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A obra privilegia uma abordagem da entrevista como um instrumento de uso

terapêutico, na qual o entrevistado é o foco, e o principal objetivo da entrevista é ajudá-lo.


Assim, o autor define a entrevista de ajuda como um diálogo sério e com um propósito definido
entre duas pessoas, a partir do qual será desenvolvido um relacionamento de confiança.

Ao longo da obra, o autor discorre detalhadamente sobre os diversos aspectos


envolvidos numa entrevista de ajuda, tanto do ponto de vista do entrevistador quanto do
entrevistado, abordando desde as condições materiais (ambiente, mobília, etc.), até os tipos de
perguntas utilizadas na entrevista. A questão principal do trabalho, no entanto, é o
comportamento do entrevistador, a forma como ele se conduz e desenvolve a entrevista. A
análise da postura interna do entrevistador, sua filosofia de trabalho, e a forma como ele utiliza
seus conhecimentos no processo terapêutico baseado na entrevista, constituem os parâmetros
para o entendimento do que o autor considera uma verdadeira entrevista de ajuda que, segundo
ele, é mais uma arte e uma habilidade do que uma ciência, e cada artista precisa descobrir seu
próprio estilo e os instrumentos para trabalhar melhor.

De acordo com Benjamin, a lição mais importante que se deve saber sobre a entrevista
de ajuda, é que nela não existe ninguém a não ser o entrevistado e o entrevistador e que nada
naquele momento é mais importante, devendo este último ter consciência do que
verdadeiramente está levando de si para a entrevista. O que, de si mesmo, pode ajudar,
bloquear ou afetar o entrevistado de um modo ou outro. O entrevistador deve, principalmente,
sentir dentro de si mesmo que deseja ajudar tanto quanto possível o entrevistado.

Além da suposta competência profissional, o entrevistador deve levar de si mesmo para


a entrevista certas condições internas ou atitudes que podem auxiliá-lo, como conhecer-se e
gostar de si próprio e sentir-se bem consigo mesmo. Quanto mais nos conhecemos, segundo
ele, melhor podemos entender, avaliar e controlar nosso comportamento e melhor
compreender e apreciar o comportamento dos outros. Se estamos bem com o nosso self, menor
será a tendência deste a interferir em nossa compreensão do self do outro durante a entrevista.

Essa atitude ajudará o entrevistado a confiar em nós. Ele saberá quem somos, posto que
nós, aceitando o que somos, não teremos nenhuma necessidade de nos esconder sob uma
máscara. Ele sentirá que não estamos nos escondendo e se esconderá menos, uma vez que a
maior parte dos entrevistados se sente melhor com entrevistadores que pareçam seres
humanos falíveis.

Confiar em nossas próprias ideias e sentimentos constitui outra condição interna, assim
como a honestidade conosco mesmos. Se nós aceitamos o suficiente, não teremos necessidade
de parecer aos outros como poderosos, oniscientes e quase perfeitos. Assim, o entrevistador
deve comportar-se como ser humano na entrevista, expondo sua humanidade tanto quanto
possível, sem medo de revelar-se. Precisamos estar preparados para mostrar ao entrevistado o
que somos, sem nos ocultarmos, para que ele se sinta encorajado a olhar para o que ele é sem
reservas. Se ele sente que somos autênticos, pode aprender que é seguro expor-se.

Na opinião do autor, se pudermos nos aceitar como falíveis, erraremos menos, e se


aprendermos a nos apoiar em nossa espontaneidade, sensibilidade e senso comum,
escutaremos melhor entenderemos mais. Uma vez que o nosso comportamento influencia odo
entrevistado, comportando-nos abertamente, encorajamo-lo a agir da mesma forma.

Desta forma, quanto menos defensivos nos tornamos como entrevistadores, mais
poderemos ajudar o entrevistado a deixar de lado suas defesas. E quanto maior consciência
tivermos de nossos valores, e quanto menos quisermos impô-los ao entrevistado, mais
estaremos aptos a ajudá-lo a ter conhecimento de seus próprios valores. Assim como o
entrevistado está exposto à nossa avaliação, também nós estamos expostos ao entrevistado, e
quase tudo o que fazemos ou deixamos de fazer é anotado e avaliado por ele. O interesse que
sentimos emostarmos pelo que o entrevistado está dizendo, a compreensão de seus
sentimentos e atitudes, mesmo sem percebermos conscientemente será comunicada por nós
através de gestos, palavras, tom de voz e até mesmo silêncios.

Benjamin acredita que, se sinceramente sentimos com o entrevistado o que ele está
sentindo, se podemos fazer com que ele saiba por meio de nosso comportamento que estamos
sentindo com ele, tão próximos quanto podemos, e se somos capazes de demonstrar isso sem
obstruir seu caminho, não precisaremos dizer nada, porque ele logo saberá. Compreenderá que
jamais saberemos exatamente como ele se sente, mas, enquanto outro ser humano, estamos
fazendo o possível e demonstrando que estamos tentando.

Cooperar verdadeiramente com o entrevistado, deste modo, significa escutar e


responder àquilo que ele está dizendo e sentindo. Significa capacitá-lo a se expressar
completamente e segui-lo no curso dos seus pensamentos e expressões, ao invés de pedir-lhe
que nos siga. Isso implica saber se estamos preparados para deixar o entrevistado tomar a
iniciativa e deixá-lo assumir a responsabilidade sobre si mesmo, porque a mudança que se
desejamos ajudar a promover é basicamente aquela que o entrevistado será capaz de construir
por ele mesmo, que seja pessoalmente significativa e lhe permita agir no futuro com mais êxito
enquanto pessoa.

O autor considera fundamental ajudar o entrevistado através deum comportamento


que demonstre que acreditamos na sua responsabilidade por si próprio, por suas ações,
pensamentos e sentimentos, e em sua capacidade de usar cada vez mais seus próprios recursos.
A nossa ação será no sentido de ajudá-lo a tornar-se cada vez mais consciente de si mesmo, de
seu espaço vital, de sua própria estrutura de referência, de modo que ele possa defrontar-se
mais consigo mesmo e com os pensamentos e sentimentos que governam seu comportamento,
mas que ele pode estar ocultando, distorcendo ou negando para si próprio e para nós. A
entrevista de ajuda propõe-se a ajudá-lo a aprender que a mudança é possível, mas que depende
dele decidir quando e como mudar.

Não cabe a nós como entrevistadores dizer ao entrevistado o que pensar ou como
sentir; mas o nosso comportamento revela que valorizamos nossos próprios pensamentos e
sentimentos, e também os dele. Quanto mais ele puder descobrir sobre seus próprios
sentimentos e pensamentos, mais capacitado estará para agir sobre eles ou modificá-los, caso
se decida por isso. Desejamos ajudá-lo a aproximar-se de si mesmo e também dos outros. Sendo
aceito como uma pessoa responsável, ele pode aprender a ver-se como tal e a apreciar a
aplicação dessa nova aprendizagem, de modo que, mesmo depois de encerradas as entrevistas,
ele poderá continuar a crescer como pessoa por seus próprios esforços.

Benjamin ressalta que, somente quando ajudamos o entrevistado a ouvir, ver, pensar e
sentir por si próprio, ele será capaz de nos perceber. Isto somente depois de ter percebido a si
próprio e, talvez, depois de ter percebido que nós o percebemos. Só podemos chegar até ele se
ele quiser e permitir o acesso a si mesmo; e somente se ele for capaz de aproximar-se de si
mesmo ele permitirá que outros o façam, assim como ele só poderá nos responder depois de
ter aprendido a responder a si próprio.
O entrevistador é parte ativa nesse processo de autodeterminação do indivíduo, uma
vez que, buscando um entendimento tão profundo quanto possível do mundo do entrevistado,
capacita-se a encorajá-lo a descobrir como é esse mundo e como se sente nele. Na entrevista
de ajuda, o entrevistador não abdica de sua autoridade como terapeuta, mas a emprega de
modo que o entrevistado venha a ser a autoridade em sua própria vida, venha a confiar em si
mesmo para encontrar seu próprio caminho e direção. O entrevistador não quer que o
entrevistado dependa dele, mas que se apói e cada vez mais em si mesmo.

A autoridade do entrevistador, na concepção de Benjamin, deve ser usada para


entender e fazer-se entendido, e para fornecer informações e recursos de que dispõe. Ele não
se oculta atrás de sua autoridade para tomar decisões em nome do entrevistado, ou fazer
qualquer coisa queeste não possa entender ou aceitar. Embora agindo sob sua própria
responsabilidade, não tira a responsabilidade do entrevistado. Quando não se sente seguro, o
entrevistador deve admitir essa insegurança, e quando está seguro, deve ter consciência de que
sabe que a segurança é sua, não do entrevistado, o qual precisa descobrir seus próprios
pontosde apoio para erguer-se com firmeza.

Criando uma atmosfera favorável na entrevista, o entrevistador pode tornar possível ao


entrevistado enfrentar a realidade ao invés de defender-se dela, negá-la ou distorcê-la. Se
criarmos uma atmosfera onde o confronto seja alcançado, nossa entrevista de ajuda poder
ajudar ao entrevistado mais do que o previsto.

