Você está na página 1de 5

“O caminho para paz não está pavimentado com flores, mas com os esqueletos dos que lutaram por

ela.”

Hanry Sobjak de Mello

Justiça a qualquer custo.


Capitulo 1

Todos irão pagar!

O shopping Argentium estava cheio naquele sábado à noite que antecedia o dia das mães. Milhares de
pessoas em um frenesi de compras de presentes que só se igualava ao da época das festas de final de ano, cada uma
segurando no mínimo 3 a 4 sacolas. Ninguém imaginava o que iria acontecer com eles dentro de algumas horas,
quando estariam lutando pelas suas vidas ou sentindo ela se esvair lentamente.

A praça de alimentação estava lotada, com todos aproveitando seus lanches e vendo o que tinham
comprado, admirando suas compras e presentes que iriam dar aos seus entes queridos. Em meio a toda aquela
euforia de compras, ninguém reparou em uma pessoa que não parecia feliz com toda aquela empolgação, que
estava sentada em uma pequena mesa no meio da praça de alimentação. Ele estava quieto, segurando um papel
como espera-se que alguns dos painéis eletrônicos das lanchonetes e restaurantes chamasse pela sua senha. Aos
seus pés, somente uma mochila muito grande, uma mochila de trilha. Um tipo de produto que destoava do que a
maioria das pessoas estava comprando naquele dia, mas que, apesar de estranho, não chamava tanto a atenção,
especialmente em um shopping que possuía uma loja de artigos de aventura e outra de artigos esportivos.

Na mente daquele homem, somente uma ideia: “Todos irão pagar! Ah, como irão! Esse templo da burguesia
pútrida agora vai sentir a fúria do trabalhador explorado! Se preparem seus burgueses sifilíticos, vocês vão sentir
meu ódio”. Calmamente, ele colocou a mão dentro da mochila e ligou um pequeno timer que estava ligado ao
detonador, que por sua vez estava ligado a cerca de 30 KG de dinamite, roubada de uma pedreira, que estava
envolta em pregos, parafusos e cacos de vidro.

Ele saiu calmamente, pois sabia que teria tempo suficiente para sair do shopping e só apreciar o show que
tinha planejado nos mínimos detalhes. Ninguém reparou na mochila que estava em cima da cadeira, pensando que
era somente uma pessoa guardando seu lugar ao ir buscar o seu pedido em algum dos restaurantes e lanchonetes.
Mal sabiam elas que a ultima coisa que esperavam era terminar o dia de compras mortas.

Mesas e cadeiras viraram projeteis mortais, pregos da bomba atravessam as pessoas como se fosse faca
quente em um bloco de manteiga, cacos de vidro destruindo os corpos, matando instantaneamente as crianças,
arrancando membros, lançando corpos para todas as direções, o sangue tingindo as paredes e o piso. Era a visão do
inferno: sangue, pedaços de corpos, fogo, o grito dos feridos e agonizantes, pacotes de compras destruídos e seus
conteúdos esparramados, a correria dos que tinham que por um milagre saído ilesos de tamanha atrocidade. O caos
estava implantado.
Capitulo 2

Deixem-me dormir, porra!!!!

O telefone toca com sua campainha extremamente estridente, fazendo a cabeça o investigador Jean Cousteau
latejar violentamente. Ser acordado por aquele equipamento do inferno, que tinha o péssimo costume de tocar nas
horas mais impróprias, estava deixando Cousteau cogitando atira-lo contra a parede, mas o dissabor de ter que
limpar os restos do mesmo normalmente acalmava sua ira.·.

- Alo? Quem fala? - atendeu Cousteau com uma voz cansada e sonolenta

- Alô senhor! Aqui quem fala é Amanda da LBV*! Gostaria de doar R$ 10,00 para ajudar nossas crianças?

Cousteau não acreditava no que estava acontecendo. Era 8 da manhã, horário que tinha pessoas ainda
tomando café da manhã, e ele tinha passado praticamente a noite toda de campana para pegar um traficante “peixe
pequeno” e não tinha dormido mais do que 2 ou 3 horas. Era simplesmente algo meio surreal e a única coisa que ele
conseguiu falar foi:

- Porra!! Vai tomar no cu! Vê se isso é hora de ligar pedindo doação!!!

Ele bateu o telefone no gancho com toda a força que tinha. Era um abuso! Ligar a essa hora da manhã para
pedir doação era a ultima coisa que ele achava que deveria ser feita. Mal ele se vira para continuar o sono
interrompido, o telefone toca novamente. Um ódio mortal tomou conta da mente de Cousteau! Ele se vira tira o
telefone do gancho e berra para a pessoa do outro lado da linha:

- EU JÁ DISSE QUE NÃO VOU DOAR NADA!!! VÊ SE TOMA VERGONHA NA CARA E ENFIA ESSE TELEFONE NO
SEU CU, SUA PUTA ARROMBADA!! DEIXEM-ME DORMIR, PORRA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Do outro lado da linha veio à voz do delegado Garcia, chefe da delegacia de homicídios:

- Cousteau, não sei quem estava te ligando antes, mas recomendo que você se acalme e maneire esse seu
linguajar!! Estamos em uma situação extremamente delicada nesse momento e a ultima coisa que preciso é de um
policial descontrolado!!!

“Puta merda! Soltei o verbo encima do Garcia! É agora que eu me fudi de vez” pensou Cousteau, levando a
mão na cabeça. Ele procurou suas cigarrilhas, mas não estava as achando até que lembrou que tinha fumado a
ultima na noite anterior. Segurando o telefone com o ombro ele remexeu na gaveta de sua cômoda, procurando seu
cachimbo e perguntou:

- Qual é a situação delicada? A filha de algum deputado ficou gravida e fez um aborto clandestino e morreu?
Acharam o governador morto no meio de uma orgia gay com uma cenoura enviada você sabe onde? Ou melhor: ele
morreu na cama da amante que tem uns 30 anos a menos do que ele? Acertei?

- Cousteau, alguém já disse que você é um tremendo filha da puta? Porra! Tu pensas o pior sempre! Onde
você estava ontem a noite? Soube da explosão no shopping Argentium?

- Soube! Até onde eu sei, na televisão disse que foi um vazamento de gás ou coisa parecida! Isso seria
problema dos bombeiros, não da gente! E ontem, antes de sair para casa, eu soube que já tinha retirado 116 corpos!
Puta desastre!

Cousteau ouviu Garcia tomar um ar e falar de maneira bem pesarosa:

- Cousteau, não foi um acidente! Acharam pregos e pedaços de metal nos corpos e nos sobreviventes. Todos
os sobreviventes falaram praticamente a mesma história: estava comendo na praça de alimentação quando,
simplesmente foram atingidos por uma explosão que originou no meio do local! No local não passava nenhum cano
de gás, segundo as plantas do local. Tudo indica que foi uma explosão, um atentado criminoso!

- Caceta! – exclamou Cousteau - então um maluco de marré de si explodiu uma bomba no meio de um
shopping, em pleno sábado à noite? Porra! O shopping deveria estar cheio, porque, me corrige se eu estiver
enganado, hoje é dia das mães, certo?

- Sim, Cousteau! Hoje é dia das mães, e, por mais chato que isso seja, preciso que você venha o mais rápido
possível para cá, pois precisamos de todo o efetivo possível! E acho que um monte de pessoas devem desculpas a
você, depois dessa informação que nos chegou agora sobre a explosão.

Cousteau não estava acreditando. Por mais de 5 anos ele tinha sido piada em toda a Policia Civil por dizer
que acreditava que, dentro do Brasil, existia indivíduos ou grupos que a qualquer momento poderiam planejar e
executar um atentado terrorista. Costumavam chama-lo de “Sr. Conspiração”, de louco ou diziam que ele devia estar
se aproveitando do armário de apreensões de drogas. Em decorrência dessa fama, Cousteau nunca era levado muito
a sério, ficando com as investigações mais simples e sem relevância, apesar de sua extrema inteligência e
conhecimento em diversas áreas, tais como criminologia, psicologia forense, arqueologia, história e Direito. Agora
depois de tanto tempo tinham visto que ele tinha razão.

- Olha, não eu sei que não devia dizer isso, mas PORRA!!! EU FALEI DISSO A MAIS DE 5 ANOS ATRÁS E O QUE
VOCÊS FIZERAM, SEU PUTOS? ME COLOCARAM NA “GELADEIRA” E AGORA QUE A MERDA BATEU NO VENTILADOR
VOCÊS LEMBRAM DO “DOIDO” DE PLANTÃO! A VINGANÇA TARDA, MAS NÃO FALHA!

- Cousteau, pelo amor de Deus, sem rancor, ok? – falou Garcia - eu já tô com uma ulcera que deve ter
tomado conta do meu estomago todo! A ultima coisa que precisamos é de gente descontrolada.

- Olha, eu não sou descontrolado! Eu só sou rancoroso, só isso! - Cousteau falou enquanto enchia o
cachimbo com o tabaco que retirava de uma lata - Simplesmente, se alguém, somente uma pessoa tivesse me dados
ouvidos, acredito que esse tipo de tragédia teria sido evitada! A única coisa que eu falei a mais de 5 anos, e para ser
mais preciso, há 7 anos atrás, é que existia esses indivíduos e grupos extremistas e que deveríamos manter uma
vigilância discreta porém constante sobre os suspeitos! O que eu não esperava é que todos fosse dizer que eu era
um “Doido Varrido”, que no nosso amado Brasil isso não existia, que eu estava louco em pensar que existiam células
terroristas no nosso país, que éramos “da paz”, etc. Agora, sejamos francos, o que vocês precisam de mim?

- Essencialmente, do seu conhecimento. Você é uma enciclopédia ambulante, e tem um modo de ver as
coisas que desafia um pouco a lógica normal, o que pode ser crucial nesse caso.

- Resumindo: eu manjo dos paranauê alado do caso! Tá ok! Depois dessa “sessão baba-ovo” vamos ao caso!
Onde eu te encontro? No 8º ou lá na Homicidios?

- Venha no 8º! Ele está a apenas 50 metros no local! O Argentium está todo isolado. Venha logo! Os donos
estão reclamando que estão perdendo dinheiro com o shopping fechado! Esses filhas da puta tão cagando e
andando para as pessoas que morreram.

Cousteau desligou o telefone e acendeu seu cachimbo, tirando uma longa baforada. Não acreditava que
aquilo pudesse ser realidade: um atentado terrorista em pleno Brasil, e para completar o cenário, em Curitiba! Se
tinha um cidade que era calma ao ponto de matar de tédio era Curitiba! E agora isso! Cousteau agora tinha certeza
de uma coisa: uma grande onda de problemas estava vindo e esse atentado era só uma pequena perturbação perto
do tsunami que estava para vim.
Capitulo 3

Algumas vezes Satanás passa dos limites!

Cousteau não demorou muito para chegar no 8º distrito policial, mas a situação nele era caótica e
desesperadora: pessoas com ferimentos deitadas em lonas verdes, amarelas ou vermelhas, além de corpos
colocados em lonas pretas. Choros e gemidos dominavam o ar, junto com o barulho das sirenes e das maquinas que
tentavam remover os entulhos do que até

Você também pode gostar