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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS


DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

CARACTERIZAÇÃO DE SERGIPE A PARTIR DE ÍNDICES ECONÔMICOS

Fundamentos da Economia – Turma 14

Gustavo Andrade Araujo Oliveira


Hortencia Elucielly Pereira De Santana
João Víctor Maia Leite Garrido
Maisa Ferreira Da Silva Martins

São Cristóvão
08 de outubro de 2017
1. PIB E PIB PER CAPITA

1.1. Definição

O Produto Interno Bruto (PIB) representa a soma (em valores monetários) de


todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer
sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano
etc). O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o objetivo de
quantificar a atividade econômica de uma região. PIB per capita é o produto interno bruto,
dividido pela quantidade de habitantes de uma determinada região. Para o cálculo do PIB,
é considerado apenas bens e serviços finais.

1.2. PIB e PIB per capita de Sergipe e seus municípios

Segundo o IBGE, em 2014 Sergipe possuía o PIB no valor de 37,5 bilhões de


reais, sendo o menor PIB da região Nordeste, como mostra a Tabela 1. Esse valor é
impulsionado por sua capital, Aracaju, na qual possuía um PIB de R$ 14.893.786,6.
Aracaju impulsiona a economia sergipana, centrando a maior parte da economia na sua
região metropolitana. Um exemplo disso é que o segundo maior PIB do estado se
concentra no município de Nossa Senhora do Socorro, R$ 2.545.660,6, cidade que integra
a “Grande Aracaju”. Quanto mais distante da capital, menor o PIB dos municípios.
Amparo de São Francisco, cidade ao extremo do estado, detinha de um modesto PIB de
R$ 24.832,3, como demonstram os dados da Tabela 2.

Tabela 1 - Produto Interno Bruto do Brasil e Regiões em bilhões de reais. Fonte IBGE.
Tabela 2 - Produto Interno Bruto per capita do Brasil e Regiões em reais. Fonte: IBGE.

Em 2014, Sergipe possuía o maior PIB per capita da região Nordeste com R$
16.818,9, sendo a média dessa região R$ 14.330,7, como mostra a Tabela 2. Apesar de
Aracaju concentrar a economia do estado, o maior PIB per capita é detido pela cidade de
Rosário do Catete, cidade localizada a 52 km da capital sergipana, com R$ 60.805,4.
Aracaju detinha de um PIB per capita de R$ 23.877,2. O PIB per capita de Sergipe oscila
bastante, algumas cidades interioranas possuem altos valores – maiores até que Aracaju-
, mas o que se nota é que poucos municípios possuem um grande montante e o restante
do estado fica à mercê com baixos índices.

2. IDH (ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO)

2.1. Definição

É um índice utilizado desde 1993 pela ONU para avaliar, comparar e mensurar a
qualidade do desenvolvimento das condições dos países participantes. O IDH veio com a
proposta de ampliar a perspectiva utilizada por muito tempo para medir o
desenvolvimento dos países, o qual era determinado através de fatores econômicos, como
PIB (produto interno bruto), renda per capita ao decorrer dos anos. Diferente da visão de
crescimento econômico, não considera apenas a renda de um país, procura visar o bem-
estar da sociedade de forma direta, voltada para as pessoas, para as oportunidades e
capacidades disposta na sociedade, ou seja, tem um foco no desenvolvimento humano.
Desde então o IDH se tornou referência mundial calculado anualmente, e é
mensurado através de três fatores principais (renda, saúde e educação):

 Uma vida longa e saudável (saúde) é medida pela expectativa de vida;


 O acesso ao conhecimento (educação) é medido por: i) média de anos de
educação de adultos, que é o número médio de anos de educação recebidos
durante a vida por pessoas a partir de 25 anos; e ii) a expectativa de anos
de escolaridade para crianças na idade de iniciar a vida escolar, que é o
número total de anos de escolaridade que um criança na idade de iniciar a
vida escolar pode esperar receber se os padrões prevalecentes de taxas de
matrículas específicas por idade permanecerem os mesmos durante a vida
da criança;
 E o padrão de vida (renda) é medido pela Renda Nacional Bruta (RNB)
per capita expressa em poder de paridade de compra (PPP) constante, em
dólar, tendo 2005 como ano de referência.
Estes três indicadores são considerados em um cálculo médio, que faz uso de
índices de outros países para fim comparativo. O resultado final é uma nota que varia do
mínimo (zero) ao máximo (um). Sendo assim o IDH de um país é um número decimal
abaixo de um.
O Brasil, em 2015, apresentava um de IDH de 0.754, ocupando a 79° posição
entre os 188 países participantes. O índice se manteve estável comparado ao ano anterior
conforme o gráfico na Figura 1, que mostra o seu crescimento de 2010 até 2014.

