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Considerações Quanto Aos Modelos Empregados para A Previsão Da Vida Útil PDF
Considerações Quanto Aos Modelos Empregados para A Previsão Da Vida Útil PDF
RESUMO
Atualmente observa-se que existe uma grande preocupação por parte dos
pesquisadores com a previsão da vida útil das estruturas de concreto armado, principalmente
nas estruturas localizadas em zonas marinhas, onde a ação dos íons cloreto pode iniciar o
processo corrosivo. A forma mais difundida de prever a penetração de cloretos para o interior
do concreto é através da solução da equação de difusão representada pela 2ª Lei de Fick que,
dependendo das condições de contorno, pode assumir várias configurações. Desta forma, este
trabalho tem como objetivo principal apresentar as três formas de solução para a 2ª Lei de
Fick propostas por alguns pesquisadores, onde serão feitas considerações a respeito da
aplicabilidade das formulações para prever a vida útil das estruturas de concreto inseridas em
ambientes com cloretos, além de realizar uma análise crítica sobre o atual estágio de pesquisa
dentro dessa área do conhecimento.
1 Prof. Dr. Curso de Engenharia Civil. Universidade Luterana do Brasil – ULBRA; Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul – PUC/RS
¥
Autor para quem a correspondência deverá ser enviada (jjoandrade@aol.com; jairo@cpgec.ufrgs.br )
2
Profª. Drª. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil. Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Fourier, em 1822, formulou uma equação para prever a condução de calor nos
materiais. Contudo, a formulação apresentada só foi empregada pela primeira vez para
modelar a difusão em materiais porosos por Fick, em 1855, onde o autor apresentou a sua
Segunda Lei de difusão, sendo representada pela Equação 1 (Mejlbro, 1996).
∂c ∂2c (1)
=D 2
∂t ∂x
Contudo, o emprego da Segunda Lei de Fick para modelar a difusão de cloretos para o
concreto só foi apresentada por Collepardi et al. (1972). Com o passar do tempo, muitas
pesquisas vêm sendo feitas para avaliar a aplicabilidade das diversas soluções da Equação 1 a
fim de prever a penetração de cloretos no concreto, dependendo das condições de contorno
adotadas para a solução da mesma. Considerações sobre tal aspecto serão apresentadas e
discutidas nos próximos itens.
Contudo, alguns pesquisadores (Swamy et al., 1994; Maage et al., 1996; Andrade,
1999) têm mostrado que algumas dessas premissas não refletem adequadamente o
comportamento da penetração de íons no concreto. Alguns autores (Andrade et al., 1996;
Borges et al., 1998) citam que os fenômenos de transporte relativos à absorção e à difusão
podem estar atuando simultaneamente, principalmente em estruturas inseridas em meio
ambiente marinho.
Um exemplo de um perfil genérico de penetração de cloretos ajustado através da
Equação 2 encontra-se apresentado na Figura 1.
cimento)
Teor Crítico de Cloretos
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Profundidade (cm)
Verifica-se que o ajuste dos perfis de cloretos através da solução da função de erro
apresenta-se satisfatório quando se deseja avaliar a vida útil de uma estrutura em um
determinado tempo t. Essa forma de análise é comumente empregada, em função da sua
extrema simplicidade na determinação dos parâmetros Cs e D através de ajustes. Contudo, a
aplicabilidade da modelagem fica restrita aos casos onde considera-se que tanto a Cs e o D
não variam no tempo. Tal condição não corresponde ao comportamento efetivamente
observado nas estruturas reais, onde existe um acúmulo de cloretos na superfície dos
elementos estruturais (Uji et al. 1990; Swamy et al., 1994). Aliado a tal fato, tem-se que o
valor de D tende a diminuir com o tempo, devido à contínua mudança existente na
microestrutura do concreto (Mejlbro, 1996).
Ao se medir os perfis de cloreto em um determinado elemento estrutural e em
momentos distintos no tempo (t3 > t2 > t1), provavelmente obter-se-á uma seqüência de perfis
genéricos com uma configuração semelhante à apresentada na Figura 2.
massa deà
4,0
(% emàrelação
3,5
t1
de cimento)
3,0 t2
t3
(% em relação
2,5
massa cimento)
1,5
1,0
Cloretos
0,5
0,0
Teor
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Profundidade (cm)
Figura 2-Perfis de cloreto medidos em diferentes momentos durante a vida útil de uma
estrutura
Assim verifica-se que, ao se realizar uma inspeção na estrutura nos diferentes tempos,
tanto os valores do coeficiente de difusão quanto da concentração superficial serão distintos,
apresentando aproximadamente as seguintes relações:
C ( x ,0 ) = 0 → t = 0
(3)
C ( 0 , t ) = φ( t ) → x = 0
(4)
onde:
6
Teor de cloretos (% em relação à
5
massa de cimento)
t = 10 anos
4 t = 20 anos
3 t = 30 anos
0
0 1 2 3 4 5 6
Profundidade (cm)
Figura 3-Perfil de cloretos típico segundo a solução proposta por UJI et al. (1990)
C s ( t ) = C i + S [( t − t ex ) Da ] p (7)
onde:
C s ( t ) = S [( t − t ex ) Da ] p (8)
α
t ex (9)
Da = Daex
t
onde:
Daex = coeficiente de difusão de cloretos no tempo tex (cm2/ano);
α = parâmetro que depende das características do concreto.
O valor de Daex corresponde ao coeficiente de difusão que pode ser obtido através de
investigações experimentais antes de se construir a estrutura. Contudo, caso tal parâmetro não
tenha sido medido, o autor recomenda empregar a Equação 10.
10
− (10)
Daex = 50000 a/ c
100
Submersa
Variação de marés
Respingo de marés
Névoa salina
10
0 1 10 100
Tempo de exposição - log (anos)
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
0,5 1,5 2,5 3,5 4,5
Profundidade (cm)
Figura 5-Melhor ajuste dos perfis de penetração de cloretos considerando a solução da função
de erro, utilizando as variáveis apresentadas na Tabela 2 (t = 1 ano)
4,0
Concentração de cloretos (% em relação
3,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
0,5 1,5 2,5 3,5 4,5
Profundidade (cm)
massa de cimento)
2,5 Melhor ajuste - solução de MEJLBRO (1996)
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
0,5 1,5 2,5 3,5 4,5
Profundidade (cm)
14
Concentração de cloretos (% em relação
Dados experimentais
12 Previsão - solução da função de erro
Previsão - solução de UJI et al. (1990)
à massa de cimento)
10
Previsão - solução de MEJLBRO (1996)
8
0
0,5 1,5 2,5 3,5 4,5
Profundidade (cm)
12
0 10 20 30 40 50
Tempo (anos)
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS