Você está na página 1de 10

FUNDAMENTOS DA GESTÃO INTEGRADA

E COMUNITÁRIA

METODOLOGIA PARA A BUSCA DE


SOLUÇÕES ORIENTADAS POR PROBLEMAS
APLICADOS À SEGURANÇA PÚBLICA

-1-
Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:

1- Estudar uma metodologia para a busca de soluções orientadas por problemas aplicados à Segurança Pública;

2- Estudar o Método IARA.

Nesta ocasião, analisaremos o Método IARA: Identificação, Análise, Resposta e Avaliação utilizado para a

resolução de problemas tanto pelas iniciativas de polícia comunitária como em ações consensuadas dentro dos

Gabinetes de Gestão Integrada. Veremos que este método foi criado na década de 1970, nos Estados Unidos, por

profissionais de Segurança Pública e pesquisadores e, por permitir um tratamento racional para fatos de ordem

violenta e criminosa, tem sido amplamente utilizada no Brasil. Analisaremos, então, as suas fases, sempre

ressaltando instrumentos e detalhamentos utilizados pela polícia comunitária.

1 Introdução
Vimos que a sociedade organizada e os órgãos governamentais podem e devem se unir para buscar soluções

para as questões da Segurança Pública. Há, neste sentido, uma importante metodologia chamada Método IARA,

muito utilizada pelas iniciativas de Polícia Comunitária e faz parte do POP (Policiamento Orientado para o

Problema).

O método IARA foi desenvolvido por policiais e pesquisadores na década de 1970, nos Estados Unidos e, lá,

chama-se SARA.

2 Método IARA – fases


Existem algumas variações, detalhando mais cada fase do método IARA, contudo, da forma que será

apresentado, é de simples compreensão para os líderes comunitários e para os agentes que atuam na atividade

de policiamento e não compromete a eficiência e a eficácia do serviço apresentado pelo Policiamento Orientado

para o Problema, assim como não contradiz outros métodos, por isso, muitas vezes, ele é adotado como

referência.
• 1ª fase -Identificação (Scanning)
• 2ª fase -Análise (Analysis)
• 3ª fase -Resposta (Response)
• 4ª fase - Avaliação (Assessment)

-2-
3 Método IARA – premissas
O método IARA é tradicionalmente conhecido como metodologia de resolução de problemas e tem as seguintes

premissas:
• Identificação de problemas locais
• Análise do problema
• Divisão de responsabilidades
• Acompanhamento das medidas adotadas para a sua solução
Estas quatro premissas são as fases que dão origem ao nome IARA, isto é, Identificação, Análise, Resposta e

Avaliação.

4 As atividades a serem executadas nas etapas do método


IARA
Vejamos agora as atividades envolvidas em cada uma das etapas do método IARA.

• Identificação

Como identificar um problema de segurança relevante para o município e para a população?

• Análise

Quais são as causas deste fenômeno?

Que instituições integrantes do GGIM possuem informações sobre a dinâmica deste fenômeno?

• Resposta

Como as instituições integrantes do GGIM podem atuar sobre as causas deste fenômeno?

Como as instituições integrantes do GGIM podem atuar para reduzir os efeitos deste fenômeno?

Qual seria o desenho de um plano de ação que viabilizasse o tratamento desta questão?

• Avaliação

As medidas constantes no plano de ação geraram o efeito pretendido?

5 1ª Fase: Identificação
A primeira fase é aquela na qual os integrantes do GGIM (Gabinete de Gestão Integrada Municipal) apresentam

os diversos problemas vivenciados pelo município na esfera da Segurança Pública.

-3-
Seu principal objetivo é conduzir um levantamento preliminar para determinar se o problema realmente existe e

se é preciso realizar uma análise adicional.

Fique ligado
Essa fase também é conhecida como “chuva de ideias” ou “catarse” e sua importância consiste
em permitir que se faça um sumário de questões relevantes tanto para as organizações que
compõem o sistema de Justiça Criminal e Segurança Pública no âmbito local e ainda um
sumário de questões importantes para a própria população, trazidas para o Gabinete de Gestão
Integrada pelo Conselho Comunitário de Segurança.

6 1ª Fase: Identificação – Elegendo as prioridades


A partir do momento em que os problemas são identificados, os integrantes do Gabinete de Gestão Integrada

devem eleger prioridades e a questão norteadora deve ser:

“Entre todas as questões apontadas, qual deve ser trabalhada prioritariamente?”.

