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Você sabe exatamente qual é a espécie de peixe que está no seu prato? Em diversos lugares
do Brasil, o cação é um muito popular, principalmente por ter um preço mais em conta. O
que comumente chamamos de cação são os peixes cartilaginosos, de porte pequeno e
médio, como raias e tubarões. Encontrados no mundo todo, habitam, preferencialmente,
águas tropicais.
Só no sul do país, há mais de 100 espécies destes tipos de peixe, chamados de condrictes
pela Biologia. Todavia, devido à sobrepesca, muitas delas estão ameaçadas de extinção ou
em situação muito vulnerável e, por esta razão, sua caça está proibida.
Mas o que pesquisadores gaúchos descobriram é que apesar da proibição, raias e tubarões
em risco de extinção, segundo a União Internacional para Conservação da Natureza
(IUCN), continuam sendo vendidos livremente nos mercados de Santa Catarina e Rio
Grande do Sul.
Nem supermercados e nem peixarias sabem exatamente o que vendem. O que acontece é
que, para fugir da fiscalização, pescadores jogam fora, ainda no mar, as partes que
identificam as espécies, como cabeça e barbatanas, deixando os peixes já em filés ou postas.
Valiati denuncia, inclusive, que muitas barbatanas são comercializadas com o mercado
asiático porque lá ela é considerada uma iguaria e corpos inteiros de tubarões são
descartados.
A única maneira de dar um basta neste crime seria através da implementação de um selo ou
certificação no setor pesqueiro. “Ainda acredito que podemos fazer pressão no governo para
que isso seja viabilizado”, diz Valiati.
Atualmente no Brasil é realizada apenas a contagem da quantidade de animais retirados das
águas, mas não há um controle sobre quais espécies são pescadas. “Enfrentamos um grande
problema de sobrepesca em nosso litoral. Somente tendo mais informações sobre quais
espécies são capturadas, será possível termos um manejo sustentável”, alerta.
Enquanto isso, o que o consumidor deve fazer? O pesquisador gaúcho aconselha evitar a
compra do cação e sugere outras espécies como peixe-rei, sardinha e peixes de rio, como
truta e linguado.
O trabalho de pesquisa da equipe da Universidade do Vale do Rio dos Sinos teve o apoio da
Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.