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Universidade Potiguar-UnP

Curso de Direito

Luís Paulo Silva dos Santos

“Hermenêutica Jurídica”

Natal-2007

Introdução

A palavra hermenêutica é derivada do termo grego hermeneutike e o primeiro


homem a empregá-la como palavra técnica foi o filosofo Platão. A
hermenêutica é a ciência que estabelece os princípios, leis e métodos de
interpretação. Muitos autores associam o termo a Hermes, o deus grego
mensageiro, que trazia noticia. Hermes seria o deus, na mitologia grega capaz
de transformar tudo o que a mente humana não compreendesse a fim de que o
significado das coisas pudesse ser alcançado. Hermes seria um “deus
interprete”, na medida em que era a entidade sobrenatural dotada de
capacidade de traduzir, decifrar o incompreensível. Segundo Gadamer a
Hermenêutica não seria uma metodologia das ciências humanas. Este trabalho
tem como objetivo aprofundar a temática acima citada e incentivar a
perquerição por parte dos alunos, ao a busca conhecer os motivos e aumentar
o conhecimento da disciplina introdutória do Direito e de cada aluno, através
desta pesquisa.

A lei é um conjunto de normas que regem a sociedade que a disciplina para o


bem de todos. Jean Jacques Rousseau diz que “todos os direitos são fixados
pela lei”. Faz necessária uma interpretação, desta lei, pois não é possível a ela
disciplinar a todos os comportamentos individuais dos seres humanos. A lei é
num resumo sintético do comportamento social regrado. Interpretar requer um
estudo sistemático de notável finura que perante os textos segundo certos
princípios e diretrizes. Na lei encontra-se a possibilidade de uma solução para
todos os eventuais casos e ocorrências da vida social? Está em saber
interpretar-la.

Demolombe proclama “que a lei era tudo, de tal modo que a função do jurista
não consiste senão em extrair e desenvolver o sentido pleno dos textos, para
apreender-lhes o significado, ordenar as conclusões parciais e, afinal atingir as
grandes sistematizações”. Alguns juristas discordam desta afirmação que inclui
em si um conhecimento dos usos e costumes daquela sociedade para que
possa entender o motivo do ato praticado.

Quando discutimos a plenitude do sistema surge um problema que se refere á


possibilidade de por via hermenêutica suprir as lacunas do ordenamento
existente. A questão dos modos de interpretação diz respeito aos instrumentos
técnicos à disposição do interprete para efetuar o preenchimento ou
colmatação da lacuna. A analogia não só é usada para preencher ou colmatar
um vazio, mas para mostrar o vazio. Do ângulo hermenêutico, discute-se a
legitimidade de a interpretação ir além de ratio legis, configurando novas
hipóteses normativas quando se admite a possibilidade de que o ordenamento
vigente não as prevê, ou até mesmo prevê, mas de modo julgado insatisfatório.
Para a solucionalidade desta deficiência buscam-se vários meios, métodos e
técnicas para sua existência.

METODOS HERMENEUTICOS

Na verdade, são regras técnicas que visam à obtenção de um resultado. Com


elas procuram-se orientações para os problemas de decidibilidade dos
conflitos. Embora não possa escrever rigorosamente todos os tipos, vou
esquematizar-los alguns a exposição.

Interpretação Literal ou Gramatical

Os problemas referentes à questão de conexão das palavras nas sentenças:


questão léxica; á conexão de uma expressão com outras expressões dentro de
um contexto. Parte-se do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo
como elas estão conectadas são importantes para obter-se o correto
significado da norma. A letra da norma, assim, é o ponto de partida da
atividade hermenêutica.

Interpretação Lógico-Sistemático

Quando enfrentamos problemas lógicos, a doutrina costuma falar em


interpretação lógica. Trata-se de um instrumento técnico inicialmente a serviço
da identidade de inconsistências. Partindo do pressuposto de que a conexão
de uma expressão normativa com as demais do contexto é importante para a
obtenção do significado correto. Devendo-se ater aos ‘diferentes contextos em
que a expressão ocorre e classificá-los conforme sua especificidade. Quanto à
sistemática pressupõe-se que a hermenêutica é a unidade do sistema jurídico
do ordenamento. Correspondentemente á organização hierárquica das fontes,
emergem recomendações sobre a subordinação dum todo que culmina (e
principia) pela primeira norma-origem do sistema. A recomendação é que, em
tese, qualquer preceito isolado deve ser interpretado em harmonia com os
princípios gerais do sistema.

Interpretação Histórica

Surgiu a partir da Escola de Histórica de Savigny, sustentando a idéia que a lei


é uma realidade cultural ou uma realidade que situada no progresso do tempo.
A lei nasce sob os ditames de uma sociedade naquele momento histórico,
naquele contexto de espaço e tempo. Ela acompanha a sociedade em sua
evolução humana social.

Interpretação Histórico-Evolutiva
Segundo essa Doutrina a norma legal, uma vez emanada, desprende-se do
legislador, e passa a ter vida própria recebendo e mutuando influencias do
meio, o que importa na transformação de seu significado. Para o juiz atender
aos novos fatos emergentes de maneira autônoma, ele integra diversos textos.