De acordo com o Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária, são exemplos de problemas a serem

analisados:
• Uma série de roubos em uma determinada localidade, venda de drogas, - alcoolismo e desordem em
local público;
• Roubo e furto de carros;
• vadiagem;
• Alarmes disparando em áreas comerciais;
• Problemas de tráfego e estacionamento;
• Pichação;
• Prostituição de rua;
• Altas taxas de crime;
• Chamadas repetidas em razão de agressões em determinado endereço;
• Entre outros.

-4-
Fique ligado
Como não é simples alcançar consenso, pode-se, por exemplo, escolher três questões e eleger a
problemática prioritária no momento por meio de uma eleição. Com isto, tem-se o início da
segunda etapa, isto é, a análise do problema.

7 2ª Fase: Análise
É considerada como o coração do Método IARA, pois é a partir do perfeito conhecimento das causas do problema

que se alcançará uma resposta adequada a sua resolução.

Para realizar a análise do problema, é necessário que todas as informações sobre as causas sejam

disponibilizadas.

As instituições devem apresentar todo o conhecimento produzido por elas, como mapas, estatísticas, informes de

pessoas que fazem parte dos Conselhos Comunitários de Segurança ou que procuram os serviços da Defensoria

Pública, dentre outros.

Fique ligado
Uma forma vantajosa de analisar o problema é solicitar que cada uma das instituições do
Gabinete de Gestão Integrada mostre as informações produzidas sobre a questão da ordem do
dia, de modo que o diagnóstico possa ser produzido com o máximo de informações possível.

Uma maneira de analisar o problema de forma global é identificando:


• Os envolvidos;
• Os horários e os locais da sua ocorrência;
• As vítimas;
• O contexto ecológico de ocorrência como: falta de iluminação, buracos na estrada etc.;
• Os desdobramentos ou não desdobramentos do fenômeno dentro das organizações que compõem o GGI.
Exemplo:

Pode-se utilizar o problema da violência nas escolas para exemplificar esta fase do método IARA. Assim, segundo

Paulo Augusto Souza, é necessário pensar não apenas nos autores, vítimas e locais onde ocorre. É preciso

também levar em consideração que tipo de ocorrência atinge qual escola, quais são os desdobramentos desta

-5-
violência dentro da Vara da Infância e da Juventude. Somente a partir deste diagnóstico completo é que se pode

passar à fase da Resposta.

Quando o assunto é tratado pela polícia comunitária, utiliza-se o TAP (Triângulo para Análise de Problemas).

Geralmente, em termos de Segurança Pública, para que um problema ocorra, é necessária a presença de três

elementos: um agressor, uma vítima e um local.

Podemos mencionar como vantagens do uso do triângulo o fato dele ajudar os polícias a analisar o crime, sugerir

onde são necessárias mais informações e ajudar no controle e na prevenção do crime.

De acordo com o Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária (2009, p. 206):

O relacionamento entre os três elementos (Agressor, vítima e local) pode ser explicado da seguinte

forma: se existe uma vítima e ela não está em um local onde ocorram crimes, não haverá crime; se

-6-
existe um agressor e ele está em um local onde os crimes ocorrem, mas não há nada ou ninguém

para ser vitimizado, então não haverá crime. Se um agressor e uma vítima não estão juntos em um

local onde ocorrem crimes, não haverá crime.

8 3ª Fase: Resposta
Para que as respostas sejam eficientes e efetivas para resolver os problemas de Segurança Pública, é importante

que seu objetivo esteja sobre o cenário construído a partir da análise realizada na primeira etapa.

Depois de efetuado o diagnóstico, realiza-se o plano de ação de acordo com as respostas dadas a cada uma das

questões a seguir:

1- Alvo

Qual o objetivo pretendido com esta resposta?

2- Como

Como essas ações serão desenvolvidas dentro de cada instituição?

3- Quem

Quais organizações podem realizar as ações necessárias para tratamento da questão?

4- Quando

Quanto tempo cada ação demanda para ser executada?

5- Onde

Em quais locais (em termos geográficos) esta ação será executada?

6- Quanto custa

Quais os custos econômicos, políticos e sociais desta ação?

7- Avaliação

Quais medidas (objetivas) serão utilizadas para verificar se esta ação produziu ou não os efeitos esperados?

Fonte: Guia Prático Gabinete de Gestão Integrada Municipal (Série Segurança Humana nº 1 – Ano 1 – 2009, p. 22).

