidas de bases de ocorrências regis-
tradas pelas polícias.
Pesquisas de vitimização. Survey
Pesquisas que buscam avaliar de forma mais Estudo de caso.
detalhada a criminalidade, envolvendo entre-
vistas com moradores.
Pesquisa mais detalhada realizada por alguém Estudo de caso ou, especificamente, pesquisa
que convive com a comunidade. etnográfica.
O que é um questionário?
O objetivo de uma pesquisa determina a forma do questionário e a maneira da sua aplicação por
meio dos conceitos e da população alvo.
• O grau de complexidade dos conceitos determina o número de perguntas e sua forma de apre-
sentação.
• Há uma relação recíproca entre características da população alvo e complexidade dos conceitos
a serem investigados, pois ambos determinam a maneira de transformação dos conceitos em
perguntas e sua administração.
• O tamanho da amostra determina o formato do questionário em relação ao tipo de entrevistas
e ao tamanho do seu conteúdo.
• O tamanho da amostra é determinado pelos recursos disponíveis (tempo, dinheiro e recursos
humanos).
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fatores:
1. Contexto social da sua aplicação;
2. Perguntas;
3. Estrutura lógica na organização dessas perguntas; e
4. Diferentes formas de coleta de informação.
No que diz respeito à administração do questionário, sendo ele observado como um instrumento
de coleta de informações é importante apontar que esse processo envolve sempre uma interação entre pes-
quisador e respondente.
A interação pode ocorrer no âmbito de uma entrevista presencial, na qual os dois atores são
colocados frente a frente numa relação de entrevistador e entrevistado, ou no âmbito da resposta a um
questionário encaminhado, por exemplo, via e-mail ou correio, no qual ocorre uma interação entre os dois
atores pela apresentação do questionário (na maneira como as questões foram escritas, no agradecimento
pela disponibilidade de responder ao questionário, dentre outros fatores). Ou seja, mesmo no preenchi-
mento de um questionário, ocorre uma entrevista, mas nesse caso, a relação entre entrevistado e entrevis-
tador é mediada pelo questionário.
Muitas pessoas participam de pesquisas por se sentirem importantes em ter sua opinião valori-
zada ou pela oportunidade de falar e serem ouvidos. Comunicar resultados e/ou facilitar o acesso a eles é
outra forma importante de recompensar os respondentes.
• Estabelecer contato com o respondente em potencial e assegurar sua cooperação. Para esta-
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belecer confiança, o entrevistador deve se apresentar e indicar com e para quem trabalha. A seguir, precisa
capturar o interesse do respondente pelo tema e para isso, sugere-se ressaltar o quanto opiniões e expe-
riências do respondente são importantes. São os primeiros momentos da entrevista que importam para
a disposição do respondente em cooperar. Nesse momento, o questionário e sua importância devem ser
apresentados da forma mais completa.
• Como o respondente pode desistir da pesquisa a qualquer momento, persiste a necessidade
de continuar a manter seu interesse durante a realização da entrevista. Alguns pontos merecem especial
atenção para evitar a desistência no meio do processo da entrevista: a tarefa deve parecer ser breve, é preci-
so reduzir ao máximo o esforço mental e físico requerido, eliminar as possibilidades de embaraço, qualquer
implicação de subordinação e custo financeiro.
• O mínimo de cortesia na despedida consiste em um agradecimento pela valiosa colaboração
do respondente, seja de maneira verbalizada no fim da entrevista, seja de maneira escrita no fim do questio-
nário. Muitas pessoas participam de pesquisa por se sentirem importantes em ter sua opinião valorizada ou
por poder falar e ser ouvido. Comunicar resultados e/ou facilitar o acesso a eles é outra forma importante de
recompensar os respondentes.
2.6 As perguntas
As perguntas iniciais servem para estabelecer um relacionamento de confiança entre respondente
e pesquisador. Nunca se deve começar o questionário por perguntas burocráticas (nome, sexo, idade, renda
familiar etc.), pois essas questões só terão respostas autênticas quando o respondente desenvolver certo
grau de confiança no entrevistador.
As perguntas burocráticas devem ser inseridas sempre no final do questionário. Cabe destacar tam-
bém que perguntar o nome no início da entrevista contradiz qualquer afirmação sobre o caráter confidencial
da entrevista.
Uma boa pergunta é aquela que gera respostas fidedignas e válidas e, por essa razão, devem
apresentar algumas características básicas:
• A pergunta precisa ser compreendida e comunicada consistentemente;
• As expectativas quanto às respostas precisam ser explicitadas para os respondentes;
• Os respondentes devem ter todas as informações necessárias para a resposta; e
• Os respondentes precisam estar dispostos a responder.
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2.7 Aspectos a serem observados
A seguir, você conhecerá os principais aspectos a serem observados na elaboração de uma pesquisa:
Linguagem
Quanto à linguagem usada na formulação das perguntas, é preciso ficar sempre atento à população
alvo da pesquisa. A compreensão da linguagem utilizada pode mudar de acordo com o público.
Abreviações, gírias ou termos regionais, termos especiais ou sofisticados devem ser evitados.
Há dois problemas nos questionários relacionados à linguagem. São eles:
Importante!
Uma vez que as questões estiverem elaboradas, pergunte-se:
O respondente está entendendo o que o entrevistador quis perguntar?
O enunciado da pergunta induz a resposta de alguma forma?
• Escala Nominal;
• Escala Ordinal;
• Escala Intervalar.
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A Escala Nominal utiliza símbolos ou números somente para identificar as pessoas, objetos ou
categorias. Por exemplo, o gênero, estado civil ou atributos como cor de cabelo, uso de bengala e existência
de tatuagem.
Mesmo para as medições em escala nominal é preciso se preocupar em estabelecer um bom rela-
cionamento com o respondente.
Exemplo: A frase “Qual o estado civil de V.Sa?” soa melhor do que solicitar simplesmente “Estado
civil”.
Dependendo da população alvo e do objetivo da pesquisa, um maior ou menor número de alter-
nativas é apropriado.
Exemplos: A raça pode ter como categoria apenas: a) brancos e b) não brancos OU a) brancos, b)
negros, c) pardos, d) indígenas, e) asiáticos e f) outros.
Lembre-se!
O importante é que as opções sejam mutuamente exclusivas e cubram todas as alternativas.
Na Escala Ordinal, além de se identificarem as pessoas, objetos ou categorias, ocorre uma orde-
nação desses elementos. Por exemplo, a hierarquização da percepção de níveis de violência entre diferentes
locais de uma cidade, status social ou ordem de chegada em uma competição.
Uma técnica de mensuração muito utilizada nas ciências sociais para levantar atitudes, opiniões e
avaliações é a construção de escalas Likert. Nela, o respondente avalia um fenômeno numa escala de, geral-
mente, cinco alternativas.
O conteúdo das alternativas varia de acordo com o tema abordado na pergunta. Um ponto interes-
sante na utilização de escalas é a decisão quanto ao uso de número par ou ímpar de alternativas, pois o uso
de um número ímpar de alternativas indica que se criou um ponto neutro no meio da escala, ou seja,
foi aberto espaço para o entrevistado expor uma posição neutra sobre o tema abordado.
Independentemente do número de alternativas, é importante que as opções estejam balanceadas,
isto é, as direções opostas de respostas devem possuir o mesmo número de opções.
Veja abaixo dois exemplos de perguntas na escala ordinal.
a) Em termos gerais, o quão satisfeito você está com as suas condições de trabalho?
1. Bastante satisfeito
2. Muito satisfeito
3. Pouco satisfeito
4. Nada satisfeito
b) O quão seguro, você se sente ao andar sozinho pelas ruas na região onde reside ao anoitecer?
1. Muito seguro
2. Razoavelmente seguro
3. Nada seguro
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Aula 3 – Fontes de dados
Neste módulo você estudou as três abordagens dos fenômenos sociais e suas respectivas técnicas
de análise.
Além disso, você também aprendeu a construir questionários de forma apropriada.
Agora, na próxima aula, você estudará sobre as fontes de dados.
Vamos lá!
O uso científico das informações de segurança pública e de justiça criminal para a gestão de polí-
ticas envolve não apenas informações específicas dessa área, mas também informações socioeconômicas e
urbanas necessárias para se contextualizar a sua situação.
Essa contextualização permite, por exemplo, identificar as causas sociais dos fenômenos de se-
gurança pública e também aperfeiçoar a visão sobre o resultado alcançado. Possibilita, ainda, verificar se
as mudanças que ocorrem na segurança pública têm também outras condições além da atuação dos órgãos
dessa área.
Do ponto de vista da pesquisa social, há um consenso de que apenas as informações administrati-
vas de agências de segurança pública e justiça criminal não são suficientes para a compreensão dos fenôme-
nos relacionados à incidência criminal ou à violência.
Para uma visão efetivamente compreensiva dos fenômenos relacionados a tal problemática, como
enfatiza Kahn (2002), é necessário atentar para as condições gerais de vida da população.
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abrangem o conjunto total de crimes e, portanto, não podem ser usados como base exclusiva de
um sistema de informação criminal. O grande problema dessa base de dados está relacionado à
subnotificação dos crimes, ou seja, muitos indivíduos não reportam os crimes à polícia.
• Polícia Civil: A Polícia Civil praticamente só registra crimes, mas deixa de registrar uma ampla
gama de incidentes que perturbam a segurança pública e não chegam a constituir crime. Um
dos grandes problemas dessa base de dados também é a subnotificação dos crimes. Por causa
das características dos dados gerados pelas polícias e suas limitações, muitas vezes são neces-
sárias fontes alternativas de informações.
O SINESP tem como objetivo sanar o problema da má qualidade de informações de crime no Bra-
sil. Essa má qualidade se deve aos diversos problemas estruturais que impediram, ao longo dos anos, uma
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melhor qualidade da informação, e, além disso, a particularidades dos próprios eventos criminais, que, por
natureza, são difíceis de serem registrados pela população.
Por exemplo, furtos e roubos de pequenos valores e casos de estupros, abusos, assédios e coerções,
muitas vezes, estão inseridos dentro de contextos pessoais ou familiares, fazendo com que as vítimas rara-
mente procurem as autoridades para registro dos fatos.
Na maior parte dos crimes, a única fonte alternativa possível são as pesquisas de vitimização, que
permitem não apenas estimar a incidência real do fenômeno, mas também o tamanho e o perfil da
subnotificação.
No Brasil, a primeira pesquisa de vitimização realizada em âmbito nacional foi empreendida pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (PNAD) de 1988. Depois disso, o IBGE empreendeu outra pesquisa nacional de vitimização, tam-
bém como suplemento da PNAD, no ano de 2009.
Cabe destacar a Pesquisa Nacional de Vitimização realizada pelo Ministério da Justiça, de 2010 a
2012, no âmbito do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, pelo Centro de Estudos da Cri-
minalidade e Segurança Pública (CRISP) e Datafolha.
Para saber mais sobre essa pesquisa, acesse o arquivo “Pesquisa de vitimização”, que está nos
anexos do curso.
Outros exemplos de pesquisas de vitimização empreendidas no Brasil são expostos a seguir:
• Pesquisa de vitimização ILANUD: Essa pesquisa foi desenvolvida em 2002, a partir da parceria
Instituto Latino Americano das Nações Unidades (ILANUD)/Gabinete de Segurança Institucional
da Presidência da República/FIA/Universidade de São Paulo (USP). Ela é representativa para os
municípios de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Vitória.
• Pesquisa de vitimização INSPER: Essa pesquisa foi desenvolvida pelo Instituto de Ensino e
Pesquisa (INSPER). O estudo toma como base pesquisas domiciliares com 2.967 pessoas na ci-
dade de São Paulo em 2003 e 2008. Os sete tipos de ocorrência apurados no levantamento são:
residência, veículo, componentes de veículos, crime contra a pessoa, trânsito, agressões e casa
de temporada.
• Pesquisa de vitimização CRISP/UFMG: Essa pesquisa foi desenvolvida nos anos de 2001, 2003
e 2006 pelo Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da Universidade Federal
de Minas Gerais (CRISP/UFMG) e é representativa para o município de Belo Horizonte, no qual
foram entrevistadas 6.220 pessoas.
No caso de roubos e furtos de carros, os dados das seguradoras são importantes para comprovar
tendências. Entretanto, como nem todos os carros estão segurados, as informações das seguradoras devem
conter menos registros que as das polícias.
No caso dos homicídios, os dados do Datasus/Ministério da Saúde são geralmente de uma confiabi-
lidade superior aos da polícia, pela própria natureza de sua produção e por estarem submetidos a uma crítica
mais detalhada. Mas eles também apresentam problemas, como a existência de uma categoria de mortes
violentas de intencionalidade desconhecida, que incluiria homicídios, suicídios e mortes acidentais.
Para chegar a uma estimativa mais precisa, é necessário submeter essa categoria a uma estimativa
que reclassifica uma parte dela como homicídio. Além disso, a dificuldade maior para utilizar esses dados
25 ead.senasp.gov.br
como indicadores de segurança pública é a demora na sua divulgação, justamente devido ao tempo dedica-
do à crítica dos dados. De qualquer forma, é muito importante que, mesmo com certo atraso, tais registros
sejam comparados com os da polícia, para testar a validade dos últimos.
Existem inúmeras instituições públicas e privadas que compilam informações que podem ser rele-
vantes para a análise de crimes, criminosos ou vítimas específicas. Alguns exemplos: as agências de regula-
ção dos produtos controlados (tais como armas, álcool ou drogas), agências reguladoras que fiscalizam
instituições bancárias ou de segurança, autoridades fiscais e alfandegárias, departamentos de segu-
rança de instituições privadas etc.
SAIBA MAIS...
O site do Ministério da Justiça vem se institucionalizando nos últimos anos como referência nacional
em relação às informações de segurança pública. Destacam-se como exemplo de relatórios disponíveis nessa
página:
Há ainda...
• Os portais das Secretarias Estaduais de Segurança Pública, da Polícia Civil e da Polícia Mili-
tar. Quando as informações estatísticas não estão disponibilizadas no portal é preciso fazer um
contato telefônico ou por e-mail com os gestores dessas instituições, solicitando-as.
• Os Grupos de pesquisa e portais acadêmicos relacionados a essa questão.
• Censo demográfico realizado pelo IBGE a cada 10 anos.
Para saber mais sobre Censo demográfico, acesse o arquivo “Censo”, que está nos anexos do curso.
Finalizando...
• A compreensão dos fenômenos sociais pode ser feita a partir de três abordagens: observação
do comportamento que ocorre naturalmente no âmbito real; criação de situações artificiais e
observação do comportamento antes das tarefas definidas para as situações e realização de
perguntas às pessoas sobre o que fazem (fizeram) e pensam (pensaram).
• Para cada uma das abordagens há técnicas de análise específicas. Cada uma delas tem vanta-
gens e limitações.