Figura 1 - Variação do IDH brasileiro ao longo dos anos. Fonte: Relatório de


Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento
(PNUD).
2.2. O IDH de Sergipe e seus municípios

Em relação ao estado de Sergipe, o índice de desenvolvimento humano obtido em


2010 foi de 0.655, ficando na 19° posição no ranking nacional. Situado em uma faixa de
desenvolvimento médio comparado aos outros estados, e abaixo da média do índice
nacional do mesmo ano de 0.724. Já no âmbito regional está na 4° posição atrás do Rio
grande do Norte (0.684), Ceará (0.682) e Pernambuco (0.673).
Observando a evolução do índice de 1991 a 2010, ele passou de 0.408 para 0.655,
um crescimento considerável, conforme o gráfico da Figura 2:
Figura 1 - Variação do IDH sergipano ao longo dos anos. Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística, IBGE.

O que mais contribuiu para o aumento do índice em 2010 foi a aumento da


longevidade, que representa a saúde, seguida da renda onde 76.4% das pessoas residentes
em domicílios particulares recebem até 1 salário mínimo e por último a educação.[2]
Em 2014 o índice subiu para 0.681, e analisando o período de 2011 a 2014,
observa-se piora na renda, estagnação da educação e melhora na longevidade, isso se deve
a crises econômicas no período provocando baixo crescimento e pouca melhoria em
setores sociais.[5]
Observando os dados de 2010 do IDH de municípios do estado de Sergipe, foi
possível identificar o município que apresenta maior índice que é a capital Aracaju com
0.770. Entre os três principais pilares que compõe o IDH, o que mais contribuiu foi a
longevidade (0.823), em seguida a renda (0.784) e por último a educação (0.708). O que
mais movimenta o PIB estado são os serviços, e Aracaju é quem concentra a maior
percentual, o que contribui para o número de desenvolvimento, mas é também uma cidade
com concentrações de renda e apresenta desigualdades, o que não contribui para o social.
[3][2]

3. ÍNDICE DE GINI

3.1. Definição

É um coeficiente criado pelo matemático Conrado Gini para medir o grau de


concentração de renda, considerando a diferença entre o rendimento dos mais pobres e
mais ricos. Varia de 0 a 1,0, representando a total igualdade e a desigualdade máxima,
respectivamente. Na prática, o Índice de Gini compara os 20% mais pobres com os 20%
mais ricos.
Os dados utilizados neste trabalho foram calculados pelo IBGE a partir das
equações:

∑ni=1(fi . ri . xi )
G= 2 −1
∑ni=1(fi . ri )

Onde:
𝑖
fi
xi = ∑(fi ) −
2
𝑗=1

pi
fi = n
∑i=1(pi )

E sendo:

n, o número de domicílios na amostra;


𝑝𝑖 , o peso da pessoa i ou do domicílio i na amostra; e
𝑟𝑖 , rendimento da pessoa i ou domicílio i.

3.2. O Índice de Gini de Sergipe e seus municípios


O gráfico da Figura 3 foi obtido a partir dos dados obtidos na Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (PNAD) de 2013, realizado pelo IBGE.

ÍNDICE DE GINI POR UNIDADE DA


FEDERAÇÃO

0.554

0.57
0.537
0.524
0.516
0.515

0.508

0.503
0.501

0.498
0.494

0.479

0.479
0.478

0.478
0.476

0.472

0.469
0.466
0.466

0.466
0.465

0.464

0.463
0.451

0.5

0.438
Figura 3 - Índice de Gini da distribuição do rendimento mensal das pessoas de 15 anos
ou mais de idade com rendimento segundo as Unidades da Federação. Fonte: IBGE.

A partir do gráfico é possível inferir que, em 2013, Sergipe teve segundo o maior
Índice de Gini (0,554) dentre as unidades da Federação, ou seja, foi considerado o
segundo estado mais desigual do Brasil naquele ano, atrás apenas para o Distrito Federal.
No outro extremo está Santa Catarina, com o menor índice (0,438). Podemos comparar
esses dados entre si e com outros obtidos através do sistema Brasil em Síntese, agregador
de informações do IBGE sobre estados e municípios brasileiros, e tentar compreender o
fenômeno da desigualdade sergipana.
Por exemplo, pode-se atribuir como um dos fatores para a desigualdade presente
no estado os baixos salários recebidos pela população sergipana: em 2016 o rendimento
nominal mensal domiciliar per capita do estado era R$ 878, abaixo do salário mínimo no
ano, que era de R$880. Isso coloca o estado como 16º entre as outras 27 unidades
federativas neste indicador. Santa Catarina, por outro lado, tem um rendimento per capita
de R$ 1.458, o quarto maior do país.
O grande valor no Índice de Gini também pode ser explicado pelo índice de
desemprego do estado. Sergipe detinha 41,7% das pessoas de 16 anos ou mais alocadas
em trabalho formal, ocupando a 19ª posição no ranking do IBGE. Em comparação, Santa
Catarina tinha 75,6% das pessoas com 16 anos ou mais empregadas, ocupando a primeira
posição.
Segundo o censo de 2010 do IBGE, Aracaju é o município sergipano com maior
Índice de Gini do estado (0,6341). O Índice de Gini leva apenas a renda e a população em
consideração no seu cálculo, então não é errado afirmar que é um resultado esperado já
que, mesmo tendo o maior PIB do estado, Aracaju também concentra a maior população
(571.149 pessoas, no último censo), abrindo caminho para uma distribuição pior da renda.
Essa afirmação pode ser reforçada ao analisar o município do estado com maior
Índice de Gini, Divina Pastora. A cidade obteve 0,3997 nesse índice e tinha 4.326 pessoas
no último censo. Sua população baixa (65ª maior do estado) e sua renda média mensal
(2,4 salários mínimos por trabalhador) fazem seu coeficiente de desigualdade diminuir.

