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Slides das aulas teóricas

2ª aula teórica
Conceito de Empresa
Empresa civil e empresa comercial (artº230º do Ccom)

• Em sentido lato, a empresa é a organização autónoma e intencional de meios


(humanos e materiais) apta à realização de uma finalidade útil.

• mas não há um conceito jurídico uniforme de empresa, mas alguns ramos do Direito
(por ex. Direito do Trabalho, da Insolvência, Fiscal)ocupam-se da ideia de empresa,
destacando os factores na sua perspectiva melhor a caracterizam

• Olhando para o artigo 5º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas


(CIRE), vemos que este procura conceptualizar a empresa com base num critério de
unidade institucional: «(…) considera-se empresa toda a organização de capital e de
trabalho destinada ao exercício de qualquer actividade económica»

• Na Lei da Concorrência (Lei 18/2003, de 11 de Junho) encontramos também, no art. 2º,


um conceito de empresa:

«Considera-se empresa, para efeitos da presente lei, qualquer entidade que exerça
uma actividade económica que consista na oferta de bens ou serviços num determinado
mercado, independentemente do seu estatuto jurídico e do modo de funcionamento» (nº 1)

E no seu nº2, há um alargamento do conceito:

«Considera-se como uma única empresa o conjunto de empresas que, embora juridicamente
distintas, constituem uma unidade económica ou que mantêm entre si laços de
interdependência ou subordinação decorrentes dos direitos ou poderes enumerados no n.º 1 do
artigo 10º»

Diversas acepções de empresa

Assim, uma primeira ideia que podemos acentuar traduz-se no facto de juridicamente a noção
de empresa não ser unívoca, mas polifacetada, pelo que se pode falar de empresa em 4
acepções:

1. concepção subjectiva - a empresa confunde-se com o empresário

2. concepção objectiva - a empresa reporta-se à actividade económica exercida pelo


empresário (A empresa é uma actividade económica organizada, exercida
profissionalmente, isto é, de forma sistematizada e com carácter de estabilidade, com
a finalidade de produção de bens e serviços para o mercado, distinguindo-se das
actividades puramente artísticas e intelectuais)

3. concepção material ou patrimonial - a empresa reconduz-se a um conjunto de bens ou


direitos: ao estabelecimento, criado pelo empresário, abrangendo os diversos
elementos materiais que concorrem para a produção.

4. concepção institucional - a empresa é uma organização de pessoas, que em diversas


posições hierárquicas prosseguem uma actividade económica: uma comunidade de
trabalho.

Sentido da empresa

• Todas as perspectivas apresentadas sugerem aspectos parciais da empresa, não sendo


completas

• O verdadeiro sentido de empresa reporta-se a uma organização produtiva ou


mediadora de riqueza que exerce, de forma estável, a sua actividade económica em
função do mercado a que se dirige, e que conjuga dois factores

a) Um, pessoal, no qual, para além do trabalho de uma comunidade de pessoas que, na
direcção e na produção asseguram o seu funcionamento, releva a concepção própria do
empresário na sua estruturação, ou seja, na organização dos diferentes factores produtivos de
modo a integrá-los numa mesma finalidade funcional; e

b) outro, patrimonial, constituído por todos os bens e elementos com valor económico (bens
imóveis e móveis, direitos, situações jurídicas e elementos imateriais) unificados (conjugados)
pela função unitária a que estão adstritos.

Segundo esta ideia a empresa é algo mais que a simples soma dos seus componentes, e por
isso tem um valor superior à soma daqueles quando avaliados separadamente. Ou seja, devido
à organização a empresa tem um aviamento (possibilidade de sucesso)

A empresa é regulada especificamente pelo artº230º do C. Com, do qual resultam algumas


ideias a reter:

1ª A empresa tem como pressuposto um empresário (pessoa física ou jurídica)

2ª A empresa pode ser civil ou comercial

3ª a empresa comercial é mais relevante, em termos jurídico-económicos e sociais, do que a


empresa civil

4ª As empresas civis são apenas as que a lei qualifica como tais:

- a empresa agrícola;
- a empresa acessória da agrícola

- a pequena empresa

5ª As demais empresas são comerciais.

6ª Há actividades não empresariais, como as profissões liberais e intelectuais

Empresa comercial

No centro do DEE está o conceito de empresa comercial, como organização produtiva de


riqueza, voltada para o mercado, dotada de profissionalidade e assente no risco de capital
(próprio e alheio, como risco predominante)

E esta noção é importante porque as empresas comerciais que tenham à cabeça um


empresário que não é uma pessoa física têm, em regra, de se organizar criando uma sociedade
comercial:

- Sociedade em nome colectivo;

- Sociedade em comandita;

- Sociedade por quotas; ou

- Sociedade anónima.

NOTA: A empresa ganha especial relevo como substrato de uma sociedade comercial

Estabelecimento comercial
• Na linguagem comum, estabelecimento comercial é sinónimo de armazém ou loja
aberta ao público.

• Em sentido técnico, podemos acolher a ideia de que o estabelecimento comercial é o


conjunto de bens (no sentido material do termo) e serviços que são organizado pelo
empresário para o exercício da respectiva actividade empresarial. Assim, destaca-se
aqui o aspecto objectivo da empresa – organização de meios materiais (bens) e
humanos (serviços) –, em detrimento da essencialidade de um local fixo e permanente.

• Como regra, cada comerciante tem um estabelecimento, embora possa ter mais.

