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Hibrido Estado Do Pará
Hibrido Estado Do Pará
Resumo
Este trabalho apresenta uma análise dos sistemas híbridos de geração de eletricidade instalados
no Estado do Pará, dando ênfase ao perfil das localidades abastecidas, às tecnologias de
conversão nas diversas configurações utilizadas para obtenção de energia elétrica, aos impactos
sociais, econômicos e ambientais proporcionados por tais sistemas, à gestão e sustentabilidade
dos mesmos, e às suas perspectivas frente à universalização da energia elétrica no Brasil.
Abstract
This work presents an analysis of the hybrid systems for electricity generation installed in the State
of Pará, emphasizing the profile of the supplied localities, the conversion technologies in the
several configurations used for electric power generation, the social, economic and environmental
impacts caused by such systems, the management and sustainability of the systems, and their
perspectives in face of the global supply of electric power in Brazil.
1 – Introdução
O Estado do Pará, com sua extensão territorial de aproximadamente 1.250.000 km2 (14,5% do
território nacional), é o segundo maior do Brasil. Atualmente, sua população é constituída por
cerca de 6.200.000 habitantes, os quais estão distribuídos nas áreas urbana e rural por cerca de
4.129.000 (66,6%) e 2.071.000 (33,4%), respectivamente (IBGE, 2004). Do total dessa população,
aproximadamente 21% não são contemplados com o fornecimento de energia elétrica (ANEEL,
2004), sendo que a grande maioria desse percentual representa a população residente na área
rural, principalmente nas áreas isoladas, as quais, fazendo-se uma alusão à crise energética de
2001, vivem hoje em um “eterno apagão”.
O não abastecimento dessas áreas deve-se às características intrínsecas do próprio meio rural
(pequenas vilas dispersas e isoladas, baixa densidade demográfica e de renda, infra-estrutura
precária, elevada distância dos grandes centros, locais remotos e situados muitas vezes em
emaranhados de rios, descaso do poder público, etc.), que somadas com o fator econômico
inviabilizam a tradicional eletrificação por extensão da rede elétrica.
Das possíveis alternativas de geração que existem para o suprimento de energia elétrica dessas
áreas, destacam-se duas:
Geração diesel-elétrica – apresenta-se hoje como o mais significativo vetor da matriz energética
regional, mas que envolve um elevado custo operacional (compra, transporte e distribuição do
óleo diesel) em relação à baixa qualidade no serviço prestado. Além disso, tais sistemas na atual
conjuntura mundial não são vistos como uma alternativa ambientalmente correta, uma vez que os
impactos ambientais locais e globais causados pelas emissões de gases de efeito estufa são
comprovadamente danosos.
Geração com fontes renováveis – é uma alternativa que parece bastante óbvia, mas que ainda
vem sendo legada a segundo plano, apesar de empregar as fontes de energia renováveis (solar,
eólica, hidráulica e biomassa) encontradas nas áreas de abrangência dessas pequenas vilas, que,
dependendo das diversas tecnologias de conversão, poderão ser utilizadas para geração de
eletricidade de pequeno e médio portes.
A Lei 10.438/2002, que dispõe sobre a Universalização do Serviço Público de Energia Elétrica, e
da Resolução nº 223/2003 (ANEEL), que norteia os Planos de Universalização de Energia
Elétrica, delimitando a data da universalização até 2015, sinaliza para os sistemas híbridos para
geração de eletricidade que utilizam as fontes de energia renovável, como uma forma importante e
viável para o atendimento descentralizado no Estado e também na Região Amazônica, onde
existe um grande número de localidades isoladas, sem perspectivas de abastecimento
convencional.
Daí a concepção deste trabalho, que discorre sobre tais sistemas híbridos de geração de
eletricidade, dando ênfase ao perfil de cada comunidade abastecida, às tecnologias de conversão
nas diversas configurações utilizadas (solar-eólico-diesel, eólico-diesel, e solar-eólico) para
obtenção de energia elétrica, aos impactos sócio-econômicos e ambientais proporcionados por
tais sistemas, e à gestão e sustentabilidade dos mesmos. Ao final, através do estudo realizado
sobre a situação dos sistemas híbridos, faz-se uma breve explanação a respeito das perspectivas
frente à universalização da energia elétrica no Brasil.
Comunidade de Joanes
A comunidade de Joanes situa-se no município de Salvaterra (ver figura 1), às margens da baía
de Marajó, nas coordenadas 0º 52’ 36’’ S e 48º 30’ 36’’ W, distante cerca de 17 km da sede
municipal (Salvaterra), com acesso fluvial ou aéreo (Ribeiro, et al. 2003). Sua população residente
é de aproximadamente 1.338 habitantes. A economia é formada basicamente pela pecuária,
extrativismo vegetal, agricultura, pesca e turismo.