• Os vários métodos de abordagem dos fenômenos sociais têm aplicações distintas quanto ao
26
tipo de pesquisa que se pretende realizar e tipo de informações a serem coletadas. Eles também
podem ser utilizados de forma complementar quando necessário.
• Um questionário pode ser definido como um “conjunto de perguntas sobre um determinado
tópico que não testa a habilidade do respondente, mas mede sua opinião, seus interesses, as-
pectos de personalidade e informação biográfica”. (YAREMENKO et al., 1986).
• Os dados frequentemente trabalhados em sistemas de segurança pública e justiça criminal são
dados policiais, do Ministério Público, da Justiça e do sistema prisional, para fins de adminis-
tração dos procedimentos de rotina. Em geral, essas informações não são utilizadas na área de
gestão.
• Os registros da Polícia Militar incluem crimes e ocorrências diversas, mas não abrangem o con-
junto total de crimes e, portanto, não podem ser usados como base exclusiva de um sistema de
informação criminal.
• A Polícia Civil praticamente só registra crimes, mas deixa de registrar uma ampla gama de inci-
dentes que perturbam a segurança pública e não chegam a constituir crime.
• Na maior parte dos crimes, a única fonte alternativa possível são as pesquisas de vitimização,
que permitem não apenas estimar a incidência real do fenômeno, mas também o tamanho e o
perfil da subnotificação.
Exercícios
Com base nos conhecimentos adquiridos no módulo 2, realize as atividades propostas a seguir.
Atividade 1.
O método de pesquisa de avaliação de impacto inclui:
Atividade 2.
Qual a principal vantagem da coleta de informação por dados secundários?
Atividade 3.
Em relação às perguntas contidas no questionário, assinale a afirmativa FALSA:
a) ( ) As perguntas devem apresentar cinco características básicas: a pergunta precisa ser com-
preendida e comunicada consistentemente; as expectativas quanto às respostas precisam ser explicitadas
para o respondente; os respondentes devem ter todas as informações necessárias para a resposta; e os res-
pondentes precisam estar dispostos a responder.
b) ( ) As perguntas abertas são indicadas quando não se conhece a abrangência e variabilidade
das possíveis respostas. Esse tipo de pergunta estabelece, no início da entrevista, um clima receptivo entre
pesquisador e respondente, e, no final, captura as opiniões não cobertas pelas perguntas fechadas.
27 ead.senasp.gov.br
c) ( ) Quanto à linguagem usada na formulação das perguntas, é preciso atentar para a sua
compreensão pela população alvo da pesquisa. Abreviações, gírias ou termos regionais, termos especiais ou
sofisticados devem ser utilizados para facilitar a compreensão do entrevistado.
d) ( ) Perguntas em escala nominal utilizam símbolos ou números somente para identificar as
pessoas, objetos ou categorias.
28
Gabarito
29 ead.senasp.gov.br
MÓDULO ANÁLISE ESTATÍSTICA CRIMINAL
3
Apresentação
Olá, seja bem-vindo(a) ao módulo “Análise Estatística Criminal”!
Neste módulo, você estudará os conceitos básicos relacionados ao estudo da estatística para com-
preender melhor as técnicas utilizadas na análise criminal.
Lembrando que, no módulo anterior, você aprendeu a descrever os métodos de abordagem dos fe-
nômenos sociais (e as técnicas de análise correspondentes). Também estudou sobre os aspectos que devem
ser observados na construção de um questionário. E, por fim, conheceu diversas fontes de dados e informa-
ções de segurança pública.
Preparado(a) para aprender mais sobre Análise Criminal?
Então, vamos lá!
Objetivos do módulo
Ao final do módulo, você deverá ser capaz de:
Estrutura do módulo
O conteúdo deste módulo está dividido nas seguintes aulas:
30
e segurança pública.
O trabalho de análise estatística resulta da execução de quatro etapas: coleta, crítica, apresen-
tação e análise dos dados.
31 ead.senasp.gov.br
A execução desse fluxo da análise estatística envolve sempre a possibilidade de retorno à primeira
etapa da pesquisa (coleta de dados). Tanto a crítica dos dados pode mostrar que a etapa de coleta não foi
bem planejada ou executada, quanto às etapas de apresentação e análise podem evidenciar que os dados
coletados são insuficientes para garantir uma boa compreensão do fenômeno estudado.
A série temporal (cronológica, histórica, evolutiva ou marcha) é identificada pelo caráter variável
do fator cronológico.
32
A série geográfica (territorial, espacial ou de localização) é identificada pelo caráter variável do
fator local.
Tabela 3 – Ordenamento das UF por taxas de homicídio (em 100 mil) – Brasil 2000-2010*
A série específica (ou categórica) é identificada pelo caráter variável do fator fenômeno.
33 ead.senasp.gov.br
Tabela 4 – Ocorrências registradas pelas polícias civis por número e taxas por 100 mil habi-
tantes (Brasil-2012)
34
1. Fonte: Identifica o responsável (pessoa física ou jurídica) pela sistematização dos dados nu-
méricos.
2. Notas: É o texto que irá esclarecer de forma geral ou específica algum conteúdo da tabela.
3. Chamadas: Símbolo remissivo atribuído a algum elemento de uma tabela que necessita de
uma nota específica.
Na análise criminal, se trabalha com 4 tipos de gráficos. Veja a seguir cada um deles.
Gráficos em colunas
Gráficos de Barras
35 ead.senasp.gov.br
Gráfico 2 – Percentual da população que considera ter aumentado a delinquência nos últimos 12
meses (América Latina, 2011)
Gráficos em setores
Representação através de um círculo, por meio de setores, sendo muito utilizado quando se quer
comparar cada valor de uma série com o seu total (proporção).
36
Gráficos em linhas ou curvas
37 ead.senasp.gov.br
registrada no município.
Porcentagem
Razão
Para cada real gasto com segurança pública, 36 centavos são referentes à subfunção policia-
mento.
Cerca dos 36% dos gastos com a função segurança pública no Brasil são referentes à subfun-
38
ção policiamento
Razão de gastos com a subfunção policiamento por gastos com a subfunção defesa civil.
Gastos com a subfunção policiamento/Gastos com a subfunção defesa civil > 18.591.783.723,58/1.
630.080.129,49 = 11,40
Para cada real gasto com a subfunção defesa civil são gastos R$ 11,40 com a subfunção po-
liciamento
A seguir, você estudará a explicação dos conceitos relacionados à distribuição de frequência, com
base na Tabela 8.
Distribuição de frequências
Frequência absoluta: Na primeira coluna foram colocados, em ordem crescente, todos os possíveis
números de homicídios ocorridos em 16 cidades. Na segunda coluna, aparecem quantas cidades sofreram
aquele número de homicídios.
Observe, na tabela 8, que a frequência absoluta de 0 homicídio é um, ou seja, das 16 cidades
analisadas somente uma delas teve 0 homicídio. A frequência absoluta de 3 homicídios é dois, ou seja, duas
cidades tiveram 3 homicídios. A frequência absoluta de 4 homicídios é um, ou seja, uma cidade teve 4 homi-
cídios, e assim por diante.
Frequência absoluta acumulada: Foi construída a terceira coluna da tabela 8 somando-se à cada
linha a frequência absoluta.
Na primeira linha, a frequência absoluta acumulada coincide com a frequência absoluta (1).