O autor tece várias considerações sobre a melhor forma de iniciar a entrevista, seja pelo
entrevistador ou pelo entrevistado, de modo que essa seja a mais proveitosa possível. Se alguém
pediu para nos ver, observa ele, geralmente é melhor deixá-lo expor com suas próprias palavras
o motivo que o levou ali e o que há de importante para contar. Às vezes, no entanto, é cabível
ou necessária uma introdução por parte do entrevistador, algo que ajude o entrevistado a
iniciar, isso deve ser tentado somente quanto sentimos que será realmente útil, considerando a
tendência das sessões iniciadas pelo entrevistador em serem transformadas em monólogos
e/ou conferências. O ideal é apenas identificar e situar nossa posição ali para que o entrevistado
possa dar prosseguimento à entrevista com tranquilidade.

O fator tempo, como parte integrante da atmosfera geral e do relacionamento deve ser
observado com cuidado, cuidando-se para que os encontros ocorram na hora estipulada,
deixando claro ao entrevistado quanto do nosso tempo pertence a ele, inclusive para que ele
possa orientar-se.

Cada entrevista é diferente, e o seu modelo pessoal adquirirá forma de acordo com sua
atuação e maneira de ser. De modo geral, a entrevista se divide em três partes, nem sempre
claramente definidas: a abertura ou colocação do problema; desenvolvimento ou exploração e
encerramento. No estágio de abertura, é situado o assunto ou problema que motivou o
encontro; a seguir procede-se ao exame e exploração do assunto, tentando-se verificar todos os
aspectos e tirar conclusões. No encerramento nenhum material novo deverá ser introduzido ou
discutido de alguma forma; esse último estágio tende a determinar a impressão do entrevistado
sobre a entrevista como um todo.

O silêncio é abordado pelo autor como uma forma de comunicação entre o entrevistado
e o entrevistador na entrevista de ajuda, apontando a tendência da maior parte dos
entrevistadores iniciantes em considerá-lo como uma falha a ser corrigida no momento, em
virtude da sua dificuldade em suportá-lo. Com o tempo, informa, aprende-se a diferenciar os
silêncios, a apreciar e a reagir diante de cada um de maneira diferente.
Existe, por ex., o silêncio de que o entrevistado precisa para ordenar seus pensamentos
e sentimentos. O respeito a esse silêncio mais benéfico do que muitas palavras de parte do
entrevistador. O silencio desse tipo pode ajudar muito se o entrevistador não se sentir
ameaçado ou incomodado por ele, mas puder maneja-lo como parte deum processo em
continuidade.

A confusão também pode levar ao silêncio, assim como esse pode ser fruto de uma
pausa reflexiva, após um relato emocional por parte do entrevistado. Pode ocorrer ainda o
silêncio de resistência, quando o entrevistado resiste ao que considera um interrogatório, ou
não está preparado para revelar o que está realmente acontecendo consigo. Existem, ainda, os
silêncios breves, durante os quais o entrevistado pode simplesmente estar procurando ideias e
sentimentos para expressar. A Estimulação na entrevista favorece a mudança, a mudança é
colocada em prática na relação entrevistador e entrevistado a partir da capacidade de
construção do entrevistado, em um ambiente onde o entrevistador deve ajuda-lo á construir
uma atmosfera de confiança, o entrevistador ajuda o entrevistado á tornar-se cada vez mais
consciente de si mesmo, cabe ao entrevistado decidir como mudar, e como atuar com ações em
seu contexto; A entrevista de ajuda consiste em trazer ao entrevistado conhecimento,
experiência, habilidade profissional, etc.

O autor coloca algumas questões a serem feitas pelo entrevistadora si mesmo, que
podem ajudar a avaliar o seu desempenho na entrevista de ajuda e se os objetivos estão sendo
alcançados, questionando, por exemplo, se ele ajudou o entrevistado a ampliar seu campo de
percepção; se ajudou o entrevistado a deslocar-se de uma estrutura de referência externa para
uma interna; se o ajudou a chegar perto de si mesmo para explorar e expressar o que descobriu
e o capacitou a expressar como se sente verdadeiramente; e se ele, o entrevistador, quis
realmente ouvir o entrevistado ou na verdade quis ser escutado supondo-te a resposta para seu
problema. Essas e outras questões, embora gerem respostas diferentes de um para outro
entrevistado, podem, segundo o autor, servir de parâmetro para um auto avaliação e avaliação
das entrevistas pelo entrevistador.

É destacada pelo autor a importância da aceitação do entrevistado por parte do


entrevistador na entrevista de ajuda. Aceitação no caso significa tratar o entrevistado como um
igual, e considerar seus sentimentos e pensamentos com sincero respeito, mesmo discordando
deles. Trata-se da atitude segundo a qual o entrevistado tem tanto direito quanto o
entrevistador a ideias, sentimentos e valores próprios, tentando fornecer-lhe um feedback que
não seja distorcido pela própria pessoa e personalidade. Em sua opinião, não podemos ajudar
verdadeiramente uma pessoa que não conseguirmos aceitar, e isso pode ocorrer mesmo que
não existam diferenças culturais, e a saída é ajudá-lo a encontrar alguém que o aceite. O
feedback é um elemento importante que consiste em o entrevistador trazer as situações do
entrevistado para o mesmo, favorecendo assim para que o mesmo verifique a expressão do seu
verdadeiro Eu;

A compreensão é enfocada como outro aspecto importante da entrevista de ajuda,


sendo a mais significativa forma de compreensão aquela que tenha entender com a outra
pessoa como ela pensa, sente evê o mundo ao seu redor, adotando para isso sua estrutura de
referência, ouvindo com compreensão não somente o que está sendo dito, mas como as coisas
estão sendo ditas, o tom, as expressões, os gestos, incluindo o esforço de perceber o que não
está sendo dito, o que apenas é sugerido e o que está oculto.
Na medida em que aprendemos mais e mais a escutar com compreensão os outros, mais
aprendemos a escutar com compreensão a nós próprios. Escutando cuidadosamente,
aproximando-nos da estrutura de referência do entrevistado, devemos, no entanto,
permanecer nós mesmos, mantendo nossa própria estrutura de referência como ponto de apoio
para quando o entrevistado precisar de nós, estabelecendo um processo empático no qual,
embora se possa sentir por dentro, participar do mundo interior de outra pessoa,
permaneçamos nós mesmos.

A empatia na entrevista de ajuda, conforme Benjamin, é compreender com. O


entrevistador empático tenta o melhor possível sentir a estrutura interna de referência do
entrevistado, ver o mundo através dos olhos deste, como se fossem os seus próprios, sem
perder de vista o fato de que permanece ele mesmo, sabendo que é diferente do entrevistado.
Agora ele pode compartilhar pensamentos e sentimentos do entrevistado como se fossem seus,
porque os compreende com ele.

Empatia não é sinônimo de simpatia, que implica em repartir interesses e sentimentos


comuns, e também não deve ser confundida com identificação, que é pensar, sentir e agir como
o outro em detrimento do nosso próprio eu. A empatia envolve sempre dois eus distintos. De
acordo com o autor, quase tudo o que fazemos numa entrevista de ajuda visa encorajar o
entrevistado de uma maneira ou outra. Nossa atitude, abordagem, respostas, tudo visa apoiá-
lo e fortalecê-lo em seus esforços para procurar um caminho que valha a pena para ele.
Desejamos auxiliá-lo para que chegue mais próximo da realidade e de seu próprio eu, para que
ele possa explorar sua situação presente e determinar suas metas futuras. A maneira como
realizamos nosso trabalho visa estimular e fortalecer a determinação. Nem todos, no entanto,
querem ser ajudados, e nem todos podem ser ajudados na entrevista de ajuda. Embora seja
doloroso ver uma oferta de ajuda recusada, devemos aprender a aceitá-la.

A empatia é extremamente importante na entrevista de ajuda, é o colocar-se no lugar


do outro, acima de tudo possibilita que entrevistador participe interior de seu entrevistado; O
entrevistador deve ter acima de tudo um sentimento de humanidade que ultrapasse o âmbito
da timidez, ele não deve se comportar como um boneco ou ter uma visão extremamente
tecnicista, o entrevistador deve deixar de lado qualquer máscara, simplesmente ser ele mesmo,
pois somente sendo ele mesmo, alcançará por virtude os objetivos almejados em seu
entrevistado.

Enfim, a obra evidencia o quanto o comportamento do entrevistador influencia a


percepção que o entrevistado tem dele como pessoa, e a reação do entrevistado ao processo
da entrevista. Analisando nosso próprio comportamento de forma não-defensiva, podemos
aprender muito; e descobrindo como realmente nos comportamos, podemos considerar se
desejamos continuar nos comportando da mesma forma, ou se há um abismo entre o que
estamos realmente fazendo, o que pensamos que estamos fazendo e o idealmente desejamos
fazer, como terapeutas interessados na obtenção de melhorias na qualidade devida do
entrevistado.

A obra privilegia uma abordagem da entrevista como um instrumento de uso


terapêutico, na qual o entrevistado é o foco, e o principal objetivo da entrevista é ajudá-lo.
Assim, o autor define a entrevista de ajuda como um diálogo sério e com um propósito definido
entre duas pessoas, a partir do qual será desenvolvido um relacionamento de confiança.
Ao longo da obra, o autor discorre detalhadamente sobre os diversos aspectos
envolvidos numa entrevista de ajuda, tanto do ponto de vista do entrevistador quanto do
entrevistado, abordando desde as condições materiais (ambiente, mobília, etc.), até os tipos de
perguntas utilizadas na entrevista. A questão principal do trabalho, no entanto, é o
comportamento do entrevistador, a forma como ele se conduz e desenvolve a entrevista. A
análise da postura interna do entrevistador, sua filosofia de trabalho, e a forma como ele utiliza
seus conhecimentos no processo terapêutico baseado na entrevista, constituem os parâmetros
para o entendimento do que o autor considera uma verdadeira entrevista de ajuda que, segundo
ele, é mais uma arte e uma habilidade do que uma ciência, e cada artista precisa descobrir seu
próprio estilo e os instrumentos para trabalhar melhor.

De acordo com Benjamin, a lição mais importante que se deve saber sobre a entrevista
de ajuda, é que nela não existe ninguém a não ser o entrevistado e o entrevistador e que nada
naquele momento é mais importante, devendo este último ter consciência do que
verdadeiramente está levando de si para a entrevista. O que, de si mesmo, pode ajudar,
bloquear ou afetar o entrevistado de um modo ou outro. O entrevistador deve, principalmente,
sentir dentro de si mesmo que deseja ajudar tanto quanto possível o entrevistado.

Além da suposta competência profissional, o entrevistador deve levar de si mesmo para


a entrevista certas condições internas ou atitudes que podem auxiliá-lo, como conhecer-se e
gostar de si próprio e sentir-se bem consigo mesmo. Quanto mais nos conhecemos, segundo
ele, melhor podemos entender, avaliar e controlar nosso comportamento e melhor
compreender e apreciar o comportamento dos outros. Se estamos bem com o nosso self, menor
será a tendência deste a interferir em nossa compreensão do self do outro durante a entrevista.

Essa atitude ajudará o entrevistado a confiar em nós. Ele saberá quem somos, posto que
nós, aceitando o que somos, não teremos nenhuma necessidade de nos esconder sob uma
máscara. Ele sentirá que não estamos nos escondendo e se esconderá menos, uma vez que a
maior parte dos entrevistados se sente melhor com entrevistadores que pareçam seres
humanos falíveis.

Confiar em nossas próprias ideias e sentimentos constitui outra condição interna, assim
como a honestidade conosco mesmos. Se nós aceitamos o suficiente, não teremos necessidade
de parecer aos outros como poderosos, oniscientes e quase perfeitos. Assim, o entrevistador
deve comportar-se como ser humano na entrevista, expondo sua humanidade tanto quanto
possível, sem medo de revelar-se. Precisamos estar preparados para mostrar ao entrevistado o
que somos, sem nos ocultarmos, para que ele se sinta encorajado a olhar para o que ele é sem
reservas. Se ele sente que somos autênticos, pode aprender que é seguro expor-se.

Na opinião do autor, se pudermos nos aceitar como falíveis, erraremos menos, e se


aprendermos a nos apoiar em nossa espontaneidade, sensibilidade e senso comum,
escutaremos melhor entenderemos mais. Uma vez que o nosso comportamento influencia odo
entrevistado, comportando-nos abertamente, encorajamo-lo a agir da mesma forma.

Desta forma, quanto menos defensivos nos tornamos como entrevistadores, mais
poderemos ajudar o entrevistado a deixar de lado suas defesas. E quanto maior consciência
tivermos de nossos valores, e quanto menos quisermos impô-los ao entrevistado, mais
estaremos aptos a ajudá-lo a ter conhecimento de seus próprios valores. Assim como o
entrevistado está exposto à nossa avaliação, também nós estamos expostos ao entrevistado, e
quase tudo o que fazemos ou deixamos de fazer é anotado e avaliado por ele. O interesse que
sentimos emostarmos pelo que o entrevistado está dizendo, a compreensão de seus
sentimentos e atitudes, mesmo sem percebermos conscientemente será comunicada por nós
através de gestos, palavras, tom de voz e até mesmo silêncios.

Benjamin acredita que, se sinceramente sentimos com o entrevistado o que ele está
sentindo, se podemos fazer com que ele saiba por meio de nosso comportamento que estamos
sentindo com ele, tão próximos quanto podemos, e se somos capazes de demonstrar isso sem
obstruir seu caminho, não precisaremos dizer nada, porque ele logo saberá. Compreenderá que
jamais saberemos exatamente como ele se sente, mas, enquanto outro ser humano, estamos
fazendo o possível e demonstrando que estamos tentando.

Cooperar verdadeiramente com o entrevistado, deste modo, significa escutar e


responder àquilo que ele está dizendo e sentindo. Significa capacitá-lo a se expressar
completamente e segui-lo no curso dos seus pensamentos e expressões, ao invés de pedir-lhe
que nos siga. Isso implica saber se estamos preparados para deixar o entrevistado tomar a
iniciativa e deixá-lo assumir a responsabilidade sobre si mesmo, porque a mudança que se
desejamos ajudar a promover é basicamente aquela que o entrevistado será capaz de construir
por ele mesmo, que seja pessoalmente significativa e lhe permita agir no futuro com mais êxito
enquanto pessoa.

O autor considera fundamental ajudar o entrevistado através deum comportamento


que demonstre que acreditamos na sua responsabilidade por si próprio, por suas ações,
pensamentos e sentimentos, e em sua capacidade de usar cada vez mais seus próprios recursos.
A nossa ação será no sentido de ajudá-lo a tornar-se cada vez mais consciente de si mesmo, de
seu espaço vital, de sua própria estrutura de referência, de modo que ele possa defrontar-se
mais consigo mesmo e com os pensamentos e sentimentos que governam seu comportamento,
mas que ele pode estar ocultando, distorcendo ou negando para si próprio e para nós. A
entrevista de ajuda propõe-se a ajudá-lo a aprender que a mudança é possível, mas que depende
dele decidir quando e como mudar.

Não cabe a nós como entrevistadores dizer ao entrevistado o que pensar ou como
sentir; mas o nosso comportamento revela que valorizamos nossos próprios pensamentos e
sentimentos, e também os dele. Quanto mais ele puder descobrir sobre seus próprios
sentimentos e pensamentos, mais capacitado estará para agir sobre eles ou modificá-los, caso
se decida por isso. Desejamos ajudá-lo a aproximar-se de si mesmo e também dos outros. Sendo
aceito como uma pessoa responsável, ele pode aprender a ver-se como tal e a apreciar a
aplicação dessa nova aprendizagem, de modo que, mesmo depois de encerradas as entrevistas,
ele poderá continuar a crescer como pessoa por seus próprios esforços.

Benjamin ressalta que, somente quando ajudamos o entrevistado a ouvir, ver, pensar e
sentir por si próprio, ele será capaz de nos perceber. Isto somente depois de ter percebido a si
próprio e, talvez, depois de ter percebido que nós o percebemos. Só podemos chegar até ele se
ele quiser e permitir o acesso a si mesmo; e somente se ele for capaz de aproximar-se de si
mesmo ele permitirá que outros o façam, assim como ele só poderá nos responder depois de
ter aprendido a responder a si próprio.

O entrevistador é parte ativa nesse processo de autodeterminação do indivíduo, uma


vez que, buscando um entendimento tão profundo quanto possível do mundo do entrevistado,
capacita-se a encorajá-lo a descobrir como é esse mundo e como se sente nele. Na entrevista
de ajuda, o entrevistador não abdica de sua autoridade como terapeuta, mas a emprega de
modo que o entrevistado venha a ser a autoridade em sua própria vida, venha a confiar em si
mesmo para encontrar seu próprio caminho e direção. O entrevistador não quer que o
entrevistado dependa dele, mas que se apói e cada vez mais em si mesmo.

A autoridade do entrevistador, na concepção de Benjamin, deve ser usada para


entender e fazer-se entendido, e para fornecer informações e recursos de que dispõe. Ele não
se oculta atrás de sua autoridade para tomar decisões em nome do entrevistado, ou fazer
qualquer coisa queeste não possa entender ou aceitar. Embora agindo sob sua própria
responsabilidade, não tira a responsabilidade do entrevistado. Quando não se sente seguro, o
entrevistador deve admitir essa insegurança, e quando está seguro, deve ter consciência de que
sabe que a segurança é sua, não do entrevistado, o qual precisa descobrir seus próprios
pontosde apoio para erguer-se com firmeza.

Criando uma atmosfera favorável na entrevista, o entrevistador pode tornar possível ao


entrevistado enfrentar a realidade ao invés de defender-se dela, negá-la ou distorcê-la. Se
criarmos uma atmosfera onde o confronto seja alcançado, nossa entrevista de ajuda poder
ajudar ao entrevistado mais do que o previsto.