Interpretação Teleológica

A regra básica dos métodos teleológicos é de que sempre é possível atribuir


um propósito às normas. Faz-se mister assim encontrar nas leis, nas
constituições, nos decretos, em todas as manifestações normativas seu telos
(fim) que jamais pode ser anti-social.

TIPOS DE INTERPRETAÇÃO

Interpretação especificadora

Uma interpretação especificadora parte do pressuposto de que o sentido da


norma cabe na letra de seu enunciado. Postula assim que para elucidar o
conteúdo da norma não é necessário sempre ir até o fim de suas possibilidades
significativas, mas até o ponto em que os problemas pareçam razoavelmente
decidíveis.

Interpretação restritiva

Uma interpretação restritiva ocorre toda vez que se limita o sentido da norma,
não obstante a amplitude de sua expressão literal. Em geral, o intérprete vale-
se de considerações teleológicas e axiológicas para fundar o raciocínio.

Interpretação extensiva

É o resultado do trabalho criador do interprete, ao acrescentar algo de novo


àquilo que, a rigor, a lei deveria normalmente enunciar, à vista de outras
circunstancias quando a elasticidade do texto normativo comporta acréscimo. É
a revelação de algo implícito, sem quebrar de sua estrutura.

Interpretar é o ato de explicar o sentido de alguma coisa; é revelar o significado


de uma expressão verbal, artística ou constituída por um objeto, atitude ou
gesto. A interpretação consiste na busca do verdadeiro sentido das coisas e
para isto o espírito humano lança mão de diversos recursos, analisa os
elementos, utiliza-se de conhecimento da lógica, psicologia e, muitas, de
conceitos técnicos, a fim de penetrar no amargo das coisas e identificar a
mensagem contida. Um grande pensador François Geny afirma que o
interprete da lei deve manter-se fiel intenção primeira, não de se deve
deformar-la, mas reproduzir a intenção do legislador no momento da decisão.
Uma vez verificado, porém, a lei, na sua pureza original, não corresponde mais
aos fatos supervenientes, devemos ter a franqueza de reconhecer que existem
lacunas na obra legislativa e procurar por outros meios supri-las. Quando a lei
interpretada em toda a sua natureza pura originária, não permite soluções, o
juiz deve buscar nos costumes e na analogia os meios de resolver o caso
concreto.

Na obra de Zitelmann, intitulada “a lacuna no Direito” mandou recorrer ao


costume, analogia e aos princípios gerais do Direito, havendo lacunas nas lei, e
ao procurar, logo a seguir, que o juiz não pode deixar de sentenciar mesmo em
face as lacunas ou obscuridade no texto legal.

O pensador Eugen Ehrlich apresentou uma tese de compreensão sociológica


denominada “Livre Indagação do Direito” é facultada ao juiz estabelecer
livremente uma solução própria com embasamento sociológico toda vez que a
norma legal não seja possível inferir uma solução adequada e justa.

Para Hermann Kanetowicz cabe ao juiz julgar segundos ditames da ciência e


de sua consciência, sendo que deveria ser devidamente preparado. Para ele o
que deve prevalecer é o Direito justo, quer na falta de previsão legal, quer
contra a própria lei.

Segundo o jurisfilosofo Miguel Reale o Direito não pode prescindir de sua


estrutura formal, tampouco de sua função normativa ou teleológica, já que a
conduta humana, objeto de uma regra jurídica, já se acha qualificada de
antemão por esta, tal como o exigem a certeza e a segurança.

Conclusão

Como todo objeto cultural, o Direito encerra significados. Interpretar o Direito


representa revelar o sentido e alcance. Temos assim: a)revelar o seu sentido:
a lei que concede férias anuais ao trabalhador tem o significado, a finalidade de
proteger e de beneficiar a sua saúde física e mental; b)fixar o alcance das
normas jurídicas: significa delimitar o seu campo de incidência. Dentro do
exemplo citado, temos que apenas os trabalhos assalariados, isto é, que
participam em relação de emprego, faz jus às normas trabalhistas. De igual
modo, as normas contidas no Estatuto dos Funcionários Públicos da União têm
o seu campo de incidência limitado.

O trabalho de interpretação do Direito é uma atividade que tem por escopo


levar ao espírito o conhecimento pleno das expressões normativas, a fim de
aplicá-los às relações sociais. Interpretar o Direito é revelar o sentido e o
alcance de suas expressões. Fixar o sentido de uma norma jurídica é descobrir
a sua finalidade, é pôr a descoberto os valores consagrados pelo legislador,
aquilo que teve por mira proteger. Fixar o alcance é demarcar o campo de
incidência da norma jurídica, é conhecer sobre que fatos sociais e em que
circunstâncias a norma jurídica tem aplicação. Para cumprir o Direito é
indispensável o seu conhecimento e este é obtido pela interpretação.
Interpretar o Direito é conhecê-lo; conhecer o Direito é interpretá-lo.

Bibliografia

-Reale, Miguel-Lições Preliminares do Direito. 27ª edição. 6ª tiragem. Ed.


Saraiva-2006

-Ferraz Junior, Tecio Sampaio- Introdução ao Estudo do Direito: Técnica,


Decisão, Dominação, 4ª edição São Paulo-2003

http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4324

Nader, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito- Rio de janeiro, Ed. Forense,


2007.
http://www.webprofessores.com/novo/artigos/ver_artigo.php?cod_art=168

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