• O desenvolvimento da Internet veio pôr em crise este conceito, uma vez que o
empresário do século XXI pode comerciar (intermediar) exclusivamente através da
Internet, pelo que o seu estabelecimento corresponderá a uma loja virtual

Nota fundamental: não confundir o estabelecimento com o património do empresário, muito


embora aquele faça parte integrante deste.
Elementos do estabelecimento comercial

A nossa lei não enumera de forma completa os elementos do estabelecimento, mas podemos
fazer uma distinção entre:

– Elementos corpóreos;

– Elementos não corpóreos.

São elementos corpóreos os bens materiais que integram o estabelecimento, por exemplo,
bens imóveis (onde se situam as instalações do comerciante), móveis (bens de equipamento
como máquinas e aparelhos, objectos simples, utensílios, matérias-primas, produtos finais
produzidos e a própria caixa).

São elementos incorpóreos do estabelecimento os direitos e as obrigações associadas ao seu


funcionamento:

- a locação, sob a forma de arrendamento (cfr. arts. 1109º e 1112º do CC) – se se tratar de um
espaço físico;

- constituição de um domínio na Internet,

- créditos sobre clientes;

- dívidas a fornecedores;

- empréstimos e financiamentos;

- direitos emergentes de contratos individuais de trabalho;

- direitos privativos da propriedade industrial [marcas, logótipos, etc.)

Transmissão do estabelecimento

O estabelecimento comercial é uma realidade jurídica complexa, unitária, o que releva em


matéria de transmissão…

O titular do estabelecimento pode transmiti-lo, na sua globalidade (unidade funcional),


obtendo assim um valor superior à simples soma das partes – realizando, consequentemente,
o trespasse –, ou separar os elementos que o compõem, fragmentando-o e transmiti-los
isoladamente, na sua unidade (funcional)
O trespasse é o termo que designa a transmissão do estabelecimento comercial ou industrial
na sua unidade (tendencial)

O trespasse pode resultar de diversos negócios (como a compra e venda, a troca, a doação) e
também, em caso de morte, da herança ou até da partilha de sócios.

O trespasse é um acto de transmissão global e a título definitivo

Cedência do estabelecimento (locação)

• Designa-se cessão de exploração o negócio que consiste na transferência temporária e


onerosa do estabelecimento, em que o cedente conserva a titularidade do
estabelecimento, limitando-se a permitir que o cessionário o explore (correspondendo
à cedência do gozo do estabelecimento como um todo e pressupõe que o mesmo já se
encontre constituído e apto a funcionar

Identificação do estabelecimento

logótipos (cfr. arts. 304º-A a 304º-S do CPI) é a designação do direito que se pode deter sobre
um desenho e/ou nome que identifique e distinga o estabelecimento de outros

A protecção conferida pela lei tem na sua base a detenção de um estabelecimento e, por isso, a
transmissão do estabelecimento, salvo se diversamente previsto, implica a transmissão do
logótipo que o caracterize (cfr. art. 304º-P, nº 3)

Local físico de funcionamento do estabelecimento (arrendado)

• Quando o estabelecimento pertence a alguém que não é proprietário do imóvel, é


normal celebrar-se um contrato de arrendamento do espaço físico, onde ficará a
funcionar o estabelecimento.

A lei tutela este estabelecimento em caso de:

1. Trespasse – permitindo ao adquirente continuar no mesmo espaço, desenvolvendo a


mesma actividade, sem que o senhorio tenha que dar o seu acordo (mas também
confere alguma tutela ao senhorio, dando-lhe preferência na venda)

2. Cedência da exploração/locação de estabelecimento - não carece do consentimento do


senhorio do local arrendado mas deve ser-lhe comunicada no prazo de um mês

Estabelecimento em centro comercial

3. Há particularidades a considerar quando se trata de uma loja inserida num


C.Comercial, em função da lógica da organização do centro, que levam os autores e os
tribunais a afastar a figura do trespasse, da cedência da exploração e da penhora da
unidade
4. Que motivos justificam isto?

Clientela

O estabelecimento comercial em funcionamento tem, em regra, uma clientela.

Clientela não é um elemento do estabelecimento e, por isso, em caso de transmissão não há


garantias de que a clientela se mantém;

Mas o alienante também não pode adoptar comportamentos não previsíveis que possam
afastar a clientela do estabelecimento, em caso de alienação deste (obrigação de não
concorrência)
3ª aula teórica
Formas jurídicas das empresas
• De acordo com a Constituição da República Portuguesa (maxime, art. 82), há três
sectores de propriedade de meios de produção: o sector público, o sector privado e o
sector cooperativo e social.

• As empresas do sector privado assumem basicamente duas formas: a de comerciante


em nome individual (ou empresa singular ou ainda empresa individual) e a de
sociedade (forma esta que se divide em várias, começando pela bifurcação entre
sociedades civis e comerciais).

Clássicas
- Individuais
E.I.R.L.
sob forma civil
Civis
- Sociedades sob forma comercial

Principais formas de empresas Comerciais

- Cooperativas

- Empresas Públicas (em sentido formal)

Individuais
As empresas individuais não constituem um ente jurídico autónomo (da pessoa singular que é
o seu titular).

No entanto, desde 1986 que, ao lado dos comerciantes em nome individual tradicionais,

existe a figura do Estabelecimento Individual de Responsabilidade Limitada (E.I.R.L.).

Este permite a um comerciante em nome individual limitar a parte do seu património que
responde pelas suas obrigações, contraídas no exercício da sua actividade económica.

O E.I.R.L. não dá lugar ao surgimento de um ente jurídico autónomo.