O autor tece várias considerações sobre a melhor forma de iniciar a entrevista, seja pelo
entrevistador ou pelo entrevistado, de modo que essa seja a mais proveitosa possível. Se alguém
pediu para nos ver, observa ele, geralmente é melhor deixá-lo expor com suas próprias palavras
o motivo que o levou ali e o que há de importante para contar. Às vezes, no entanto, é cabível
ou necessária uma introdução por parte do entrevistador, algo que ajude o entrevistado a
iniciar, isso deve ser tentado somente quanto sentimos que será realmente útil, considerando a
tendência das sessões iniciadas pelo entrevistador em serem transformadas em monólogos
e/ou conferências. O ideal é apenas identificar e situar nossa posição ali para que o entrevistado
possa dar prosseguimento à entrevista com tranquilidade.

O fator tempo, como parte integrante da atmosfera geral e do relacionamento deve ser
observado com cuidado, cuidando-se para que os encontros ocorram na hora estipulada,
deixando claro ao entrevistado quanto do nosso tempo pertence a ele, inclusive para que ele
possa orientar-se.

Cada entrevista é diferente, e o seu modelo pessoal adquirirá forma de acordo com sua
atuação e maneira de ser. De modo geral, a entrevista se divide em três partes, nem sempre
claramente definidas: a abertura ou colocação do problema; desenvolvimento ou exploração e
encerramento. No estágio de abertura, é situado o assunto ou problema que motivou o
encontro; a seguir procede-se ao exame e exploração do assunto, tentando-se verificar todos os
aspectos e tirar conclusões. No encerramento nenhum material novo deverá ser introduzido ou
discutido de alguma forma; esse último estágio tende a determinar a impressão do entrevistado
sobre a entrevista como um todo.

O silêncio é abordado pelo autor como uma forma de comunicação entre o entrevistado
e o entrevistador na entrevista de ajuda, apontando a tendência da maior parte dos
entrevistadores iniciantes em considerá-lo como uma falha a ser corrigida no momento, em
virtude da sua dificuldade em suportá-lo. Com o tempo, informa, aprende-se a diferenciar os
silêncios, a apreciar e a reagir diante de cada um de maneira diferente.

Existe, por ex., o silêncio de que o entrevistado precisa para ordenar seus pensamentos
e sentimentos. O respeito a esse silêncio mais benéfico do que muitas palavras de parte do
entrevistador. O silencio desse tipo pode ajudar muito se o entrevistador não se sentir
ameaçado ou incomodado por ele, mas puder maneja-lo como parte deum processo em
continuidade.

A confusão também pode levar ao silêncio, assim como esse pode ser fruto de uma
pausa reflexiva, após um relato emocional por parte do entrevistado. Pode ocorrer ainda o
silêncio de resistência, quando o entrevistado resiste ao que considera um interrogatório, ou
não está preparado para revelar o que está realmente acontecendo consigo. Existem, ainda, os
silêncios breves, durante os quais o entrevistado pode simplesmente estar procurando ideias e
sentimentos para expressar. A Estimulação na entrevista favorece a mudança, a mudança é
colocada em prática na relação entrevistador e entrevistado a partir da capacidade de
construção do entrevistado, em um ambiente onde o entrevistador deve ajuda-lo á construir
uma atmosfera de confiança, o entrevistador ajuda o entrevistado á tornar-se cada vez mais
consciente de si mesmo, cabe ao entrevistado decidir como mudar, e como atuar com ações em
seu contexto; A entrevista de ajuda consiste em trazer ao entrevistado conhecimento,
experiência, habilidade profissional, etc.

O autor coloca algumas questões a serem feitas pelo entrevistadora si mesmo, que
podem ajudar a avaliar o seu desempenho na entrevista de ajuda e se os objetivos estão sendo
alcançados, questionando, por exemplo, se ele ajudou o entrevistado a ampliar seu campo de
percepção; se ajudou o entrevistado a deslocar-se de uma estrutura de referência externa para
uma interna; se o ajudou a chegar perto de si mesmo para explorar e expressar o que descobriu
e o capacitou a expressar como se sente verdadeiramente; e se ele, o entrevistador, quis
realmente ouvir o entrevistado ou na verdade quis ser escutado supondo-te a resposta para seu
problema. Essas e outras questões, embora gerem respostas diferentes de um para outro
entrevistado, podem, segundo o autor, servir de parâmetro para um auto avaliação e avaliação
das entrevistas pelo entrevistador.

É destacada pelo autor a importância da aceitação do entrevistado por parte do


entrevistador na entrevista de ajuda. Aceitação no caso significa tratar o entrevistado como um
igual, e considerar seus sentimentos e pensamentos com sincero respeito, mesmo discordando
deles. Trata-se da atitude segundo a qual o entrevistado tem tanto direito quanto o
entrevistador a ideias, sentimentos e valores próprios, tentando fornecer-lhe um feedback que
não seja distorcido pela própria pessoa e personalidade. Em sua opinião, não podemos ajudar
verdadeiramente uma pessoa que não conseguirmos aceitar, e isso pode ocorrer mesmo que
não existam diferenças culturais, e a saída é ajudá-lo a encontrar alguém que o aceite. O
feedback é um elemento importante que consiste em o entrevistador trazer as situações do
entrevistado para o mesmo, favorecendo assim para que o mesmo verifique a expressão do seu
verdadeiro Eu;

A compreensão é enfocada como outro aspecto importante da entrevista de ajuda,


sendo a mais significativa forma de compreensão aquela que tenha entender com a outra
pessoa como ela pensa, sente evê o mundo ao seu redor, adotando para isso sua estrutura de
referência, ouvindo com compreensão não somente o que está sendo dito, mas como as coisas
estão sendo ditas, o tom, as expressões, os gestos, incluindo o esforço de perceber o que não
está sendo dito, o que apenas é sugerido e o que está oculto.

Na medida em que aprendemos mais e mais a escutar com compreensão os outros, mais
aprendemos a escutar com compreensão a nós próprios. Escutando cuidadosamente,
aproximando-nos da estrutura de referência do entrevistado, devemos, no entanto,
permanecer nós mesmos, mantendo nossa própria estrutura de referência como ponto de apoio
para quando o entrevistado precisar de nós, estabelecendo um processo empático no qual,
embora se possa sentir por dentro, participar do mundo interior de outra pessoa,
permaneçamos nós mesmos.

A empatia na entrevista de ajuda, conforme Benjamin, é compreender com. O


entrevistador empático tenta o melhor possível sentir a estrutura interna de referência do
entrevistado, ver o mundo através dos olhos deste, como se fossem os seus próprios, sem
perder de vista o fato de que permanece ele mesmo, sabendo que é diferente do entrevistado.
Agora ele pode compartilhar pensamentos e sentimentos do entrevistado como se fossem seus,
porque os compreende com ele.

Empatia não é sinônimo de simpatia, que implica em repartir interesses e sentimentos


comuns, e também não deve ser confundida com identificação, que é pensar, sentir e agir como
o outro em detrimento do nosso próprio eu. A empatia envolve sempre dois eus distintos. De
acordo com o autor, quase tudo o que fazemos numa entrevista de ajuda visa encorajar o
entrevistado de uma maneira ou outra. Nossa atitude, abordagem, respostas, tudo visa apoiá-
lo e fortalecê-lo em seus esforços para procurar um caminho que valha a pena para ele.
Desejamos auxiliá-lo para que chegue mais próximo da realidade e de seu próprio eu, para que
ele possa explorar sua situação presente e determinar suas metas futuras. A maneira como
realizamos nosso trabalho visa estimular e fortalecer a determinação. Nem todos, no entanto,
querem ser ajudados, e nem todos podem ser ajudados na entrevista de ajuda. Embora seja
doloroso ver uma oferta de ajuda recusada, devemos aprender a aceitá-la.

A empatia é extremamente importante na entrevista de ajuda, é o colocar-se no lugar


do outro, acima de tudo possibilita que entrevistador participe interior de seu entrevistado; O
entrevistador deve ter acima de tudo um sentimento de humanidade que ultrapasse o âmbito
da timidez, ele não deve se comportar como um boneco ou ter uma visão extremamente
tecnicista, o entrevistador deve deixar de lado qualquer máscara, simplesmente ser ele mesmo,
pois somente sendo ele mesmo, alcançará por virtude os objetivos almejados em seu
entrevistado.

Enfim, a obra evidencia o quanto o comportamento do entrevistador influencia a


percepção que o entrevistado tem dele como pessoa, e a reação do entrevistado ao processo
da entrevista. Analisando nosso próprio comportamento de forma não-defensiva, podemos
aprender muito; e descobrindo como realmente nos comportamos, podemos considerar se
desejamos continuar nos comportando da mesma forma, ou se há um abismo entre o que
estamos realmente fazendo, o que pensamos que estamos fazendo e o idealmente desejamos
fazer, como terapeutas interessados na obtenção de melhorias na qualidade devida do
entrevistado.