As respostas as oito questões vistas constituem o plano de ação. Com a formatação deste plano, realizado na

reunião do Gabinete de Gestão Integrada, as instituições podem saber de que forma o problema será abordado e

qual seu papel, sua competência e sua responsabilidade na abordagem deste problema.

PLANO DE AÇÃO

Depois da implantação do plano de ação, realiza-se um novo encontro do GGI para avaliação dos resultados

alcançados com as atividades deliberadas anteriormente e consideradas como as respostas apropriadas para o

tratamento do problema de Segurança Pública.

-7-
Vejamos agora como ocorre a avaliação dos resultados alcançados com as atividades deliberadas e consideradas

como as respostas apropriadas para o tratamento do problema de Segurança Pública.

Fonte: Guia Prático Gabinete de Gestão Integrada Municipal (Série Segurança Humana nº 1 – Ano 1 – 2009, p.
23).

9 4ª Fase: Avaliação
Vamos analisar a oitava questão do plano de ação:

“Quais medidas objetivas serão utilizadas para verificar se esta ação produziu ou não os efeitos esperados?”

Essa questão permite realizar a última etapa da metodologia: a avaliação dos efeitos alcançados a partir da

implementação de determinada política sobre o fenômeno no qual ela pretendia interferir.

Caso o problema seja encaminhado e resolvido da forma esperada, as instituições responsáveis prestam contas e

liberam o GGI para se dedicar a um novo problema.

-8-
Em caso contrário, se a leitura da ata da última reunião levar à conclusão de que o problema não foi resolvido da

forma adequada, deve-se utilizar o método IARA para entender o que ocorreu, entre a tomada de decisão e a sua

implantação, que inviabilizou o tratamento da problemática tal como acordado na reunião do gabinete.

Com o diagnóstico pronto, elabora-se um novo plano de ação para tratar novamente o problema e a sua

efetividade, do ponto de vista dos objetivos pretendidos, deverá ser avaliada na próxima reunião do Gabinete de

Gestão Integrada.

O acompanhamento de cada um dos quadros permite que o Gabinete de Gestão Integrada percorra todos os

passos da metodologia e possa verificar, nas reuniões subsequentes à de deliberação do problema/solução, quais

são as etapas nas quais se encontram problemas para a plena solução.

O preenchimento da planilha contendo as etapas desta metodologia, é uma forma de aplicar o Método IARA.

Clique aqui e conheça a planilha.

Figura 1 - Planilha para aplicação do Método IARA


Fonte: Guia Prático Gabinete de Gestão Integrada Municipal (Série Segurança Humana nº 1 – Ano 1 – 2009, p.
37).

Quando o tema é tratado pela Polícia Comunitária, as possíveis soluções de problemas podem ser organizadas

dentro de cinco grupos:

Eliminação total do problema

A efetividade é medida pela ausência total dos tipos de ocorrência que o problema criava. É improvável que a

maior parte dos problemas possa ser totalmente eliminada, mas alguns poucos podem;

Redução do número de ocorrências geradas pelo problema:

A redução do número de ocorrências provenientes de um problema é a maior medida de eficácia;

Redução da gravidade dos danos:

A efetividade para este tipo de solução é demonstrada constatando-se que as ocorrências são menos danosas;

Lidar melhor com velhos problemas (tratar maior número de participantes de modo mais humano,

reduzindo os custos, melhorando a capacidade de lidar com a ocorrência):

Promovendo satisfação para as vítimas, reduzindo custos e outro tipo de medida que possa mostrar que este tipo

de solução é efetivo;

-9-
Remover o problema da consideração policial:

A efetividade deste tipo de solução pode ser medida pela observação de como a polícia está lidando

originalmente com o problema e a razão de transferir a responsabilidade para outro. Policiais solucionadores de

problemas frequentemente buscam ajuda da comunidade, outros departamentos da cidade, comerciantes,

agências de serviço social e de qualquer um que possa ajudar.

Fonte: Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária, p. 210

10 Finalizando
Na próxima aula, estudaremos a mobilização comunitária, veremos, então, as técnicas que favorecem a

participação e a mobilização da comunidade no âmbito da Segurança Pública.

O que vem na próxima aula


Na próxima aula, você vai estudar:
• Mobilização Comunitária;
• Técnicas que favorecem a participação e a mobilização da comunidade no âmbito da Segurança Pública.

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Estudou uma metodologia para a busca de soluções orientadas por problemas aplicados à Segurança
Pública;
• Conheceu e analisou o Método IARA.

- 10 -

Você também pode gostar