Na segunda linha soma-se a frequência absoluta acumulada da primeira linha (1) à frequência absoluta da
segunda linha (2), obtendo-se uma frequência acumulada 3. Na terceira linha, soma-se a frequência absoluta
acumulada anterior (3) à frequência absoluta dessa categoria (1), sendo a frequência acumulada igual a 4, e
assim por diante.
Frequência relativa: A frequência relativa é dada pela divisão da frequência absoluta da categoria
pelo número total de cidades, obtendo-se o percentual das cidades que sofreram aquele número de crimes.
Para obter a frequência relativa de 0 homicídio, divide-se a frequência absoluta dessa categoria (1)
pelo total (16) – (1)/(16) = 0,0625, ou seja, 0,0625 das cidades têm 0 homicídio. Da mesma forma, encon-
tra-se que 0,125 das cidades têm 3 homicídios, 0,625 das cidades têm 4 homicídios, 0,25 das cidades têm 5
39 ead.senasp.gov.br
homicídios.
Multiplicando a frequência relativa por cem, encontra-se a porcentagem das cidades com deter-
minado número de homicídios. Por exemplo: 0,0625 x 100 = 6,25, ou seja, 6,25% das cidades não sofrem
homicídios.
Frequência relativa acumulada: É obtida de forma similar à frequência absoluta acumulada, ou
seja, somando-se à cada linha a frequência relativa das categorias dos números de homicídio.
Na primeira linha, a frequência relativa acumulada coincide com a frequência relativa. Na segunda
linha, ao se somar a frequência relativa acumulada da primeira linha (0,0625) à frequência relativa da segun-
da linha (0,125), o que resulta na frequência acumulada de 0,1875.
Histograma
O histograma é um gráfico de barras justapostas, com a área das barras proporcional à frequ-
ência absoluta.
Exemplo:
Polígono de frequência
40
ficos de linhas que unem os pontos correspondentes ao limite superior da frequência acumulada.
MÉDIA: Somam-se todos os homicídios ocorridos e divide-se por 16, que é o número de cidades.
Média = (0+3+3+4+5+5+5+5+6+8+9+10+12+12+14+18)/16 = 119/16 = 7,4375
41 ead.senasp.gov.br
MEDIANA: Há duas fórmulas para calcular a mediana:
Número de observação par: Mediana = (X(n/2) + X[(n/2)+1])/2
Número de observação ímpar: Mediana = X[(n+1)/2]
Para o cálculo da mediana, o primeiro passo é a ordenação crescente das observações, como mos-
trado no exemplo anterior (cálculo da média). Após a ordenação das observações, identifica-se cada uma
delas por um índice numérico. No exemplo citado “X 2” é igual a 3, ou seja, a cidade 2, nesta sequência de
cidades em ordem crescente de número de homicídios, possui 3 homicídios. No mesmo exemplo, a mediana
é calculada da seguinte forma:
Outros conceitos:
Para compreender melhor os cálculos das medidas apresentadas, conheça mais três:
• Taxa bruta - é o estimador mais simples para o risco de ocorrência de um evento, definindo-se
como a razão entre o número de eventos ocorridos na área e o número de pessoas expostas à
ocorrência desse evento. O cálculo da taxa é desenvolvido quando se precisa comparar a inci-
dência de fenômenos entre diferentes regiões, com tamanho populacional diferente, ou uma
mesma região onde a população varia com o tempo. O valor da taxa é calculado pela divisão
do número de vítimas efetivas pelo tamanho da população de risco, ou seja, pelo tamanho da
população que poderia sofrer esse crime, e o valor obtido é multiplicado por 100 mil.
• Quartis - São os valores que determinam uma divisão do conjunto de dados em quatro partes
iguais.
• Decis - São os valores que determinam uma divisão do conjunto de dados em dez partes iguais.
Exemplo: Veja a Tabela 9 – Ocorrências de estupro registradas pelas polícias civis segundo unidade
da federação (Brasil – 2010).
Para ver a Tabela 9, acesse o arquivo de mesmo nome que está disponível nos anexos do curso.
Para calcular a taxa por 100 mil habitantes de estupros considera-se a quantidade de registros de
estupro como o numerador, a população como denominador e multiplica-se 100.000.
Com base na Tabela 9, o cálculo da taxa de estupros em Rondônia é efetuado pela seguinte fórmula:
A importância do cálculo da taxa é verificada, por exemplo, quando se observa que, apesar da Po-
lícia Civil do Rio de Janeiro ter registrado 4.418 vítimas de estupro em 2010, a unidade da federação com
maior incidência de estupros foi Roraima, com apenas 302 ocorrências registradas.
Dada a diferença de tamanho entre a população dessas UFs, no Rio de Janeiro foram 27,63 vítimas
para cada grupo de 100.000 habitantes e, em Roraima, 67,04 vítimas para cada grupo de 100.000 habitantes.
42
Cálculos
Para se determinar a taxa de uma região geográfica (que reúne várias UFs) não se deve calcu-
lar a média das taxas das UFs, pois esse cálculo não leva em consideração o tamanho da população de cada
UF dentro da região geográfica. O correto é somar as vítimas de todas as UFs, a população de todas as UFs
e realizar o cálculo da taxa média da região geográfica.
Veja a seguir a diferença gerada a partir desses dois tipos de cálculo.
Obs. A Lei Federal 12.015/2009 altera a conceituação de “estupro”, passando a incluir, além da con-
junção carnal, os “atos libidinosos” e “atentados violentos ao pudor”.
Cálculos
Moda: A amostra da taxa de estupro não apresenta moda, dado que, considerando as casas deci-
mais, as taxas de estupro entre as 27 UFs não têm valores repetidos.
Mediana: A mediana de uma série de observações é o número que fica exatamente no meio da
série quando os dados estão ordenados e o número de observações é ímpar. Caso o número de
observações seja par, a mediana é a média aritmética de dois números do meio. Isso significa que,
para um conjunto de dados ordenados, a mediana ocupará o centro do conjunto.
Mediana: 21,28
Os quartis dividem os dados em 4 partes iguais. A identificação dos quartis pode ser exem-
plificada da seguinte forma:
Identificação dos quartis para a taxa de estupros (por 100 mil hab.) entre as Unidades da
Federação
43 ead.senasp.gov.br
Fonte: MJ/SENASP/SINESP e IBGE.
• Amplitude: É a diferença entre o maior e o menor valor dos dados analisados. Se os dados
são categóricos, a amplitude é a diferença entre o limite superior da última categoria e o limite inferior da
primeira categoria.
• Variância: É a medida do grau de dispersão dos dados em torno da média. A variância mostra
44
em que medida os dados estão agrupados ou dispersos. A variância é representada por s².
• Desvio Padrão: É obtido calculando a raiz quadrada da variância. O desvio padrão é represen-
tado pelo símbolo “o”.
Como calcular o desvio padrão?
Após descobrir o valor da variância, calcula-se sua raiz quadrada. Esse resultado é o valor do desvio
padrão.
Nota: Todos os pacotes estatísticos, incluindo o Excel, fazem o cálculo da variância e do desvio
padrão automaticamente.
Resumindo...
Após o diagnóstico da situação de um Estado, identifica-se que duas (2) regiões se destacam pelas
altas taxas de incidência de homicídios.
Comparando as medidas de dispersão das taxas municipais de homicídios para essas duas
regiões, descobre-se que em uma delas os valores estão mais dispersos do que na outra região. Isso signifi-
ca que, na região onde os valores estão menos dispersos, o problema da alta incidência de homicídios está
45 ead.senasp.gov.br
distribuído de forma ampla, atingindo grande parte dos municípios da região.
