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Introdução

No Brasil, tradicionalmente, a cultura do coco (Cocos nucifera L.) ocupa a faixa


da região Nordeste onde, inicialmente, a variedade mais explorada era a Gigante,
destinada a produção de “coco seco”. A partir de 1985 observou-se um crescimento
significativo no cultivo da variedade Anão, destinada a produção de água de coco.
Independente da variedade escolhida, ambas possuem grande capacidade de exploração,
considerando a capacidade de adaptação da planta a diferentes condições climáticas e de
solo, além da possibilidade do plantio consorciado que é muito importante,
principalmente para o pequeno produtor.

A cocoicultura é importante na geração de renda, na alimentação e na produção


de mais de cem produtos, em mais de 86 países localizados na zona intertropical do globo
terrestre, por onde tem se expandido. É uma das mais importantes culturas perenes, onde
é possível gerar um sistema autossustentável de exploração.

Do coqueiro, praticamente tudo é aproveitado: raiz, estipe, inflorescência, folhas,


palmito e o fruto, onde este, pode ser utilizado na alimentação, pelo aproveitamento do
albúmen sólido do fruto; utilizado também para fabricação de produtos fibrosos,
principalmente na indústria têxtil; além de vários outros subprodutos que surgem
constantemente no mercado.

No Brasil, a cocoicultura é de fundamental importância, estimando-se que gera


emprego e renda no processo de produção, além dos inúmeros empregos indiretos gerados
ao longo da cadeia produtiva. Em termos de empregos gerados, estudos na área informam
que 1 ha de coco ocupa, em média, três pessoas em emprego direto e que cada emprego
direto gera quatro empregos indiretos. De posse dessa relação, e considerando a área
colhida no Brasil em 2013, que foi de aproximadamente 257.462 ha, tem-se um total de,
pelo menos, 772.386 empregos diretos e 3.089.544 empregos indiretos gerados ao longo
da cadeia produtiva do coco.
Importância econômica

O Brasil possui cerca de 280 mil ha cultivados com coqueiros, distribuídos em


quase todo o território nacional com produção equivalente a 2 bilhões de frutos. De acordo
com o IBGE o que se verifica é um vertiginoso crescimento na produção a partir de 1990,
o que ocorre devido ao aumento da área plantada com coqueiro anão e híbridos destinado
a produção de coco verde.

Figura 1: Avanço da cocoicultura nos estados brasileiros de 1990 a 2014

Apesar cocoicultura estar sendo estimulada e introduzida em várias regiões do


país, as maiores plantações se concentram na faixa litorânea do Nordeste e parte da região
Norte do Brasil. Favorecida pelas condições climáticas, ambas as regiões detêm próximos
dos 70% da área de produção do coco brasileiro (Tabela 1). Essa situação de notoriedade
em área e produção da fruta se reflete nas maiores cifras em termos de valor da produção.
Porém, essa relação é inversamente proporcional quando se analisa a conversão
equivalente área no valor de produção alcançado, ou seja, a taxa de conversão é de 2,7
para a Região Nordeste, 3,8 para a Norte, 8,9 para a Sudeste, 10,17 para a Centro Oeste
e de 12,55 para a região Sul. Mesmo alcançando os maiores valores da produção na
Região Nordeste, comparativamente à área, as demais regiões apresentam um valor bruto
da produção que remete a maior valorização pelo mercado consumidor.

Com a expansão da cultura o Brasil, nos últimos trinta anos, teve um incremento
de 110 mil ha de área colhida, dos quais estima-se que 83% seja da variedade Anão, 15%
Híbrido e 2% Gigante. Essa expansão se deve também a exploração de novas áreas para
o cultivo, principalmente nas regiões Sudeste e Norte. Além disso, a utilização de novas
cultivares e novas tecnologias no processo de produção, foram importantes para o
acentuado crescimento na produção dessa cultura.

Figura 2: Área plantada e produção de coco no Brasil de 1990 a 2012. Fonte: IBGE

Figura 3: Produtividade de coco no Brasil de 1990 a 2012. Fonte: IBGE (2014)

A cultura é importante na formação do Valor Bruto da Produção (VBP) do


Nordeste. Em 2011, o VBP da cocoicultura chegou a representar 2% do VBP gerado por
toda agricultura nordestina. Devido a sua importância estratégica na década de 70, o
governo estimulou essa atividade agrícola, fornecendo crédito rural para operações de
custeio e investimento, incentivos fiscais e modernizando as estruturas das estradas.
Tabela 1 - Áreas destinada à colheita e colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção
de Coco-da-baía, segundo as Grandes Regiões e Unidades da Federação produtoras
Brasil - 2016

Área
Grandes Regiões Área Quantidade Rendimento
destinada à Valor
e colhida produzida médio
colheita (1 000 R$)
Unidades da Federação (ha) (1000 frutos) (frutos/ha)
(ha)
Coco-da-baía