Sector público

• As empresas do sector público assumem basicamente também duas formas (Dec.-Lei


558/99, de 17 de Dezembro):
- a de empresa pública em sentido formal (actualmente, designadas «entidades
públicas empresariais» - «E.P.E.»)

- e a de sociedade (com capitais totalmente públicos ou, «nas quais o Estado ou


outras entidades públicas estaduais possam exercer, isolada ou conjuntamente, de forma
directa ou indirecta, uma influência dominante»

Sociedades, cooperativas e outras


As sociedades, as cooperativas e as empresas públicas (em sentido formal) são tipos de
pessoas colectivas.

As empresas do sector cooperativo e social assumem basicamente a forma de cooperativas

EIRL
Não envolve a criação de uma nova pessoa jurídica, pelo que o mecanismo jurídico utilizado é
o da constituição de um património autónomo dentro do património geral do sujeito (exemplo
típico da herança)

Assim, o sujeito tem de afectar bens (coisas ou direitos susceptíveis de avaliação monetária e
apreensão judicial) para utilização exclusiva na actividade do EIRL

Se não respeitar a regra da afectação e utilização exclusiva é como se o património autónomo


não existisse.

Responsabilidade do EIRL

TIPOS de RESPONSABILIDADE:

I - responsabilidade do património por dívidas do exercício da actividade (artº10º, nº1;


11º, nº1 e 2)

II - responsabilidade do património por dívidas anteriores à constituição do EIRL


(artº10, nº2)

III- responsabilidade por dívidas do titular quando o seu restante património é


insuficiente (artº22º)

I - responsabilidade do património por dívidas do exercício da actividade (artº10º, nº1; 11º, nº1
e 2)

Artigo 10

Nº1 – “Sem prejuízo do disposto no artigo 22.º, o património do estabelecimento individual de


responsabilidade limitada responde unicamente pelas dívidas contraídas no desenvolvimento
das actividades compreendidas no âmbito da respectiva empresa” (REGRA)

Artigo 11
Nº1 – “Pelas dívidas resultantes de actividades compreendidas no objecto do estabelecimento
individual de responsabilidade limitada respondem apenas os bens a este afectados” (REGRA)

Nº2 – “No entanto, em caso de falência do titular por causa relacionada com a actividade
exercida naquele estabelecimento, o falido responde com todo o seu património pelas dívidas
contraídas nesse exercício, contanto que se prove que o princípio da separação patrimonial não
foi devidamente observado na gestão do estabelecimento” (EXCEPÇÂO)

II - responsabilidade do património por dívidas anteriores à constituição do EIRL (artº10, nº2)

Artigo 10

Nº2 – “Se os restantes bens do titular forem insuficientes e sem prejuízo da parte final do
artigo 6.º, aquele património responde unicamente pelas dívidas que este tenha contraído
antes de efectuada a publicação a que se refere o n.º 2 do artigo 5.º”

- requisito de insuficiência do restante património

- dívidas contraídas antes do EIRL estar registado e com publicações

III- responsabilidade por dívidas (posteriores) do titular quando o seu restante património é
insuficiente (artº22º)

Artigo 22. Penhora do estabelecimento individual de responsabilidade limitada.

Na execução movida contra o titular do estabelecimento individual de responsabilidade


limitada por dívidas alheias à respectiva exploração, os credores só poderão penhorar o
estabelecimento provando a insuficiência dos restantes bens do devedor.

- requisito de insuficiência do restante património do sujeito

- dívidas posteriores à constituição, que nada tenham a ver com o negócio do EIRL
4ª aula teórica (5ª segundo os slides)

SGPS
As Sociedades Gestoras de Participações Sociais (SGPS), conhecidas por holdings, são, por
natureza, as sociedades vocacionadas para a gestão de participações noutras sociedades como
forma indirecta do exercício da actividade económica

Podem adoptar a forma de sociedade por quotas ou sociedade anónima

São reguladas pelo Decreto-Lei nº 495/88, de 30 de Dezembro e, subsidiariamente, pelo


disposto no Código das Sociedades Comerciais

Participação indirecta

Estas sociedades caracterizam-se por terem como objecto social exclusivo «a gestão de
participações sociais de outras sociedades, como forma indirecta de exercício de actividades
económicas» (art. 1º, nº 1), o que se contrapõe ao exercício directo de uma actividade
económica

A participação é considerada forma indirecta de exercício de actividade económica da


sociedade participada quando:

1. for detida por período superior a um ano, e

2. represente, directa ou indirectamente, pelo menos 10% do capital (com voto) da


participada

Nota: No entanto, nem todas as participações têm de estar sujeitas a esses princípios da forma
rígida

A lei (arts. 1º, nº 4 e 3º, nº 3) admite que uma SGPS detenha participações ocasionais e/ ou
inferiores a 10% do capital

Grupos de Sociedades
Em sentido amplo, grupo é qualquer modalidade mais ou menos estruturada e formalizada de
colaboração entre sociedades para a realização de uma finalidade comum
O grupo, em sentido jurídico, é um modo de concentração de empresas que se distingue da
fusão (traduz-se na integração de duas ou mais sociedades numa estrutura jurídica unitária)

O grupo de sociedades constitui uma das grandes categorias das sociedades coligadas (art.
482º do CSC)

Grupos de sociedades em sentido jurídico

Nos grupos de sociedades, em sentido estrito e jurídico, existe uma entidade que tem uma
direcção unitária (comum) sobre todas as sociedades.

