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Bruno Granero.
Mas dentre as maneiras de fazê-la, as piores são aquelas que carregam os óculos de
sua época por entre os tempos, usando dos valores de sua contemporaneidade como
se fossem superiores à história, e não fruto dela. Este pequeno trecho poderia se referir
a vários bons pensadores de nossa história recente, mas foi pensado naquele ao qual
Sobre a história dos valores morais, Nietzsche aponta que a interpretação dos
nesses psicólogos o claro uso do arcabouço com o qual querem explicar o mundo
A maneira pela qual Nietzsche vai escavar a origem do binômio de valores “bem
e mal” é pela linguagem. A etimologia sugere uma valoração positiva, que se mostra
em “bom e ruim”, como um conjunto de valores anterior. Os nobres, belos e fortes são
os que valoram o “bom” para si, justamente por terem tais atributos. Aos demais,
fracos, inábeis, feios e débeis se atribui o “ruim” por não pertencerem aos nobres. A
Mas a história é cheia de embates. A vontade que está em tudo, fazendo com
que todo organismo vivo deseje mais, queira se expandir e dominar, também age na
história humana dos valores morais. Ao nobre não cabe dar grande importância aos
fracos, pois àquele que tem em si a referência do que há de melhor não tem motivos
para se preocupar com o que sobra. Há muita ingenuidade no nobre. Ao fraco resta
“Por certo a força física não nos pertence – tratemo-la como algo indevido;
Como não somos belos, tratemos o feio como melhor; Não temos fortuna: há uma vida
eterna de bonança para os pobres”. Ai está a saída: A própria linguagem será usada
para inverter os valores e criar a nova moral. O “ruim” da anterior será o “bem” nesta. O
figura bem diferente dos nobres generais romanos ou dos bárbaros godos. Esta
religiosa, como pureza e limpeza. O asceta sempre busca uma limpeza da alma que se
vida, atrofia da vontade. São de natureza intelectual, pouco afetivos, sempre espertos.
(GM, I, §6).
toda horda de fracos que o toma como referência, podem por culpa ao forte por sua
força, torná-lo mal por sua escolha (como se o urso pardo pudesse escolher ser o
salmão). As “virtudes” do fraco são assim tratadas por não serem prejudiciais,
pacíficas, são no fundo boas para sua sobrevivência. Ao contrário, o ímpeto do forte é
(GM, I, §13).
dos valores. Os romanos como nobres e fortes, que percebem o futuro do gênero como
do comportamento que têm um Deus único e referência para a ação humana, regidos
pelo medo. Nessa situação se pode notar a poderosa mudança de valores, quando os
forte. Judeia vence a disputa e a própria Roma é domada pelos valores gregários
Ora, há muito a batalha foi vencida, isso se pode ver. A crença na “verdade” é
comportamento da filosofia, que tenta sempre na sua história criar algo que
fundamente qualquer ideia ou sistema, implica sempre acreditar nos seus valores, nos
valores morais ou em certa “verdade” privilegiada (BM §186). É por isso que vivemos
mundo, de dicto e de re sempre compatíveis. O mal da filosofia não foi criar ficções,
Referências
Tradução de Paulo Cesar de Souza. São Paulo. Cia. das Letras. 2005