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Química Orgânica Experimental 30

EXPERIMENTO 05
CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA

1- INTRODUÇÃO
Os métodos mais eficientes de separação de misturas de compostos orgânicos são os
métodos cromatográficos. A cromatografia pode ser definida como a separação de uma mistura
de dois ou mais compostos pela distribuição entre duas fases (uma estacionária e outra móvel).
Os vários tipos de cromatografia dependem da natureza das duas fases envolvidas e de
sua interação diferencial com as substâncias a serem separadas. Assim, pode-se distinguir
diferentes tipos de cromatografia:
i. Cromatografia líquido-sólido: a fase móvel é um líquido e a fase estacionária é m
sólido.
ii. Cromatografia líquido-líquido: ambas as fases são líquidos e na fase estacionária o
líquido pode estar ligado a um suporte sólido.
iii. Cromatografia gás-líquido: a fase móvel é um gás e a fase estacionária é um líquido
não volátil sobre o suporte sólido.
iv. Cromatografia gás-sólido: a fase móvel um gás e a fase estacionária é um sólido.

A mistura a ser separada se deposita sobre a fase estacionária e a fase móvel percorre o
sistema deslocando os componentes da mistura em velocidades distintas que dependem da
afinidade dos mesmos por cada uma das fases (Figura 1). Eluição é o termo usado para a
migração dos componentes da mistura ao longo da fase estacionária impulsionados pela fase
móvel.

Fase móvel Fase móvel

mistura

mais retido

elui primeiro

Figura 1. Eluição dos componentes de uma mistura.


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Existem outras classificações para os diferentes tipos de cromatografia:


a) Em função da interação que se estabelece entre os componentes da mistura e as fases
móvel e estacionária:
i) Cromatografia de adsorção: a separação se baseia nas diferenças de solubilidade dos
componentes da mistura, sendo a fase estacionária um sólido.
ii) Cromatografia de partição: a separação se baseia nas diferenças de solubilidade dos
componentes da mistura entre as duas fases sendo ambas líquidas.
iii) Cromatografia de troca iônica: são produzidas trocas entre íons presentes na fase
estacionária e aqueles do composto orgânico solubilizado e ionizado na fase móvel.
iv) Cromatografia de bioafinidade: baseado nas interações da amostra com grupos contendo
especificidade biológica (ex. antígenos, enzimas, etc.), ligados quimicamente a um suporte.
v) Cromatografia de exclusão: processo puramente mecânico de separação, baseado na
facilidade de penetração dos poros da fase estacionária por moléculas de tamanho
distintos.
b) Em função da forma física do sistema empregado para a fase estacionária:
i) Cromatografia em coluna: utiliza como suporte um tubo cilíndrico (geralmente de vidro).
ii) Cromatografia planar: o suporte é uma placa de vidro, alumínio ou plástico.
Podemos utilizar a cromatografia para:
i) Conhecer o número de componentes de uma mistura e identificá-los por comparação com
padrões, Cromatografia Analítica.
ii) Separar misturas de compostos e como método de purificação, Cromatografia Preparativa.
A cromatografia em camada delgada, CCD (ou TLC, do inglês “thin layer
chromatography”), é um tipo de cromatografia sólido-líquido, na qual a fase móvel é o solvente
de desenvolvimento e a fase estacionária é constituída, em geral, por uma camada de sílica-
gel.

2- METODOLOGIA:
Cada grupo receberá uma placa cromatográfica, a qual foi previamente dividida com o
auxílio de um estilete.
As substâncias a serem analisadas serão disponibilizadas pelo professor (óleo do cravo
da índia, lipídeos de material biológico, β-naftol e anilina) deverão ser dissolvidas em cerca de
10 mg/mL de solvente apropriado. Todas as amostras deverão ser aplicadas a uma distância
de aproximadamente 0,5-0,7 cm da base da placa, com o auxílio de um capilar e deverão ter
de 1 a 2 mm de diâmetro (Figura 2).
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As amostras deverão ser aplicadas na placa na ordem indicada a seguir:


1. Óleo de cravo da índia
2. Lipídeos de material biológico
3. β-Naftol
4. Anilina
Aplicar as amostras dissolvidas em diclorometano em uma das extremidades da placa.
Desenvolver (“correr”) a cromatografia em uma cuba contendo hexano/acetato de etila (9:1) até
a marca feita na placa (Figura 2). Retirar a placa e deixar evaporar o solvente.

Figura 2: Cuba de cromatografia com placa em desenvolvimento (CCD).

REVELAÇÃO DAS PLACAS


As placas deverão ser reveladas primeiramente com lâmpada ultravioleta. (Cuidado!
Não olhe diretamente na luz).
Os contornos das manchas observadas deverão ser marcados com o auxílio de um
lápis ou estilete e, em seguida, as placas deverão ser reveladas em cuba contendo um
revelador (por exemplo, saturada com vapores de iodo ou com p-anisaldeído em meio ácido)
para cálculo dos fatores de retardamento (Rf´s) (Figuras 3 e 4).
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Frente do
solvente

Origem

Figura 3: Fatores de retardamento (Rf’s) de amostras em CCD.

Figura 4: Separação de dois componentes A e B de uma mistura. (a) Eluente pouco polar; (b)
Eluente de polaridade adequada; (c) Eluente muito polar.

3- PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL:

1. Aplica-se em pontos separados, através de tubos capilares, uma gotinha das soluções das
amostras em uma mesma placa de cromatografia, a 0,5-0,7 cm da borda inferior da placa e
mantendo-se cerca de 1 cm de distância entre os pontos de aplicação.

2. Introduz-se a placa na cuba com o solvente de desenvolvimento apropriado, de modo que o


nível do líquido fique abaixo dos pontos de aplicação. Espera-se o desenvolvimento do
cromatograma mantendo-se a cuba fechada.

3. Quando à frente do solvente ficar a cerca de 1 cm (registre essa distância) da borda superior
da placa, retira-se e deixa-se secar totalmente ao ar (5 minutos).

4. Antes da revelação, verifica-se o cromatograma na lâmpada UV. Marca-se o contorno das


manchas das substâncias ativas no UV, cuidadosamente, com o auxílio de uma lapiseira.
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5. Para revelação definitiva, insere-se a placa CCD em um recipiente adequado contendo o


revelador. Espera-se o surgimento de manchas na placa.

6. Medir as distâncias percorridas pela frente do solvente e pelos componentes de cada


amostra analisada.
7. Repetir o procedimento com uma mistura de hexano/acetato de etila (1:1) como eluente.

PÓS-LABORATÓRIO

1. Com base no experimento realizado, apresente um desenho do seu cromatograma revelado


na luz ultravioleta e no revelador utilizado.

2. Determinar os Rf´s de todos os componentes das amostras analisadas.

3. Supondo a necessidade de emitir parecer técnico em relação ao óleo essencial de cravo da Índia,
você poderia inferir no parecer que inequivocamente o mesmo contêm eugenol? Você pode inferir
que seu óleo também contém acetato de eugenila e cariofileno? Explique.

4. Com base nos Rf´s dos componentes de sua amostra e considerando aspectos estruturais dos
constituintes do óleo do cravo da Índia, faça uma correspondência entre as manchas observadas
e os componentes do óleo do cravo.

5. Observe o aspecto da sua cromatoplaca quando revelada sob luz ultravioleta e no outro revelador
e diga quantos componentes foram detectados em cada amostra. Considerando os aspectos
estruturais dos constituintes do óleo do cravo da Índia e do óleo de amendoim, você avalia como
coerente os resultados da comparação? Explique.

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