Na região onde os valores estão mais dispersos, ocorre o contrário: a incidência de homicídios está
concentrada em alguns poucos municípios e outro conjunto significativo de municípios tem incidência baixa
de homicídios. Nesse caso, identificar o grau de dispersão dos dados informará se é preciso planejar a ação
tendo como foco todos os municípios da região ou apenas alguns que têm a situação mais precária.
Pelo coeficiente de correlação, é possível saber se o desemprego está associado ao aumento da cri-
minalidade, mas não é possível saber se é o desemprego que causa o aumento do crime ou se é o aumento
do crime que leva ao aumento no desemprego.
O coeficiente de correlação mede a intensidade de associação linear entre duas variáveis.
B: A associação entre número de homicídios e número de armas de fogo. O cálculo do coefi-
ciente de correlação é realizado com base na variância da amostra, através da seguinte fórmula:
A interpretação desse coeficiente é simples. Considerando que r é sempre um valor entre -1 e +1,
temos:
46
No exemplo, quando o número de armas de fogo decresce, o número de homicídios cresce; e
• Se r > 0, existe uma correlação positiva, ou seja, quando uma variável cresce a outra também
cresce. No exemplo, quando o número de armas de fogo cresce, o número de homicídios cresce
também.
Importante!
A interpretação do coeficiente de correlação não permite fazer inferências (deduções). Consideran-
do o exemplo da arma de fogo e do homicídio, suponha que o coeficiente de correlação seja 0,6, portanto
positivo. Pode-se afirmar que as duas variáveis se correlacionam positivamente, mas não é possível prever o
número de homicídios com base no número de armas de fogo. Para se constatar a relação funcional entre as
duas variáveis e fazer a inferência, é necessário a análise de regressão, apresentada na aula seguinte.
Exemplo:
No exemplo do coeficiente de correlação (associação entre número de homicídios e número
de armas de fogo), não há interesse em saber somente a correlação entre a arma de fogo e o homicídio. O
objetivo final é saber em que medida um aumento ou diminuição no número de armas de fogo implica no
aumento ou na diminuição de homicídios.
Para isso, estima-se uma regressão linear considerando como variável dependente o nú-
mero de homicídios e como variável explicativa o número de armas de fogo. Essa estimativa
fornece uma equação, por meio da qual é possível inferir o número médio de homicídios de acordo
com o número de arma de fogo. Entretanto, como a regressão estima uma relação estatística, ela
está sujeita a erros.
Toda a análise de regressão se baseia na correção desses possíveis erros por meio de diver-
sos métodos que variam de acordo com o tipo e distribuição dos dados.
47 ead.senasp.gov.br
SAIBA MAIS...
Aos que desejam se aprofundar no assunto, dois manuais bastante conhecidos na área são
indicados:
• Wooldridge, J.M. Introdução à Econometria: uma abordagem moderna, São Paulo: Pio-
neira Thomson Learning, 2006).
• Gujarati, D. Econometria Básica. São Paulo, Makron, 3a edição, 2000).
Finalizando...
Neste módulo, você estudou que:
• A análise estatística criminal consiste na aplicação da análise estatística aos dados de cri-
minalidade e segurança pública;
• O trabalho de análise estatística resulta da execução de quatro etapas: coleta, crítica, apre-
sentação e análise dos dados;
• Uma série estatística é constituída por uma coleção de dados estatísticos referidos a uma
mesma ordem de classificação, ou seja, uma sequência de números que se refere a certa variável.
Existem três tipos distintos de séries estatísticas: série temporal; série geográfica; e série espe-
cífica;
• Uma vez que os dados foram coletados, deve-se ter atenção ao examiná-los, pois, muitas
vezes, o conjunto de valores é extenso e desorganizado e há risco de se perder a visão global do
fenômeno analisado. Para que isso não ocorra, é interessante reunir os valores em tabelas, gráficos
ou mapas, facilitando sua compreensão;
• Para facilitar a descrição dos dados são utilizados alguns parâmetros: parâmetros para com-
paração relativa; distribuição de frequência; medidas de tendência central; medidas de dis-
persão; e análise de correlação;
• A análise de regressão tem por objetivo determinar em que medida as variáveis explica-
tivas se relacionam com a variável dependente. Para isso, estima-se o valor médio da variável
dependente, a partir dos valores das variáveis explicativas.
Exercícios
Com base nos conhecimentos adquiridos no módulo 2, realize as atividades propostas a seguir.
Atividade 1.
Uma série estatística constitui uma coleção de dados estatísticos referidos a uma mes-
ma ordem de classificação. Quando o fator básico que estrutura a construção de séries esta-
tísticas é o fator descrito, podemos dizer que esta série é:
Atividade 2.
Uma vez que os dados foram coletados, muitas vezes o conjunto de valores é extenso
e desorganizado e seu exame requer atenção, pois há risco de se perder a visão global do
fenômeno analisado. Para que isso não ocorra, é interessante reunir os valores em:
48
b. ( ) Tabelas, cronogramas e mapas.
c. ( ) Tabelas, fluxogramas e mapas.
d. ( ) Tabelas, gráficos e mapas.
Atividade 3.
A análise descritiva se constitui de técnicas utilizadas para organizar, resumir e descre-
ver os dados de uma pesquisa. O parâmetro para a comparação relativa, obtido a partir do
cálculo de uma parte do conjunto sobre o seu total, é denominado:
a. ( ) Porcentagem
b. ( ) Razão
c. ( ) Proporção
d. ( ) Relação
Atividade 4.
49 ead.senasp.gov.br
Gabarito
50
MÓDULO SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA (SIG)
4
Apresentação
Olá! Seja bem-vindo(a) ao Módulo 4 – Sistema de Informação Geográfica (SIG).
Neste módulo, você estudará a representação dos dados e informações a partir de mapas.
A seguir, veja os objetivos desse conteúdo.
Bons estudos!
Objetivos do módulo
Ao final do módulo, você deverá ser capaz de:
Estrutura do módulo
O conteúdo deste módulo está dividido nas seguintes aulas:
51 ead.senasp.gov.br
das bases e mapas.
1.3.1 Latitude
É determinada pelos paralelos. Os paralelos são linhas imaginárias que cortam a Terra no sentido
leste-oeste, paralelas à linha do Equador.
A linha do Equador é o paralelo mais conhecido e corta o globo terrestre exatamente ao meio,
dividindo a Terra em duas partes iguais. É por esse motivo que seu nome deriva do radical grego equi, que
significa igual. Por convenção, a linha do Equador é a latitude “zero”.
Conforme nos movemos para o norte ou para o sul, a latitude aumenta em proporções iguais. Ao
norte da Linha do Equador, a latitude é positiva e ao sul ela é negativa. Dois outros paralelos também famo-
sos são os trópicos de Câncer (23°26’00”) e de Capricórnio (23°27’09”). As zonas tropicais recebem esse nome
porque estão situadas entre esses trópicos, na zona próxima à linha do Equador.
1.3.2 Longitude
É determinada por linhas imaginárias que cortam o globo terrestre no sentido norte-sul, pas-
sando pelos dois polos. Essas linhas imaginárias são chamadas de meridianos.
Ao contrário dos paralelos, todos os meridianos dividem a Terra ao meio, porque todos pas-
sam nos polos. Em 1884, a International Meridian Conference adotou o meridiano de Greenwich como marco
“zero”, que é usado, universalmente, para a localização de pontos na Terra. Os outros meridianos foram cal-
culados em 180° para leste e oeste do meridiano de Greenwich, totalizando os 360° do globo terrestre.