(Se duas ou mais sociedades forem detidas pelos mesmos accionistas tal situação
corresponde à de um grupo de facto, porque determinado pelas mesmas vontades, mas não se
enquadra nas sociedades coligadas previstas no CSC, em que no mínimo deverá haver um
contrato de subordinação da actividade de uma sociedade a outra)

A direcção unitária pode corresponder a uma relação de:

a) Domínio total:

– inicial, se existente ab initio (a chamada sociedade "subsidiária integral") (art. 488º);


ou

– superveniente, sempre que a sociedade dominante atinge 90% do capital da


dominada (arts. 489º, 490º e 541º), vendo-se obrigada a tomar uma de duas atitudes previstas
no art. 489º, nº 2.

b) Grupo paritário (art. 492º), em que as sociedades são dirigidas por uma terceira
entidade.

c) Contrato de Subordinação (art. 493º), em que, não sendo necessário haver domínio,
se subordina a gestão de uma sociedade a outra sociedade, dominante ou não.

Sociedades coligadas
• Além dos grupos, são sociedades coligadas, as seguintes sociedades em relação de
participação:

a) Sociedades em relação de simples participação (art. 483º), sempre que uma


delas detenha 10%, ou mais, do capital social da outra (e não está coligada de outro modo).

b) Sociedades em relação de participações recíprocas (art. 485º), se ocorrer o


cruzamento de participações sociais de 10%, ou mais. Esta situação pode coexistir com uma
relação de domínio ou de grupo (art. 485º, nº 4).

c) Sociedades em relação de domínio simples (art. 486º), que se verifica


quando uma delas (a dominante) exerce, directa ou indirectamente, uma influência
determinante sobre a outra ou outras.
O nº 2 do art. 486º do CSC estabelece uma presunção de domínio.

ACE – Agrupamento complementar de empresas


• Lei nº 4/73, de 9 de Junho, regulamentada pelo Decreto-Lei nº 430/73, de 25 de
Agosto

Os Agrupamentos Complementares de Empresas são entidades constituídas pela junção de


pessoas singulares ou colectivas e sociedades, conjugando esforços com a finalidade de obter
um melhor resultado económico, sem prejuízo da respectiva personalidade jurídica e
actividade comercial (base I).

Estas entidades adquirem personalidade com a inscrição no registo (base IV)

A lei não estabelece qualquer limitação à natureza dos intervenientes, que podem nem sequer
ser comerciantes

O ACE propõe-se uma actividade complementar, que não seja directamente lucrativa, embora
possa ter por fim acessório a realização e a partilha de lucros, desde que autorizado pelo
contrato constitutivo; e tem por função promover a investigação, a formação profissional, a
publicidade e o controlo de qualidade.

Agrupamentos Europeus de Interesse Económico


• Regulamento (CEE) nº 2137/85 do Conselho, de 25 de Julho de 1985, para ser aplicado
a partir de 1 de Julho de 1989, e é regulado pelo DL 148/90, de 9 de Maio Recorde-se
que o Regulamento é directamente aplicável.

Os membros do agrupamento podem ser sociedades ou outras entidades jurídicas (públicas ou


privadas, colectivas ou singulares)

O agrupamento é comunitário, tendo de integrar, pelo menos, dois membros provenientes de


diferentes Estados-membros.

O seu objectivo é acessório do prosseguido pelos seus membros, cuja actividade não pode
dirigir.

Tem personalidade jurídica.

o AEIE é, a par do consórcio e do agrupamento complementar de empresas, uma das formas


associativas possíveis de empresas (incorporated joint-venture).
Consórcio
O consórcio é o contrato pelo qual duas ou mais pessoas (singulares ou colectivas) que
exerçam uma actividade económica se obrigam entre si a, de forma concertada, realizar certa
actividade ou efectuar certa contribuição com o fim de prosseguir um objecto comum que, em
princípio, corresponde a um dos seguintes objectos (arts. 1º e 2º, DL 231/81, de 28 de Julho):

a) Realização de actos materiais ou jurídicos, preparatórios quer de um


determinado empreendimento, quer de uma actividade contínua (ex.: consócio para participar
num concurso público);

b) Execução de determinado empreendimento (exs.: construção da ponte Vasco


da Gama, Metro do Porto);

c) Fornecimento a terceiros de bens iguais ou complementares entre si


(produzidos pelos diversos membros do consórcio)

d) Pesquisa ou exploração de recursos naturais (ex.: actividade de extracção de


petróleo); e) Produção de bens que possam ser repartidos, em es pécie, entre os membros do
consórcio.

Modalidades de consórcio

O consórcio é externo se os seus membros estabelecem relações comercias directamente com


terceiros, nessa qualidade (cfr. art. 5º, nº 2). Nesta modalidade de consórcio, um dos membros
é designado o chefe do consórcio, como poderes de representação de todos os membros.

O consórcio é interno se os consorciados se fazem representar junto de terceiros por um deles


ou mantêm relações directas com terceiros sem invocarem a sua qualidade (cfr. art. 5º).

Associação em participação

Associação de uma pessoa (associado) a uma actividade económica exercida por outra (o
associante), ficando a primeira a participar nos lucros (elemento essencial) e perdas
(característica que pode ser dispensada) que desse exercício resultarem para a segunda (nºs 1
e 2 do art. 21º do DL 231/81, de 28 de Julho).

Este contrato não gera uma entidade personificada.


Não é uma figura contratual actual, mas corresponde a uma forma jurídica que se verifica na
prática negocial com mais frequência do que poderíamos pensar, consistindo muitas vezes
numa associação espontânea de um sujeito ao exercício da actividade comercial por outro.

5ª aula teórica (6ª segundo os slides)

A empresa e a insolvência
• Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas (designado abreviadamente por
CIRE): Decreto-Lei nº 53/2004, de 18 de Março

• A insolvência consiste na impossibilidade de cumprir pontualmente as obrigações


vencidas ou corresponde a uma situação patrimonial negativa (art. 3º)

• noção de empresa que não é coincidente com a de sujeito de Direito Comercial, visto
que abarca as empresas que não são comerciais (art. 5º).

Elementos essenciais

Sujeitos da Insolvência: Todas as pessoas singulares ou colectivas – com excepção das públicas
e entidades públicas empresariais, bem como empresas de seguros e instituições de crédito
(cfr. art. 2º, nº 2)

Pedido de insolvência: pelo devedor ou por um terceiro

Situação de insolvência – sempre que o devedor se depara com a impossibilidade de cumprir


oportunamente as obrigações já vencidas -art. 18º

O devedor tem o dever de requerer a declaração de insolvência quando se encontre nessa


situação há mais de 60 dias

A lei contém uma indicação das situações que constituem indício de situação de insolvência

Efeitos da declaração de insolvência

Sobre o devedor

• transferência dos poderes de administração e de disposição dos bens da massa


insolvente para o administrador da insolvência (art. 81º, nº 1); excepções previstas nos
arts. 36º, alínea e) e 224º;

Sobre outros sujeitos


• Administradores da sociedade insolvente: artigos 82º e 227º - quando são afastados,
pela declaração de insolvência, a respectiva remuneração suspende-se, podendo os
mesmos renunciar com efeitos imediatos às suas funções.

Sobre os créditos

• vencimento imediato e ex lege de todas as obrigações do devedor (arts. 91º, nº 1 e


97º, nº 1, alíneas a) e b)).

Sobre os negócios em curso

• Já concluídos e de prestação instantânea – por norma produzem os seus efeitos


embora possam, em certas circunstâncias, estar sujeitos à resolução em benefício da
massa insolvente (artº102º)

• Negócios de execução duradoura ainda não cumpridos (total ou parcialmente) –


cumprimento fica suspenso até decisão do administrador da insolvência no sentido de
continuar a cumprir ou de se opor ao cumprimento (artº102º)

Sobre processos judiciais em curso

• Suspensão de todas as diligências processuais executivas requeridas pelos credores e


que atinjam os bens da massa insolvente (art. 88º, nº 1) e possível junção ao processo
de insolvência

Sobre o património do insolvente e actos praticados

• Apreensão de todos os bens do devedor

• Possível resolução de actos prejudiciais que tenham sido praticados no período de 4


anos, que a antecede a declaração (art. 120º), a efectuar pelo Administrador e
comunicada aos interessados (123º e 126º)

Intervenientes no processo de insolvência, objectivo e qualificação

• Devedor

• Credores (isoladamente e através da assembleia de credores)

• Administrador da insolvência

• Comissão de credores - fiscaliza a actividade do administrador (art. 68º) e é composta


por três ou cinco credores da empresa

• Juiz – é sua a decisão de declarar ou não e empresa insolvente

O processo de insolvência destina-se a terminar com a empresa, liquidando o património e


pagando as dívidas, na medida do possível, mas pode resultar numa tentativa de salvação da
empresa ou de recuperação, através da aprovação de um plano de insolvência
A insolvência pode ser culposa ou não, tendo a 1ª efeitos mais gravosos para o
devedor/membros do órgão de administração, como incompatibilidades para exercer o
comércio e ser gerentes/administrador e perdas de créditos sobre o insolvente (artº186º e ss)

O plano de insolvência

• Caracterização e generalidades (art. 192º)

• Aprovação e homologação (arts. 195º, nº 2, alínea c) e 196º, nº 1) 13.4.3.

• Execução;

• Efeitos (art. 198º)

Encerramento do processo de insolvência

• cessam os efeitos da insolvência (art. 230º), podendo manter-se certos efeitos


especiais, como os da declaração culposa (art. 233º)

Regulação e supervisão da actividade económica e os mercados


• A actividade económica é objecto de uma regulação geral, a cargo da Autoridade da
Concorrência e, em certos sectores, de uma regulação sectorial e específica.

• Regulação sectorial comporta dois planos:

• planos verticais de supervisão:

1. instituições de crédito e sociedades financeiras (Banco de Portugal);

2. companhias seguradoras (Instituto de Seguros de Portugal)

3. entidades que funcionam no mercado energético (sob controlo da ERSE)

4. entidades que funcionam no domínio das telecomunicações (ICP –


ANACOM)

Outros sectores abrangidos: saúde, águas ou construção.

• de planos horizontais, como o representado pela supervisão do mercado de


valores mobiliários, assegurada pela CMVM.

Regime da concorrência

Autoridade da concorrência

objectivo primordial é o de «assegurar a aplicação das regras da concorrência em


Portugal, no respeito pelo princípio da economia de mercado e de livre concorrência, tendo em
vista o funcionamento eficiente dos mercados, a repartição eficaz dos recursos e os interesses
dos consumidores».

A lei da concorrência: Lei nº 18/2003, de 11 de Junho

Aqui se encontram 3 grupos de questões:

1. As práticas restritivas proibidas;

2. A concentração de empresas e seu controle;

3. Órgãos.

A lei aplica-se a toda a Actividade económica quer consista num exercício permanente ou
ocasional, quer se reporte aos sectores privado, público e cooperativo, desde que esteja em
causa o Território nacional (aplicando-se o Direito comunitário às práticas que afectam o
comércio inter-comunitário)

A lei aplica-se às empresas e associações de empresas, no sentido definido pela lei

A lei da concorrência proíbe certas condutas dos agentes económicos no mercado:

Entre outras...

• Acordos restritivos da concorrência

• Abusos de posição dominante

Práticas restritivas: art. 4.º da Lei 18/2003

• 1 - São proibidos:

os acordos entre empresas,

as decisões de associações de empresas e

as práticas concertadas entre empresas,

qualquer que seja a forma que revistam, que tenham por objecto ou como efeito
impedir, falsear ou restringir de forma sensível a concorrência no todo ou em parte do
mercado nacional, nomeadamente (...):

• 2 - Excepto nos casos em que se considerem justificadas, (…) são nulas.

Noção de acordo

Acordos restritivos da concorrência:

Noção ampla de acordo – cobre praticamente todos os tipos de entendimento entre duas ou
mais entidades;

Não abrange os acordos celebrados no âmbito do mesmo Grupo;


Acordos Horizontais e Verticais:

Horizontais – entre concorrentes (ex. fixação de preços, restrição de capacidades,


partilha de mercados e de informações);

Verticais – entre fornecedores e clientes (ex. preços fixos ou mínimos de revenda,


fornecimento/ compra exclusivos – em alguns casos -, proibições de exportação / outras
restrições territoriais, acordos de fornecimento de longa duração).

Decisões de associações de empresas

• Decisões de associações de empresas: “expressão fiel da vontade da associação de


coordenar o comportamento dos seus membros no mercado em causa”

Práticas concertadas

Práticas concertadas: Forma de coordenação entre empresas que, sem ter sido levada até à
realização de um acordo propriamente dito, substitui conscientemente os riscos da
concorrência por uma cooperação prática entre elas

• Noção e elementos caracterizadores;

• Prova dos contactos e efeitos no mercado;

• Relevo da noção;

• Prática concertada v. Comportamento paralelo.

Nulidade dos acordos

• Acordos são nulos por conterem cláusulas restritivas da concorrência EXCEPTO se as


partes contratantes conseguirem provar que cumulativamente se preenchem as
seguintes condições:

• Contribuam para melhorar a produção ou a distribuição dos bens ou serviços ou são


aptos a promover o desenvolvimento técnico ou económico;
• Reservem aos utilizadores uma parte equitativa do benefício;
• Não imponham restrições indispensáveis;
• Não dêem às empresas a possibilidade de eliminar a concorrência no mercado.

OU

Regulamentos de isenção por categoria (aplicam-se aos acordos com efeitos comunitários e
nacionais por via do n.º 3 do artigo 5.º da Lei da Concorrência)

• Restrição sensível de concorrência:


A noção contida no art. 4.º da Lei da Concorrência: “restringir de forma
sensível a concorrência”.

(Comunicação de minimis da Comissão (2001/C-368/07) – acordos de menor importância:

Quantifica, recorrendo a limiares de quotas de mercado de 10%, 15% e 5% (conforme


os casos), as restrições da concorrência que não são consideradas sensíveis nos termos do n.º 1
do artigo 81.º do Tratado CE. Estes limiares de quotas de mercado não são aplicáveis às
seguintes restrições, consideradas graves:

- Fixação de preços de venda de produtos a terceiros;

- Limitação da produção ou das vendas;

- Repartição de mercados ou de clientes. )

● Objecto e/ou efeito anti-concorrencial

Comportamentos proibidos: Art. 4.º da Lei 18/2003

• É proibido, nomeadamente:

a) Fixar os preços de compra ou de venda ou interferir na sua determinação pelo livre


jogo do mercado;

b)Fixar outras condições de transacção;

c) Limitar ou controlar a produção, a distribuição, o desenvolvimento técnico ou os


investimentos;

d) Repartir os mercados ou as fontes de abastecimento;

e) Aplicar condições discriminatórias de preço ou outras relativamente a prestações


equivalentes;

f) Recusar a compra ou venda de bens e a prestação de serviços;

g) Subordinar a celebração de contratos à aceitação de obrigações suplementares que,


pela sua natureza ou segundo os usos comerciais, não tenham ligação com o objecto
desses contratos.

Isenção ou justificação para o acto

• Balanço concorrencial positivo: inaplicabilidade da proibição

As proibições não se aplicam a acordos, decisões de associações de empresas e


práticas concertadas que contribuam para melhorar a produção ou a distribuição dos produtos
(Art. 5.º Lei Concorrência: ou serviços) ou para promover o progresso técnico ou económico,
contanto que se reserve uma parte equitativa do lucro daí resultante aos utilizadores.

• Sistema de excepção legal e regulamentos de excepção por categoria:

Regulamento 17/62: Controlo centralizado: os acordos susceptíveis de restringir e afectar o


comércio entre Estados-Membros, para beneficiarem de uma isenção, deviam ser notificados à
Comissão

Regulamento 1/2003: Atribui os poderes de avaliação dos acordos para efeitos de apreciação
de balanço concorrencial positivo à AdC

Regulamentos de isenção por categoria

Regulamento 2790/1999, para certos acordos verticais

6ª aula teórica (7ª segundo os slides)

Abusos de posição dominante

“É proibida a exploração abusiva, por uma ou mais empresas, de uma posição dominante no
mercado nacional ou numa parte substancial deste, tendo por objecto ou como efeito
impedir, falsear ou restringir a concorrência.” (artº6º/1)

"Entende-se que dispõem de posição dominante relativamente ao mercado de determinado


bem ou serviço:

a) A empresa que actua num mercado no qual não sofre concorrência


significativa ou assume preponderância relativamente aos seus concorrentes;

b) Duas ou mais empresas que actuam concertadamente num mercado, no qual


não sofrem concorrência significativa ou assumem preponderância relativamente a
terceiros.” (artº6º/2)

Empresa em posição dominante

Empresa em posição dominante – na sua actuação no mercado não sofre concorrência


significativa ou assume uma preponderância relativamente aos concorrentes (poderio
económico que permite uma actuação independente face aos concorrentes, cliente e
consumidores).

O processo para apurar da existência de posição dominante envolve 3 etapas


principais:

Definição do mercado: é preciso de definir o mercado geográfico e o mercado de produto ou


de serviço no qual a empresa desenvolve a sua actividade.
Ex: mercado dos carros de passageiros vs. mercado dos carros de passageiros de luxo;
no EEE vs. Nacional?

Análise das quotas de mercado: estabelecimento das quotas de mercado da empresa em


questão no mercado relevante que foi definido.

Análise do impacto concorrencial: avaliação da importância atribuível à quota de mercado da


empresa e em particular da susceptibilidade de que sofra uma diminuição em virtude de
concorrência efectiva ou potencial.

As quotas de mercado funcionam muitas vezes como um indicador da existência de posição


dominante:

≤40% risco de posição dominante no mercado diminuto;

>50% risco de existência de posição dominante;

>75% provável existência de posição dominante.

Necessário ver outros factores, p. ex. barreiras à entrada e poder de


mercado do comprador.

Importância do peso relativo de concorrentes: se forem muitos com quotas relativamente


marginais, menos de 50% pode indiciar existência de posição dominante

• Para além da quota de mercado, existem outros elementos que indiciam a existência
de posição dominante:

• Regimes de autorização ou licenciamento

• Direitos de Propriedade Industrial

• Vantagens tecnológicas

• Acesso a capitais

• Infra-estruturas essenciais

• A posição dominante pode ser detida por apenas uma empresa, mas pode também ser
detida por duas ou mais empresas em conjunto.

Mercado relevante: definição

I. Substituibilidade do lado da procura:

O teste SSNIP (“Small but significant non-transitory increase in price”) é utilizado para
determinar o grau de substituibilidade entre produtos: - Se um eventual ligeiro (5 a 10%) mas
permanente aumento no preço do produto A implicar que os consumidores passem a comprar
o produto B, enquanto alternativa disponível, de tal forma que faça com que o aumento do
preço não seja lucrativo, então os dois produtos fazem parte do mesmo mercado relevante.

Produtos de luxo

A definição de mercados de produtos de luxo é um exemplo da importância da


aplicação do princípio da substituibilidade: apesar de em termos funcionais os produtos de
luxo poderem ser substituídos pelos seus equivalentes de uso comum, estes não são
encarados pelos consumidores como seus substitutos, em termos de prestígio e imagem.

Produtos com vários usos possíveis

Outro exemplo interessante é o caso de um mesmo produto ter diferentes aplicações e


existirem substitutos do ponto de vista da procura para algumas dessas utilizações, mas não
para todas elas.

Posição dominante colectiva

• A posição dominante pode ser detida por apenas uma empresa, mas pode também ser
detida por duas ou mais empresas em conjunto.

• Para que haja posição dominante colectiva, é preciso que haja indícios que
demonstrem não só a capacidade de agir de forma independente do mercado
(necessários para determinar a existência de posição dominante), mas também uma
justificação para tratar as empresas em questão de forma conjunta.

Os principais tipos de abuso consubstanciam-se nas seguintes práticas:

- Preços predatórios: os preços são fixado num nível muito baixo que tem por objectivo de
eliminar ou enfraquecer os concorrentes.

- Discriminação de preços e esmagamento de margens: há discriminação de preços quando


um produto idêntico é vendido a preços diferentes a consumidores diferentes não obstante
custos idênticos (i.e., quando não há uma justificação objectiva para a descriminação); há
esmagamento de margens quando uma empresa dominante num mercado e no mercado a
jusante pratica preços a montante que não permitem aos concorrentes no mercado a jusante
competir.

- Descontos de fidelidade e contratos exclusivos: Os descontos de fidelidade são descontos


atribuídos por uma empresa em posição dominante em troca de uma vantagem, sendo
proibidos na medida em que não sejam objectivamente justificados; Cabem no segundo tipo as
disposições contratuais que encorajem o cliente a comprar só à empresa em posição
dominante, mediante a oferta de “incentivos”
- Recusa de fornecimento: No caso de empresas em posição dominante, uma recusa de
fornecimento pode constituir um abuso. Uma oferta de fornecer apenas em determinadas
condições que o fornecedor sabe serem inaceitáveis, também constitui abuso.

- Abuso de direitos de propriedade intelectual, sendo necessário o Licenciamento dos direitos


de PI quando:

– - A recusa impede o fornecimento de um produto novo, ou de um serviço


novo, para o qual exista uma procura potencial por parte dos consumidores;

– - A recusa não é justificada por razões objectivas; e

– - A recusa é susceptível de excluir toda a concorrência em mercado distinto ou


em fase diferente do mesmo mercado (mercado derivado).

- Tying e bundling: consiste em fornecer um produto ou um serviço na condição de o cliente


comprar também um outro produto o serviço ao fornecedor

Abuso de dependência económica

• Artº7º

• É proibida a exploração abusiva, por uma ou mais empresas, do estado de


dependência económica em que se encontre relativamente a elas qualquer empresa
fornecedora ou cliente, por não dispor de alternativa equivalente (nº1)

• Entende-se que uma empresa não dispõe de alternativa equivalente quando (nº3):

A) O fornecimento do bem ou serviço em causa, nomeadamente o de distribuição, for


assegurado por um nº restrito de empresas, e,

B) A empresa não puder obter idênticas condições por parte de outros comerciais num
prazo razoável

Violação das regras da concorrência

Coimas severas;

Nulidade de acordos;

Publicidade negativa;

Responsabilidade pessoal dos administradores pela sanção aplicável à empresa, especialmente


atenuada;

Responsabilidade disciplinar dos colaboradores.


Concentração de empresas

Considera-se como operação de concentração (art. 8.º) :

a) a fusão de duas ou mais empresas anteriormente independentes;

b) a aquisição de controlo, directo ou indirecto, de uma empresa ou de uma parte de uma


ou mais empresas;

c) a criação ou aquisição de uma empresa comum que desempenhe de forma duradoura as


funções de uma entidade económica autónoma.

Não são consideradas como concentração:

- Operações realizadas quando se está num processo especial de recuperação de


empresas ou falência

- Aquisição de participações com meras funções de garantia;

- Aquisição por instituições de crédito de participações em empresas não financeiras,


quando não abrangida pela proibição contida no artigo 101.º do RGICSF.

O conceito de controlo decorre da possibilidade de exercício de uma influência determinante


sobre a actividade de uma empresa, tendo em conta as circunstâncias de facto ou de direito,
nomeadamente, através da aquisição:

1. da totalidade ou de parte do capital social;

2. de direitos de propriedade, de uso ou de fruição sobre a totalidade ou parte dos


activos de uma empresa;

3. de direitos ou celebração de contratos que confiram uma influência preponderante na


composição ou nas deliberações dos orgãos de uma empresa.

Regime de concentração

• É obrigatória a notificação prévia, à Autoridade da Concorrência, de todas as


operações de concentração de empresas, que preencham qualquer uma das seguintes
condições ( art.º 9.º), que são alternativas:

1. Criem ou reforcem uma quota > a 30% no mercado nacional de determinado bem ou
serviço, ou numa parte substancial deste;
2. O conjunto das empresas participantes na operação de concentração tenha realizado,
em Portugal, no último exercício, um volume de negócios > a 150 milhões de euros
líquidos de impostos com este directamente relacionados, desde que o volume de
negócios realizado individualmente, em Portugal por, pelo menos, duas dessas
empresas seja > a 2 milhões de euros.

• Encontram-se, também, sujeitas à obrigatoriedade de notificação as operações de


concentração realizadas fora do território nacional, desde que preencham qualquer
uma das condições acima indicadas.

• Aferição das quotas de mercado (artº10º, nº1)

utiliza-se a quota de mercado de cada empresa participante na concentração e de todas as que


daquelas dependem (em função dos critérios das alíneas b), c), d) e e))

• Aferição de volumes de negócios (artº10, nº2 a 5)

• As notificações apresentam-se junto da Autoridade da Concorrência, de acordo com


um formulário; implicam o pagamento de uma taxa; eventualmente haverá uma taxa
adicional se a Autoridade da Concorrência entender que o processo é complexo e
envolve uma investigação pormenorizada (decisão de passagem a investigação
aprofundada)

As operações de concentração sujeitas a notificação prévia não podem realizar-se:

1. antes de terem sido notificadas

2. e antes de terem sido objecto de uma decisão, expressa ou tácita, de não oposição

Artº 9º, nº2

As operações de concentração sujeitas a notificação prévia, devem ser notificadas à Autoridade


no prazo de sete dias úteis:

após a conclusão do acordo

ou, sendo caso disso, até à data da publicação do anúncio preliminar de uma oferta pública de
aquisição ou de troca ou até à data da divulgação da aquisição de uma participação de
controlo em sociedade cotada

Artº 9º, nº3

As operações de concentração projectadas podem ser objecto de avaliação prévia pela AC.
A Autoridade deve proferir a decisão sobre uma concentração notificada no prazo de 30 dias
úteis contados a partir da data de produção de efeitos da notificação ( pode haver extensão a
mais 90 dias, em caso de investigação aprofundada).

Sempre que a Autoridade detecte a realização de uma operação de concentração, que sujeita a
notificação prévia não tenha sido notificada, dará início a um procedimento oficioso ( art.º
40.º).

A falta de notificação de uma operação de concentração sujeita a notificação prévia (art.º 9)


constitui contra-ordenação punível com coima que não pode exceder, para cada uma das
empresas, 1% do volume de negócios referente realizado no ano anterior(art.º 43.º), podendo,
ainda, a Autoridade decidir, quando tal se justifique, aplicar uma sanção pecuniária
compulsória, num montante que não excederá 5% da média diária do volume de negócios do
último ano, por cada dia contado a partir da data em que a concentração deveria ter sido
notificada. (art.º 46.º).

Artº41º

A AC pode proibir uma concentração, impor condições à sua realização ou ordenar a prática de
actos ou adopção de certos comportamentos

Os negócios jurídicos relacionados com uma operação de concentração que contrariem a


decisão da AC referida são NULOS

Auxílios de Estado

Artº13º

Regime restritivo da concessão de auxílios de Estado

Não inclusão das indemnizações compensatórias no seu âmbito, devidas como contrapartida
pela prestação de um serviço público.

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