4. A INDÚSTRIA NO ESTADO DE SERGIPE

O estado de Sergipe possui PIB industrial de R$ 6,7 bilhões, equivalente a 0,7%


da indústria nacional. A indústria responde, no estado, por 25,7% da atividade econômica,
emprega 88 mil trabalhadores e é responsável por 21,6% do emprego formal do estado.
Com 3.240 empresas industriais em 2013, Sergipe responde por 0,6% do total de
empresas que atuam no setor industrial do Brasil. As atividades mais importantes para a
indústria de Sergipe são a extração de petróleo e gás natural e a fabricação de alimentos
e a fabricação de produtos de minerais não metálicos, que correspondem a 52,3% do setor
industrial do estado, como mostra o infográfico da Figura 4.

Figura 4 – Infográfico dos setores com maior participação no PIB industrial de Sergipe. Fonte:
Confederação Nacional da Indústria – CNI.

Podemos comparar esses dados com a da porcentagem de pessoas com mais de 16


anos empregadas, que em Sergipe, como já citado, é de 41,7%. Os três estados com
maiores participações no PIB industrial são São Paulo, que concentra 26,5% do total de
empresas que atuam no setor industrial do Brasil, Rio de Janeiro, que agrupa 5,5% dessas
empresas e Minas Gerais com uma porcentagem de 12,7%. A porcentagem de pessoas
empregadas nesses três estados, são, respectivamente: 72,4 %, 67,1 % e 58,9 %. Portanto,
podemos associar a baixa empregabilidade sergipana com sua falta de um setor industrial
maior e mais diversificado.
5. REFERÊNCIAS

1. SIGNIFICADOS, O que é PIB per capita? Disponível em: < https://www.significados.com.br/pib-per-


capita/>. Acesso em 07 de Outubro de 2017.
2. CAFÉ COM DADOS. 2017, Banco de dados-Sergipe. Disponível em:
<http://www.cafecomdados.com/sergipe/>. Acesso em 07 de Outubro de 2017.
3. IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. 2004, O que é? – Índice de Gini. Disponível em:
<http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&id=2048:catid=28&Itemid=23>.
Acesso em 07 de Outubro de 2017.
4. IBGE, instituto brasileiro de geografia estatística. 2013, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios.
Disponível
em:<https://cidades.ibge.gov.br/brasil/se/aracaju/pesquisa/38/46996?tipo=ranking&ano=2010&indicador
=47008>. Acesso em 07 de Outubro de 2017.
5. IBGE, instituto brasileiro de geografia estatística. Brasil em Síntese. Disponível em:
<https://cidades.ibge.gov.br/Acesso em 07 de Outubro de 2017.
6. IBGE, instituto brasileiro de geografia estatística. 2010, Índice de desenvolvimento humano. Disponível
em:<https://cidades.ibge.gov.br/brasil/se/aracaju/pesquisa/38/46996?tipo=ranking&ano=2010&indicador
=47008>. Acesso em 07 de Outubro de 2017.
7. DIREITOS BRASIL. Política - o que é IDH? Entenda o índice de desenvolvimento humano. Disponível
em: <http://direitosbrasil.com/o-que-e-idh-entenda-o-indice-de-desenvolvimento-humano/>. Acesso em
07 de Outubro de 2017.
8. PNUD, programa das nações unidas para o desenvolvimento. 2010, Desenvolvimento humano e IDH.
Disponível em: < http://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/idh0.html>. Acesso em 07 de Outubro de
2017.
9. PNUD, programa das nações unidas para o desenvolvimento. 2017, O que é IDH?. Disponível em: <
http://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/idh0/conceitos/o-que-e-o-idh.html>. Acesso em 07 de
Outubro de 2017.
10. CAFÉ COM DADOS. 2017, anuário socioeconômico de Sergipe- Editorial. Disponível em:
<http://cafecomdados.com/wp-content/uploads/2017/06/anu%C3%A1rioSE-2017.pdf>. Acesso em 07 de
Outubro de 2017.
11. IBGE, instituto brasileiro de geografia estatística. 2013, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios.
Disponível
em:<https://cidades.ibge.gov.br/brasil/se/aracaju/pesquisa/38/46996?tipo=ranking&ano=2010&indicador
=47008>. Acesso em 07 de Outubro de 2017.
12. CNI, Confederação Nacional da Indústria. 2014, Perfil da indústria nos estados. Disponível em:<
http://arquivos.portaldaindustria.com.br/app/cni_estatistica_2/2014/11/06/166/Perfil_da_Iundustria_nos_
Estados_Novembro2014.pdf>. Acesso em 07 de Outubro de 2017.

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