A oeste do meridiano de Greenwich, a longitude é negativa, e a leste é positiva. Cada grau de lon-
gitude é subdividido em 60 minutos, e estes em 60 segundos. Dessa forma, a longitude é especificada no
formato de Graus (°), Minutos (‘) e Segundos (‘’).
Compreendendo a questão
Imagine a abertura da esfera terrestre até o ponto em que ela fica plana. Se existem os pontos A,
52
B e C na Terra e eles apresentam a mesma distância entre si, quando essa representação for feita em uma
superfície plana, provavelmente, ocorrerão distorções da distância real entre os pontos.
Para facilitar o entendimento, pense em um desenho feito na superfície de uma bola de futebol. Ao
cortá-la na metade do diâmetro e abri-la em cima de uma mesa como uma “folha plana” com a intenção
de manter o desenho, seria preciso rasgar a bola em pedaços ou distorcê-lo, aumentando o tamanho de
alguns pedaços e diminuindo outros. A mesma coisa acontece quando se quer representar a Terra em uma
superfície plana.
53 ead.senasp.gov.br
SAIBA MAIS...
A projeção UTM foi proposta em 1950 com objetivo de abranger todas as longitudes. No sistema
UTM, a superfície terrestre é dividida em 60 fusos, com amplitude de 6° de longitude cada um. A latitude é
limitada a 84°N e 80°S, pois as distorções são significativas para latitudes maiores. A principal diferença entre
a projeção de Mercator e a UTM é que, na projeção de Mercator, o cilindro é paralelo ao eixo de rotação da
Terra e, na UTM, ele é perpendicular.
Importante!
A escolha da escala é realizada de acordo com a informação que se pretende destacar. Quando se
quer representar elementos básicos de uma área sem seus detalhes, escolha escalas pequenas, como nos
mapas geopolíticos. Por outro lado, se estiver interessado nos detalhes da área, escolha escalas grandes,
como nas plantas de construção civil.
54
Você está se esforçando, parabéns! Vamos para a última aula?
55 ead.senasp.gov.br
4.2.1 Mapa de pontos
Nos mapas de pontos, sobre uma camada de mapa de polígono, aparecem os eventos ocorridos em
formato de pontos. Esses pontos também podem ser apresentados por alguma figura, como uma cruz ou um
boneco para representar eventos de homicídio.
O mapa apresenta cores mais “fortes” nas áreas onde a densidade de eventos criminais é maior, ou
seja, as áreas quentes. À medida que a densidade diminui, as cores ganham tonalidades mais claras. Assim,
surgem manchas no mapa que indicam as regiões onde a criminalidade está mais concentrada.
A estimativa da densidade criminal de um local está na contagem dos casos dentro de um determi-
nado raio. Essa contagem é ponderada pela distância em relação aos eventos vizinhos e suavizada por uma
função chamada Kernel. Por isso, esse tipo de mapa também é chamado de mapa de Kernel. Essa função
associa os eventos vizinhos, atribuindo cores diferentes dependendo da quantidade e da distância média
entre os eventos. O resultado é o cálculo da concentração e a revelação dos Hot Spots.
A estimativa da densidade criminal de um local está na contagem dos casos dentro de um dado
raio. Essa contagem é ponderada pela distância em relação aos eventos vizinhos e suavizada por uma função
chamada de Kernel. Por isso, esse tipo de mapa também é chamado de mapa de Kernel. Essa função associa
os eventos vizinhos atribuindo cores diferentes dependendo da quantidade e da distância média entre os
eventos, calculando a concentração e revelando os Hot Spots.
O mapa de Hot Spots tem a vantagem de possuir visualização agradável, revelando os locais, os ta-
manhos e as formas das manchas criminais. Já como desvantagens, ele não apresenta o número de eventos e
é capaz de causar distorções. As distorções acontecem porque a função de Kernel trabalha com a densidade
relativa entre os locais, sendo possível formar mapas iguais trabalhando com 10 crimes ou com 1000 crimes.
O raio determina o espaço no qual será realizada a contagem de eventos. Assim, quanto maior o
raio, menor é o detalhamento em relação à distribuição dos crimes.
Quando se busca identificar um quarteirão ou esquina mais problemáticos, é preciso utilizar raios
menores. Já quando se quer identificar um bairro ou região mais problemáticos, utiliza-se raios maiores.
56
ocorrências de homicídios por 100 mil habitantes. O mapa temático é também muito utilizado em outras
áreas do conhecimento, como por exemplo, para mostrar municípios que concentram mais casos de dengue
ou níveis de alfabetização da população em municípios de uma determinada região.
Para determinar a divisão dos grupos de polígonos de acordo com o atributo de interesse, existem
algumas técnicas. Essas técnicas determinam quais os valores do atributo que abrangem cada um dos gru-
pos, ou seja, quais intervalos de valores do atributo devem ser considerados em cada grupo. Além disso,
determinam a quantidade de polígonos que cada grupo deve conter. Existem várias técnicas para a divisão
dos polígonos e o próprio analista criminal pode construir os intervalos, de acordo com o objetivo do estudo.
Veja nas próximas telas três das várias técnicas para estratificação de atributos.
Nesta técnica, os intervalos do atributo são divididos matematicamente em partes iguais. A dife-
rença entre os extremos de cada intervalo é a mesma para as classes. Por exemplo, se o menor valor for 10
e o maior valor 50, com 4 intervalos, os intervalos serão de 10 em 10, independentemente do número de
polígonos em cada classe.
Os intervalos do atributo possuem o mesmo número de polígonos. No mapa a seguir (figura 17),
podemos ver as 27 UFs e 4 intervalos. Dessa forma, serão aproximadamente 7 UFs em cada intervalo. Esse
tipo de divisão é muito usado em casos ordinais nos quais as legendas não se referem a valores, mas sim a
categorias de muito ou pouco e de mais ou menos.
Nesta técnica de estratificação de atributos, os intervalos possíveis são os intervalos de 0.25, 0.5 e 1.
Nesse caso, o número de classes não é definido pelo usuário e sim, pela distribuição dos valores.
Finalizando...
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Exercícios
Com base nos conhecimentos adquiridos no módulo 4, realize as atividades propostas a seguir.
( ) Para que haja análise espacial, é necessário, antes de tudo, uma base cartográfica ou um mapa
digital da região foco do estudo. A coleta da base cartográfica ou construção do mapa digital pode ser rea-
lizada por levantamentos terrestres ou sensoriamento remoto.
( ) A latitude é determinada pelos paralelos. Os paralelos são linhas imaginárias que cortam a
Terra no sentido leste-oeste, paralelas à linha do Equador.
( ) As coordenadas geográficas são um sistema de linhas imaginárias que dividem a Terra. Elas
foram criadas com o objetivo de padronizar universalmente a localização espacial em qualquer ponto do
globo terrestre.
( ) O geoprocessamento é a disciplina do conhecimento que utiliza técnicas matemáticas, com-
putacionais e geográficas destinadas à coleta e ao tratamento de informações espaciais. Envolve também o
desenvolvimento de sistemas (softwares) que utilizam esses dados.
( ) A longitude é determinada por linhas imaginárias que cortam o globo terrestre no sentido les-
te-oeste, passando pelos dois polos. Essas linhas imaginárias são chamadas de meridianos.
( ) 1: 120.000
( ) 1: 12.000
( ) 1: 1.200.000
( ) 1: 1.200
1. Mapa de pontos
2. Mapa temático
3. Mapa hot spots
( ) Esse mapa mostra qual a densidade de concentração dos pontos, utilizando gradações de cores.
( ) Sua construção pode ser feita sobre uma camada de mapa de polígonos sobre um mapa de
bairros de uma cidade, municípios de um estado ou países de um continente
( ) Sobre uma camada de mapa de polígono, aparecem os eventos ocorridos com símbolos que
os identifiquem.
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4. Considerando as três principais técnicas para estratificação de atributos, associe a 2ª
coluna de acordo coma 1ª.
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Gabarito
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MÓDULO OPERACIONALIZAÇÃO DA ANÁLISE CRIMINAL
5
Apresentação
Olá! Seja bem-vindo(a) ao Módulo 5 – Operacionalização da análise criminal.
A operacionalização de uma análise criminal envolve a formulação de um quadro de compre-
ensão sobre o problema analisado, buscando identificar suas causas. Esse quadro é responsável por criar os
subsídios necessários para o processo de tomada de decisão quanto às estratégias a serem adotadas para
solucionar o problema.
Neste módulo, considerando os fatores determinantes da incidência da criminalidade, você
estudará os conceitos de três correntes teóricas importantes na estruturação do trabalho de análise, bem
como a indicação dos caminhos pelos quais o analista criminal pode guiar sua metodologia de coleta, aná-
lise e interpretação dos dados.
Ao final do módulo, será apresentada uma série de exemplos de gestão de políticas e ações
de segurança pública fundamentados na análise criminal de modo a trazer alguns subsídios que ajudem na
difusão dessa prática entre os órgãos de segurança pública brasileiros.
Bons estudos!
Objetivos do módulo
Ao final do módulo, você deverá ser capaz de:
Estrutura do módulo
O conteúdo deste módulo está dividido nas seguintes aulas:
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dagem ecológica do crime, que abrange três principais correntes teóricas:
Importante!
Um bom trabalho de análise criminal sempre deve considerar os diversos fatores que influenciam,
positiva ou negativamente, a incidência criminal.
• A teoria das atividades rotineiras abre espaço para a inserção dos conceitos da escolha racional;
Para saber mais sobre a teoria das atividades rotineiras, acesse o arquivo de mesmo nome, que
está nos anexos do curso.
• A teoria dos locais desviantes abre espaço para a inserção das características do ambiente físico
como um elemento importante na explicação do crime; e
Para saber mais sobre a teoria dos desviantes, acesse o arquivo de mesmo nome, que está nos
anexos do curso.
• A teoria da desorganização social abre espaço para a importância da identidade social como
fundamento do controle social sobre a criminalidade.
Para saber mais sobre a teoria da desorganização, acesse o arquivo de mesmo nome, que está nos
anexos do curso.
Vamos continuar?
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Aula 2 – Exemplos de gestão de políticas e ações de segurança
pública
Nesta aula, você estudará alguns exemplos práticos de gestão de políticas e ações de segurança
pública, retirados do relatório Ferramentas e Técnicas de Análise Criminal (São Paulo, 2008), elaborado por
Túlio Kahn. Esses exemplos são fundamentados na análise criminal, de modo a trazer subsídios que ajudarão
na difusão dessa prática entre os órgãos de segurança pública. São eles:
1. Prevenção de roubos;
2. Favela, tráfico e homicídios;
3. Desordem urbana: usando a metodologia de policiamento orientado a solução de problemas;
4. Avaliação da eficiência de ações: criação de buffers;
5. Letalidade policial.
Para saber mais sobre os assuntos acima, acesse os arquivos “Prevenção de Roubo”, “Fave-
la”, “Desordem”, “Avaliação da eficiência de ações” e “Letalidade Policial”, disponíveis nos anexos
do curso.
Outros exemplos:
Para saber mais sobre os assuntos acima, acesse os arquivos “Problemas da segurança nos
postos de saúde”, “Recuperação da sensação de segurança no espaço urbano” e “Programa Fica
Vivo”.
Os exemplos selecionados abordam várias dimensões da gestão, envolvendo não apenas a tomada
de decisão em termos das estratégias de ação policial no nível operacional.
O primeiro exemplo descreve alguns procedimentos básicos de operacionalização da análise cri-
minal, usados para traçar ações policiais na prevenção de roubos em transporte coletivo e de veículos, além
da identificação de criminosos.
Os demais exemplos evidenciam a necessidade de ampliar as estratégias de solução, ações envol-
vendo alguns problemas, tais como os mostrados a seguir.
• A alta rotatividade dos profissionais dos postos de saúde de um município, em função da gra-
vidade da segurança pública;
• A alta incidência de desordem e conflito dentro de uma escola pública;
• Atropelamento de crianças e adolescentes; e
• A incidência de roubos e furtos na praia.
O último exemplo traz a descrição do programa Fica Vivo, que, baseado na análise criminal,
integra vários atores, como universidades, polícias, Ministério Público, dentre outros, em prol da solução dos
homicídios em um aglomerado urbano da cidade de Belo Horizonte, desde 2002.
Cada região têm seus problemas e, por essa razão, precisa de remédios específicos para so-
lucioná-los. Mais do que sugerir remédios, os exemplos expostos têm o objetivo de destacar a importância
da realização de boas práticas de análise criminal, antes e durante, a execução das ações e políticas de
segurança pública.
Sem bons diagnósticos dos problemas a serem abordados e de um monitoramento contínuo
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dos resultados alcançados pelas ações empreendidas, os recursos financeiros podem ser desperdiçados, vi-
das humanas podem ser perdidas e nenhum resultado pode vir a ser alcançado, independentemente da boa
vontade e intenção que oriente a execução da ação.
SAIBA MAIS...
Leia sobre o Método Iara no arquivo de mesmo nome, disponível nos anexos do curso.
Veja na próxima aula uma síntese sobre os problemas mais comuns da análise de dados, destacados
por Túlio Kahn e denominados por ele como fatos que levam a interpretações imprecisas das estatísticas
de segurança pública.
Vamos prosseguir?
1) Sazonalidade
A passagem do tempo não é linear, pois implica em mudanças climáticas, alteração das ativi-
dades sociais e econômicas, favorecendo ou inibindo a ocorrência de determinados crimes. Em outras pala-
vras, existem diversas situações e fatores ligados ao calendário anual que explicam porque a criminalidade
sobe ou desce, sistematicamente, em certos momentos.
• No verão, os dias são mais longos e as pessoas vão mais às ruas, aumentando as oportunidades
para o cometimento de crimes;
• Nas férias, as pessoas viajam e deixam as casas desprotegidas, facilitando os arrombamentos;
• Também aumentam nas férias os mortos nos acidentes em estradas.
• Na volta às aulas, crescem os furtos e roubos de automóveis em torno das universidades;
• Nos finais de semana e feriados, as pessoas estão mais em casa, aumentando a ocorrência de
violência doméstica.
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análise criminal, pois as realidades são diferentes.
A propensão por parte das vítimas em notificar o crime sofrido varia com uma série de fatores e
circunstâncias, relacionadas às percepções da vítima, ao sistema policial ou ao tipo do crime e do bem rou-
bado. Assim, é possível que o aumento na estatística de determinado crime esteja refletindo um aumento
na “notificação”.
6) Atividade policial
A dimensão dos indicadores de atividade policial de resultados (veículos recuperados, car-
gas recuperadas, armas apreendidas, prisões efetuadas, cativeiros descobertos etc.) varia com a quantidade
de crimes.
