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APELAÇÃO CRIMINAL Nº01/2018

APELANTE: RODRIGO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ
RELATORA: DESEMBARGADORA LUÍZA PÁDUA VALLADÃO DE CARVALHO
CÂMARA: X CRIMINAL

RELATÓRIO

Trata-se de recurso de apelação,


figurando como apelante RODRIGO e, como apelado,
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ qualificados e
representados.

Através da sentença de fls. XX/XX, o


MM. 1º Juiz de Direito da Xª Vara Criminal desta
Capital, Dr. XXX, assim julgou o pedido formulado na
ação penal pública 01/2018:

“[...] julgo totalmente procedente a


denúncia para o fim de condenaro réu RODRIGO,
já qualificado, ao cumprimento da pena
privativa de liberdade de 10 anos e 9 meses de
reclusão, bem como ao pagamento das custas
processuais, nos termos do art. 157, §2º, I e
II do Código Penal, art. 244-B do Estatuto da
Criança e do Adolescente e art. 14 da Lei
10.826/2003 todos em concurso formal de crimes
(art. 70 do Código Penal).

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Inconformado com a sentença, Rodrigo
interpôs recurso de apelação (fls. xxx/xxx).

Alega atipicidade das condutas


imputadas por conta da incapacidade de discernimento e
estado de coação, pedindo a absolvição pelos crimes do
art. 157, §2º, I e II do Código Penal, art. 244-B do
Estatuto da Criança e do Adolescente e art. 14 da Lei
10.826/2003.
Alega ainda o a inimputabilidade por
conta do desenvolvimento mental incompleto na data dos
fatos e imposição de medida de segurança artigo 26 do
código Penal.

Caso não acatadas as teses de


absolvição, requereu o reconhecimento de
circunstancias judiciais favoráveis, aplicação da pena
base no mínimo legal com a readequação do regime
inicial.

O preparo é visto à fl. XXX.

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Os apelados apresentaram contrarrazões
ao recurso e requereram, em suma, seu improvimento
(fls. xxx/xxx).

É, em síntese, o relatório.

À douta revisão.

Curitiba, XX de mês de 2018.

Desembargadora LUÍZA PÁDUA VALLADÃO DE CARVALHO


RELATORA

5/A

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APELAÇÃO CRIMINAL Nº01/2018

APELANTE: RODRIGO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ
RELATORA: DESEMBARGADORA LUÍZA PÁDUA VALLADÃO DE CARVALHO
CÂMARA: X CRIMINAL

VOTO

Presentes os pressupostos de
admissibilidade da apelação, dela conheço.

Ausentes alegações preliminares, passo


à análise do mérito.
Relativamente ao pedido de absolvição
por conta do estado de coação e ausência de
discernimento (sob efeito de entorpecentes), não
consta nos autos qualquer prova de uso de drogas pelo
condenado. Mesmo diante de provas do estado alterado,
o uso voluntário de entorpecentes não afasta a
tipicidade da conduta, ou a culpabilidade.

APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA O


PATRIMÔNIO. ROUBO MAJORADO. ALEGAÇÃO DE
INIMPUTABILIDADE OU SEMI-IMPUTABILIDADE.
AFASTAMENTO. O uso de drogas - lícitas
ou ilícitas - por si, salvo excludentes
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de embriaguez ou drogadição por acidente
ou erro, não eximem a culpabilildade. A
idéia de que quem usa droga é
exculpável, sem indicativo concreto da
redução ou ausência de capacidade penal,
não pode prosperar. A condição de
consumidor de drogas não conduz
necessariamente à exclusão da
culpabilidade pela inimputabilidade
penal. Assim fosse, praticamente todos
os processos envolvendo, principalmente
crimes contra o patrimônio, terminariam
em exclusão de culpabilidade, pois como
é sabido, são em sua maioria, praticados
por usuários de entorpecentes na busca
incessante pela satisfação de seu vício.
RECONHECIMENTO NA FASE INQUISITORIAL. O
fato do não-reconhecimento pessoal
policial - expressamente admitido na
fase judicial - não pode servir de
sustentáculo à absolvição, sob pena de
se estimular a evasão dos acusados.
Outrossim, Desnecessária a presença de
outras pessoas junto àquele a quem se
quer reconhecer. Entendimento do art.
226, II, do Código de Processo Penal.
MATERIALIDADE E AUTORIA. O cotejo
probatório, aliado à firme e clara