A obra privilegia uma abordagem da entrevista como um instrumento de uso


terapêutico, na qual o entrevistado é o foco, e o principal objetivo da entrevista é ajudá-lo.
Assim, o autor define a entrevista de ajuda como um diálogo sério e com um propósito definido
entre duas pessoas, a partir do qual será desenvolvido um relacionamento de confiança.

Ao longo da obra, o autor discorre detalhadamente sobre os diversos aspectos


envolvidos numa entrevista de ajuda, tanto do ponto de vista do entrevistador quanto do
entrevistado, abordando desde as condições materiais (ambiente, mobília, etc.), até os tipos de
perguntas utilizadas na entrevista. A questão principal do trabalho, no entanto, é o
comportamento do entrevistador, a forma como ele se conduz e desenvolve a entrevista. A
análise da postura interna do entrevistador, sua filosofia de trabalho, e a forma como ele utiliza
seus conhecimentos no processo terapêutico baseado na entrevista, constituem os parâmetros
para o entendimento do que o autor considera uma verdadeira entrevista de ajuda que, segundo
ele, é mais uma arte e uma habilidade do que uma ciência, e cada artista precisa descobrir seu
próprio estilo e os instrumentos para trabalhar melhor.

De acordo com Benjamin, a lição mais importante que se deve saber sobre a entrevista
de ajuda, é que nela não existe ninguém a não ser o entrevistado e o entrevistador e que nada
naquele momento é mais importante, devendo este último ter consciência do que
verdadeiramente está levando de si para a entrevista. O que, de si mesmo, pode ajudar,
bloquear ou afetar o entrevistado de um modo ou outro. O entrevistador deve, principalmente,
sentir dentro de si mesmo que deseja ajudar tanto quanto possível o entrevistado.

Além da suposta competência profissional, o entrevistador deve levar de si mesmo para


a entrevista certas condições internas ou atitudes que podem auxiliá-lo, como conhecer-se e
gostar de si próprio e sentir-se bem consigo mesmo. Quanto mais nos conhecemos, segundo
ele, melhor podemos entender, avaliar e controlar nosso comportamento e melhor
compreender e apreciar o comportamento dos outros. Se estamos bem com o nosso self, menor
será a tendência deste a interferir em nossa compreensão do self do outro durante a entrevista.

Essa atitude ajudará o entrevistado a confiar em nós. Ele saberá quem somos, posto que
nós, aceitando o que somos, não teremos nenhuma necessidade de nos esconder sob uma
máscara. Ele sentirá que não estamos nos escondendo e se esconderá menos, uma vez que a
maior parte dos entrevistados se sente melhor com entrevistadores que pareçam seres
humanos falíveis.

Confiar em nossas próprias ideias e sentimentos constitui outra condição interna, assim
como a honestidade conosco mesmos. Se nós aceitamos o suficiente, não teremos necessidade
de parecer aos outros como poderosos, oniscientes e quase perfeitos. Assim, o entrevistador
deve comportar-se como ser humano na entrevista, expondo sua humanidade tanto quanto
possível, sem medo de revelar-se. Precisamos estar preparados para mostrar ao entrevistado o
que somos, sem nos ocultarmos, para que ele se sinta encorajado a olhar para o que ele é sem
reservas. Se ele sente que somos autênticos, pode aprender que é seguro expor-se.

Na opinião do autor, se pudermos nos aceitar como falíveis, erraremos menos, e se


aprendermos a nos apoiar em nossa espontaneidade, sensibilidade e senso comum,
escutaremos melhor entenderemos mais. Uma vez que o nosso comportamento influencia odo
entrevistado, comportando-nos abertamente, encorajamo-lo a agir da mesma forma.

Desta forma, quanto menos defensivos nos tornamos como entrevistadores, mais
poderemos ajudar o entrevistado a deixar de lado suas defesas. E quanto maior consciência
tivermos de nossos valores, e quanto menos quisermos impô-los ao entrevistado, mais
estaremos aptos a ajudá-lo a ter conhecimento de seus próprios valores. Assim como o
entrevistado está exposto à nossa avaliação, também nós estamos expostos ao entrevistado, e
quase tudo o que fazemos ou deixamos de fazer é anotado e avaliado por ele. O interesse que
sentimos emostarmos pelo que o entrevistado está dizendo, a compreensão de seus
sentimentos e atitudes, mesmo sem percebermos conscientemente será comunicada por nós
através de gestos, palavras, tom de voz e até mesmo silêncios.
Benjamin acredita que, se sinceramente sentimos com o entrevistado o que ele está
sentindo, se podemos fazer com que ele saiba por meio de nosso comportamento que estamos
sentindo com ele, tão próximos quanto podemos, e se somos capazes de demonstrar isso sem
obstruir seu caminho, não precisaremos dizer nada, porque ele logo saberá. Compreenderá que
jamais saberemos exatamente como ele se sente, mas, enquanto outro ser humano, estamos
fazendo o possível e demonstrando que estamos tentando.

Cooperar verdadeiramente com o entrevistado, deste modo, significa escutar e


responder àquilo que ele está dizendo e sentindo. Significa capacitá-lo a se expressar
completamente e segui-lo no curso dos seus pensamentos e expressões, ao invés de pedir-lhe
que nos siga. Isso implica saber se estamos preparados para deixar o entrevistado tomar a
iniciativa e deixá-lo assumir a responsabilidade sobre si mesmo, porque a mudança que se
desejamos ajudar a promover é basicamente aquela que o entrevistado será capaz de construir
por ele mesmo, que seja pessoalmente significativa e lhe permita agir no futuro com mais êxito
enquanto pessoa.

O autor considera fundamental ajudar o entrevistado através deum comportamento


que demonstre que acreditamos na sua responsabilidade por si próprio, por suas ações,
pensamentos e sentimentos, e em sua capacidade de usar cada vez mais seus próprios recursos.
A nossa ação será no sentido de ajudá-lo a tornar-se cada vez mais consciente de si mesmo, de
seu espaço vital, de sua própria estrutura de referência, de modo que ele possa defrontar-se
mais consigo mesmo e com os pensamentos e sentimentos que governam seu comportamento,
mas que ele pode estar ocultando, distorcendo ou negando para si próprio e para nós. A
entrevista de ajuda propõe-se a ajudá-lo a aprender que a mudança é possível, mas que depende
dele decidir quando e como mudar.

Não cabe a nós como entrevistadores dizer ao entrevistado o que pensar ou como
sentir; mas o nosso comportamento revela que valorizamos nossos próprios pensamentos e
sentimentos, e também os dele. Quanto mais ele puder descobrir sobre seus próprios
sentimentos e pensamentos, mais capacitado estará para agir sobre eles ou modificá-los, caso
se decida por isso. Desejamos ajudá-lo a aproximar-se de si mesmo e também dos outros. Sendo
aceito como uma pessoa responsável, ele pode aprender a ver-se como tal e a apreciar a
aplicação dessa nova aprendizagem, de modo que, mesmo depois de encerradas as entrevistas,
ele poderá continuar a crescer como pessoa por seus próprios esforços.

Benjamin ressalta que, somente quando ajudamos o entrevistado a ouvir, ver, pensar e
sentir por si próprio, ele será capaz de nos perceber. Isto somente depois de ter percebido a si
próprio e, talvez, depois de ter percebido que nós o percebemos. Só podemos chegar até ele se
ele quiser e permitir o acesso a si mesmo; e somente se ele for capaz de aproximar-se de si
mesmo ele permitirá que outros o façam, assim como ele só poderá nos responder depois de
ter aprendido a responder a si próprio.

O entrevistador é parte ativa nesse processo de autodeterminação do indivíduo, uma


vez que, buscando um entendimento tão profundo quanto possível do mundo do entrevistado,
capacita-se a encorajá-lo a descobrir como é esse mundo e como se sente nele. Na entrevista
de ajuda, o entrevistador não abdica de sua autoridade como terapeuta, mas a emprega de
modo que o entrevistado venha a ser a autoridade em sua própria vida, venha a confiar em si
mesmo para encontrar seu próprio caminho e direção. O entrevistador não quer que o
entrevistado dependa dele, mas que se apói e cada vez mais em si mesmo.
A autoridade do entrevistador, na concepção de Benjamin, deve ser usada para
entender e fazer-se entendido, e para fornecer informações e recursos de que dispõe. Ele não
se oculta atrás de sua autoridade para tomar decisões em nome do entrevistado, ou fazer
qualquer coisa queeste não possa entender ou aceitar. Embora agindo sob sua própria
responsabilidade, não tira a responsabilidade do entrevistado. Quando não se sente seguro, o
entrevistador deve admitir essa insegurança, e quando está seguro, deve ter consciência de que
sabe que a segurança é sua, não do entrevistado, o qual precisa descobrir seus próprios
pontosde apoio para erguer-se com firmeza.

Criando uma atmosfera favorável na entrevista, o entrevistador pode tornar possível ao


entrevistado enfrentar a realidade ao invés de defender-se dela, negá-la ou distorcê-la. Se
criarmos uma atmosfera onde o confronto seja alcançado, nossa entrevista de ajuda poder
ajudar ao entrevistado mais do que o previsto.