Comunidade de Tamaruteua
A comunidade de Tamaruteua situa-se no litoral do município de Marapanim (ver figura 2), na
embocadura do rio Cajutuba, próximo ao oceano Atlântico, tendo como coordenadas geográficas
0º 34’ 57’’ S e 47º 45’ 28’’ W, com acesso rodo-fluvial (Vale, 1997 e Macêdo, 2000). Sua
população residente é de aproximadamente 185 habitantes, distribuídos em 38 famílias. A
comunidade tem na pesca sua principal atividade econômica, sendo a agricultura praticamente
inexistente na região, por esta apresentar um solo arenoso, impróprio para esse tipo de atividade
(Macêdo, 2000).
Com exceção do sistema híbrido de Joanes, cuja operação difere dos demais (ver tabela 1), um
sistema de backup diesel-elétrico de caráter não renovável é usado para garantir a continuidade e,
conseqüentemente, a confiabilidade dos sistemas híbridos.
A seguir são descritos os sistemas híbridos nas suas configurações e respectivas tecnologias de
conversão. Além disso, detalhes referentes à operação também são apresentados.
Sistema eólico
1 Aerogerador de 10 kW.
1 Controlador de carga VCS –10 (retificador).
Componentes
1 Transformador 3φ 30 kVA.
2 Inversores estáticos de 4 kW (cada).
1 Banco de baterias - 20 unidades chumbo-ácido 12 VCC/150 Ah (série/paralelo 48
VCC).
1 Torre treliçada estaiada (20 m de altura).
Sistema diesel-elétrico
2 Grupos geradores a diesel de 7,5 kVA (cada).
de vento e/ou o banco de baterias esteja com carga inferior à mínima para o
suprimento de energia. Com a saída da geração eólica, entra em operação a
geração diesel-elétrica, que opera até que a geração eólica se estabilize. Ressalta-
se que a operação do sistema não é feita de forma automática.
Sistema eólico
2 Aerogeradores de 10 kW (cada).
2 Controladores de carga VCS –10 (retificador).
2 Transformadores 3φ de 30 kVA (cada).
2 Torres treliçadas estaiadas (24 m e 30 m de altura).
Componentes
Sistema diesel-elétrico
1 Grupo gerador a diesel de 30 kVA.
Sistema eólico
1 Aerogerador de 10 kW.
1 Controlador de carga VCS –10 (retificador).
1 Torre treliçada estaiada (30 m de altura).
Componentes
Sistema diesel-elétrico
1 Grupo gerador a diesel de 20 kVA.
De acordo com as condições do banco de baterias, o sistema renovável supre a
Operação
Com relação à inserção dos sistemas no meio ambiente, o principal impacto está relacionado ao
manejo das baterias (há a necessidade de um programa de reciclagem), enquanto que os outros
como, por exemplo, o visual e o sonoro (ambos provenientes sobretudo dos aerogeradores), e do
espaço utilizado para instalação do sistema solar fotovoltaico, ou do próprio sistema híbrido em si,
podem ser considerados mínimos. Isto é evidenciado pelos seguintes fatos:
Nenhuma manifestação de descontentamento dos moradores, até então, com ruído;
A atração visual que se tornaram os sistemas com os aerogeradores e suas grandes
torres;
O pequeno espaço físico utilizado pelos sistemas, que não ocasiona perda de espaço
para outras finalidades.
Com relação ao sistema de São Tomé, destaca-se um novo modelo de tarifação, inovador no
Brasil, que busca parcialmente resolver os problemas inerentes à gestão econômica dos sistemas.
Trata-se do pré-pagamento da energia elétrica, semelhante ao sistema de pagamento antecipado,
referente aos serviços prestados pelas empresas de telefonia celular, os telefones celulares de
cartão. Barbosa, 2004, descreve em detalhes esse modelo de tarifação. No mais, a gestão
administrativa é semelhante à dos outros sistemas. A tabela 5 mostra um resumo dos modelos
gestores em uso em cada sistema e a atual situação dos mesmos.
7 – Conclusão
Diante do exposto, pode-se concluir que o emprego dos sistemas híbridos para geração de
energia elétrica nas comunidades apresentadas, sem dúvida contribuiu para o desenvolvimento e
a integração social das mesmas. Porém, é necessário que se entenda de forma realista que os
atuais modelos de gestão em uso projetam uma situação onde dificilmente tais sistemas serão
sustentáveis. Ademais, a falta de uma regulamentação própria para o atendimento dessas
comunidades isoladas através de fontes renováveis e a escassez de incentivos são fatores que
dificultam ainda mais a penetração desses sistemas no plano de universalização e,
conseqüentemente, na matriz energética do País.
Palavras-Chave
Energias Renováveis, Sistemas Híbridos, Gestão de Sistemas de Pequeno Porte,
Sustentabilidade, Universalização da Energia Elétrica.
Referências
[1] ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica; Universalização – Estado do Pará;
http://aneel.gov.br ; acesso em 28/05/2004.
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