Por isso, esses indicadores devem ser vistos, quando possível, em relação aos crimes, pois quanto
maior a sua incidência, maior a probabilidade de que a polícia consiga mais flagrantes, armas, entorpecentes,
cargas e veículos recuperados.
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Cuidado: Se analisados do ponto de vista de sua dimensão absoluta, esses indicadores podem
ser enganosos.
Por exemplo, se o volume absoluto de veículos roubados está caindo, o mesmo acontecerá em
relação aos veículos recuperados. Nesse caso, o mais correto é verificar qual a porcentagem de veículos re-
cuperados sobre o total de veículos roubados e furtados.
• Cada instituição usa uma fonte e tem uma metodologia própria de coleta e análise dos dados.
Por isso, os dados sempre conterão diferenças. Algumas instituições utilizam como fonte pri-
mária de seus dados de homicídio a declaração de óbito, enquanto outras têm como fonte o
boletim de ocorrência;
• Na esfera da saúde, a preocupação está em identificar a natureza da morte do ponto de vis-
ta sanitário, enquanto na segurança, a preocupação é de natureza jurídica e criminológica.
• Na declaração de óbito, a causa básica da morte pode ser “perfuração do abdome por objeto
contundente”, sendo classificada como homicídio.
• Já pelo BO, dependendo da situação, a morte poderá ser classificada como:
o Homicídio doloso;
o Homicídio culposo;
o Latrocínio;
o Morte a esclarecer;
o Suicídio;
o Lesão corporal seguida de morte; ou
o Lesão corporal grave.
Isso ocorre porque na confecção do boletim, é possível que não se tenha ainda o resultado da mor-
te.
Por fim, resta esclarecer que a declaração de óbito utiliza o endereço de residência da vítima, en-
quanto o BO usa o endereço da ocorrência. Se a vítima mora em um lugar, mas morre em outro, num local
se contabilizará um homicídio a menos e em outro um a mais, dependendo da fonte.
9) Identificação de tendências
Para que possamos falar com algum grau de confiabilidade sobre uma tendência de aumento
ou queda de um indicador, é aconselhável verificar se existem, pelo menos, três observações consecutivas
66
na mesma direção, de preferência usando séries “estacionárias”, isto é, descontados os efeitos sazonais e
outros, quanto maior o número de observações consecutivas na mesma direção, maior a certeza de
que se está diante de uma tendência.
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gestor ou do pessoal administrativo. Pelo fato de estarem constantemente envolvidos em várias atividades,
o relatório deve ser estruturado de forma simples e objetiva, permitindo ao gestor entender quais os resul-
tados, conclusões e possíveis resoluções, evitando assim retrabalhos por parte dos analistas para adequação.
Sendo assim, é importante que se tenha um pequeno sumário no início do relatório, satisfazendo a
necessidade do rápido entendimento por parte dos gestores e do pessoal administrativo.
O leitor não deve precisar folhear 20 páginas de cálculos tediosos até encontrar os resultados.
O relatório deve ser dividido em seções. Cada uma delas deve começar numa nova página, conveniente-
mente anunciada, e todas as páginas devem ser numeradas.
Um trabalho mal apresentado e de difícil leitura dá a impressão de má qualidade. É evidente que,
se for necessário algum esforço para ler e decifrar um relatório, restará menos energia para a compreensão
de seu conteúdo.
1. Página de Título
2. Sumário
3. Índice
4. Metodologia de análise
5. Introdução dos resultados obtidos
6. Observações experimentais e resultados
7. Discussão dos resultados e conclusões
8. Bibliografia
9. Apêndices
SAIBA MAIS...
Para saber mais sobre as seções do relatório, acesse o arquivo “Seções de relatório”, disponível nos
anexos do curso.
Finalizando...
• Dentre as abordagens que podem ser utilizadas no trabalho de análise criminal, destaca-se a
abordagem ecológica do crime, que abrange três principais correntes teóricas: teoria das ativi-
dades rotineiras (Felson, 1998); teoria dos lugares desviantes (Weisburd, 2012); teoria da desor-
ganização social. (Shaw e McKay, 1942);
• Cada região tem seus problemas e, por essa razão, precisa de remédios específicos para solu-
cioná-los;
• Sem bons diagnósticos dos problemas a serem abordados e de um monitoramento contínuo
dos resultados alcançados pelas ações empreendidas, os recursos financeiros podem ser des-
perdiçados, vidas humanas podem ser perdidas e nenhum resultado pode vir a ser alcançado,
independentemente da boa vontade e intenção que oriente a execução da ação;
• Um relatório de análise criminal deve ser estruturado nas seguintes seções: página de título;
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sumário; índice; metodologia de análise; introdução dos resultados obtidos; observações expe-
rimentais e resultados; discussão dos resultados e conclusões; e bibliografia.
Exercícios
Com base nos conhecimentos adquiridos no módulo 5, realize as atividades propostas a seguir.
a) A teoria ecológica do crime, a teoria dos lugares desviantes e a teoria da desorganização so-
cial compõem a abordagem das atividades rotineiras.
b) A teoria dos lugares desviantes, a teoria das atividades rotineiras e a teoria ecológica do crime
compõem a abordagem da desorganização social.
c) A teoria da desorganização social, a teoria das atividades rotineiras e a teoria ecológica do
crime compõem a abordagem dos lugares desviantes.
d) A teoria das atividades rotineiras, a teoria dos lugares desviantes e a teoria da desorganização
social compõem a abordagem ecológica do crime.
( ) Segundo Stark (1987), existem cinco aspectos que caracterizam as áreas urbanas como lugares
desviantes: densidade demográfica, pobreza, mistura do tipo de utilização da área urbana, variação na com-
posição da vizinhança e a degradação da área urbana.
( ) A conjugação desses cinco fatores levaria a três processos sociais diferentes: (1) aumento nas
oportunidades de crime, (2) aumento na motivação para a ação desviante e (3) diminuição no controle
social.
( ) A teoria ecológica analisa a forma pela qual a conjugação desses três processos irá resultar num
aumento da atração de pessoas e atividades desviantes para uma região e num aumento da intensidade do
grau de desvio dessas atividades.
( ) Quanto maior a densidade populacional de uma região, maior seriam as possibilidades de as-
sociação das pessoas predispostas para a ação desviante e maior o cinismo moral dentro da comunidade.
( ) A degradação funcionaria como um estigma (marca) sobre os membros da comunidade, não
apenas refletindo o status de seus membros, mas conferindo status a eles. A presença do estigma resultaria
numa redução da conformação das pessoas às regras sociais. As pessoas mais convencionais tenderiam a se
mudar dessas áreas, gerando um processo de concentração de pessoas tendenciosas ao desvio com baixa
moral, podendo tanto ocupar o papel de vítima quanto de agressores.
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sobre seus membros. Essas redes sociais podem ter caráter informal (participação em organizações sociais e
estabilidade institucional) ou formal (ligações intergeracionais, identidade do grupo e anomia).
e) É própria das comunidades desorganizadas a criação e a perpetuação de subculturas, e a
criação de uma cultura geral baseada na tolerância para o desvio e para o crime. Não que a violência seja
considerada algo desejado, mas é algo tolerado e esperado como parte da vida cotidiana.
70
Gabarito
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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WOOLDRIDGE, J.M. Introdução à econometria: uma abordagem moderna. São Paulo: Pioneira Thom-
son Learning, 2006.
YAREMKO, R.K., HARARI, H., HARRISON, R. C. e LYNN, E. Handbook of research and quantitative me-
thods. Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum, 1986.
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