O autor tece várias considerações sobre a melhor forma de iniciar a entrevista, seja pelo
entrevistador ou pelo entrevistado, de modo que essa seja a mais proveitosa possível. Se alguém
pediu para nos ver, observa ele, geralmente é melhor deixá-lo expor com suas próprias palavras
o motivo que o levou ali e o que há de importante para contar. Às vezes, no entanto, é cabível
ou necessária uma introdução por parte do entrevistador, algo que ajude o entrevistado a
iniciar, isso deve ser tentado somente quanto sentimos que será realmente útil, considerando a
tendência das sessões iniciadas pelo entrevistador em serem transformadas em monólogos
e/ou conferências. O ideal é apenas identificar e situar nossa posição ali para que o entrevistado
possa dar prosseguimento à entrevista com tranquilidade.

O fator tempo, como parte integrante da atmosfera geral e do relacionamento deve ser
observado com cuidado, cuidando-se para que os encontros ocorram na hora estipulada,
deixando claro ao entrevistado quanto do nosso tempo pertence a ele, inclusive para que ele
possa orientar-se.

Cada entrevista é diferente, e o seu modelo pessoal adquirirá forma de acordo com sua
atuação e maneira de ser. De modo geral, a entrevista se divide em três partes, nem sempre
claramente definidas: a abertura ou colocação do problema; desenvolvimento ou exploração e
encerramento. No estágio de abertura, é situado o assunto ou problema que motivou o
encontro; a seguir procede-se ao exame e exploração do assunto, tentando-se verificar todos os
aspectos e tirar conclusões. No encerramento nenhum material novo deverá ser introduzido ou
discutido de alguma forma; esse último estágio tende a determinar a impressão do entrevistado
sobre a entrevista como um todo.

O silêncio é abordado pelo autor como uma forma de comunicação entre o entrevistado
e o entrevistador na entrevista de ajuda, apontando a tendência da maior parte dos
entrevistadores iniciantes em considerá-lo como uma falha a ser corrigida no momento, em
virtude da sua dificuldade em suportá-lo. Com o tempo, informa, aprende-se a diferenciar os
silêncios, a apreciar e a reagir diante de cada um de maneira diferente.

Existe, por ex., o silêncio de que o entrevistado precisa para ordenar seus pensamentos
e sentimentos. O respeito a esse silêncio mais benéfico do que muitas palavras de parte do
entrevistador. O silencio desse tipo pode ajudar muito se o entrevistador não se sentir
ameaçado ou incomodado por ele, mas puder maneja-lo como parte deum processo em
continuidade.
A confusão também pode levar ao silêncio, assim como esse pode ser fruto de uma
pausa reflexiva, após um relato emocional por parte do entrevistado. Pode ocorrer ainda o
silêncio de resistência, quando o entrevistado resiste ao que considera um interrogatório, ou
não está preparado para revelar o que está realmente acontecendo consigo. Existem, ainda, os
silêncios breves, durante os quais o entrevistado pode simplesmente estar procurando ideias e
sentimentos para expressar. A Estimulação na entrevista favorece a mudança, a mudança é
colocada em prática na relação entrevistador e entrevistado a partir da capacidade de
construção do entrevistado, em um ambiente onde o entrevistador deve ajuda-lo á construir
uma atmosfera de confiança, o entrevistador ajuda o entrevistado á tornar-se cada vez mais
consciente de si mesmo, cabe ao entrevistado decidir como mudar, e como atuar com ações em
seu contexto; A entrevista de ajuda consiste em trazer ao entrevistado conhecimento,
experiência, habilidade profissional, etc.

O autor coloca algumas questões a serem feitas pelo entrevistadora si mesmo, que
podem ajudar a avaliar o seu desempenho na entrevista de ajuda e se os objetivos estão sendo
alcançados, questionando, por exemplo, se ele ajudou o entrevistado a ampliar seu campo de
percepção; se ajudou o entrevistado a deslocar-se de uma estrutura de referência externa para
uma interna; se o ajudou a chegar perto de si mesmo para explorar e expressar o que descobriu
e o capacitou a expressar como se sente verdadeiramente; e se ele, o entrevistador, quis
realmente ouvir o entrevistado ou na verdade quis ser escutado supondo-te a resposta para seu
problema. Essas e outras questões, embora gerem respostas diferentes de um para outro
entrevistado, podem, segundo o autor, servir de parâmetro para um auto avaliação e avaliação
das entrevistas pelo entrevistador.

É destacada pelo autor a importância da aceitação do entrevistado por parte do


entrevistador na entrevista de ajuda. Aceitação no caso significa tratar o entrevistado como um
igual, e considerar seus sentimentos e pensamentos com sincero respeito, mesmo discordando
deles. Trata-se da atitude segundo a qual o entrevistado tem tanto direito quanto o
entrevistador a ideias, sentimentos e valores próprios, tentando fornecer-lhe um feedback que
não seja distorcido pela própria pessoa e personalidade. Em sua opinião, não podemos ajudar
verdadeiramente uma pessoa que não conseguirmos aceitar, e isso pode ocorrer mesmo que
não existam diferenças culturais, e a saída é ajudá-lo a encontrar alguém que o aceite. O
feedback é um elemento importante que consiste em o entrevistador trazer as situações do
entrevistado para o mesmo, favorecendo assim para que o mesmo verifique a expressão do seu
verdadeiro Eu;

A compreensão é enfocada como outro aspecto importante da entrevista de ajuda,


sendo a mais significativa forma de compreensão aquela que tenha entender com a outra
pessoa como ela pensa, sente evê o mundo ao seu redor, adotando para isso sua estrutura de
referência, ouvindo com compreensão não somente o que está sendo dito, mas como as coisas
estão sendo ditas, o tom, as expressões, os gestos, incluindo o esforço de perceber o que não
está sendo dito, o que apenas é sugerido e o que está oculto.

Na medida em que aprendemos mais e mais a escutar com compreensão os outros, mais
aprendemos a escutar com compreensão a nós próprios. Escutando cuidadosamente,
aproximando-nos da estrutura de referência do entrevistado, devemos, no entanto,
permanecer nós mesmos, mantendo nossa própria estrutura de referência como ponto de apoio
para quando o entrevistado precisar de nós, estabelecendo um processo empático no qual,
embora se possa sentir por dentro, participar do mundo interior de outra pessoa,
permaneçamos nós mesmos.
A empatia na entrevista de ajuda, conforme Benjamin, é compreender com. O
entrevistador empático tenta o melhor possível sentir a estrutura interna de referência do
entrevistado, ver o mundo através dos olhos deste, como se fossem os seus próprios, sem
perder de vista o fato de que permanece ele mesmo, sabendo que é diferente do entrevistado.
Agora ele pode compartilhar pensamentos e sentimentos do entrevistado como se fossem seus,
porque os compreende com ele.

Empatia não é sinônimo de simpatia, que implica em repartir interesses e sentimentos


comuns, e também não deve ser confundida com identificação, que é pensar, sentir e agir como
o outro em detrimento do nosso próprio eu. A empatia envolve sempre dois eus distintos. De
acordo com o autor, quase tudo o que fazemos numa entrevista de ajuda visa encorajar o
entrevistado de uma maneira ou outra. Nossa atitude, abordagem, respostas, tudo visa apoiá-
lo e fortalecê-lo em seus esforços para procurar um caminho que valha a pena para ele.
Desejamos auxiliá-lo para que chegue mais próximo da realidade e de seu próprio eu, para que
ele possa explorar sua situação presente e determinar suas metas futuras. A maneira como
realizamos nosso trabalho visa estimular e fortalecer a determinação. Nem todos, no entanto,
querem ser ajudados, e nem todos podem ser ajudados na entrevista de ajuda. Embora seja
doloroso ver uma oferta de ajuda recusada, devemos aprender a aceitá-la.

A empatia é extremamente importante na entrevista de ajuda, é o colocar-se no lugar


do outro, acima de tudo possibilita que entrevistador participe interior de seu entrevistado; O
entrevistador deve ter acima de tudo um sentimento de humanidade que ultrapasse o âmbito
da timidez, ele não deve se comportar como um boneco ou ter uma visão extremamente
tecnicista, o entrevistador deve deixar de lado qualquer máscara, simplesmente ser ele mesmo,
pois somente sendo ele mesmo, alcançará por virtude os objetivos almejados em seu
entrevistado.

Enfim, a obra evidencia o quanto o comportamento do entrevistador influencia a


percepção que o entrevistado tem dele como pessoa, e a reação do entrevistado ao processo
da entrevista. Analisando nosso próprio comportamento de forma não-defensiva, podemos
aprender muito; e descobrindo como realmente nos comportamos, podemos considerar se
desejamos continuar nos comportando da mesma forma, ou se há um abismo entre o que
estamos realmente fazendo, o que pensamos que estamos fazendo e o idealmente desejamos
fazer, como terapeutas interessados na obtenção de melhorias na qualidade devida do
entrevistado.

A obra privilegia uma abordagem da entrevista como um instrumento de uso


terapêutico, na qual o entrevistado é o foco, e o principal objetivo da entrevista é ajudá-lo.
Assim, o autor define a entrevista de ajuda como um diálogo sério e com um propósito definido
entre duas pessoas, a partir do qual será desenvolvido um relacionamento de confiança.

Ao longo da obra, o autor discorre detalhadamente sobre os diversos aspectos


envolvidos numa entrevista de ajuda, tanto do ponto de vista do entrevistador quanto do
entrevistado, abordando desde as condições materiais (ambiente, mobília, etc.), até os tipos de
perguntas utilizadas na entrevista. A questão principal do trabalho, no entanto, é o
comportamento do entrevistador, a forma como ele se conduz e desenvolve a entrevista. A
análise da postura interna do entrevistador, sua filosofia de trabalho, e a forma como ele utiliza
seus conhecimentos no processo terapêutico baseado na entrevista, constituem os parâmetros
para o entendimento do que o autor considera uma verdadeira entrevista de ajuda que, segundo
ele, é mais uma arte e uma habilidade do que uma ciência, e cada artista precisa descobrir seu
próprio estilo e os instrumentos para trabalhar melhor.

De acordo com Benjamin, a lição mais importante que se deve saber sobre a entrevista
de ajuda, é que nela não existe ninguém a não ser o entrevistado e o entrevistador e que nada
naquele momento é mais importante, devendo este último ter consciência do que
verdadeiramente está levando de si para a entrevista. O que, de si mesmo, pode ajudar,
bloquear ou afetar o entrevistado de um modo ou outro. O entrevistador deve, principalmente,
sentir dentro de si mesmo que deseja ajudar tanto quanto possível o entrevistado.

Além da suposta competência profissional, o entrevistador deve levar de si mesmo para


a entrevista certas condições internas ou atitudes que podem auxiliá-lo, como conhecer-se e
gostar de si próprio e sentir-se bem consigo mesmo. Quanto mais nos conhecemos, segundo
ele, melhor podemos entender, avaliar e controlar nosso comportamento e melhor
compreender e apreciar o comportamento dos outros. Se estamos bem com o nosso self, menor
será a tendência deste a interferir em nossa compreensão do self do outro durante a entrevista.

Essa atitude ajudará o entrevistado a confiar em nós. Ele saberá quem somos, posto que
nós, aceitando o que somos, não teremos nenhuma necessidade de nos esconder sob uma
máscara. Ele sentirá que não estamos nos escondendo e se esconderá menos, uma vez que a
maior parte dos entrevistados se sente melhor com entrevistadores que pareçam seres
humanos falíveis.

Confiar em nossas próprias ideias e sentimentos constitui outra condição interna, assim
como a honestidade conosco mesmos. Se nós aceitamos o suficiente, não teremos necessidade
de parecer aos outros como poderosos, oniscientes e quase perfeitos. Assim, o entrevistador
deve comportar-se como ser humano na entrevista, expondo sua humanidade tanto quanto
possível, sem medo de revelar-se. Precisamos estar preparados para mostrar ao entrevistado o
que somos, sem nos ocultarmos, para que ele se sinta encorajado a olhar para o que ele é sem
reservas. Se ele sente que somos autênticos, pode aprender que é seguro expor-se.

Na opinião do autor, se pudermos nos aceitar como falíveis, erraremos menos, e se


aprendermos a nos apoiar em nossa espontaneidade, sensibilidade e senso comum,
escutaremos melhor entenderemos mais. Uma vez que o nosso comportamento influencia odo
entrevistado, comportando-nos abertamente, encorajamo-lo a agir da mesma forma.

Desta forma, quanto menos defensivos nos tornamos como entrevistadores, mais
poderemos ajudar o entrevistado a deixar de lado suas defesas. E quanto maior consciência
tivermos de nossos valores, e quanto menos quisermos impô-los ao entrevistado, mais
estaremos aptos a ajudá-lo a ter conhecimento de seus próprios valores. Assim como o
entrevistado está exposto à nossa avaliação, também nós estamos expostos ao entrevistado, e
quase tudo o que fazemos ou deixamos de fazer é anotado e avaliado por ele. O interesse que
sentimos emostarmos pelo que o entrevistado está dizendo, a compreensão de seus
sentimentos e atitudes, mesmo sem percebermos conscientemente será comunicada por nós
através de gestos, palavras, tom de voz e até mesmo silêncios.

Benjamin acredita que, se sinceramente sentimos com o entrevistado o que ele está
sentindo, se podemos fazer com que ele saiba por meio de nosso comportamento que estamos
sentindo com ele, tão próximos quanto podemos, e se somos capazes de demonstrar isso sem
obstruir seu caminho, não precisaremos dizer nada, porque ele logo saberá. Compreenderá que
jamais saberemos exatamente como ele se sente, mas, enquanto outro ser humano, estamos
fazendo o possível e demonstrando que estamos tentando.

Cooperar verdadeiramente com o entrevistado, deste modo, significa escutar e


responder àquilo que ele está dizendo e sentindo. Significa capacitá-lo a se expressar
completamente e segui-lo no curso dos seus pensamentos e expressões, ao invés de pedir-lhe
que nos siga. Isso implica saber se estamos preparados para deixar o entrevistado tomar a
iniciativa e deixá-lo assumir a responsabilidade sobre si mesmo, porque a mudança que se
desejamos ajudar a promover é basicamente aquela que o entrevistado será capaz de construir
por ele mesmo, que seja pessoalmente significativa e lhe permita agir no futuro com mais êxito
enquanto pessoa.

O autor considera fundamental ajudar o entrevistado através deum comportamento


que demonstre que acreditamos na sua responsabilidade por si próprio, por suas ações,
pensamentos e sentimentos, e em sua capacidade de usar cada vez mais seus próprios recursos.
A nossa ação será no sentido de ajudá-lo a tornar-se cada vez mais consciente de si mesmo, de
seu espaço vital, de sua própria estrutura de referência, de modo que ele possa defrontar-se
mais consigo mesmo e com os pensamentos e sentimentos que governam seu comportamento,
mas que ele pode estar ocultando, distorcendo ou negando para si próprio e para nós. A
entrevista de ajuda propõe-se a ajudá-lo a aprender que a mudança é possível, mas que depende
dele decidir quando e como mudar.

Não cabe a nós como entrevistadores dizer ao entrevistado o que pensar ou como
sentir; mas o nosso comportamento revela que valorizamos nossos próprios pensamentos e
sentimentos, e também os dele. Quanto mais ele puder descobrir sobre seus próprios
sentimentos e pensamentos, mais capacitado estará para agir sobre eles ou modificá-los, caso
se decida por isso. Desejamos ajudá-lo a aproximar-se de si mesmo e também dos outros. Sendo
aceito como uma pessoa responsável, ele pode aprender a ver-se como tal e a apreciar a
aplicação dessa nova aprendizagem, de modo que, mesmo depois de encerradas as entrevistas,
ele poderá continuar a crescer como pessoa por seus próprios esforços.

Benjamin ressalta que, somente quando ajudamos o entrevistado a ouvir, ver, pensar e
sentir por si próprio, ele será capaz de nos perceber. Isto somente depois de ter percebido a si
próprio e, talvez, depois de ter percebido que nós o percebemos. Só podemos chegar até ele se
ele quiser e permitir o acesso a si mesmo; e somente se ele for capaz de aproximar-se de si
mesmo ele permitirá que outros o façam, assim como ele só poderá nos responder depois de
ter aprendido a responder a si próprio.

O entrevistador é parte ativa nesse processo de autodeterminação do indivíduo, uma


vez que, buscando um entendimento tão profundo quanto possível do mundo do entrevistado,
capacita-se a encorajá-lo a descobrir como é esse mundo e como se sente nele. Na entrevista
de ajuda, o entrevistador não abdica de sua autoridade como terapeuta, mas a emprega de
modo que o entrevistado venha a ser a autoridade em sua própria vida, venha a confiar em si
mesmo para encontrar seu próprio caminho e direção. O entrevistador não quer que o
entrevistado dependa dele, mas que se apói e cada vez mais em si mesmo.

A autoridade do entrevistador, na concepção de Benjamin, deve ser usada para


entender e fazer-se entendido, e para fornecer informações e recursos de que dispõe. Ele não
se oculta atrás de sua autoridade para tomar decisões em nome do entrevistado, ou fazer
qualquer coisa queeste não possa entender ou aceitar. Embora agindo sob sua própria
responsabilidade, não tira a responsabilidade do entrevistado. Quando não se sente seguro, o
entrevistador deve admitir essa insegurança, e quando está seguro, deve ter consciência de que
sabe que a segurança é sua, não do entrevistado, o qual precisa descobrir seus próprios
pontosde apoio para erguer-se com firmeza.

Criando uma atmosfera favorável na entrevista, o entrevistador pode tornar possível ao


entrevistado enfrentar a realidade ao invés de defender-se dela, negá-la ou distorcê-la. Se
criarmos uma atmosfera onde o confronto seja alcançado, nossa entrevista de ajuda poder
ajudar ao entrevistado mais do que o previsto.

O autor tece várias considerações sobre a melhor forma de iniciar a entrevista, seja pelo
entrevistador ou pelo entrevistado, de modo que essa seja a mais proveitosa possível. Se alguém
pediu para nos ver, observa ele, geralmente é melhor deixá-lo expor com suas próprias palavras
o motivo que o levou ali e o que há de importante para contar. Às vezes, no entanto, é cabível
ou necessária uma introdução por parte do entrevistador, algo que ajude o entrevistado a
iniciar, isso deve ser tentado somente quanto sentimos que será realmente útil, considerando a
tendência das sessões iniciadas pelo entrevistador em serem transformadas em monólogos
e/ou conferências. O ideal é apenas identificar e situar nossa posição ali para que o entrevistado
possa dar prosseguimento à entrevista com tranquilidade.

O fator tempo, como parte integrante da atmosfera geral e do relacionamento deve ser
observado com cuidado, cuidando-se para que os encontros ocorram na hora estipulada,
deixando claro ao entrevistado quanto do nosso tempo pertence a ele, inclusive para que ele
possa orientar-se.

Cada entrevista é diferente, e o seu modelo pessoal adquirirá forma de acordo com sua
atuação e maneira de ser. De modo geral, a entrevista se divide em três partes, nem sempre
claramente definidas: a abertura ou colocação do problema; desenvolvimento ou exploração e
encerramento. No estágio de abertura, é situado o assunto ou problema que motivou o
encontro; a seguir procede-se ao exame e exploração do assunto, tentando-se verificar todos os
aspectos e tirar conclusões. No encerramento nenhum material novo deverá ser introduzido ou
discutido de alguma forma; esse último estágio tende a determinar a impressão do entrevistado
sobre a entrevista como um todo.

O silêncio é abordado pelo autor como uma forma de comunicação entre o entrevistado
e o entrevistador na entrevista de ajuda, apontando a tendência da maior parte dos
entrevistadores iniciantes em considerá-lo como uma falha a ser corrigida no momento, em
virtude da sua dificuldade em suportá-lo. Com o tempo, informa, aprende-se a diferenciar os
silêncios, a apreciar e a reagir diante de cada um de maneira diferente.

Existe, por ex., o silêncio de que o entrevistado precisa para ordenar seus pensamentos
e sentimentos. O respeito a esse silêncio mais benéfico do que muitas palavras de parte do
entrevistador. O silencio desse tipo pode ajudar muito se o entrevistador não se sentir
ameaçado ou incomodado por ele, mas puder maneja-lo como parte deum processo em
continuidade.

A confusão também pode levar ao silêncio, assim como esse pode ser fruto de uma
pausa reflexiva, após um relato emocional por parte do entrevistado. Pode ocorrer ainda o
silêncio de resistência, quando o entrevistado resiste ao que considera um interrogatório, ou
não está preparado para revelar o que está realmente acontecendo consigo. Existem, ainda, os
silêncios breves, durante os quais o entrevistado pode simplesmente estar procurando ideias e
sentimentos para expressar. A Estimulação na entrevista favorece a mudança, a mudança é
colocada em prática na relação entrevistador e entrevistado a partir da capacidade de
construção do entrevistado, em um ambiente onde o entrevistador deve ajuda-lo á construir
uma atmosfera de confiança, o entrevistador ajuda o entrevistado á tornar-se cada vez mais
consciente de si mesmo, cabe ao entrevistado decidir como mudar, e como atuar com ações em
seu contexto; A entrevista de ajuda consiste em trazer ao entrevistado conhecimento,
experiência, habilidade profissional, etc.

O autor coloca algumas questões a serem feitas pelo entrevistadora si mesmo, que
podem ajudar a avaliar o seu desempenho na entrevista de ajuda e se os objetivos estão sendo
alcançados, questionando, por exemplo, se ele ajudou o entrevistado a ampliar seu campo de
percepção; se ajudou o entrevistado a deslocar-se de uma estrutura de referência externa para
uma interna; se o ajudou a chegar perto de si mesmo para explorar e expressar o que descobriu
e o capacitou a expressar como se sente verdadeiramente; e se ele, o entrevistador, quis
realmente ouvir o entrevistado ou na verdade quis ser escutado supondo-te a resposta para seu
problema. Essas e outras questões, embora gerem respostas diferentes de um para outro
entrevistado, podem, segundo o autor, servir de parâmetro para um auto avaliação e avaliação
das entrevistas pelo entrevistador.

É destacada pelo autor a importância da aceitação do entrevistado por parte do


entrevistador na entrevista de ajuda. Aceitação no caso significa tratar o entrevistado como um
igual, e considerar seus sentimentos e pensamentos com sincero respeito, mesmo discordando
deles. Trata-se da atitude segundo a qual o entrevistado tem tanto direito quanto o
entrevistador a ideias, sentimentos e valores próprios, tentando fornecer-lhe um feedback que
não seja distorcido pela própria pessoa e personalidade. Em sua opinião, não podemos ajudar
verdadeiramente uma pessoa que não conseguirmos aceitar, e isso pode ocorrer mesmo que
não existam diferenças culturais, e a saída é ajudá-lo a encontrar alguém que o aceite. O
feedback é um elemento importante que consiste em o entrevistador trazer as situações do
entrevistado para o mesmo, favorecendo assim para que o mesmo verifique a expressão do seu
verdadeiro Eu;

A compreensão é enfocada como outro aspecto importante da entrevista de ajuda,


sendo a mais significativa forma de compreensão aquela que tenha entender com a outra
pessoa como ela pensa, sente evê o mundo ao seu redor, adotando para isso sua estrutura de
referência, ouvindo com compreensão não somente o que está sendo dito, mas como as coisas
estão sendo ditas, o tom, as expressões, os gestos, incluindo o esforço de perceber o que não
está sendo dito, o que apenas é sugerido e o que está oculto.

Na medida em que aprendemos mais e mais a escutar com compreensão os outros, mais
aprendemos a escutar com compreensão a nós próprios. Escutando cuidadosamente,
aproximando-nos da estrutura de referência do entrevistado, devemos, no entanto,
permanecer nós mesmos, mantendo nossa própria estrutura de referência como ponto de apoio
para quando o entrevistado precisar de nós, estabelecendo um processo empático no qual,
embora se possa sentir por dentro, participar do mundo interior de outra pessoa,
permaneçamos nós mesmos.

A empatia na entrevista de ajuda, conforme Benjamin, é compreender com. O


entrevistador empático tenta o melhor possível sentir a estrutura interna de referência do
entrevistado, ver o mundo através dos olhos deste, como se fossem os seus próprios, sem
perder de vista o fato de que permanece ele mesmo, sabendo que é diferente do entrevistado.
Agora ele pode compartilhar pensamentos e sentimentos do entrevistado como se fossem seus,
porque os compreende com ele.

Empatia não é sinônimo de simpatia, que implica em repartir interesses e sentimentos


comuns, e também não deve ser confundida com identificação, que é pensar, sentir e agir como
o outro em detrimento do nosso próprio eu. A empatia envolve sempre dois eus distintos. De
acordo com o autor, quase tudo o que fazemos numa entrevista de ajuda visa encorajar o
entrevistado de uma maneira ou outra. Nossa atitude, abordagem, respostas, tudo visa apoiá-
lo e fortalecê-lo em seus esforços para procurar um caminho que valha a pena para ele.
Desejamos auxiliá-lo para que chegue mais próximo da realidade e de seu próprio eu, para que
ele possa explorar sua situação presente e determinar suas metas futuras. A maneira como
realizamos nosso trabalho visa estimular e fortalecer a determinação. Nem todos, no entanto,
querem ser ajudados, e nem todos podem ser ajudados na entrevista de ajuda. Embora seja
doloroso ver uma oferta de ajuda recusada, devemos aprender a aceitá-la.

A empatia é extremamente importante na entrevista de ajuda, é o colocar-se no lugar


do outro, acima de tudo possibilita que entrevistador participe interior de seu entrevistado; O
entrevistador deve ter acima de tudo um sentimento de humanidade que ultrapasse o âmbito
da timidez, ele não deve se comportar como um boneco ou ter uma visão extremamente
tecnicista, o entrevistador deve deixar de lado qualquer máscara, simplesmente ser ele mesmo,
pois somente sendo ele mesmo, alcançará por virtude os objetivos almejados em seu
entrevistado.

Enfim, a obra evidencia o quanto o comportamento do entrevistador influencia a


percepção que o entrevistado tem dele como pessoa, e a reação do entrevistado ao processo
da entrevista. Analisando nosso próprio comportamento de forma não-defensiva, podemos
aprender muito; e descobrindo como realmente nos comportamos, podemos considerar se
desejamos continuar nos comportando da mesma forma, ou se há um abismo entre o que
estamos realmente fazendo, o que pensamos que estamos fazendo e o idealmente desejamos
fazer, como terapeutas interessados na obtenção de melhorias na qualidade devida do
entrevistado.

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