Brasil 234 726 234 012 1 766 164 7 547 1 133 522

Norte 21 468 21 223 195 378 9 206 123 692


Rondônia 300 268 2 063 7 698 1 661

Acre 211 211 1 541 7 303 1 047

Amazonas 1 057 904 4 021 4 448 5 104

Roraima 92 92 543 5 902 101

Pará 19 188 19 128 178 345 9 324 108 890

Tocantins 620 620 8 865 14 298 6 889

Nordeste 194 872 194 648 1 355 267 6 963 805 536
Maranhão 2 440 2 440 7 808 3 200 5 155

Piauí 714 714 10 299 14 424 9 578

Ceará 38 986 38 986 262 226 6 726 170 200

Rio Grande do Norte 14 707 14 684 62 504 4 257 38 329

Paraíba 7 241 7 087 34 566 4 877 23 465

Pernambuco 6 602 6 599 129 865 19 679 79 031

Alagoas 17 906 17 906 75 136 4 196 66 804

Sergipe 37 134 37 118 230 646 6 214 150 862

Bahia 69 142 69 114 542 217 7 845 262 112

Sudeste 16 213 16 051 189 678 11 817 178 813


Minas Gerais 2 034 2 034 34 146 16 788 32 296

Espírito Santo 9 508 9 468 91 946 9 711 76 180

Rio de Janeiro 3 011 3 011 45 862 15 231 48 197

São Paulo 1 660 1 538 17 724 11 524 22 140

Sul 231 231 1 363 5 900 1 345


Paraná 231 231 1 363 5 900 1 345

Centro-Oeste 1 942 1 859 24 478 13 167 24 137


Mato Grosso do Sul 170 91 747 8 209 926

Mato Grosso 892 888 11 935 13 440 13 233

Goiás 880 880 11 796 13 405 9 978

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária, Produção Agrícola Municipal 2016.
A produção de coco seco no Brasil tem grande importância socioeconômica, uma
vez que é explorada, predominantemente por pequenos produtores. Em média, os frutos
são colhidos com 1 ano de maturação. O albúmen sólido obtido é consumido in natura,
na produção de coco ralado, leite de coco, outras bebidas, margarina, ração animal, óleos,
álcool graxo, glicerina, solventes, além de outros produtos. A fibra obtida da casca do
coco seco é utilizada como matéria prima na fabricação de colchões, bancos de carro,
tapetes, cordas, além de substrato orgânico na floricultura e horticultura. Outro importante
produto obtido do coco seco, mais especificamente, a partir do óleo de coco, é o ácido
láurico, muito utilizado na indústria farmacêutica, domissanitária e de cosméticos. A
produção nacional de produtos derivados láuricos a partir do óleo-de-coco colocará em
uma nova perspectiva de mercado o setor dermocosmético nacional, com maior
competitividade na economia globalizada.

Em função das importações crescentes do coco ralado, realizadas a partir da


década de 90, o preço do coco-seco apresentou grande queda, não compensando na
maioria das vezes o custo da colheita, afetando também o grau de investimento no setor,
provocando diminuição na produção. Aliado a estes fatores, observa-se que os plantios
atuais apresentam idade média avançada, estão sujeitos a problemas fitossanitários
endêmicos e a déficits hídricos elevados durante grande parte do ano. Para tentar diminuir
as importações, o Sindicato dos Produtores de Coco do Brasil (Sindicoco) conseguiu, em
julho de 2002, sensibilizar as autoridades da Câmara de Comércio Exterior (CAMEX),
que, assessorados pelo Comitê Executivo de Gestão (GECEX), aprovou as Medidas de
Salvaguardas do Coco, submetendo as importações de coco-seco a cotas estipuladas pelo
governo. Estas medidas expiraram em meados de 2012, possibilitando assim o retorno da
importação do coco-ralado. Para evitar essa nova ameaça, o SINDCOCO obteve junto ao
governo federal a elevação da tarifa externa comum (TEC) de 10% para 55%, a qual
incide sobre o produto em sua origem. Mas parece que essa medida do governo não surtiu
o efeito desejado, pois, segundo o Sindicoco, o volume de importações do coco-seco
ralado desidratado, entre janeiro e outubro de 2014, totalizou 20,5 mil toneladas do
produto. Quantidade que representou aproximadamente 77% do consumo nacional
aparente no referido período, o que reafirma a potencial ameaça que paira no cenário para
a cocoicultura brasileira.
Mercado internacional

O cultivo mundial do coqueiro registrou acréscimo em termos de área de plantio


e produção. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e
Agricultura (FAO), em 1970, a produção mundial foi ao redor de 26 milhões de toneladas,
numa área colhida de 6,7 milhões de hectares. Atualmente, a produção está em torno de
60 milhões de toneladas em uma área colhida ao redor de 12 milhões de ha. Embora se
perceba o acréscimo na área cultivada, o que se evidencia principalmente a partir dos anos
90, é o incremento significativo em termos de produção de coco, resultante do
aprimoramento tecnológico dos sistemas de cultivo refletindo no avanço da produtividade
global.

Figura 4: Evolução da produção e área cultivada com coqueiros no mundo no período de


1970 a 2014. Fonte: FAO (2014)

A principal área produtora de coco no mundo é a Ásia, dos 10 maiores países


produtores 6 estão localizados nessa região, o que corresponde aproximadamente a
70%da área mundial. As outras regiões produtoras são: África, América latina, Oceania
e Caribe.

Apesar da liderança no ranking mundial de produção ser das Filipinas e Indonésia,


o que se dá devido a maior área plantada, o Brasil é o primeiro em produtividade. No
início da década de 90 o Brasil ocupava a 10ª colocação no ranking de produção e hoje é
o 4° maior produtor

Tabela 2: Produção, área colhida e produtividade dos principais países produtores de


coco, em 2012. Fonte: FAO (2014)

Na América do Sul o Brasil é responsável por 80% da produção de coco,


destacando-se também em área cultivada e produtividade.

Tabela 3: Produção, área colhida e produtividade dos principais países produtores de


coco na América do Sul, em 2012.
Origem e distribuição

Originária do sudeste asiático, antes de desembarcar no Brasil com os portugueses


por volta de 1553, o coqueiro antes foi difundido pela Índia, leste e posteriormente oeste
africano. A primeira variedade foi a Gigante, as primeiras cultivares de coqueiro anão
chegaram por volta de 1924.

Aspectos botânicos

Pertencente à família Arecacea, é a única espécie do gênero Cocos nessa família.


A espécie é denominada Cocos nucifera L. É uma planta monocotiledônea, onde a
produção de raízes primárias dão-se a partir da base do tronco e possuem cerca de 8 a 10
mm de diâmetro. Possuem como função principal a de sustentação da planta e delas são
produzidas as raízes secundárias e destas as terciárias, as quais são as principais
responsáveis pela absorção de água e nutrientes.

O caule é do tipo estipe, muito desenvolvido e bastante resistente. Possui apenas


uma gema terminal que é protegida por um tufo de folhas. Estas folhas são do tipo
penadas, constituída pelo pecíolo, que continua pela ráquis, onde se prendem numerosos
folíolos. As folhas apresentam em média 6 metros de comprimento e folíolos de 90 a 130
cm.

A inflorescência é paniculada, axilares, protegida por brácteas grandes,


denominadas espatas. Após o desenvolvimento a espata se abre e liberta a inflorescência,
que é formada pelo pedúnculo, espigas e flores. Cada espiga apresenta, em sua base,
algumas flores femininas e numerosas flores masculinas nos dois terços terminais. A
primeira inflorescência pode ser constituída apenas de flores masculinas, sendo as flores
femininas produzidas nas inflorescências posteriores. O número de flores femininas é
fortemente influenciado pelo estado nutricional e hídrico da planta, podendo em
condições de deficiência hídrica prolongada e/ou de desnutrição não ocorrer o
desenvolvimento da inflorescência. No coqueiro-gigante, numa mesma inflorescência, as
flores masculinas abrem-se e disseminam o pólen antes que as flores femininas se tornem
receptivas, sendo normal a polinização cruzada. No coqueiro anão, as flores masculinas
e femininas amadurecem quase ao mesmo tempo, ocorrendo normalmente a
autofecundação. Entre os coqueiros-anões, o nível de autofecundação é variável, de
acordo com a variedade considerada.
O fruto é do tipo drupa, formado por uma epiderme lisa ou epicarpo, que envolve
o mesocarpo espesso e fibroso, e uma camada muito dura, o endocarpo, que fica mais
para o interior do fruto. A semente, envolvida pelo endocarpo, é constituída por uma
camada fina de cor marrom – o tegumento – que fica entre o endocarpo e o albúmen
sólido. O tegumento é uma camada carnosa, branca e muito oleosa, que forma uma grande
cavidade onde se encontra o albúmen líquido. Próximo a um dos orifícios do endocarpo,
e envolvido pelo albúmen sólido, está o embrião.
Referências

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https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/11907/2/00078970.pdf

http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/coco/arvore/CONT000fo7hz6ox02wyiv80
65610d6ky3ary.html

https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/122994/1/Producao-e-
comercializacao-Doc-184.pdf

https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/43921/1/CPATC-
DOCUMENTOS-2-PRODUCAO-DE-MUDAS-DE-COQUEIRO-13116A.pdf

https://revistagloborural.globo.com/vida-na-fazenda/como-
plantar/noticia/2014/10/como-plantar-coco.html

http://www.sindcoco.com.br/imgs/pdf/informativos/9.pdf

https://www.embrapa.br/en/busca-de-noticias/-/noticia/34945893/pesquisadora-alerta-
para-doenca-grave-do-coqueiro-em-conferencia-internacional

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