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palavra das vítimas, torna indiscutível
a ocorrência dos delitos de roubo
praticados pelo réu e seu comparsa. Sem
razão a defesa em atribuir fragilidade
ao conjunto probatório por constituir-
se, basicamente, das declarações dos
ofendidos. Palavras emanadas de pessoas
idôneas, sem demonstração de particular
interesse na imputação do crime ao réu,
ainda mais quando harmônica com o
restante probatório. DOSIMETRIA DA PENA.
Manutenção da reprimenda adequadamente
dosada na origem. Ausência de motivo
palpável à modificação dos parâmetros
eleitos em primeiro grau, pelo que vão
conservados, em respeito à sua
possibilidade individual de elasticidade
na fixação do quantum de redução ou
aumento relativos aos indicadores legais
para aplicação de sanção. O Magistrado
de primeiro grau, que detém o contato
físico com a prova e vivencia a
realidade de sua comarca, pode e deve
transitar em critérios seus enquanto
julgador singular, de molde a dar a cada
um o que lhe parece o justo no caso
concreto e em face da comunidade
agredida. NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO

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DO RÉU. UNÂNIME. (Apelação Crime Nº
70051406197, Sétima Câmara Criminal,
Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Laura Louzada Jaccottet, Julgado em
16/05/2013)
(TJ-RS - ACR: 70051406197 RS, Relator:
Laura Louzada Jaccottet, Data de
Julgamento: 16/05/2013, Sétima Câmara
Criminal, Data de Publicação: Diário da
Justiça do dia 28/05/2013)

Quanto à alegação de coação por parte


dos coautores ao condenado, inexistente nos autos
qualquer comprovação de situação de coação, portanto,
improcedente o pedido de absolvição por
inexigibilidade de conduta diversa.

Quanto ao pedido de aplicação de medida


de segurança pelo reconhecimento da inimputabilidade,
conforme já mencionado, o uso eventual de
entorpecentes não configura por si só
inimputabilidade. Não há nos autos qualquer prova de
dependência química total que possa ensejar o
afastamento da pena e a aplicação de medida de
segurança .

Quanto ao pedido de minoração da pena

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base, considero procedente o pedido, uma vez que o
magistrado de primeira instância aumentou a pena base
além do mínimo legal por considerar a circunstância de
culpabilidade desfavorável sob fundamento de tratar-se
de concurso formal de crimes, além de considerar as
circunstâncias do crime desfavoráveis por ter ocorrido
mediante violência e emprego de arma, elementar do
tipo e majorante, respectivamente, e o motivo ser
torpe, o que é uma agravante, o que configura um
verdadeiro bis in idem. Assim, por conta do réu ser
primário e de bons antecedentes, fixo a pena base do
crime de roubo no mínimo legal de 4 anos de reclusão.

Mantenho o reconhecimento da agravante


de motivo fútil (art. 61, II, a, CP) e a atenuante de
minoridade relativa (art. 65, I, CP), que se excluem,
mantendo a pena provisória em 4 anos de reclusão.

Quanto ao reconhecimento das


majorantes, mantenho o concurso de pessoas do ECA(1/3)
e uso de arma (2/3), além do reconhecimento do
concurso formal (1/3), de incidência isolada, fixando
a pena definitiva em 9 anos e 4 meses de reclusão.
Por conta da quantidade de pena,
mantenho o regime inicial fechado. Concordo com a
impossibilidade de substituição pelo crime ter sido
cometido mediante violência ou grave ameaça, além de
concordar com a impossibilidade de suspensão

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condicional da pena.
Ante ao exposto, provejo parcialmente a
apelação para, reformando em parte a sentença, reduzir
a pena para 9 anos e 4 meses de reclusão, mantendo os
demais termos da sentença atacada, por estes e seus
próprios fundamentos.

É o voto.

Curitiba, 1º de outubro de 2015.

Curitiba, XX de mês de 2018.

Desembargadora LUÍZA PÁDUA VALLADÃO DE CARVALHO


RELATOR

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